O cartão postal de Jericoacoara
maio 30, 2011
O Poema Bipolar (Reprise)
Playground e balões e começo de noite
Primeiro aniversário do filho de minha prima
Andando um pouco se chega à escada e as paredes
Estão nuas
E sem balões
No canto dos olhos, na fresta da visão,
no limiar do que se enxerga sob a luz
Sombras de outras eras passam,
Rápidas demais, indetectadas, inobservadas
Ignoradas por todos os outros
Um homem comenta comigo sobre travestis e homossexualidade
E que ele jamais seria homossexual porque tem pêlos, muitos pêlos
É tudo genética, ele explica, por isso travestis são lisinhos
(Eles não se depilam?)
Pergunto se todos os índios são gays
E ele diz que índios são diferentes
Miles Davis e Gil Evans e o concerto de Aranjuez
Somos todos profissionais aqui
Pais, mães e avós e tios
E perto da escada tudo permanece vazio
Sombras passam nas frestas, nas brechas
Nos cantos dos envolventes sorrisos quentes
Um amigo meu que morreu de overdose dois anos atrás
Passa incólume e indiferente como sempre
frente a essa gente
Os balões estouram
E as crianças devem se assustar
Mas os pais, os pais todos riem
Uma jovem de belos seios tira um deles para amamentar
Somos todos profissionais aqui
Economistas neoliberais de botequim explicam
A incerteza e a prisão do cooperativismo
Eleitores de Lula culpam os tucanos de tudo
Tudo posto assim em preto e branco
As sombras que passam são negras
E ao caminhar em direção à luz você encontra seus parentes mortos
A verdade, afinal, qual é a verdade?
Abracem-me, dúvidas, destruam meus profundos conhecimentos
Faça-me gargalhar
(para espanto geral)
Com o teatro de fantoches
Pelo qual o pai pagou tão caro
Distraia-me dos belos seios da mãe amamentando
(Será que ela não queria chamar a atenção de ninguém)
Perto da escada
Fumando um cigarro
Uma última moça de blusa e saia curte o cigarro
(Não se deve fumar perto de tanta criança)
Ela sorri quando eu chego perto
Como uma amiga minha internada
Que também não me reconhece
Mas sempre sorri feliz quando chego
Não falo nada
Meu amigo morto de overdose já teria puxado conversa
Ela se vai
Sombra luminosa em paredes sem balões
(Como já as outras vão ficando enquanto vão estourando)
Advogada e poetisa,
Minha prima explica depois
Uma história triste, você não ouviu?
O pai largou a mãe, a mãe ligou o gás
Com ela e a irmã em casa
Mas mudou de idéia ao ver as filhas vomitando
Que ela vote no PSDB
Que ela coma nos restaurantes indicados pelo RioShow
E veja filmes búlgaros que o bonequinhos aplaudiu de pé
Pode fingir gostar de filmes que pessoas inteligentes gostam
Pode fingir apreciar jazz e Marisa Monte e Miles Davis e Gil Evans
Porque ela talvez ao fim
Até goste
Ela já esteve lá
Ela já viu nem que fosse por um momento
Ela já esteve lá
Ela já esteve aqui
Comigo
Comigo
Comigo
Na fronteira da sensação de impotência
E onipotência
Onde na periferia da visão as sombras caminham em um
fugidio instante de tempo
Como nós vivemos
num fugidio instante do tempo
Escapulindo por uma ampulheta grão por grão
Uma ampulheta de amplo busto e quadris
E fina cintura
Como ela
Bafejando a fumaça do cigarro
E mais balões estouram ao som de risadas
Fugindo do tempo
Primeiro aniversário do filho de minha prima
Andando um pouco se chega à escada e as paredes
Estão nuas
E sem balões
No canto dos olhos, na fresta da visão,
no limiar do que se enxerga sob a luz
Sombras de outras eras passam,
Rápidas demais, indetectadas, inobservadas
Ignoradas por todos os outros
Um homem comenta comigo sobre travestis e homossexualidade
E que ele jamais seria homossexual porque tem pêlos, muitos pêlos
É tudo genética, ele explica, por isso travestis são lisinhos
(Eles não se depilam?)
