julho 22, 2007

Baywatch


Sim, é verdade, isso aí É a Avenida Atlântica!!!! A rocha atrás do mastro é a Pedra do Inhangá, que foi cortada e hoje acaba ali na Cardeal Arcoverde - antigamente vinha até a praia. Ou seja, ali é mais ou menos a altura de onde hoje fica o Copacabana Palace. O limite entre Leme e Copacabana era essa Pedra e não a Princesa Isabel.
A pergunta que não quer calar: como o salva-vidas descia pra salvar as pessoas? Descendo ousadamente de maneira radicaaaaaal pelo fio? Ou saltava e usava o guarda-sol como pára-quedas (apesar dos Mythbusters garantirem que isso não funcionaria?)

Aconteceu Comigo

Estou caminhando na cidade, vejo uma sapataria em liquidação e um sapato do tipo que a minha irmã gosta, resolvo comprar pra dar de presente. Pago com cheque. O sujeito pede identidade. Eu mostro a minha, do Tribunal, com as armas da República e uma imensa faixa verde-amarela onde se lê em escandalosas maiúsculas, JUSTIÇA. Depois, carimba o verso do cheque e pede endereço, telefone, RG, CPF, endereço do trabalho e telefone do trabalho. Depois, ostensivamente, liga para um serviço de proteção ao crédito e consulta meu CPF. Finalmente libera a venda. Algo já irritado, resolvo exigir a notinha. O vendedor pergunta "pra quê". Pra não dizer que é porque resolvi implicar, respondo que é para o caso de uma eventual troca, afinal o sapato não é pra mim. O sujeito, abrindo os braços e bem mais caloroso, retruca sorrindo, "ora, não precisa, pode trazer na confiança"... pode confiar.

julho 21, 2007

Soneto das Metamorfoses

De Carlos Pena Filho. Leia a obra-prima dele, A Solidão e sua Porta, aqui, em uma nova janela

Carolina, a cansada, fez-se espera
e nunca se entregou ao mar antigo.
Não por temor ao mar, mas ao perigo
de com ela incendiar-se a primavera.


Carolina, a cansada que então era,
despiu, humildemente, as vestes pretas
e incendiou navios e corvetas
já cansada, por fim, de tanta espera.


E cinza fez-se. E teve o corpo implume
escandalosamente penetrado
de imprevistos azuis e claro lume.


Foi quando se lembrou de ser esquife:
abandonou seu corpo incendiado
e adormeceu nas brumas do Recife.

O Quarto Vértice

Escrevi esta peça em 1990, achava o conceito originalíssimo. Hoje tem até um desenho no Adult Swim, o segmento adulto do Cartoon Network, com esse tema, com dois dos mesmos personagens desse comecinho que eu postei em papéis de destaque. Lááááá em baixo eu falo quem são.

Paulo está entre o promotor, o advogado e o Juiz esperando seu julgamento por tráfico de denelina, observado por clones, Gandhi entre eles. Todos os clones, Gandhi inclusive, diferenciam-se dos que não são pelo uso de máscaras caricaturais. O advogado, o promotor, o Juiz e Paulo são humanos normais.

Advogado
(LEVANTANDO O ROSTO DE PAULO PELOS CABELOS) Vejam sua face lisa. A vida não o marcou, por que deveríamos nós fazê-lo? (AO JUIZ) Perdoai-o, ele não sabe o que faz.

promotor
Um menino mimado que mantiveram à margem da vida - isto é seu rosto liso. Que o tempo e a experiência façam dele um homem!

advogado
Quando jovens nos julgamos imortais, sem necessidade de arrependimentos...

promotor
É Justiça isso? Quebrar a Lei é querer ser punido. Um jovem tem mais tempo para pagar seus pecados do que um velho. Isto é justo!

advogado
Justo chamamos a um traje que nos tolhe os movimentos e rasga-se a uma ação mais brusca...

juiz
Chega! Metáforas vis, jogos de palavras, ardis! (CAMINHA ATÉ PAULO) A juventude tem muito tempo por matar, é normal que recorra a artifícios como drogas. (PEGA SEU ROSTO E O LEVANTA) És original. Sem passado. Livre. Compreendo tua ansiedade, tantos caminhos! (BEIJA-O)

promotor
E assim liberta-se aquele que deveria aprender...

advogado
Muito ele já aprendeu com nossos discursos...

juiz
Inúteis (SAI).

