julho 17, 2008
julho 16, 2008
Acabo de Me Tocar de uma Coisa...
Tem muito keynesiano que diz que os gastos militares dos EUA são uma forma disfarçada de subsídio à indústria. E, quando você tem um governo disposto a pagar por uma esquadrilha de aviões de US$ 2 bilhões (em dólares dos anos 90, aqueles que valiam uma nota), este é um ponto discutível.
Mas me lembrei disso porque olhei agora para o grupo dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China, os emergentes, dispostos num acrônimo-trocadilho, como americanos adoram) e percebi que o Brasil é o único que não tem litígios militares com vizinhos ou veleidade a potência militar, ou seja, tem um exército pequeno e mal armado. É o único, por exemplo, que não fabrica MIGs (originais ou cópias locais). Até tem uma indústria de armamentos, mas relativamente pequena e mais voltada a exportação.
Não é nada, não é nada... bum.
Mas me lembrei disso porque olhei agora para o grupo dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China, os emergentes, dispostos num acrônimo-trocadilho, como americanos adoram) e percebi que o Brasil é o único que não tem litígios militares com vizinhos ou veleidade a potência militar, ou seja, tem um exército pequeno e mal armado. É o único, por exemplo, que não fabrica MIGs (originais ou cópias locais). Até tem uma indústria de armamentos, mas relativamente pequena e mais voltada a exportação.
Não é nada, não é nada... bum.
julho 15, 2008
Wallpaper Anos 80
julho 14, 2008
Um Celular com Câmera na Harmonia
julho 11, 2008
Mais Finais de Filme Favoritos
Comecei a listar algumas postagens abaixo meus finais de filme favoritos e disse que, à medida em que fosse lembrando de outros, iria pondo aqui. Eis mais alguns:
A Marca da Maldade
Toda a confusão começa quando o tira certinho Charlton Heston descobre que o tira mau Orson Welles plantou provas contra um suspeito. Por causa disso, Orson Welles alia-se ao bandidão pra armar contra a mulher de Heston, a gostosíssima Janet Leigh, mas o trai e o mata (o bandidão merecia morrer mesmo) e consegue afastar Heston sem maiores consequências (o caso nem era dele mesmo). Mas Heston convence o mais antigo amigo de Welles a traí-lo e causa a morte dos dois, em nome de restaurar a honra e o nome seus e de Leigh. Só que, no final, ficamos sabendo que o suspeito, que parecia ter sido escolhido pelos preconceitos raciais de Welles, realmente era o culpado e confessou o crime. O que é mais justo e correto, afinal? O gênio impiedoso escravo de suas paixões ou o burocrata impiedoso escravo de seus códigos? O gordo diretor encerra à altura da famosa abertura sua última obra-prima com esta reflexão sobre mediocridade e genialidade.
Os Visitantes da Noite
Um casal que vendeu sua alma para o Demônio tem como rotina vir à Terra na Idade Média para seduzir e perder almas inocentes. Só que uma das missões começa a se perder e o próprio Diabo (o Diabo não, o Diaaaaaaaaabo) tem que aparecer para consertar tudo. Mas nem mesmo a presença do Tinhoso consegue impedir o íncubo de se apaixonar por sua vítima Marie Déa. Os dois tentam fugir, mas não conseguem ludibriar o Capeta, que os transforma em estátuas. Mas, mesmo petrificados, os dois mantêm o olhar apaixondado - e, pior, seus corações ainda batem, enquanto o Cão, magistralmente interpretado por Jules Berry, dá um ataque de bicha, batendo impotente com seu chicote de montaria nas figuras de pedra - "ainda batem, ainda batem, ainda batem". Um dos grandes momentos românticos dos filmes de fantasia, o contraponto para o amargo final de Boulevard do Crime (outro candidato a esta série), da mesma equipe criativa.
Fim de Semana Mortal
Só vi este filme uma vez na Bandeirantes, numa sessão perdida. Nunca entendi por que não virou um grande cult movie - ficção científica com roteiro trash, produção barata porém cuidada, mulher pelada e diretor fã de nouvelle vague. O alto comando americano descobre que um disco-voador vai pousar numa cidade americana e evacua-a, com a desculpa de uma epidemia. Um DJ pirata permanece e desafia o exército de ocupação. Um dos soldados (Stephen Baldwin) arruma uma mulher gostosíssima que adora trepar e curte um bondage light. Conversa longamente com seu parceiro mais velho (o ator que fazia o Sledge Hammer naquela série satírica UM TIRA DA PESADA) sobre a diferença entre verdadeiro amor, paixão e atração física. Quando ele vai apresentar a gostosa pro parceiro, ela mudou de forma e eles descobrem que ela é a alienígena. Em diálogos posteriores, em que a câmera passeia pelas paredes, ficando em vários momentos tudo escuro em quadro, em longos planos-sequência, a alienígena explica que sua raça extrai energia do sexo, mas não qualquer sexo - é preciso que haja amor também. Logo depois, Stephen Baldwin entra num elevador e seu parceiro o pega de surpresa e o surra, encostando-o na parede: "repita comigo! É só atração! Só atração!". A confusão toda leva a em enfrentamento entre Stephen Baldwin e todo um destacamento numa floresta. O seu parceiro mais velho vem ajudá-lo e acaba baleado, ao mesmo tempo em que o disco-voador desce, brilhante como uma nave-mãe de Contatos Imediatos. As últimas palavras do parceiro são "vamos, prove que você a ama... vá atrás dela". E ele vai. A alienígena gostosa e escassamente trajada pára todos os disparos, anda em meio aos soldados com seu vestido puramente teórico e resgata seu amado enquanto paga a maior lição de moral: "nós extraímos nosso poder do sexo. Vocês o extraem da violência. Quem de nós está mais certo?" e se manda na espaçonave. Que O DIA EM QUE A TERRA PAROU que nada, pregação alienígena pela paz tem que ter mulher pelada e esporro com elegância.
