junho 30, 2010

Um Celular com Câmera no Aterro





Um Celular com Câmera no Aniversário da Bel


Brasil x Costa do Marfim






O salmão no azeite e a salada de macarrão no molho de iogurte fizeram tanto sucesso - além de dar sorte - que vou repetir a dose nesta sexta!

junho 29, 2010

E dei a todas as coisas um nome
E elas me deram o meu

Saberei que estou morto
Não quando não mais puder escutar, tatear
Ver, saborear ou cheirar
Mas quando não puder mais pronunciar o meu nome
No universo de minha mente

Eu existo neste mundo
Ou como um som não pronunciado
Flutuando em meu crânio?

Serei eu um homem
Serei eu o Deus de minha criação

Ou serei eu uma palavra?

Abaixo o Futebol-Força e o Futebol-Arte: Viva o Futebol-Bauhaus

Entre 1998 e 2003 fui colunista do finado site www.futbrasil.com. A idéia era não só comentar e analisar jogos, jogadas e jogadores, mas tentar ensinar o leitor a fazer sua própria análise. Eis aqui, por exemplo, uma coluna de 1999 sobre futebol-arte, futebol-força e Denílson, uma das maiores focas amestradas da história do futebol (sabe fazer tudo que é malabarismo com a bola, mas jogar que é bom...):

Só os loucos e os mortos não mudam de opinião. Um dia ainda lembro do autor desta frase, mas até lá ela vai continuar apócrifa. Como esta coluna é meio louca, ainda não mudou de opinião. Quem o fez, dia desses, talvez justamente por ter pós-graduação em Psicologia, foi o Tostão. Quanto ao Denílson, com seu individualismo exacerbado, seus dribles inúteis e sua infantil maneira de rebater qualquer instrução tática - que os jogadores nesta situação normalmente chamam de "críticas" - respondendo que foi jogando desta maneira que chegou à seleção, ao estrelato, à cama da modelo e atriz da vez e assim por diante. Pois bem, o genial cegueta finalmente chegou à conclusão que o mascarado não é o craque que muita gente julgava ser. Para tanto, valeu-se de critérios de um antigo treinador seu, que perguntava a seus comandados se achavam que tinham jogado bem, "quantos gols você fez? Pelo menos passe para gol? Sofreu pênalti? Não? Nada?" Conceitos um tanto rudimentares, talvez, mas ainda assim, reconhecivel e inegavelmente os mesmos que se usam em estética. O técnico do ex-cruzeirense, quem diria, não estava admoestando seus jogadores, estava fazendo crítica de arte.

Arte? Como assim, arte? Estes conceitos parecem mais afeitos ao futebol-força, ao futebol de resultados, ao Parreira e ao Zagallo. Essa história, na verdade, já acabou há muito tempo. Não existe mais futebol, arte, ou não, sem força. Qualquer habilidoso e técnico driblador vai precisar de arranque, velocidade e massa corporal para se equilibrar hoje em dia. Iranildo que o diga. Ou o anabolizado Zico. Os defensores do jogo ofensivo "tipicamente brasileiro" estão prestes a esfolar o Parreira quando ele diz que o gol é apenas um detalhe, mas quando o Denílson, com seus dribles desnecessários, para o lado e para trás antes de seus passes laterais, demonstra na prática que para ele o tento é apenas uma minudência no objetivo maior que é mostrar ao mundo suas qualidades com a bola, quase tão grandes quanto as de uma foca amestrada, aqueles mesmos apologistas do à l'outrance, à l'outrance acham que estamos diante da mais pura essência do esporte.

É claro que esta posição, além de uma contradição, é um erro. Denílson é um exagero barroco no edifício bauhaus que deveria ser a seleção brasileira. A digressão kitsch destoando do eficaz circuito Élber/Amoroso do primeiro tempo contra a Rússia. E quando digo que Denílson é kitsch, não é por causa de suas sobrancelhas ou do seu corte de cabelo. É porque ele encarna em campo o significado original da palavra, como é usado em estética e linguística. Qualquer meio de comunicação carrega uma mensagem. Tudo que não for absolutamente necessário para a compreensão desta mensagem é o kitsch. Na obra de arte, qualquer recurso usado somente para causar um efeito desnecessário. Nos grandes trabalhos, a forma está unida indissoluvelmente ao conteúdo. Nos menores, tenta-se valorizar um conteúdo banal com uma embalagem valiosa. Um personagem que declama poesia, apenas porque é bonito, numa novela. Um abridor de garrafas com a efígie do Ronaldinho, também - neste caso, o indicado seria que o punho fosse anatômico e não cheio de protuberâncias imitando os dentes dele. O atacante estaria insculpido no artefato sem nenhuma função aparente.