Saem todos, deixando Paulo sózinho. Entra Gandhi

gandhi
Você não está preso.

Paulo
Sempre o estamos a alguma coisa. À vida, a um amor, ao trabalho.

gandhi
Quem é pego vai preso. É a Lei.

paulo
Ela me soltou.

gandhi
Não falamos da mesma lei. (APROXIMA-SE AMEAÇADORAMENTE) O que você fez? Aproveitou o nome de seu pai? Aproveitou seu dinheiro? É amigo do Juiz? Ou... (SINISTRO) entregou-nos?

paulo
Desprezaram-me.

gandhi
Talvez a você, mas e seu crime? Tráfico de influências? Acordo com o promotor? Não se pode chamar a atenção para nós.

paulo
Você não é do tipo discreto.

gandhi
Cale-se. Você não devia ter feito o que fez. Se foi pego, tem que ser preso. Errou, tem que pagar.

paulo
Não é um conceito um tanto judaico-cristão para Gandhi?

gandhi
(FURIOSO) Eu não sou Gandhi! (TIRA O CHAPÉU) Eu tenho cabelos! Não tenho bigode! Gosto de sexo e violência! Não me fale assim!

paulo
Você está chamando atenção...

gandhi
(LARGANDO PAULO) O chefe ainda vai querer falar com você...

paulo
Você não é o George Raft mesmo não?
Gandhi acerta Paulo súbita e violentamente. Paulo cai.

gandhi
Medite sobre convivência pacífica conosco. (SAI)

paulo
"Às vezes me parece que meu sangue jorra abundantemente
Como uma fonte em espasmos rítmicos
Ouço-o bem correr com um longo murmúrio
Mas em vão me tateio em busca da ferida (...)"

Um clone entra e fica rindo com ar de louco no canto.

Paulo
O que foi? Que que você tá olhando?

clone
Teus pais treparam, né?

paulo
(LEVANTANDO-SE PARA PERTO DO CLONE) Que que você tá querendo, aberração da natureza?

clone
Não sou aberração da natureza. Sou Rui Barbosa. Você é que não é ninguém.

paulo
Eu me chamo Paulo. Você por acaso tem nome?

clone
Não, mas tenho uma mensagem pra você.

paulo
George?

clone
Nome não. Mensagem.

paulo
É de George?

clone
Não, é sua, é pra você.

paulo
(JÁ IRRITADO) Quem mandou você? Quem mandou a mensagem?

clone
Seu pai.

paulo
Qual é a mensagem?

clone
"Vinde a mim".

paulo
E onde ele está?

clone
À beira da morte.

paulo
Onde?

clone
Eu não sei de onde vim... nem para onde vou...

Paulo larga o clone.

clone
O mesmo lugar de sempre. Não há muitos lugares para onde ele possa ir...

paulo
Meu pai sempre foi conservador...

clone
(SORRINDO ENIGMATICAMENTE) E espera você... (VAI SAINDO) espera...

paulo
Tanto tempo... o que um pai pode dizer a seu filho no dia de sua libertação? (SAI)

Entram Patton e Gandhi. Patton tem a máscara maquiada como se fosse um rosto.

gandhi
O garoto foi pego.

patton
Todos são pegos um dia ou outro.

gandhi
Ele não foi preso.

patton
Não? Deixaram nas ruas aquele garoto de maus hábitos e mau comportamento, que pragueja e despreza seus semelhantes? Por quê?

gandhi
O pai dele tem certa influência.


patton
O pai dele é um velho louco. Prefere ver o filho derrotado a confessar a sua derrota.

gandhi
E o que devemos fazer?

patton
Fazer? (AGRESSIVO) Você ainda pergunta o que fazer?

gandhi
Suas ordens são não agir sem ordens.

patton
Mate o juiz, então. Os advogados e o júri. Os policiais que o prenderam. E ele.