A Marca da Maldade
Toda a confusão começa quando o tira certinho Charlton Heston descobre que o tira mau Orson Welles plantou provas contra um suspeito. Por causa disso, Orson Welles alia-se ao bandidão pra armar contra a mulher de Heston, a gostosíssima Janet Leigh, mas o trai e o mata (o bandidão merecia morrer mesmo) e consegue afastar Heston sem maiores consequências (o caso nem era dele mesmo). Mas Heston convence o mais antigo amigo de Welles a traí-lo e causa a morte dos dois, em nome de restaurar a honra e o nome seus e de Leigh. Só que, no final, ficamos sabendo que o suspeito, que parecia ter sido escolhido pelos preconceitos raciais de Welles, realmente era o culpado e confessou o crime. O que é mais justo e correto, afinal? O gênio impiedoso escravo de suas paixões ou o burocrata impiedoso escravo de seus códigos? O gordo diretor encerra à altura da famosa abertura sua última obra-prima com esta reflexão sobre mediocridade e genialidade.
Os Visitantes da Noite
Um casal que vendeu sua alma para o Demônio tem como rotina vir à Terra na Idade Média para seduzir e perder almas inocentes. Só que uma das missões começa a se perder e o próprio Diabo (o Diabo não, o Diaaaaaaaaabo) tem que aparecer para consertar tudo. Mas nem mesmo a presença do Tinhoso consegue impedir o íncubo de se apaixonar por sua vítima Marie Déa. Os dois tentam fugir, mas não conseguem ludibriar o Capeta, que os transforma em estátuas. Mas, mesmo petrificados, os dois mantêm o olhar apaixondado - e, pior, seus corações ainda batem, enquanto o Cão, magistralmente interpretado por Jules Berry, dá um ataque de bicha, batendo impotente com seu chicote de montaria nas figuras de pedra - "ainda batem, ainda batem, ainda batem". Um dos grandes momentos românticos dos filmes de fantasia, o contraponto para o amargo final de Boulevard do Crime (outro candidato a esta série), da mesma equipe criativa.
Fim de Semana Mortal
Só vi este filme uma vez na Bandeirantes, numa sessão perdida. Nunca entendi por que não virou um grande cult movie - ficção científica com roteiro trash, produção barata porém cuidada, mulher pelada e diretor fã de nouvelle vague. O alto comando americano descobre que um disco-voador vai pousar numa cidade americana e evacua-a, com a desculpa de uma epidemia. Um DJ pirata permanece e desafia o exército de ocupação. Um dos soldados (Stephen Baldwin) arruma uma mulher gostosíssima que adora trepar e curte um bondage light. Conversa longamente com seu parceiro mais velho (o ator que fazia o Sledge Hammer naquela série satírica UM TIRA DA PESADA) sobre a diferença entre verdadeiro amor, paixão e atração física. Quando ele vai apresentar a gostosa pro parceiro, ela mudou de forma e eles descobrem que ela é a alienígena. Em diálogos posteriores, em que a câmera passeia pelas paredes, ficando em vários momentos tudo escuro em quadro, em longos planos-sequência, a alienígena explica que sua raça extrai energia do sexo, mas não qualquer sexo - é preciso que haja amor também. Logo depois, Stephen Baldwin entra num elevador e seu parceiro o pega de surpresa e o surra, encostando-o na parede: "repita comigo! É só atração! Só atração!". A confusão toda leva a em enfrentamento entre Stephen Baldwin e todo um destacamento numa floresta. O seu parceiro mais velho vem ajudá-lo e acaba baleado, ao mesmo tempo em que o disco-voador desce, brilhante como uma nave-mãe de Contatos Imediatos. As últimas palavras do parceiro são "vamos, prove que você a ama... vá atrás dela". E ele vai. A alienígena gostosa e escassamente trajada pára todos os disparos, anda em meio aos soldados com seu vestido puramente teórico e resgata seu amado enquanto paga a maior lição de moral: "nós extraímos nosso poder do sexo. Vocês o extraem da violência. Quem de nós está mais certo?" e se manda na espaçonave. Que O DIA EM QUE A TERRA PAROU que nada, pregação alienígena pela paz tem que ter mulher pelada e esporro com elegância.
julho 10, 2008
O Perfil Psicopata de Daniel Dantas
Na edição online da Piauí: http://www.revistapiaui.com.br/artigo.aspx?id=63&anteriores=1&anterior=62007 .