O kitsch é ideologica e politicamente conservador, já que tenta dar a trabalhos vazios ou superficiais alguma importância adicionando-lhes trechos inofensivos de obras culturais reconhecidamente mais relevantes. O caso do personagem que lê poesia, por exemplo. Ou usar música clássica num filme do Van Damme. Ou o do pintor francês do século passado que pintava retratos com o rosto em estilo realista e o corpo impressionista. Assim, o burguês que comprava a tela tinha seu rosto inexpressivamente reconhecível da forma mais rasteira enquanto podia dizer aos amigos que era "inteligente" por ter se deixado pintar de forma impressionista.
É esse falso valor que não se deve agregar ao futebol. Denílson é o símbolo mais atual de uma concepção atrasada de se jogar. Como já dizia o movimento bauhaus, a linha reta é a grande conquista da humanidade. Não existe na natureza. A beleza na arte está na concisão e simplicidade. Em como algumas centenas de palavras ou pinceladas podem remeter aos mais complexos sentimentos. Em como alguns tons de amarelo dos milharais de Van Gogh podem evocar tanta angústia. E não em desnecessárias excrescências ali apostas apenas para mostrar como seu autor é culto e inteligente.

Está na hora de acabar com esta divisão entre futebol-arte e futebol-força. Está na hora de começarmos a clamar pela perfeição do futebol-bauhaus.
*****
Dizem que Oswald - ou Mário, não me lembro bem - de Andrade não gostava de esportes, mas se encantava com futebol. Futebol brasileiro. Que ia e vinha como se num balé, que serpenteava até encontrar o caminho para o gol. Será que este Andrade modernista não entendia nada de futebol ou de arte?

Entendia. Entendia até de guerra. Porque além de ter princípios comuns a arte, futebol tem também conceitos militares. O que não deveria causar surpresa a ninguém, já que wargames como xadrez são hoje em dia parte integrante do currículo de administradores, corretores e gerentes das empresas reengenheiradas e downsizeadas do nosso globalizado mundo neo-liberal.
Essa negação da linha reta que celebra as idas e vindas do jogador brasileiro só é verdadeira se tomarmos literalmente as declarações da turma bauhaus. Além de concisão, outra grande qualidade da obra de arte é a simplicidade. E a simplicidade é a criatividade de descobrir o óbvio, que para pôr o ovo em pé é só quebrá-lo. O caminho mais fácil nem sempre é o mais curto. Há que se buscar aquele que opõe a menor resistência.

Voltemos ao Denílson. Observemos seu jogo. Ele não se movimenta muito pelo campo. Vamos encontrá-lo quase sempre parado no mesmo lugar, na ponta-esquerda. Quando ele receber a bola com dois jogadores em cima, ele vai tentar dominá-la e driblá-los, mesmo consciente de que se há dois defensores nele, em alguém tem um ou menos. Isto é buscar o ponto de menor resistência? Isto é simplificar a jogada? O drible é para encurtar o espaço até o gol, não para alongar.

Há alguns anos, antes da Olimpíada de 96 e daquele jogo com o Japão que desestruturou todo o belo trabalho que Zagallo vinha fazendo pós-94, ainda farei uma coluna sobre este assunto, o Brasil fez um amistoso contra um time olímpico dinamarquês. Um dos mais belos gols foi uma jogada que começou com o avanço de Zé Maria pela lateral. Ao se ver cercado, ele voltou à bola ao meia direita, que tocou de lado para o meia-esquerda, que lançou Roberto Carlos, que correu e cruzou para Ronaldinho fazer o gol. Como foi tudo rápido e de primeira, a defesa que se organizara do lado direito não teve tempo de se rearmar. Isto é a simplicidade. A busca do caminho mais curto, mais direto, mais fácil, de menor resistência. Fundamental nesta anabolizada época em que vivemos, lembrem-se do que eu disse lá em cima, não há mais arte sem força. E para ver o quanto se evolui no campo da preparação física e desenvolvimento muscular, é só assistir aos tapes da Copa de 82, por exemplo, como todo mundo era mais magro. O Brasil, por exemplo, era composto de jogadores de pouco mais de 1m70. O metro e oitenta e três fariam de Ronaldinho um gigante naquele time.

E é aqui que acontece o paralelo com a guerra. Cheguei a citar o à l'outrance, à l'outrance quando falei dos defensores do futebol ofensivo acima de tudo. À l'outrance era a doutrina equivocada do exército francês na I Guerra Mundial. Privilegiava o ataque amplo e ilimitado como única forma de se obter vantagem no campo de batalha. Tal filosofia se baseava na guerra franco-prussiana de 1870. Os gauleses, detentores do primeiro bom rifle de carga pela culatra, que atirava duas vezes mais rápido e mais longe que os dos outros países, acreditaram que uma tática defensiva, usando o alcance do fuzil Chassepot, manteria os teutônicos à distância. Tal não aconteceu e os franceses foram atropelados pelos prussianos. Analisando o acontecido, cônscios de que mais cedo ou mais tarde iriam lutar novamente contra o mesmo inimigo, chegaram à conclusão que os defensores, mesmo com uma arma superiorm, não conseguiriam reunir poder de fogo suficiente para derrubar uma longa linha de atacantes determinados. Era também o conceito do Clausewitz, o grande pensador militar da época (http://www.monumental.com/cbassfrd/CWZHOME/CWZBASE.htm), que preconizava que uma nação deveria concentrar o máximo de sua força e jogá-la contra as tropas mais importantes do inimigo para decidir tudo logo de uma vez. Era o chamado "encontro decisivo".
Pois os franceses passaram quarenta e quatro anos incutindo na cabeça de seus soldados à l'outrance, à l'outrance, atacar a qualquer preço e sem parar. Nestes quarenta e quatro anos inventou-se o canhão de tiro rápido e bala explosiva e o fuzil de repetição, capaz de atirar mais longe, com muito mais precisão e cinco vezes mais rápido. E a metralhadora. Entrincheirados, quase inatingíveis para um infante caminhando em sua direção, os defensores podiam varrer seus inimigos em rajadas, podiam derrubá-los com precisos e rápidos tiros de rifle e despedaçá-los com cargas de canhão explosivas. Por sorte, o pensamento militar alemão também parara em Clausewitz e a carnificina acabou acontecendo dos dois lados, embora os gauleses insistissem por mais tempo que os germânicos na ofensiva guerra-arte, o que causou um motim de tropas e quase acabou com a França.