gandhi
Matar todos?

patton
Se você não consegue ter um único momento de iniciativa, então deve se sujeitar aos caprichos do líder.

gandhi
Nós não vamos conseguir fazer tudo isso...

patton
Por quê? Não confia em si mesmo? Não sabe como fazer o que lhe cabe? É assim que se talham os homens, clone covarde! Qual o seu nome?

gandhi
Eu não tenho nome.

patton
Pois o meu é George. George Patton. Eu faço meu próprio nome. Sem denelina, sem êxtases e visões. Eu vivo com o corpo do guerreiro imortal. Eu dou as ordens e você obedece. Se não fosse eu, você obedeceria a outro. Chega. Teve a chance de fazer o mais fácil, agora quero todas as mortes. Uma por uma. Iniciativa não é o seu forte, quem sabe ação. Talvez nela você se descubra.
gandhi
Mas chefe...

patton
(SEGURANDO A CABEÇA DE GANDHI ENTRE AS MÃOS) Nos últimos três mil anos vaguei sob diversas formas nestas planícies. Tenho a vontade de cem homens expressa em túmulos reverenciados em todas as terras. Não me importa um garotão mimado nem um clone viciado em denelina. (CARINHOSO) Cumpra as ordens. Enlouqueça, experimente o êxtase da paixão destruidora. Todo anjo é terrível. Você é o meu mensageiro. Diga que George tem recado para todos. (LARGANDO-O) Vá. Liberto teu corpo para que me agrade.

gandhi
Eu tentarei ser digno, chefe.

patton
Seus atos não refletem verdade em suas palavras.

Gandhi sai. Patton fica sozinho em cena.

patton
"... traz em si tão belas criaturas..." (SAI)


Paulo fica olhando, parado, em cena. Dois clones do seu pai entram, postando-se como arautos.

clone 1
Sangue do meu sangue!

clone 2
Carne da minha carne!

Entra um terceiro clone, empurrando o pai de Paulo, inválido, deitado dentro de um pulmão de aço
pai
Sabe o que dizem por aí? Não soube nem criar meu filho, como pude tentar criar outras pessoas? (TOM) Como pensava saber alguma coisa, Paulo? Se nem com teu pai quis aprender algo? (TOM) E nem se deram ao trabalho de prendê-lo... simplesmente desistiram de você! Não percebe, Paulo, como todos estão desistindo de você?

paulo
Pai... é isso que é tão importante que você quer até me rever?

pai
Nós somos pai e filho, Paulo... há tanto que não nos vemos... como começar..? Talvez partindo do geral para o específico. Veja nossa sociedade... somos a cultura mais avançada do planeta... no entanto, se um de nós for deixado numa ilha deserta, provavelmente morreria de fome, frio ou sede. Você sabe cozinhar, Paulo?

paulo
Eu não morro de fome.

pai
Não. Usa o dinheiro com a venda da denelina.

paulo
E você reclama do quê? Você ajudou a povoar o mundo com esses pobres fantasmas. Corpos que já fizeram o que tinham que fazer, tentando redescobrir o mundo porque em vez de nome têm uma sequência artificial de DNA. Deixe-os ao menos pensarem que podem ser tão grandes quanto seus ídolos.

pai
Suas matrizes, Paulo. Suas matrizes. Eles deveriam imitar o comportamento das matrizes, não idolatrá-las.

PAULO
Não podem ter ídolos, nome nem uma vida normal porque devem ser quem decidiram que eles fossem. Com a responsabilidade de ultrapassar seus criadores. Como vocês queriam que isso funcionasse?

pai
Parecia uma boa idéia. Criar clones a partir do DNA recuperado dos grandes gênios da humanidade. Uma segunda chance para os incompreendidos. Se lhes impúnhamos responsabilidade, qual o problema? Pais sempre agiram assim com seus filhos.

paulo
E por isso paramos de nos falar. E vocês resolveram repetir esse erro em escala de laboratório.
pai
Este é o nosso mundo. Por que deixar que a natureza insistisse no acaso e em povoá-lo com mentes insignificantes e corpos decadentes? O erro talvez tenham sido as matrizes. Escolhemos as exceções. Newton era celibatário. Freud era neurótico. Da Vinci e Michelangelo, homossexuais, Marx um fracassado. Devíamos saber que os gênios são o erro.