Pergunto se todos os índios são gays
E ele diz que índios são diferentes
Miles Davis e Gil Evans e o concerto de Aranjuez
Somos todos profissionais aqui
Pais, mães e avós e tios
E perto da escada tudo permanece vazio
Sombras passam nas frestas, nas brechas
Nos cantos dos envolventes sorrisos quentes
Um amigo meu que morreu de overdose dois anos atrás
Passa incólume e indiferente como sempre
frente a essa gente
Os balões estouram
E as crianças devem se assustar
Mas os pais, os pais todos riem
Uma jovem de belos seios tira um deles para amamentar
Somos todos profissionais aqui
Economistas neoliberais de botequim explicam
A incerteza e a prisão do cooperativismo
Eleitores de Lula culpam os tucanos de tudo
Tudo posto assim em preto e branco
As sombras que passam são negras
E ao caminhar em direção à luz você encontra seus parentes mortos
A verdade, afinal, qual é a verdade?
Abracem-me, dúvidas, destruam meus profundos conhecimentos
Faça-me gargalhar
(para espanto geral)
Com o teatro de fantoches
Pelo qual o pai pagou tão caro
Distraia-me dos belos seios da mãe amamentando
(Será que ela não queria chamar a atenção de ninguém)
Perto da escada
Fumando um cigarro
Uma última moça de blusa e saia curte o cigarro
(Não se deve fumar perto de tanta criança)
Ela sorri quando eu chego perto
Como uma amiga minha internada
Que também não me reconhece
Mas sempre sorri feliz quando chego
Não falo nada
Meu amigo morto de overdose já teria puxado conversa
Ela se vai
Sombra luminosa em paredes sem balões
(Como já as outras vão ficando enquanto vão estourando)
Advogada e poetisa,
Minha prima explica depois
Uma história triste, você não ouviu?
O pai largou a mãe, a mãe ligou o gás
Com ela e a irmã em casa
Mas mudou de idéia ao ver as filhas vomitando
Que ela vote no PSDB
Que ela coma nos restaurantes indicados pelo RioShow
E veja filmes búlgaros que o bonequinhos aplaudiu de pé
Pode fingir gostar de filmes que pessoas inteligentes gostam
Pode fingir apreciar jazz e Marisa Monte e Miles Davis e Gil Evans
Porque ela talvez ao fim
Até goste
Ela já esteve lá
Ela já viu nem que fosse por um momento
Ela já esteve lá
Ela já esteve aqui
Comigo
Comigo
Comigo
Na fronteira da sensação de impotência
E onipotência
Onde na periferia da visão as sombras caminham em um
fugidio instante de tempo
Como nós vivemos
num fugidio instante do tempo
Escapulindo por uma ampulheta grão por grão
Uma ampulheta de amplo busto e quadris
E fina cintura
Como ela
Bafejando a fumaça do cigarro
E mais balões estouram ao som de risadas
Fugindo do tempo
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Paquetá 2011
A ex-europeia pensativa na ida
Au! Au!
Uma charrete nupcial para levar os noivos até o altar improvisado na praia.
O decorador da charrete.
O local onde seria a cerimônia, bem ao pé da Pedra da Moreninha. Infelizmente a chuava atrapalhou e, apesar de marcada para as 14h00m, até a noite, quando voltamos da ilha, a charrete ainda não tinha partido. Como a cerimônia seria umbandista (ou algo parecido, com atabaques e percussão), extra-oficial, talvez os noivos tenham adiado para o dia seguinte, um sábado.
maio 26, 2011
Panorâmicas de Jericoacoara
Fortaleza 2011
O que me deixou muito chocado em Fortaleza foi como o sotaque está tremendamente atenuado. Vinte anos atrás, a última vez em que estive lá, as pessoas falavam como se fossem comediantes em pé ruins fazendo uma péssima imitação de nordestino. No entanto, na cidade mesmo era preciso prestar atenção pra se ouvir o carregado na fala. Felizmente a diversidade ainda tem salvação e, mesmo numa metrópole de mais de 2 milhões de habitantes, pode-se notar que a cultura rural ainda sobrevive...
... inclusive com ovos de pata.
... inclusive com ovos de pata.
Jericoacoara 2011
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