abril 22, 2019

Enquanto isso, na Foz do Carioca...



A foz do Carioca hoje fica no Aterro. Era o rio que abastecia a cidade de água (os Arcos da Lapa foram construídos pra levar um braço dele até o Largo da Carioca) e, antes da cidade, onde os navios paravam pra se reabastecer (era conhecido como a "Aguada dos Marinheiros"). Somos conhecidos como "cariocas" por causa desse rio. Aparentemente um sapateiro ou algo parecido tinha uma casa de pedra perto da foz dele. Casa de Branco em tupi-guarani é Cari Oca (oca, sacou?) e daí o nome pelo qual o rio passou a ser conhecido. Mais tarde ele foi sendo cada vez mais coberto. A primeira ponte da cidade foi sobre ele, e tornou-se o que hoje é a praça José de Alencar. Antes do Aterro, a badalada praia do Flamengo só tinha um minúsculo trecho de areia, onde o rio desembocava. O resto era pedra, amurada e gente andando (e supostamente paquerando) de um lado pro outro. Nos anos 1990, fizeram uma estação de tratamento perto da foz, o que deixou a praia do Flamengo bem mais limpa. Do alto do Morro da Urca, dá pra ver as águas dele invadindo a praia. Vejam a maré atropelando-o na foto acima, bem no caminho do rastro luminoso da lua cheia...

abril 09, 2019

Como o Alpinismo de Autoestima Está nos Levando ao Fascismo

O nosso novo educador já processou um aluno porque numa discussão de Whatsapp que ele integrava, o discente falou pra pararem com a "briguinha de casal". E perdeu. O engraçado é que ele é um sujeito com estudo, formado, imagino que bem sucedido no mercado financeiro. Mas é careca e precisa que Olavo mostre a ele que numa discussão acirrada se deve... ofender o interlocutor! Pra alguém precisar mostrar esse caminho das pedras pra ele nessa idade, ele devia ser o nerd que não pegava ninguém. O nosso diplomata faz um discurso em várias línguas e no mais patético cabotinismo, declara que não fala basco arcaico, ou aramaico, ou sei lá o que ele disse. Ambos têm boa formação cultural, ainda assim idolatram o Olavo e acreditam em teorias estapafúrdias e ideias sem pé nem cabeça. Por que tão baixa autoestima intelectual - e no geral? 
Serão todos eles nerds que pegavam bem menos gente do que gostariam? (Lembrem-se que os incels idolatram o Inominável). Será que seus valores neoliberais e conservadores não lhes dava a paz de espírito apregoada em sitcoms americanas dos anos 50 e 60? 
Sun Tzu já dizia que um dos grandes indicadores de quem seriam os vencedores de uma guerra era saber o lado que tinha o motivo mais justo. Mesmo numa guerra, uma coisa tão cínica e cruel, isso faz diferença na cultura humana. Esse governo está cheio de intelectuais conservadores criados para viver nos anos 50, sem perceber as desigualdades culturais, sexuais e raciais. Parece aquela série do MadMen, um bando de gente vivendo uma vida aparentemente feliz, mas vazia (como nossas postagens no Facebook), à beira da contracultura devido a essa crise existencial. E o Inominável deu a eles um monte de slogans e frases pra justificar seus valores - e, principalmente sua infelicidade: os comunistas (!!!!). Outro dia eu disse que em 1964 estávamos no meio de uma revolução cultural e de costumes, numa recessão depois de anos de urbanização e crescimento econômico, que criou uma nova classe média. Também tinha aquele novo e revolucionário meio de comunicação que as crianças entendiam bem melhor do que os adultos, a televisão. E, com a Revolução Sexual batendo na porta, essa classe média foi defender os cabaços das filhas. Hoje em dia, olhando retrospectivamente, um Caetano Veloso pregando culto ao corpo, odara e só amor e amizade provavelmente fez muito mais pra derrubar os milicos que aquelas músicas de protesto todas. A ditadura caiu na mesma época em que a sociedade aceitou que homem que casava com mulher que não era virgem não era um macho beta com tendências a ser corno. Resta ver quanto tempo vamos levar pra descobrirem que ter mulher, gay, pansexual ou qualquer outro ser humano na família também é legal e não faz dos pais um bando de otários e manés.