paulo
Era isso que você queria me dizer?

pai
Quieto, Paulo. Eu, vivendo neste aparelho. Veja as maravilhas da tecnologia. Falavam de mim, "uma mente brilhante, pena que seu corpo esteja morrendo". Agora, meu corpo e minha mente vivem. Separados, sim, todos vivem assim agora. (A UM CLONE) Ponha-me em posição explanatória, um.

O clone movimenta a maca do pai.

pai
Obrigado. Veja estas figuras débeis, estes corpos frágeis. Onde está a determinação que me levou a lutar tanto, a me superar? Por que eles se contentam em ficar tomando contam de mim?

clone
(ASSUSTADO) A vida é incerta, mestre...

paulo
Talvez lhes falte exatamente denelina.

pai
Sempre os mesmos erros. Em vez de tentarmos construir um futuro, insistimos em reconstruir um passado. Se nossos gênios fossem realmente os gigantes que achamos que foram, a humanidade seria muito mais evoluída! A denelina não resolve nada. Uma droga que estimula a fabricação de neurotransmissores genéticos. Que traria à tona a informação cerebral contida nos gens. Tolice.

paulo
Os clones não acham isso.

pai
Se eles soubessem de alguma coisa, não seriam o fracasso que são. O uso prolongado da denelina apenas apaga toda a memória do indivíduo e o deixa à mercê de seus instintos animais! Toda volta ao passado é uma volta ao bestialismo. Inocência é caçar, é matar sem remorso, é morrer sem medo. Eu temo a morte, a verdade é essa. E me cerco de clones. Sou todos eles.

paulo
E parte de você em mim.

pai
O que nos traz ao motivo pelo qual o chamei. Denelina e passado, matrizes e estes descerebrados rindo. Pai e filho. Chegou a hora de você mudar tudo isso.

paulo
Não estou interessado, pai. Estou bem. Tenho a minha vida, não queira me empurrar a sua.

pai
A minha? Com tanto de minha vida já circulando em torno de nós? Você nunca foi muito perspicaz. Você não sabe porquê, mas sua simples existência alivia as dores da minha morte próxima. Mas você não é o que eu queria que fosse.

paulo
Ambos o sabemos há anos.

pai
Os pais sempre se enganam a respeito dos filhos. Por isso pensei que tal não aconteceria entre nós.

paulo
O que você quer dizer com isso?

pai
As primeiras matrizes começavam a não dar certo. Meus colegas falavam em redimi-los. Sublimando seus desejos, eles alcançariam seus intentos. E assim comecei a procurar uma matriz que se encaixasse nesses requisitos.

paulo
(APROXIMANDO-SE ASSUSTADO) O que você quer dizer, pai?

Os clones afastam-no do pai.

clone
Contenham-se, vocês parentes.

pai
Veja o respeito que têm por mim. Não. A matriz que eu procurava devia resolver todos esses conflitos. Comecei a pesquisar. O que tínhamos, pensei, da Antiguidade? Que cadáveres e restos mortais de homens que criaram a razão?
paulo
Esses conceitos nunca funcionaram! Você mesmo acabou de dizer!

clone
Nenhum dos dois deve se exaltar! Aqui é local de silêncio.

clone 2
Repouso e meditação.

pai
De tanto pesquisar, acabei encontrando um dossiê, daqueles perdidos há muito tempo. Uma pesquisa antiga, da década de 80. Dataram um artefato antigo. Foi tudo feito errado. Não contavam na época com o efeito Renitz. Esqueceram os efeitos da radiação transmutadora esperada num evento de tal magnitude. Em suma, a pesquisa dizia que o artefato não era da Antiguidade. Com técnicas atuais, cheguei à conclusão que era. Acabei conseguindo uma amostra do tecido.

paulo
(DESESPERADO, AJOELHANDO-SE EM FRENTE À MACA) Pai! O que você está falando? Que tecido? Que tecido era este?

clone
A trama do Destino.

pai
Marcas de sangue de uma teórica transfiguração. O Santo Sudário. A mortalha...


clone
... de Jesus...

paulo
Cristo!

pai
E em nome de Deus. Um clone redentor. (AOS CLONES) Levantem-me, quero encará-lo!