Foi assim que começou a predominar o pensamento militar de Sun Tzu. Um general chinês das antigas, autor de A Arte da Guerra (http://www.mit.edu/people/dcctdw/AOW/toc.html, em inglês), que previa que o objetivo da guerra era estar antes do inimigo onde devia estar. Procurar o ponto fraco de suas tropas. Procurar o elo quebradiço na cadeia de comando oponente. Velocidade, habilidade em enganar, iludir, preparação moral e psicológica dos exércitos, em suma, um estudo surpreendentemente amplo, atual e açambarcador dos mais diversos ramos da atividade humana, num texto de cerca de sessenta páginas. Vários de seus ditos se assestam perfeitamente ao futebol, principalmente quando ele fala de moral e sistema de recompensas. Mas o melhor nestes tempos de Van der Ley e Marcelinho não está no ensaio de Sun Tzu, desabusadamente usado em ensino de administração. O melhor está numa lenda sobre o grande comandante oriental:

Contam que um imperador, sabendo que Sun Tzu era conhecido como o maior general de seu tempo, capaz de organizar qualquer exército, pediu-lhe que treinasse militarmente suas concubinas, somente para ridicularizar o militar. Este sabia que não poderia recusar, mas exigiu que lhe fosse dada carta branca, como teria se estivesse treinando soldados normalmente. O imperador concordou. Depois de algumas instruções básicas e de nomear uma subcomandante, Sun ordenou-lhes "Tropas! Marchem!" e as mulheres começaram imediatamente a rir. Sun Tzu disse "se os comandados não seguem as ordens, ou estas não foram suficientemente claras, ou o oficial que as expediu não se fez compreender ou o comandante direto não soube manter a disciplina". E repetiu a ordem. As mulheres voltaram a rir daquele velhinho tão solene no meio daquela brincadeira toda. Sun disse "as ordens foram perfeitamente claras. Ou o oficial que as expediu não se fez compreender ou o oficial responsável não sobue manter a disciplina". E repetiu a ordem, da maneira mais límpida possível, causando novo acesso de riso na mulherada. O calejado soldado então disse, "se os comandados não seguem as ordens, que foram claras e o oficial que as expediu se fez compreender perfeitamente, então o comandante das tropas não soube manter a disciplina" e ordenou imediatamente que cortassem a cabeça da subcomandante. O imperador tentou impedir, mas Sun Tzu foi inflexível. A moça foi executada, o mulherio todo depois saiu marchando direitinho e o imperador achou que já estava bom e dispensou nosso sábio.
Talvez tivéssemos alguns atacantes a menos, mas com certeza teríamos melhores times.

Bolhas


O Show de Jaciara

junho 27, 2010

Como bem demonstrou o time americano ontem contra Gana, nesta Copa está fazendo uma tremenda diferença quem tem jogador capaz de botar a bola pra dentro. Obviamente qualquer um consegue fazer um gol, mas fora das condições ideais - goleiro batido, ninguém chegando junto, tempo pra dominar a Jabulani - a maioria perde as chances.

Ontem, o filho do técnico estadunidense, Bradley, o Moço, recebeu um lançamento e entrou sozinho na área e NÃO TIROU OS OLHOS DA BOLA. Em previsível consequência, chutou em cima do goleiro, pois chutou na direção do meio da meta. O único sujeito capaz de assinalar tentos nos EUA era o Donovan, mas ajudando na marcação, fazendo a saída de bola e armando o ataque, sobrava pouco tempo pra ainda por cima concluir.

Hoje é capaz do México jogar até melhor do que a Argentina. Mas eles não têm um matador frio e calculista. Como não teve o Chile contra a Espanha. Por isso que é bem capaz que o Brasil tenha o seu jogo mais fácil nas oitavas.

junho 25, 2010

Joy Division

The Sims e o Videogame como Forma de Arte

Existe um entretenimento que une sons, imagens, tecnologia e interatividade e é capaz de prender a atenção do seu público por dezenas de horas a fio, movimentando mais dinheiro que a indústria cinematográfica, mas ainda assim é considerado - como o foram o próprio cinema, os quadrinhos, ou o rock - apenas lixo cultural destinado a crianças, adolescentes ou gente de pouca instrução. A esta altura quase todo mundo já adivinhou que é o videogame, ainda mais se leu o título aí em cima, mas isso não muda o fato de que neste momento está se escrevendo em qualquer jornal respeitável mais linhas e linhas resenhando romances obscuros que serão considerados sucessos editoriais se venderem 20.000 exemplares enquanto joguinhos eletrônicos eletrizando milhões de pessoas merecerão algumas linhas analisando sua jogabilidade e a competência de seus gráficos.