Momento psicopata: após explicar que Dantas é um asceta, não come carne, não come mulher, não bebe, não fuma, não gandaia, não tem amigos e gosta de ganhar dinheiro pelo prazer de ganhar dinheiro (1), o repórter conta um caso que uma parenta dele avisa que está indo ao teatro - coisa que ele também não frequenta - e ele retruca que não entende como alguém pode se interessar por fatos que não aconteceram e pergunta: "o que você sente?"
Eu sei que jornalista sempre conta a sua versão dos fatos, mas tal história chega a ser difícil de acreditar pela perfeição dramática: um psicopata que precisa ganhar muito dinheiro com as maiores tramóias - embora nem precise delas, por ser um gênio das finanças - pra tentar sentir alguma coisa. Até história em quadrinhos do Batman funciona assim. É inacreditável. Ainda bem que ele resolveu tentar sentir alguma coisa no mercado financeiro em vez de sair pelas ruas escuras de Copacabana assassinando prostitutas e adolescentes ingênuas e fazendo marcas nos braços.
(1) Não pense que é tão incompreensível assim: é o mesmo princípio que leva pessoas a atacar salgadinhos em boca-livres, ou nos fazer procurar um desconto de R$ 50 numa tevê de plasma e depois se vangloriar disso frente aos amigos, "encontrei num lugar obscuro o aparelho tal por 90% do valor que você pagou".
Momento psicopata: após explicar que Dantas é um asceta, não come carne, não come mulher, não bebe, não fuma, não gandaia, não tem amigos e gosta de ganhar dinheiro pelo prazer de ganhar dinheiro (1), o repórter conta um caso que uma parenta dele avisa que está indo ao teatro - coisa que ele também não frequenta - e ele retruca que não entende como alguém pode se interessar por fatos que não aconteceram e pergunta: "o que você sente?"
Eu sei que jornalista sempre conta a sua versão dos fatos, mas tal história chega a ser difícil de acreditar pela perfeição dramática: um psicopata que precisa ganhar muito dinheiro com as maiores tramóias - embora nem precise delas, por ser um gênio das finanças - pra tentar sentir alguma coisa. Até história em quadrinhos do Batman funciona assim. É inacreditável. Ainda bem que ele resolveu tentar sentir alguma coisa no mercado financeiro em vez de sair pelas ruas escuras de Copacabana assassinando prostitutas e adolescentes ingênuas e fazendo marcas nos braços.
(1) Não pense que é tão incompreensível assim: é o mesmo princípio que leva pessoas a atacar salgadinhos em boca-livres, ou nos fazer procurar um desconto de R$ 50 numa tevê de plasma e depois se vangloriar disso frente aos amigos, "encontrei num lugar obscuro o aparelho tal por 90% do valor que você pagou".
Míriam Leitão
A Míriam Leitão tava reclamando da prisão do dantas na cbn. disse que era "coisa do passado", que as provas eram inconsistentes, que a PF precisava se explicar. Ela vai embora e o Sardenberg chama os comerciais e, sem saber que os micronones estavam abertos, manda essa: "ela tava estranha, não?"
(Do meu amigo Zé José, o Eduardo Souza Lima. Nós somos do tempo em que a Míriam Leitão escrevia colunas apoiando o Plano Collor e ficava a semana toda discutindo se devia se abrir ou não a torneirinha) .
(Do meu amigo Zé José, o Eduardo Souza Lima. Nós somos do tempo em que a Míriam Leitão escrevia colunas apoiando o Plano Collor e ficava a semana toda discutindo se devia se abrir ou não a torneirinha) .
julho 09, 2008
Daniel Dantas Preso
A merda vai voar.
Não perca Reynaldo Azevedo argumentando que Dantas é o banqueiro do PT.
Não perca Reynaldo Azevedo argumentando que Dantas é o banqueiro do PT.
julho 06, 2008
Meus Finais de Filme Favoritos
Um amigo meu me mandou uma lista americana com os 50 melhores finais de filmes de todos os tempos. Obviamente só tem filme americano e de preferência, dos anos 70 pra cá. Você sabe, aqueles coloridos que ainda passam na tevê. Como bom pseudo-intelectual, não resisti e comecei a lembrar de alguns de meus finais de filme favoritos. Só alguns pra começar. Depois eu vou lembrar de outros. Mas é que realmente uma lista dessas com dois (dois!) filmes do chatíssimo Paul Thomas Anderson e com Clube da Luta na posição 2 é de irritar. Pô, os caras são pagos pra ver filme e nem a isso se dão ao trabalho!!!! Ó a minha lista aí:
Céu & Inferno
O condenado à morte, capturado após longa e tortuosa investigação, pede e consegue que Toshiro Mifune, o homem que ele arruinou financeiramente, o visite na prisão. Sorrindo elegante e desafiadoramente, o criminoso senta-se lentamente e explica, "pedi para que você viesse para ver como não vou chorar"... e imediatamente soluça e começa a chorar! Após descontroladamente explicar como observar de seu barraco a casa de Mifune no alto do morro era ver o céu e sentir-se no inferno, ele perde completamente qualquer equilíbrio emocional e é carregado para fora soltando um berro inumano e desesperado, sob o olhar do ex-magnata, salvo espiritualmente pelas maquinações do preso, fisica e espiritualmente preso para sempre no Hades. Emocionante fecho de ouro para talvez o melhor filme policial de todos os tempos.