Os clones levantam o pai.

pai
Você era importante demais. Por isso resolvi criá-lo como filho, o filho que eu jamais poderia gerar!


clone
Ele não é seu filho?

clone 2
(DESESPERADO) Nosso filho? O que foi feito de nosso filho?

pai
(ALHEIO AOS CLONES) Por isso eu não falava com você. Você devia falar comigo.

paulo
Pai... eu sou um... clone?

clone 3
Como seria dormir com sua mãe?

pai
Um clone? Você tem nome. Você foi criado a partir de receptores e tecidos humanos. Você é meu filho.

paulo
O que quer fazer de mim, afinal?

pai
Sou estéril. Estou velho. Impotente. Veja meus clones, a idade afetou o processo.

clone
Eu cozinho.

clone 2
Eu cuido do orçamento.

clone 3
Enfermeiro. Cuido da casa e do corpo original.

pai
Mostre-me o futuro, meu filho. Você não é apenas mais uma cópia. Faça algo por eles. Esta era minha esperança. Não deixe que nossas melhores criações se percam.

paulo
Pai... isto é loucura. Eu sequer sou humano. Você e minha mãe sempre foram dois estranhos. O que você acha que eu posso fazer?


pai
Mais do que vender drogas. (AOS CLONES) Ponham-no para fora! Ele sempre reclamou que eu queria influenciá-lo. Não vou lhe dizer como agir, então. Não vou lhe dizer uma palavra.

paulo
Pai, isto é loucura!

O clone 1 e o clone 2 agarram Paulo que se debate. O clone 3 vai levando o pai embora.

paulo
Pai, o que você fez a seu filho? O que você fez a todos nós?

clone 1
Obedeça seu pai!

clone 2
Ouça seu pai!

Depois que o pai foi embora, os clones largam Paulo e vão saindo. Paulo cai ajoelhado, arrasado. Clones começam a passar. Um manco vendendo balas. Um, amedrontado, fugindo se escondendo pelos cantos. Outro, carregando pastas como um boy. Entram Napoleão - um clone que usa várias máscaras sobre o rosto, levantadas, deixando o seu próprio rosto à mostra, normalmente. Vez por outra, põe uma máscara - segurando uma bebida e Heloísa, abraçada a ele.

Os clones de Gandhi e Cristo também aparecem no desenho como personagens de destaque, Gandhi em particular.
A maior parte das pessoas só conhece Gandhi da imagem idealizada do filme de Richard Attenborough, que tentou emular David Lean. Pouca gente sabe que o garoto era hiperativo e o casaram com uma guriazinha aos quinze anos. O moleque adorou aquele negócio chamado trepar e passava o dia inteiro fazendo-o, com o rendimento na escola desabando. Seu pai adoeceu e, quando ele morreu, Gandhi estava na cama com a esposa adolescente e carregou a culpa por isso a vida inteira, nunca se perdoando por não estar ao lado do pai na hora da visita da ceifadora. Isso deve explicar parte da abstinência dele em sua fase de agitador, político e líder, não?

P. S.: Segundo Jung, as coincidências não existem: a chave preu subir essa postagem é "maya". Falo tanto em Gandhi e o computador me lembra que tudo é ilusão.

julho 19, 2007

A Máscara da Beleza

Esta eu vi num especial da BBC sobre beleza, em 2 partes, apresentado pelo John Cleese, que passou no Discovery, antes que o canal fosse tomado por programas sobre carros e crimes.

O especial apresentava várias teorias sobre por que achamos um rosto belo, uma delas inclusive de certa divulgação, de que é a simetria entre os lados que o torna atraente ao nosso olhar. Outra delas era a do sujeito que fez o desenho abaixo. Partindo do princípio de que as proporções do retângulo áureo são para nós institinvamente bonitas, ele as usou como base para os polígonos de um modelo da face humana, chegando à máscara aí em baixo. Quanto mais parecido você for com essa máscara, mais bonitinho(a) você é.