Enquanto artistas fazem performances envolvendo dançarinos e jarros ou fezes e mulheres gostosas, os americanos - e também os japas, complementando o ataque de três pontas com os mangás e os animês - cooptam a formação cultural de mais uma de nossas gerações. Videogames violentos como GTA e Poderoso Chefão exaltam as virtudes do hipercapitalismo de forma divertida e brutal - confie (ainda assim desconfiando) apenas em seu clã, faça tudo em nome do sucesso e busque constantemente uma gratificação instantânea e pessoal - ideia reforçada pela recompensa imediata dos placares e jogos bem-sucedidos. Épícos como Civilization ou Age of Empires ensinam seu público a pensar maquievalicamente e manipular a informação e os recursos disponíveis. Já longe se vão os tempos mitológicos de Space Invaders, em que seus heróis solitários e em extrema inferioridade numérica e de poderes podiam contar apenas com sua habilidade e esperteza para sobrepujar seus inimigos. E quando falo em mitológicos, estou falando literalmente, pois o cenário do avô dos jogos eletrônicos inclui uma força e uma inocência típica dos super-heróis da Era de Ouro (ou mesmo da Era de Prata).

É claro que nem tudo é lavagem cerebral ianque. De maneira tipicamente oriental, a série Mário Bros. estimula a curiosidade, contendo um mundo de poesia e maravilha a ser mais desbravado do que conquistado. Um verdadeiro treinador de futebol poria seus atletas todos em frente a um console com a série FIFA (dizem que há melhores) preles aprenderem como troca de passes rápidos é muito mais eficiente que dribles sem fim - até os detratores do futebol de resultados talvez pudessem aprender como o roubo de bola - lançamento longo - cruzamento é uma tática extremamente eficiente. O blogueiro há muitos anos desistiu dos games (1), mas ouve falar maravilhas de coisas como Okami ou de jogos em que o objetivo seria a pura exploração, como Endless Ocean (com a ajuda do inovador controle sensível a movimentos do Wii). O último jogo que me deixou viciado é do começo do século XXI e embora já naquela épóca estivesse afastado dos joysticks, o conceito era tão instigante que não pude deixar de experimentar. O videogame era a primeira versão de The Sims.

The Sims era simplesmente um simulador de gente. Sua mecânica básica segue as linhas dos mais tradicionais jogos de estratégia, o gerenciamento de recursos. Meu primeiro contato com esses gerenciadores foi numa revista sobre programação que publicou um programinha para TK 85. Com os recursos da época, a publicação trazia caractere por caractere o código de progamação (em basic) e você tinha que copiá-lo digitando em sua máquina. A vantagem é que o software vinha comentado e assim você aprendia a programar seu micro (2). O joguinho chamava-se "Feudo". Você era um senhor feudal e o recurso disponível eram seus servos. Eles tinham que plantar trigo, construir represas e defender o feudo. Equilibrar a quantidade de gente em cada uma dessas tarefas era vital e quanto melhor você fosse sucedido, mais trigo você tinha, o que evitava as mortes e aumentava o número de nascimentos (mas aí começava a ter muitas pessoas para serem alimentadas e se você aumentasse a quantidade de agricultores deixava a terra exposta a inundações ou ataques bárbaros).

The Sims usava essa mesma mecânica do começo da história dos videogames, mas tinha a grande ideia de fazer do recurso a ser gerenciado o tempo. Você tinha que trabalhar, descansar, se divertir, dormir, se alimentar e namorar. Se você não se divertia, se estressava e não ia bem no trabalho, não ganhava dinheiro, não conseguia comer. E além disso tudo ainda tinha que volta e meia animar sua namorada. Em pouco tempo não só estava raciocinando em termos de minutos disponíveis para dormir ou me divertir vendo um filme em frente ao monitor como até na realidade. E aí eu percebi o quanto The Sims era no fundo um game materialista (no sentido metafísico), existencialista e um tanto depressivo, pois acaba tornando-se inevitável comparar à sua própria vida e pensar no quanto ela era vazia e passageiras suas recompensas, bem como na impossibilidade de verdadeira comunicação entre duas pessoas (os bonequinhos não falam e pra animar seus parceiros eles têm essencialmente o contato físico, que melhora o humor do outro apenas por algum tempo). Nunca vemos os personagens no emprego, mas parece tão sem sentido quanto os outros aspectos das banal existência que eles levam, ainda mais com as habilidades que eles precisam cultivar para serem promovidos: carisma (treina-se falando em frente ao espelho), boa aparência e disposição (compre aparelhos de ginástica, dão pontos também no quesito DIVERSÃO) e conhecimento (leia livros, também dá pontos em diversão).

Somando-se a isso havia também a falta de objetivo no game. Não se vencia realmente o jogo (o manual até comentava jocosamente, no capítulo VENCENDO O JOGO: Este é um jogo da Maxis, você não o vence. Não há um objetivo), como no similar SimCity, apenas seguia-se com ele até um ponto em que não dava mais pra aguentar. Como a própria vida.

