fevereiro 17, 2008

Poema de Diane di Prima

PESADELO 5

Ban Ban Ban
Quem é perguntei
A pessoa diz que veio desligar o gás
Desculpe disse mas estou na cama volte mais tarde por favor
Eu espero disse ele
Está bom disse e lhe dou 57 horas e 40 minutos para desistir. Saio então, apressadamente, em direção ao banheiro

Olá diz ele
Olá digo

Desculpe ser obrigado a desligar o relógio diz ele. Tenho que ganhar a vida diz ele. Tenho uma família
Eu sei disse é sempre o que vocês dizem e vão em frente. Quando você sair vou arrancar esse maldito selo

Não vai conseguir disse ele agora é feito de uma nova liga. Gastaram 30 milhões de dólares para fazer essa liga. Não há jeito de arrancar diz ele
Está bem disse faça seu serviço e vá pra casa. Vou ao banheiro

Eu fui, ele fez, foi embora, subi numa cadeira. E tentei cortar o selo martelo formão tentei de novo escorregou quebrei as unhas tentei tentei cortar tentei. Sopa para cozinhar

Doze horas depois fui ao farmacêutico. Olá disse tenho uma conta a pagar de uns comprimidos de benzedrina dê-me um vidrinho de ácido fluorídrico

Olha disse ele não sei se posso. Comprimidos é uma coisa disse ele mas esse negócio de ácido é outra coisa

Seja bonzinho disse preciso fazer a comida e eles selaram o relógio do gás você sabe comida você entende

Está bem disse ele mas cuidado

Pingo

Buraco também na mesa no chão talvez no andar de baixo não sei mas buraco no selo também lata de sopa aberta. Oba

Mas vejam só não tenho fósforo uma piada o gás ligado e não tenho fósforos não faz mal.

Gás não falta mas não tenho apetite

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