Então é isso: pegue uma foto sua de frente, ajeite-a para ficar do mesmo tamanho da ilustração abaixo e ponha uma sobre a outra. Quanto mais suas proporções baterem com ela, mais atraente você é. Aproveite e veja se sua cara está gorda, é curta ou comprida demais.



Eu recomendaria clicar na imagem, pra conseguir o tamanho ampliado. E, vem cá, esse troço aí não é os cornos do Tom Cruise?

Causos da Panelinha

A Panelinha é o grupo de discussáo do pessoal que estudou na ECO - Escola de Comunicação da UFRJ. O email da vez é do editor da Veja-Rio, Sérgio Garcia:

De: panelinha@yahoogroups.com [mailto:panelinha@yahoogroups.com] Em nome de Sergio Garcia
Enviada em: quarta-feira, 18 de julho de 2007 18:02
Para: panelinha@yahoogroups.com
Assunto: RES: [panelinha] Re: Xatto, Tardin


Foi em Barcelona. Vou ver se a Paula guardou a foto.

Uma bandeira arco-íris escrito Pau. Achei bonita e direta a reivindicação dos gays de lá. Só depois descobri que pau é paz em catalão.

Monika Pagando Mico


Natal, RN, 1999

(foto de Luiz Henriques)

Bons tempos...

Música para Esquartejadores

All of me
Why not take all of me
Can't you see
That I'm no good without you
Take my arms
I want to loose them
Take my lips
I'll never use them

Your goodbye
Left me with eyes that cry
And I know that I
Am no good without you
You took the part
That once was my heart
So why not take all of me

(Desculpe, Billie Holiday, Louis Armstrong, Ella Fitzgerald & todo o pessoal que gravou este clássico, mas não pude resistir)
Del olha para sandra, assustando-se com seu sangramento e seu estado visivelmente ferido e vai ajudá-la a vir ao seu nível do palco.

Del
Sandra! O que que aconteceu?

Sandra
Vê, Del, a vida é tão frágil. (RESPIRA E OFEGA COM DIFICULDADE E MOSTRA O SANGUE A ELE) Ar e água. Apenas ar e água... o resto é imaginação...

(Da peça OS SONHOS E OS MORTOS)

Mutantes @ Circo Voador (Rio) - Ando Meio Desligado (Sexta)

Ok, o show em fevereiro foi sensacional, melhor do que o do DVD ao vivo, mas Os Mutantes e o Circo Voador estavam destinados a se encontrar, mesmo com o conjunto já desbandado quando o Perfeito Fortuna teve a idéia da lona para shows. Fui em ambas as apresentações, em 29 e 30 de junho e foram espetaculares, ribombosas, épicas, mastodônticas e outros adjetivos quetais. Ponto alto na sexta-feira: lourinha com corpo sarado e cara de bêbada sobe nos ombros do namorado, tira a blusa e mostra os peitos. Depois desce pra platéia e fica até depois do show com os seios balouçantes livres e nus - na saída, eu e Suzy passamos por ela ainda descamisada. Nenhum tumulto. Maior paz.
No aguardo das novas apresentações deles no lugar que nasceu para recebê-los,

Luiz

julho 15, 2007

Mais Fotos de uma Tarde em Paquetá


Esquadrilha da Fumaça



Foto sensacional de 1964 ou 1965. Pela primeira vez eu tive a sensação de paúra que deve dar quando você mergulha seu aparelho na direção do solo a 500 quilômetros por hora. Um quilômetro de altura não é o suficiente pra dar segurança.
Note que o único edifício que não faz sombra na praia é o Guarujá, que foi construído pelo plano Agache, que previa um recuo para deixar o sol bater na areia de Copacabana o dia inteiro. Na década de 60, quando foi favelizada de vez a orla de Copa e de Bota, mandaram esses cuidados pra escanteio. O jardim em frente ao prédio foi vendido e construíram um favelão nele, o Antares ou outra coisa com nome de estrela ou galáxia. O Guarujá passou de prédio de luxo a cortiço e quase foi demolido e hoje é um flat para terceira idade.