Deus e o Diabo na Terra do Sol
A profecia de Antônio Conselheiro de que o sertão vai virar mar e o mar virar sertão ganha tons ainda mais apocalípticos na dramática trilha sonora de Sérgio Ricardo, enquanto o casal corre desesperado pelo árido agreste. A corrida dura minutos, sem uma visão de fios elétricos, estradas, casas e carros. A paisagem poderia ser a mesma de dezenas de milhares de anos atrás e explicita toda a tragédia nordestina. No que conta a lenda ter sido um lance de sorte, Yoná Magalhães tropeça e Geraldo del Rey continua fugindo cada vez mais indistinto contra o inclemente cenário, porque não havia mais filme para outra tomada, transmitindo, mesmo que por puro acaso, todo o temor das gentes subdesenvolvidas.
Os Cafajestes
Após armações e golpes que acabaram por revelar uma face humana e partir o coração de seu parceiro, Jece Valadão finalmente consegue o carro que almejava desde o começo da fita, apenas para ele enguiçar numa estrada deserta e obrigá-lo a uma longa caminhada (em um take só) rumo a lugar nenhum, tendo como pano de fundo a narração do Repórter Esso, contando todos os conflitos localizados oriundos da Guerra Fria. Cinismo, frustração, revolução sexual, guerra, tédio... os anos 60 estavam começando, inclusive no Brasil.
X - O Homem com Olhos de Raios-X
Uma obra-prima B do rei dos Bs, Roger Corman. Ray Milland cria um supercolírio e sua visão não fica só boa. Logo ele começa a ver através da matéria (inclusive vendo jovens nuas numa festa, excelente metáfora visual) e a ser perseguido pela polícia. Aos poucos vai perdendo seu contacto com a humanidade - quando todas as pessoas são apenas caveiras sem expressão, como diferenciá-las ou se importar com elas? - e a enxergar além das formas, como um Mondrian radical, capaz de olhar diretamente para a essência das coisas e a alma das pessoas. Desesperado, incapaz de lidar com a nudez da verdade e assoberbado por suas visões do cerne do universo, ele entra numa igreja durante uma citação da Bíblia - "se teus olhos te ofendem, arranca os teus olhos". Adivinhem o que ele faz. E, enquanto os créditos sobem sobre a imagem congelada de suas órbitas vazias e ensanguentadas, ainda ouvimos seu último urro de agonia - "But I can still see!"
Um Estranho no Ninho
Tá, tudo bem, é piegas, é óbvio, mas funciona que é uma maravilha, sem contar a elegância visual da quase indistinta silhueta do índio desaparecendo no horizonte noturno. Quando eu tinha quinze anos achava o melhor filme que já tinha visto, disparado. Melhor a morte e a permanência da lembrança como o rebelde indomável do que uma vida lobotomizado. O sistema pode destruir sua vontade, mas sempre se consegue alguma vitória. E a chama permanece. Só os Simpsons já citaram esse final duas vezes. Vai entender porque esta fita americana, óbvia e popular ficou de fora da lista dos manés ianques.
O Homem que Queria Ser Rei
Quando este filme passou em 1976 fez sucesso. Tem Sean Connery e Michael Caine numa idade em que podiam ainda pegar qualquer mulher sem parecer velhos tarados ou precisar de muita maquiagem e John Huston dirigindo, fora um monte de aventuras e exotismo. Vai saber porque desapareceu do Brasil, nunca tendo sido lançado em DVD. Mas o que interessa é o final. Após um quase irreconhecível e encarquilhado Michael Caine contar toda a história do homem que queria ser rei (explicando inclusive como em apenas dois anos ficou quase irreconhecível e encarquilhado) para Rudyard Kipling, ele deixa uma bolsa na mesa do escritor e sai. Kipling abre o embrulho e recua apavorado. Vemos, num close à época chocante, a apodrecida cabeça cortada de Sean Connery ainda exibindo a coroa que tanto perseguiu. Música e créditos subindo sobre a imagem. Imagem, aliás, que nos remete a
Barton Fink
Sim, também tem filme dos irmãos Coen nesta lista. Barton Fink é um escritor pretensioso e vazio, sem nada para dizer com toda sua técnica e teoria, um pouco invejoso de toda a vida que seu vizinho de quarto, um reles caixeiro-viajante, exibe em suas conversas e emoções. Após várias reviravoltas, ele se vê na praia, olhando para uma bela moça numa cena exatamente igual à do calendário que tanto o obcecava em seus aposentos, e começa a conversar com ela ainda carregando a cabeça de sua ex-amante decapitada pelo caixeiro-viajante. É isso aí, garotinho arrogante, o mundo real e a vida parecem exatamente aqueles melodramas que você tanto desprezava.