Como já disse acima, na época fiquei viciado em The Sims. Tinha acabado de terminar com uma moça muito importante pra mim, alguns projetos pessoais em que investira muito tinham dado com os burros n'água e minha família atravessava problemas financeiros. Mergulhar na vida de outros, ainda que num mundo virtual, me ajudava a esquecer os problemas. Mas foi durante um curto período. A visão desiludida dos criadores do jogo acabou por me afastar dele, bem como de suas expansões e continuações, que fizeram dele o maior sucesso da área em muitos e muitos anos. Foi merecido, o conceito e a jogabilidade são brilhantes. Mas sua mensagem - sua poderosa mensagem, seu avassalador conteúdo artístico - era deprimente demais pra mim.

Videogames são uma forma de arte. Há mais de dez anos, pelo menos, que eles clamam por uma análise estética, além da resenha especializada de sua funcionalidade. Eles dominaram os corações e as mentes da geração com menos de 40 anos (e mesmo de muito do povo acima dessa faixa etária). Roquenrou, cinema e quadrinhos já foram encarados assim. Assim que uma primeira cabeça em um jornal ou órgão de ressonância se der a esse trabalho, vai abrir caminho pra geração que cresceu em cima de um joystick pensar um pouco mais em sua formação intelectual e escrever fascinantes ensaios sobre o mundo virtual interativo. O que só dará mais incentivo pros criadores do setor inovarem mais em linguagem, conceito e conteúdo artístico.

(1) O blogueiro se criou com os Telejogos, o Atari e teve um TK 85. Na época da Nintendo já havia se tornado um jogador casual, a menos que os jogos fossem da série Doom ou Civilization. Após dez anos longe dos consoles, ele voltou a se tornar um casual gamer graças ao divertidíssimo sensor de movimento do Wii, que fez até minha mãe de 76 anos pela primeira vez na vida curtir um videogame.

(2) O blogueiro realmente aprendeu a programar em basic. Um dos games que programou era sobre uma faculdade de comunicação, onde os sujeitos passavam num supermercado pra comprar cachaça, revistinha com musica pra tocar no violão e ENGOV. Pra gerenciar a grana, ele podia economizar no táxi e pegar carona com um amigo bêbado pra festa, correndo o risco de bater e ir parar no hospital. Uma vez na festa, ele deveria atrair mulheres tocando musiquinhas no violão e dando-lhes cachaça. O risco eram os empata-foda, um bando de chatos bêbados que ele tentava afastar dando cachaça ou ENGOVs. Obviamente, ele podia arriscar-se a gastar tudo com musiquinhas e/ou cachaça e não comprar ENGOV, mantendo distância dos empatas, mas eles estavam sempre perto das mulheres gostosas. No final, se mal sucedido, o jogador levava um chute da menina; se bem sucedido, ia com ela pruma moita que ficava balançando, em animações que usavam toda a fantástica resolução gráfica de 64 x 44 pixels em glorioso preto e branco, explorando toda a memória de 16 kb (isso mesmo, 16 QUILObytes - um milésimo de 16 megabytes, que é um terço da memória que só os celulares mais vagabundos e obsoletos de hoje em dia têm).

junho 23, 2010

Bonito em futebol é volta olímpica, o resto é educação física.

Lançamento do Livro do Sílvio no Consulado Geral de Portugal






Se você rolar o blogue pra baixo vai poder ver as partes 1, 2 e 3 destas fotos e ler (duas vezes!) a desculpa prelas estarem com essa dominante alaranjada de quem não equilibrou o branco pra iluminação incandescente e esse foco doce de quem escolheu um tempo de exposição muito longo. Obrigado!

junho 21, 2010

Êxtase

Na pilha de corpos nus
Recobertos de pus
Devorados pelos urubus
Seus olhos viram a luz

junho 20, 2010

A Última Viagem do Bonde para a Samaria

- Não pára não, Marcos, por favor...

Toquei a rua, mas tinha sido um dia muito, muito quente. Podia ser uma mancha de sangue, podia ser uma mancha de óleo, a mesma dúvida que eu sempre tinha quando entrava no carro e sentia cheiro de gasolina e ia olhar embaixo e sempre, sempre descobria que todo chão guardava suas marcas, suas cicatrizes, suas manchas de velhice, apenas nunca reparamos nelas.

- Não pára.

Agachado no meio da rua, toco manchas no asfalto com os dedos, os carros passando perto, seus motoristas olhando desconfiados, desconfiados como a mulher da banca de flores no insulado canteiro da curva, que antigamente fazia parte da calçada, antes de uma das muitas reformas de tráfego no lugar.

- Carol, ele não tá fingindo.

- E se estiver?

Eu levanto, caminho até a mulher de bermuda jeans, camiseta azul-escura, sandália e cabelos desgrenhados começando a embranquecer, ela está me sacando desde que cheguei, ela sabe que não vou conseguir carregar flores na bicicleta, ela sabe que não vou querer comprar nada.

Não consigo lembrar se a banca estava aberta na véspera, só tinha olhos para Carolina, doce e bela Carolina, com o minivestido e as belas e grossas coxas de fora, coxas naturalmente belas, imalhadas, nem o noivo dela conseguira fazer dela uma atleta, para quê, ganhava dinheiro como modelo de fotografia, fazia pós-graduação de psicologia, gostava de música eletrônica e filmes do Estação Botafogo e tinha uma história estranha, uma história esquisita, uma história não muito bem-contada envolvendo alguma coisa que nunca revelava, mantinha em brumas e névoas, alguma coisa que acontecera a ela quando se mudara do Espírito Santo para o Rio de Janeiro, para ganhar dinheiro fotografando, sendo fotografada, aliás, viera morar sozinha depois da morte do pai, um segredo que não seria eu a forçá-la a desvelar.