Saiu a Zé Pereira



Revista do Zé José. Este número tem uma crônica minha. Em bancas e livrarias por R$ 2,00. Mais informações no blog da Zé Pereira

O Rapto do 464

(Crônica publicada em 2005 no primeiro número da revista sobre transportes MOVIMENTO)

A discussão era se vale realmente a pena deixar o conforto da poltrona de casa e sair correndo para pegar engarrafamentos, dificuldade de estacionar, cadeirinhas desconfortáveis e arrastões só para sentir a emoção de ver o jogo ao vivo no Maracanã. Alguns argumentavam que se perde o replay e o tira-teima, outros ponderavam que em compensação perde-se também o Casagrande e o Arnaldo César Coelho.

Eu já enveredava pela nostalgia, pelo imenso afeto que eu sentia pelo 464, nos tempos sem metrô e sem carro popular, sempre cheio em seu caminho para o jogo, nos tempos em que qualquer clássico levava sessenta mil pessoas ao Maracanã, nos tempos em que o futebol carioca era o melhor do país, nos tempos em que desde as três da tarde o trânsito já não fluía a partir do Estácio. Isso para não falar nos jogos importantes em meio de semana, em que todo mundo chegava na mesma hora. Ainda me lembro da agonia do 464 se arrastando pelo Flamengo, entupido de vascaínos, na final do campeonato brasileiro de 74, eu e meu pai em pé, o raio do ônibus que não andava, tudo engarrafado. Para a minha adolescência em Botafogo, aquela era a grande linha - ia para as praias de um lado e para o Maracanã do outro. Foi quando o André comentou que já tinha sequestrado um 464. Como assim, sequestrado um 464? Ia jogar sobre a embaixada americana ou coisa parecida? Não que o André fosse da Al-Qaeda, mas quase. Tinha sido da Falange Rubro-Negra, quando não em sua identidade secreta de estudante de filosofia, ambos em tempos idos.

A experiência terrorista de nosso amigo começou no dia em que o Botafogo, após vinte e um longos e invernais anos, conseguiu, escalando em suas linhas Maurício e Mazolinha, vencer o Flamengo de Zico, Bebeto, Renato Gaúcho e Leandro jogando pelo empate. Daí se imagina o bom humor do André quando, junto com vários colegas da Falange, teve que entrar num 464 já com alguns botafoguenses batucando e cantando seus empoeirados e bolorentos cantos de vitória. O pessoal da Falange não tinha que aguentar aquilo. Ainda mais estando em maior número. Entraram e puseram para fora à força os adversários e se apossaram completamente do ônibus, inclusive intimidando o motorista para que ele não parasse nos pontos para pegar botafoguenses, principalmente no Mourisco, então sede do Botafogo e parte do itinerário da linha.

Ainda que saboreando a satisfação primitiva pela conquista daquele exíguo e móvel território, viajar até Copacabana entre todos aqueles carros buzinando e batucadas em ônibus parecia uma grande provação para os falangistas. Os diretores da torcida diziam que eles deveriam levar o hino do Flamengo, mostrar orgulho apesar da derrota, mas ninguém se sentia com espírito para tanto. Foi quando alguém falou que eles deveriam então cantar o hino do Botafogo.

E assim foi feito. Os uniformizados tiraram suas camisas e as esconderam e todos começaram a cantar - ainda que docemente constrangidos - Botafogo, Botafogo, campeão de 1910... e logo conseguiram atrair um incauto coroa e torcedor adversário para o carro. O óbvio fato de que ele covardemente sequer se dera ao trabalho de ir ao jogo e ficara em casa vendo pela tevê mais enfureceu os rubro-negros, mas eles continuaram entoando o hino, enquanto, segundo André, o coroa tentava comemorar sem demonstrar o mínimo jeito para a coisa, brandindo o braço e sorrindo, mais parecendo uma caricatura. Ele entrou, pagou a passagem e - imagino a cena - começou a perceber que todos os olhares estavam fixos nele, enquanto o hino alvinegro era cantado sem paixão, com todos aqueles rostos encarando-o sem demonstrar alegria, a cadência de marcha de hino de clube começando a tornar-se cada vez mais sinistra aos ouvidos do pobre senhor até ele divisar o detalhe final e revelador - saindo de bolsos das bermudas e dos shorts, mal amassadas em mãos fechadas... camisas do Flamengo!