Monsieur Verdoux
Podia ser o amargo final de Tempos Modernos, mas nada bate em coeficiente de estupefação esta fita que diz a lenda ter sido roubada de uma conversa com Orson Welles. Depois de quase trinta anos como o gentil vagabundo que o Universo inteiro aprendeu a amar e adotou como símbolo romântico de gentileza, Chaplin abre o filme queimando no incinerador de folhas o cadáver da velhinha com quem casara, enquanto cantarola e pinta um quadro no jardim. O longa ainda vai mostrá-lo procurando o veneno perfeito, atraindo uma atraente jovem sem-teto para ser sua cobaia e assassinando outras idosas senhoras que seduziu para roubar suas economias e salvar seus investimentos na bolsa. Certo, ele precisa da grana para tratar sua amorosa esposa doente, acaba poupando a garota pobre e as coroas são todas insuportáveis - a única gente boa escapa inocentemente de todas as armadilhas do moderno barba-azul. Depois de perder tudo e ser capturado, ele é condenado à morte (mesmo com um discurso comparando seus feitos com as guerras) e, prestes a ser levado à forca, lhe é oferecida uma dose de conhaque. "Conhaque? Nunca experimentei conhaque". Vira o copo, elogia a bebida e é levado rumo ao seu destino. Caramba, que fim levaram O Garoto (1), a florista cega, a órfã pobre, a cantora de cabaré romântica e a bela judia?
A Morte num Beijo
Mulheres fatais, policiais que querem tirá-lo do caso, uma secretária gostosa que o ama e uma caixa com conteúdo misterioso com um monte de gente procurando-a. Mais uma história de detetive clássica, certo? Errado, claro. Os policiais é que estão certos, a secretária gostosa é prostituída pelo "herói" (seduzindo repugnantes homens casados para prover flagrantes de adultério para suas clientes em busca de divórcio), a mulher fatal engana e baleia o private eye mané e finalmente abre a caixa apenas para descobrir... o fim do mundo. A era nuclear literalizou a caixa de Pandora e Robert Aldrich manda Mike Hammer, o mito do investigador particular e o próprio planeta pras cucuias no final deste cultuado, raro (até a recente restauração) e inesquecível longa.
Dragões da Violência
Barbara Stanwyck é a mulher que janta à cabeceira de uma mesa com 40 capangas neste western de Samuel Fuller, o genial diretor que escrevia como um talentosíssimo garoto de 13 anos. Nesta fita ele faz talvez o primeiro close extremo nos olhos do pistoleiro, a tomada que faria a fama de Sergio Leone. A cena, aliás, é ótima, com seu xerife durão simplesmente caminhando até o bandido tão decidido que o deixa sem ação e ele o derruba com uma coronhada. Barbara comanda a cidade com mão-de-ferro por causa de um incidente envolvendo uma cobra e uma tentativa de estupro na sua adolescência (o lado treze-anos de Fuller), mas se apaixona pelo másculo delegado federal, o que deixa seu irmão mais novo furioso e o leva a matar o irmão mais novo do mocinho. No final o moleque malvado emprega o clássico recurso dos vilões e usa Stanwyck como escudo humano no confronto com o herói apaixonado. O garoto só não sabe que o protagonista é um precursor do faroeste espaguete e que não hesita em atirar através de sua amada, para em seguida descarregar a arma em seu inimigo.
Fuller queria terminar o filme aí, mas Darryl F. Zanuck, o produtor, bateu um papo com ele, "Sam, você já provou seu argumento, deixa o público feliz, faz ela sobreviver ao tiro e ficar com ele" e o diretor aceitou, mas vendo o produto final, acabou arrependendo-se, achando o final artificial e falso. Mas antes que falem do mal que os produtores fazem, Fuller sempre fez questão de afirmar que seguiu o conselho porque tudo que Zanuck lhe propusera antes sempre funcionara. Aliás, Howard Hawks sempre disse que acatava as sugestões do grande Darryl F. porque elas invariavelmente melhoravam as fitas.
Johnny Guitar
Joãozinho Violão é apaixonado por Joan Crawford, por quem Dancin' Kid é caidinho, que por sua vez dá o maior tesão em Mercedes McCambridge, que também é atraída pela Joan e reprime tudo, causando linchamentos e uma turba disposta a matar todo mundo. Só que no tiroteio final entre Violão & Garoto Dançarino contra McCambridge & a patrulha dos ensandecidos, Joan chama Mercedes pra acertar tudo... e ela vai! E o líder da multidão enfurecida, Ward Bond, o amigo de John Wayne, detém os outros dizendo "deixe... sempre foi tudo entre elas mesmo". E assim a choldra linchadora e Joãozinho Violão ficam só olhando enquanto as duas mulé resolvem tudo na bala no duelo final. Esquisitice dos anos 50 é isso aí.
O Falcão Maltês (antes de ser relançado em DVD era conhecido nestas plagas como Relíquia Macabra) Bogart atinge finalmente o merecido estrelato avisando à mulher com quem (diz ele que) rola uma paixão que tem que mandá-la pra cadeia por ter matado o amigo dele, mesmo não gostando do amigo dele, mesmo sabendo que o amigo era idiota e corno (até porque era ele quem comia a mulher do amigo), porque "se um detetive morre e seu assassino não é pego é mau para os negócios, é mau para todos os detetives", mas continua explicando que talvez ela não pegue a forca, só alguns anos, e ele vai esperar ela sair. Dava pra fazer finais assim em 1940? Jura?
