A verdade havia arrasado com Ricardo, roubado suas forças e seu ânimo quando ele mais precisava, quando finalmente havia arrumado um emprego, um primeiro emprego, um bom começo (e um fim em si próprio). A verdade, quando ele estava mais vulnerável, trabalhando, sem disponibilidade para não se levantar da cama, para não ir à faculdade (faculdade não, era difícil pensar nisso, faculdade nunca mais, professores nunca mais, aulas nunca mais, toda uma vida na segurança da busca do diploma e agora nunca, nunca mais), sem disponibilidade para se lamentar com os amigos em tardes quentes intermináveis em verões acachapantes. Vulnerável e sozinho, enquanto seus conhecidos estavam na praia e nos chopes que ele não mais podia frequentar.
O que era, aliás, justamente a verdade começando a se insinuar.
maio 27, 2008
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