O coroa foi posto para fora na base do cascudo - notem bem, cascudos, nada de tacles e pontapés até deixar o cara desacordado na rua, o André nunca foi disso - e foi apenas o primeiro de uma série. Vários outros se seguiram, até que na altura da Corrêa Dutra, entrou um baixinho carregado de faixas do Botafogo campeão. Era tudo que o pessoal da Falange queria para coroar a noite após sentir em suas entranhas aquele gol do Maurício, tacar fogo em um monte de faixas do adversário. No entanto, torcidas organizadas costumam atrair sujeitos chegados em movimentos organizados em geral, inclusive sindicais. Quando o baixinho percebeu que era uma presa num ninho de predadores, começou a gritar implorando por suas faixas, pois que era Fluminense e estava indo para o Mourisco apenas para vendê-las e faturar um troco com aquela paixão pelo esporte da qual ele não compartilhava. Imediatamente os sindicalistas começaram a ponderar que ele era trabalhador e precisava ser respeitado, num país em que o capital leva tanta vantagem e a mão-de-obra não tem vez, e a luta de classes, e os juros a 16% etc etc... Enfim, o baixinho foi poupado. Mas ele não saltaria no Mourisco, quartel-general do inimigo, onde o ônibus não pararia. Teria que saltar no Rio Sul e caminhar até lá.

E eis que o 464 chega no Mourisco e pára, apesar de tudo que fora dito. O baixinho saltou e, mal encostou o pé na segurança do asfalto, começou a gritar, "aí, galera, o ônibus tá cheio de flamenguista". Pode-se imaginar o que se seguiu, o carro cercado de gente por todos os lados, levando chutes na lataria, pessoas tentando invadi-lo pelas janelas, enfiando as mãos pelas frestas tentando atingir alguém, outros empurrando as portas para se abrirem e o motorista forçando lentamente passagem, avançando centímetro a centímetro motivado pelos cascudos que ia levando dos flamenguistas, lembrando vagamente a retirada americana do Cambodja.

Enfim, por dentre um mar de cabeças, pontapés e demonstrações várias de territorialidade de ambas as partes, o 464 irrompeu para a segurança do asfalto vazio de uma da manhã e avançou pelo Túnel Novo, ainda impulsionado por cascudos no motorista, bem merecidos, segundo o André, por ele ter parado no Mourisco.

- E agora, meus amigos, me digam... - completou ele após a longa história - Quando é que assistindo ao jogo pela tevê alguém vai se divertir tanto assim?

Mônica Maia



A elegante jornalista e editora na festa de lançamento do jornal sobre artes do Zelig, o PAPEL DAS ARTES

Do blog argentino POLEMICA DEPORTIVA

Como ganar la Copa America y no morir en el intento

Son brasileños:
I - por nacimiento:

a) los nacidos en la República Federativa del Brasil, aun hijos de padres extranjeros, siemrpe y cuando estos no estén al servicio de su país;
b) los nacidos en el extranjero, de padre brasileño o de madre brasileña, siempre y cuando cualquiera de ellos esté al servicio de la República Federativa del Brasil;
c) los nacidos en el extranjero, de padre brasileño o de madre brasileña, siempre y cuando vengan a residir en la República Federativa del Brasil y opten, en cualquier tiempo, por la nacionalidad brasileña."

II - naturalizados:
a) los que, en la forma de la ley, adquieran la nacionalidad brasileña, exigidas a los originarios de países de lengua portuguesa apenas residencia por un año ininterrumpido e idoneidad moral;
b) los extranjeros de cualquier nacionalidad residentes en la República Federativa del Brasil hace más de quince años ininterrumpidos y sin condena penal, desde que requieran la nacionalidad brasileña."