E só tendo olhos para ela eu mal vira o homem se arrastando na frente do carro na rua.

E sangrando, parecia estar sangrando, sangrando muito.

Pergunto para a florista cansada se ela soube de alguma coisa, se alguém foi atropelado ou baleado ali na véspera, se aconteceu alguma coisa, a mulher olha pra bicicleta, diz que não, não sabe de nada, não viu nada no jornal, não ficou sabendo de nada, não sabe de nada, quando chegou não tinha nada.

Quando cheguei também não tinha nada. Tinha na véspera, o homem se arrastando pela rua, mas Carolina, a belíssima Carolina, a Carolina cujo namorado era mais novo e mais bonito do que eu jamais fora, mas que ela traía despudoradamente, comigo, Carolina pediu pra não parar, não diminuir.

- Ele não está, Carolina!

A florista não sabe de nada.

Ele não estava fingindo, eles não sabem fingir, eles só sabem falar a verdade, eles declamam como péssimos atores sempre que têm que interpretar um personagem que não seja eles mesmos, uma vez saí com o pessoal do trabalho, nos bancos da frente uma amiga jovem dirigindo e no carona um amigo velho, o garoto não me viu saudável e ainda jovem, ele chegou mancando, ele tinha uma perna torta, vestia só um short, o carro parado no sinal, avenida Atlântica, ele chegou carregando uma quentinha da qual comia com a mão arroz, feijão e farofa, ele chegou na janela do amigo coroa e falou exatamente no mesmo tom que os vendedores de ônibus falavam, exatamente no mesmo tom completamente falso e artificial, eles não são bons em blefe, eles não dariam bons jogadores de pôquer, ele disse “eu-não-quero-seu-carro-ou-sua-vida-apenas-sua-carteiera-e-você-pode-ir”, um garoto manco, de short e quentinha, incapaz de dar verdade ao seu personagem.

O amigo coroa fechou a janela.

A florista fecha a porta quando volta para dentro do quiosque.

E eu nem abri o vidro elétrico.

- E se estiver?

Carolina, tão bela Carolina, tão belas coxas de Carolina, tão jovem e bela, tão boa de cama, tão carente, tão apaixonada.

- Quando você estiver sozinho você pode parar, Marcos, mas lembra que eu tô aqui contigo!

E aquela história mal-explicada, aquele segredo do qual ela só dava a mais vaga das pistas, alguma coisa à qual ela fazia uma vaga alusão sempre que eu queria experimentar mais da entrega dela, quando queria ser mais violento, furioso, sexual, como um homem bem-sucedido de idade e experiência frente àquela carne macia, firme, jovem e completamente entregue, completamente submissa ao macho viril e potente nu à sua frente.

E não parei.

Ela pediu.

Ela tinha aquela história.

Anos atrás, nem tantos assim, aliás, quando comprei meu primeiro carro, saí com Márcia, que viajara o mundo todo, atriz, poetisa, musicista, que em Paris mergulhava entre tubarões para ganhar dinheiro, era a primeira vez que ela entrava num carro meu, e um homem em convulsões andou até o meio da rua. Contra todos os protestos do homem pusemos ele no carro, uma toalha de praia que andava sempre na mala forrando o banco de trás, e o levamos ao Rocha Maia, deixando-o numa cadeira de rodas rumo ao raio-X, enquanto ele continuava protestando dizendo que estava tudo bem.

Naquela noite jantamos na Cantina Bolognesa, à luz de velas, trocamos nosso primeiro beijo e terminamos no Bambina e, com Márcia descansando aninhada e satisfeita em meu peito, eu só conseguia pensar se o homem não estaria drogado a ponto de ser preso, se não teríamos ferrado com ele, estragado a vida dele, de tanto e tanto que ele protestara e demonstrara medo.

Apenas para apaziguar nossa consciência imersa em tantos pedintes e tiroteios.

Mas Márcia não tinha as coxas de Carolina e nem a juventude de Carolina e nem o segredo de Carolina.

Por isso fiz como ela pediu.

E ainda tinha aquela história obscura da vida dela.

Não parei o carro, segui na rua escura e deserta, Carolina estava atrasada, saltou correndo ao chegar em casa e o porteiro, que tanto gostava do namorado dela, me olhou atravessado como sempre fazia.

E eu fui para casa, esperei amanhecer, peguei a bicicleta e vim.

E ninguém vira nada.

E eu não tinha parado.

Carolina dorme às vezes lá em casa.

Ela acordava mais cedo do que eu. Normalmente a encontro na sala, assistindo a algum DVD, ou, mais raramente, lendo o jornal, ela não era tão culta ou lida assim, nem sabia o que tinha sido a Revolução de 64, descobri uma vez.

Mas meu computador é protegido. Tem arquivos que eu gostaria que ninguém mais visse. Eu sei que ela acorda cedo para ficar trocando e-mails com o namorado virtual francês. Ela adora a Europa. Ela já viajou à Europa a trabalho, fotografando, e outra vez, quando juntara dinheiro.