Um Corpo que Cai
Kim Novak revela tudo a James Stewart... e cai igualzinho à mulher que personificara? Um dos finais mais estudados e manjados da história do cinema e ficou de fora da lista? Esses caras realmente assistem a filmes?
2001 Uma Odisséia no Espaço
Pô, gente, vocês tão brincando? Eu tinha 9 anos quando vi esse filme no primeiro relançamento (antes do VHS as fitas de sucesso eram relançadas a cada 5 anos, quando, por lei, precisavam destruir todas as cópias no país e fazer novas ou desistir das reapresentações). E sabem por quê? Porque um amigo meu foi ver e contou que depois de uma "barra" misteriosa e de um computador assassino, o final tinha um feto em órbita (e a gente nem sabia o nome, mas ainda tocava Assim Falou Zaratustra (2) ao fundo). E tem mais, adorei a maluquice toda e vi três vezes enquanto ficou em cartaz no Scala (ou no Coral, nunca soube qual era qual).
Orfeu de Cocteau
A Morte e Heurtebise aguardam nas ruínas enquanto seus carrascos estão vindo para puni-los por terem ajudado os mortais por quem haviam se apaixonado. Quando a Ceifadora em pessoa diz que seu castigo será terrível, ainda pior do que a morte, dá pra acreditar mesmo. Melhor nem ficar pensando muito nisso...
Zardoz
A primeira vez que vi esse filme foi num Classe A, sexta-feira à meia-noite, com aula no sábado de manhã e 15 anos. E a Globo não cortou nenhum dos 433 peitinhos que aparecem, o que me fez ficar acordado ainda depois do fim da fita. Meia dúzia de cortes mostrando, em oposição à profana imortalidade dos moradores do Vórtex, o desenrolar normal de uma vida: homem e mulher, homem e mulher tendo filho, homem e mulher criando filho, filho deixando homem e mulher, homem e mulher envelhecendo juntos e morrendo, deixando para trás apenas o revólver (falo?) enferrujado do homem e a marca de uma mão na caverna - como diz Boorman, o diretor, no comentário, a primeira assinatura, a primeira marca individual deixada propositadamente por alguém para a eternidade.
As Vinhas da Ira
"Talvez seja como Casey diz. Um vivente não tem uma alma própria, mas um pedaço de uma grande alma maior que pertence a todo mundo. Então não faz diferença. Eu vou estar em algum lugar na noite. Vou estar em todo lugar. Onde tiver uma briga pra que gente com fome possa comer, eu vou estar. Onde tiver um guarda batendo num cara de paz, eu vou estar. Eu vou estar onde os caras gritam quando estão com raiva e vou estar onde as crianças riem quando estão com fome e sabem que o jantar está pronto... e quando nossa gente puder comer aquilo que ara e morar nas casas que constrói, vou estar lá também" (E Henry Fonda se vai sob os olhos de sua mãe chorando).
Alguém tem alguma desconfiança de por que este filme não arrumou lugar na lista?
Só o Tempo Dirá:
Os Imorais
Mãe tenta convencer o próprio filho a lhe dar dinheiro seduzindo-o pra que ele dê vazão à paixão incestuosa que tem desde que era a criança de uma adolescente. Mas é apenas um truque. Na verdade, ela o mata pra fugir com a grana.
Oldboy
Mais incesto, dessa vez entre pai e filha (entre os irmãos foi antes). Ao confrontar o vilão que o manteve preso quinze anos num quarto e o manipulou através de diversas bizarras aventuras, Oh acaba arrancando a língua pra que seu adversário não revele ao grande amor daquele que eles são pai e filha. Mas isso não é tudo. Depois Oh procura uma hipnotizadora pra esquecer que a molequinha que ele descabaçou é sua prole e ficar tudo bem. Esta é a era da desumanização, com todo mundo fugindo das responsabilidades (e da maturidade). Num mundo assim, você só pode confiar na sua família. Até mesmo pruma trepadinha.
Sangue Negro
O capitalismo destrói a religião e não tem nada pra botar no lugar. Manero. E pensar que xinguei os caras da lista americana pra burro por botarem dois (DOIS!!!!) filmes do chatíssimo Paul Thomas Anderson na lista.
Céu & Inferno
O condenado à morte, capturado após longa e tortuosa investigação, pede e consegue que Toshiro Mifune, o homem que ele arruinou financeiramente, o visite na prisão. Sorrindo elegante e desafiadoramente, o criminoso senta-se lentamente e explica, "pedi para que você viesse para ver como não vou chorar"... e imediatamente soluça e começa a chorar! Após descontroladamente explicar como observar de seu barraco a casa de Mifune no alto do morro era ver o céu e sentir-se no inferno, ele perde completamente qualquer equilíbrio emocional e é carregado para fora soltando um berro inumano e desesperado, sob o olhar do ex-magnata, salvo espiritualmente pelas maquinações do preso, fisica e espiritualmente preso para sempre no Hades. Emocionante fecho de ouro para talvez o melhor filme policial de todos os tempos.
