fevereiro 15, 2013

O Fim das Armas de Tiro Único


Foi mencionado alguns parágrafos acima a cápsula. A cápsula era já um produto da Revolução Industrial. Tinha a forma de uma pequeno balde, com fulminato de mercúrio por dentro. Essa substância tem a propriedade de “explodir” quando pressionada subitamente e era utilizada para gerar a faísca que deflagrava a pólvora. Na verdade, apesar do uso do pretérito, ela ainda existe e serve exatamente para isso, só que atualmente fica embutida na base dos cartuchos.

A cápsula tornou-se a base dos primeiros cartuchos para carga pela culatra. Eles eram feitos de papel e compunham-se da bala, uma base de cobre com a cápsula no meio, e a pólvora em seguida. Depois de carregado na arma, esse conjunto era disparado por uma agulha que atravessava a pólvora e atingia a cápsula, originando a faísca e deflagrando a carga.

O problema com a carga pela culatra sempre tinha sido a impossibilidade de se vedá-la completamente, uma vez feita nela uma abertura para entrar a munição. Um atirador receberia parte do impacto da explosão diretamente na cara. Os primeiros fuzis de agulha usavam a própria elasticidade do metal para fazer a vedação. A pressão fazia-o expandir-se e vedar os gases. Os franceses fizeram melhor e criaram o Chassepot, com um anel de borracha para desempenhar a função.

A vedação por borracha era tão mais eficiente do que a por metal puro que permitia o uso de uma carga maior e, portanto aumentava o alcance (e, simultaneamente, a precisão). Os Chassepot atiravam três vezes mais longe do que os Dreyser alemães e foram com aqueles que os gauleses partiram para a porradaria com seus vizinhos germânicos, crentes que seu fogo manteria seus oponentes à distância, incapazes de revidar. Não contavam que os hunos tivessem CANHÕES com carga pela culatra, que mantiveram a infantaria longe demais para usar seus fuzis.
O fuzil de agulha Chassepot, que tinha uma almofada de borracha pra selar a câmara. Repare no alto, à direta, embaixo da baioneta, o esquema de um cartucho de papel


Mas o cartucho de papel era frágil demais para ser usado num mecanismo que alimentasse a arma automaticamente. O rifle de repetição era o Santo Graal dos armeiros e buscado desde os primórdios da pólvora. Com o surgimento da cápsula fulminante, foram criados alguns sistemas que conseguiam fazer essa carga mecanicamente, mas eram complicados e, portanto, frágeis demais para o campo de batalha - e isso quando funcionavam. Por volta do meio do século XIX, a Volcanic Repeating Arms, nos Estados Unidos, começou a experimentar com “balas-foguete” - munições que encapsulavam a carga de pólvora e saíam “a jato” do cano. Essa ideia não vingou, mas seu criador, William Hunt, desenhou algumas armas para o cartucho, com recarga através de um mecanismo acionado por alavanca, que atingiria a glória mais tarde.


O cartucho de papel da Chassepot

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