julho 11, 2006

Nome

(...) Alguém chama por mim.
No calor tudo me soa longínquo, as ameaças me soam longínquas, a Catarina me soa longínqua, meu nome me soa longínquo, as pessoas o repetem para mim desde que nasci.
E eu, enfeitiçado pelo seu poder mágico irresistível, preso ao encanto contido dentro dele, sempre, desde que me vi gente, respondo, viro-me para ver, mesmo que esteja pensando em outra coisa, em outros nomes, em outros mundos, em outras vidas, ou na morte, na minha morte, até mesmo na minha morte, aguardando por mim nas ruas em clima de abandono, até mesmo neste momento, eu me viro para ver quem chama por mim, mesmo que não chamem por mim, chamem apenas um nome, uma palavra, um feitiço que me arrastará ao túmulo e o enfeitará, ainda assim eu me viro, ainda que não seja o meu nome, ainda que seja o meu nome mas não o meu, um outro nome, um outro feitiço, um outro encanto.
A linguagem é um vírus do espaço exterior e eu prefiro conhecer seu rosto do que seu nome.