Em menos de um ano ela abandonará o namorado, eu e outro amante eventual que também descobri através do computador, e se mudará para a França, permanentemente tantalizando-me com a imagem de suas coxas emoldurando sua boceta sem pelos andando nua pelas praias liberadas francesas, feliz em sua beleza e juventude.

Enquanto eu rodarei as ruas do Rio, os vidros levantados, cada vez mais parecendo um alvo fácil para pivetes de short armados de quentinhas, porque cada vez mais velho e assustado, seguindo sempre adiante, nunca parando em cruzamentos depois do anoitecer, amedrontado e protestando contra a violência, dizendo que ninguém mais ousa sair à noite e falando mal da geração mais nova, tentando chegar em casa vivo a cada dia

entre assaltantes, floristas cansadas, epilépticos atirados no meio da rua e feridos ensanguentados largados ao asfalto como num antigo enterro ritual, o corpo deixado na pedra quente para que os abutres, carniceiros e larvas de moscas o devorem completamente, deixando o morto como marca neste mundo apenas as lembranças dos que o conheceram.

Enquanto Carolina nua beijará seu namorado na praia deserta ao anoitecer, completamente alheia a qualquer segredo obscuro e traumático de sua vida.

Who Knows What Evil Lurks in the Heart of Men?




The phone camera knows
(Aniversário e show do Heitor)

junho 17, 2010

Furtivo e Covarde

Tudo que está morto torna-se pai
Tudo que vive é o filho

Nunca devorei a carne dos inimigos caídos
Para herdar sua coragem

Nunca brindei com os crânios
dos inimigos
por sua valentia que me enobrecia

Nunca amei de verdade

Amei como nos ensinam a matar
nas escolas nas creches no emprego no governo na tevê

Amei furtivamente
A sangue-frio
Amei pelas costas
Covardemente

Mantendo o colarinho os punhos o paletó
impecáveis

Vivemos como matamos
Pois tudo que está morto torna-se pai

E só o filho está vivo

Lançamento do Livro do Sílvio no Consulado Geral de Portugal Parte 3











As partes 1 e 2 estão mais pra baixo, role o blogue pra vê-las. Novamente peço sua condescendência com as fotos - depois de anos tirando instantâneos com a esplêndida câmera de celular do Nokia N95, esta foi a segunda vez em que experimentei o Android do Sony X10. Desnecessário tempo excessivo de exposição e equilíbrio de branco no automático deixaram os retratos alaranjados e tremidos ou com foco doce. Mas é errando que se aprende (a reconhecer o mesmo erro quando ele é cometido novamente). Da próxima vez levo a câmera de verdade, mas essa é a desvantagem de ter uma semipro: grande demais pra carregar pra certos eventos.

Os Clássicos Permanecem



O bolo de aniversário do Fernando no dia do jogo da Argentina na casa do Glauber.

Splash

Charles Bukowski

A ilusão é de que você está simplesmente
lendo este poema
a realidade é que isto é
mais que um
poema.
isto é o canivete de um mendigo
isto é uma tulipa
isto é um soldado marchando
através de Madrid.
isto é você em seu próprio
leito de morte
isto é Li Po rindo
lá embaixo
isto não é a porra de um
poema.
isto é um cavalo adormecido
uma borboleta em
sua mente
isto é o circo do
demônio
você não está lendo isto
numa folha
a folha está lendo
você
pode sentir?
é como uma serpente. é uma águia esfomeada rodando pela sala

isto não é um poema. poemas são chatos
fazem você dormir

estas palavras forçam você
a uma nova
loucura

você foi abençoado, você foi atirado em uma
cegante área de
luz

o elefante sonha
com você
agora
a curva do espaço
se dobra e
gargalha

você pode morrer agora
você pode morrer agora como
todas as pessoas deveriam
morrer:
grandes,
vitoriosas,
escutando a música,
sendo a música,
retumbando,
retumbando,
retumbando.

Abaixo, o original:

The illusion is that you are simply
reading this poem.
the reality is that this is
more than a
poem.
this is a beggar's knife.
this is a tulip.
this is a soldier marching
through Madrid.
this is you on your
death bed.
this is Li Po laughing
underground.
this is not a god-damned
poem.
this is a horse asleep.
a butterfly in
your brain.
this is the devil's
circus.
you are not reading this
on a page.
the page is reading
you.
feel it?
it's like a cobra. it's a hungry eagle circling the room.

this is not a poem. poems are dull,
they make you sleep.

these words force you
to a new
madness.

you have been blessed, you have been pushed into a
blinding area of
light.

the elephant dreams
with you
now.
the curve of space
bends and
laughs.

you can die now.
you can die now as
people were meant to
die:
great,
victorious,
hearing the music,
being the music,
roaring,
roaring,

Papai Não Corra e Não Assista à Copa Enquanto Dirige



Ainda mais comigo no táxi... o problema é que eu também queria ver os emocionantes lances de Eslováquia e Honduras. O problema é que os celulares estão cada vez mais multifuncionalmente baratos...

junho 16, 2010

Bienvenido a la Licolandia

Um amigo meu já definiu a Espanha como uma Licolândia. Pra quem é mais novo, Lico jogava pela esquerda no meio-campo do Flamengo dos anos 80. Bom jogador, mas tinha muita gente que o achava craque. Atleta técnico, de bom toque, quando ao lado de Júnior, Leandro, Adílio, Tita e Zico, parecia que era muito mais bola do que realmente era. O mesmo aconteceria com os espanhois. Os caras entendem de futebol, quando estão com a grana contratam os melhores do mercado e, jogando ao lado deles, dão a impressão de serem muito melhores do que são. No entanto, chega na hora da Copa as estrelas vão pras suas seleções e só sobra aquele monte de Licos pra escalar na Fúria.