Deus e o Diabo na Terra do Sol
A profecia de Antônio Conselheiro de que o sertão vai virar mar e o mar virar sertão ganha tons ainda mais apocalípticos na dramática trilha sonora de Sérgio Ricardo, enquanto o casal corre desesperado pelo árido agreste. A corrida dura minutos, sem uma visão de fios elétricos, estradas, casas e carros. A paisagem poderia ser a mesma de dezenas de milhares de anos atrás e explicita toda a tragédia nordestina. No que conta a lenda ter sido um lance de sorte, Yoná Magalhães tropeça e Geraldo del Rey continua fugindo cada vez mais indistinto contra o inclemente cenário, porque não havia mais filme para outra tomada, transmitindo, mesmo que por puro acaso, todo o temor das gentes subdesenvolvidas.
Os Cafajestes
Após armações e golpes que acabaram por revelar uma face humana e partir o coração de seu parceiro, Jece Valadão finalmente consegue o carro que almejava desde o começo da fita, apenas para ele enguiçar numa estrada deserta e obrigá-lo a uma longa caminhada (em um take só) rumo a lugar nenhum, tendo como pano de fundo a narração do Repórter Esso, contando todos os conflitos localizados oriundos da Guerra Fria. Cinismo, frustração, revolução sexual, guerra, tédio... os anos 60 estavam começando, inclusive no Brasil.
X - O Homem com Olhos de Raios-X
Uma obra-prima B do rei dos Bs, Roger Corman. Ray Milland cria um supercolírio e sua visão não fica só boa. Logo ele começa a ver através da matéria (inclusive vendo jovens nuas numa festa, excelente metáfora visual) e a ser perseguido pela polícia. Aos poucos vai perdendo seu contacto com a humanidade - quando todas as pessoas são apenas caveiras sem expressão, como diferenciá-las ou se importar com elas? - e a enxergar além das formas, como um Mondrian radical, capaz de olhar diretamente para a essência das coisas e a alma das pessoas. Desesperado, incapaz de lidar com a nudez da verdade e assoberbado por suas visões do cerne do universo, ele entra numa igreja durante uma citação da Bíblia - "se teus olhos te ofendem, arranca os teus olhos". Adivinhem o que ele faz. E, enquanto os créditos sobem sobre a imagem congelada de suas órbitas vazias e ensanguentadas, ainda ouvimos seu último urro de agonia - "But I can still see!"
Um Estranho no Ninho
Tá, tudo bem, é piegas, é óbvio, mas funciona que é uma maravilha, sem contar a elegância visual da quase indistinta silhueta do índio desaparecendo no horizonte noturno. Quando eu tinha quinze anos achava o melhor filme que já tinha visto, disparado. Melhor a morte e a permanência da lembrança como o rebelde indomável do que uma vida lobotomizado. O sistema pode destruir sua vontade, mas sempre se consegue alguma vitória. E a chama permanece. Só os Simpsons já citaram esse final duas vezes. Vai entender porque esta fita americana, óbvia e popular ficou de fora da lista dos manés ianques.
O Homem que Queria Ser Rei
Quando este filme passou em 1976 fez sucesso. Tem Sean Connery e Michael Caine numa idade em que podiam ainda pegar qualquer mulher sem parecer velhos tarados ou precisar de muita maquiagem e John Huston dirigindo, fora um monte de aventuras e exotismo. Vai saber porque desapareceu do Brasil, nunca tendo sido lançado em DVD. Mas o que interessa é o final. Após um quase irreconhecível e encarquilhado Michael Caine contar toda a história do homem que queria ser rei (explicando inclusive como em apenas dois anos ficou quase irreconhecível e encarquilhado) para Rudyard Kipling, ele deixa uma bolsa na mesa do escritor e sai. Kipling abre o embrulho e recua apavorado. Vemos, num close à época chocante, a apodrecida cabeça cortada de Sean Connery ainda exibindo a coroa que tanto perseguiu. Música e créditos subindo sobre a imagem. Imagem, aliás, que nos remete a
Barton Fink
Sim, também tem filme dos irmãos Coen nesta lista. Barton Fink é um escritor pretensioso e vazio, sem nada para dizer com toda sua técnica e teoria, um pouco invejoso de toda a vida que seu vizinho de quarto, um reles caixeiro-viajante, exibe em suas conversas e emoções. Após várias reviravoltas, ele se vê na praia, olhando para uma bela moça numa cena exatamente igual à do calendário que tanto o obcecava em seus aposentos, e começa a conversar com ela ainda carregando a cabeça de sua ex-amante decapitada pelo caixeiro-viajante. É isso aí, garotinho arrogante, o mundo real e a vida parecem exatamente aqueles melodramas que você tanto desprezava.