Nos últimos anos eles conseguiram montar uma equipe em que todos os jogadores do meio pra frente são refinados e rápidos, adicionando à receita um esquema tático com boas infiltrações explorando o sempre vulnerável espaço na defesa entre os zagueiros e os laterais. Juntando a isso um centroavante que faz gol - e isso faz tanta diferença que o Adriano levou o Fla ao campeonato e o Fred voltando de contusão salvou o Flu da segunda divisão - os espanhois conseguiram uma Eurocopa e um monte de bons resultados. Sua debacle começou na Copa das Confederações e antes da semifinal eu já cantei que eles perderiam dos EUA: desde a estreia contra a África do Sul e passando facilmente pelos outros times horrorosos do grupo, desfilaram uma empáfia arrogante sem todo esse motivo. A ponto de um jornal esportivo, não me lembro se o Ás ou o Marca, botar online uma pesquisa: "se ganhar a Copa das Confederações, esse time poderá ser considerado um dos grandes da história?"

Hoje contra a Suíça, depois de grandes jogos pelas eliminatórias e esquecida a derrota pros EUA como um acidente, mais uma vez eles entraram com uma autossuficiência típica de quem não está acostumado à vitória. Com dificuldades para adentrar o ferrolho suíço, que deslocou mais um defensor pra fechar a brecha entre a lateral e a zaga, assim que tomaram um gol entraram em pânico. Quem prestou atenção pôde ver claramente a expressão enfastiada dos ibéricos mudar para aquela máscara de desespero dos perseguidos pelo destino, típica de botafoguenses. Com mais de meia hora de partida pela frente, eles já se achavam derrotados.

Essa não é a maneira de pensar dos grandes. É o descontrole dos sujeitos que só conseguem um grande sucesso na carreira. O maior segredo dos espanhois em relação a outros times tão bons tecnicamente quanto este eram suas triangulações pelo lado da área e seu centroavante macho. Sem os dois eles não chegam a lugar nenhum.

junho 15, 2010

Rápido Resumo do Jogo de Hoje

O Kaká e o Luís Fabiano estão fora de forma e não conseguem se movimentar pra se desmarcar. Como os volantes são lentos, a jogada demora no meio-campo e os laterais estão sofrendo o mesmo que sofreram os laterais de 98 (e fez tanta gente acreditar que eles não eram os craques que eram): eles se mandam pra frente pra receber na corrida, mas o passe demora tanto que eles acabam recebendo a bola parados e de costas pra defesa, já marcados. Como o meio não cria (desde 1982, tradição do futebol brasileira uma ova) e sem jogada pelos lados, só sobrou o Robinho pra se mexer e tentar criar alguma coisa.

Essa Coreia foi de longe até agora o pior time dessa Copa.

junho 13, 2010

Você Me Enxerga Somente em Linhas Retas




Eu já disse que adorei essa frase?
Os melhores relicários são os vermes.

Da Moça para seu Amante (Primeira Versão)

Vivaz
Me entrego
às suas sevícias

Você decide
o que vamos jantar
onde encomendar
onde vamos passear
onde vamos fazer compras
quando vamos descansar
quando EU vou descansar
Não há outro lugar
onde eu possa realmente descansar

Você me tira a roupa
me amarra me segura os braços com as mãos
e me beija devagar

Você escolhe o momento em que você vai gozar
e sabe o melhor momento para eu gozar
Você me faz mulher

Lançamento do Livro do Sílvio no Consulado Geral de Portugal II






Os pais e os filhos da Suzy foram, mas ela não, como sempre. A Isabela, apesar de na preadolescência toda querer ser modelo, não quis aparecer em fotos. E o local chique. E a irmã do Tardin.

Plástico de Carro

Com quantos burgueses se faz um hamburguer?
(Pichação na rua do vaivem na Lapa)

Lançamento do Livro do Sílvio no Consulado Geral de Portugal






As fotos não estão lá grande coisa. Ainda estou me acostumando ao celular novo - um Android (Sony Xperia X10) contra um clássico Symbian (o Nokia N95, a lenda dos celulares, o telefone com provavelmente a melhor câmera já enfiada nesses aparelhos). Estou até com vontade de escrever uma comparação entre os dois. Mas deixei desnecessariamente a velocidade muito baixa e poderia ter corrigido o equilíbrio de branco. Bem, é assim que se aprende - desculpe, Sílvio, por ter sido no seu festão. O convescote estava animadíssimo, fartíssimo e chique. Pra começar aqui, só a família Rabaça: o autor, o irmão astrônomo, a irmã bonita e a irmã bonita, indomável e sexy. Breve, os amigos.