Monsieur Verdoux
Podia ser o amargo final de Tempos Modernos, mas nada bate em coeficiente de estupefação esta fita que diz a lenda ter sido roubada de uma conversa com Orson Welles. Depois de quase trinta anos como o gentil vagabundo que o Universo inteiro aprendeu a amar e adotou como símbolo romântico de gentileza, Chaplin abre o filme queimando no incinerador de folhas o cadáver da velhinha com quem casara, enquanto cantarola e pinta um quadro no jardim. O longa ainda vai mostrá-lo procurando o veneno perfeito, atraindo uma atraente jovem sem-teto para ser sua cobaia e assassinando outras idosas senhoras que seduziu para roubar suas economias e salvar seus investimentos na bolsa. Certo, ele precisa da grana para tratar sua amorosa esposa doente, acaba poupando a garota pobre e as coroas são todas insuportáveis - a única gente boa escapa inocentemente de todas as armadilhas do moderno barba-azul. Depois de perder tudo e ser capturado, ele é condenado à morte (mesmo com um discurso comparando seus feitos com as guerras) e, prestes a ser levado à forca, lhe é oferecida uma dose de conhaque. "Conhaque? Nunca experimentei conhaque". Vira o copo, elogia a bebida e é levado rumo ao seu destino. Caramba, que fim levaram O Garoto (1), a florista cega, a órfã pobre, a cantora de cabaré romântica e a bela judia?
A Morte num Beijo
Mulheres fatais, policiais que querem tirá-lo do caso, uma secretária gostosa que o ama e uma caixa com conteúdo misterioso com um monte de gente procurando-a. Mais uma história de detetive clássica, certo? Errado, claro. Os policiais é que estão certos, a secretária gostosa é prostituída pelo "herói" (seduzindo repugnantes homens casados para prover flagrantes de adultério para suas clientes em busca de divórcio), a mulher fatal engana e baleia o private eye mané e finalmente abre a caixa apenas para descobrir... o fim do mundo. A era nuclear literalizou a caixa de Pandora e Robert Aldrich manda Mike Hammer, o mito do investigador particular e o próprio planeta pras cucuias no final deste cultuado, raro (até a recente restauração) e inesquecível longa.
Dragões da Violência
Barbara Stanwyck é a mulher que janta à cabeceira de uma mesa com 40 capangas neste western de Samuel Fuller, o genial diretor que escrevia como um talentosíssimo garoto de 13 anos. Nesta fita ele faz talvez o primeiro close extremo nos olhos do pistoleiro, a tomada que faria a fama de Sergio Leone. A cena, aliás, é ótima, com seu xerife durão simplesmente caminhando até o bandido tão decidido que o deixa sem ação e ele o derruba com uma coronhada. Barbara comanda a cidade com mão-de-ferro por causa de um incidente envolvendo uma cobra e uma tentativa de estupro na sua adolescência (o lado treze-anos de Fuller), mas se apaixona pelo másculo delegado federal, o que deixa seu irmão mais novo furioso e o leva a matar o irmão mais novo do mocinho. No final o moleque malvado emprega o clássico recurso dos vilões e usa Stanwyck como escudo humano no confronto com o herói apaixonado. O garoto só não sabe que o protagonista é um precursor do faroeste espaguete e que não hesita em atirar através de sua amada, para em seguida descarregar a arma em seu inimigo.
Fuller queria terminar o filme aí, mas Darryl F. Zanuck, o produtor, bateu um papo com ele, "Sam, você já provou seu argumento, deixa o público feliz, faz ela sobreviver ao tiro e ficar com ele" e o diretor aceitou, mas vendo o produto final, acabou arrependendo-se, achando o final artificial e falso. Mas antes que falem do mal que os produtores fazem, Fuller sempre fez questão de afirmar que seguiu o conselho porque tudo que Zanuck lhe propusera antes sempre funcionara. Aliás, Howard Hawks sempre disse que acatava as sugestões do grande Darryl F. porque elas invariavelmente melhoravam as fitas.
Johnny Guitar
Joãozinho Violão é apaixonado por Joan Crawford, por quem Dancin' Kid é caidinho, que por sua vez dá o maior tesão em Mercedes McCambridge, que também é atraída pela Joan e reprime tudo, causando linchamentos e uma turba disposta a matar todo mundo. Só que no tiroteio final entre Violão & Garoto Dançarino contra McCambridge & a patrulha dos ensandecidos, Joan chama Mercedes pra acertar tudo... e ela vai! E o líder da multidão enfurecida, Ward Bond, o amigo de John Wayne, detém os outros dizendo "deixe... sempre foi tudo entre elas mesmo". E assim a choldra linchadora e Joãozinho Violão ficam só olhando enquanto as duas mulé resolvem tudo na bala no duelo final. Esquisitice dos anos 50 é isso aí.
O Falcão Maltês (antes de ser relançado em DVD era conhecido nestas plagas como Relíquia Macabra) Bogart atinge finalmente o merecido estrelato avisando à mulher com quem (diz ele que) rola uma paixão que tem que mandá-la pra cadeia por ter matado o amigo dele, mesmo não gostando do amigo dele, mesmo sabendo que o amigo era idiota e corno (até porque era ele quem comia a mulher do amigo), porque "se um detetive morre e seu assassino não é pego é mau para os negócios, é mau para todos os detetives", mas continua explicando que talvez ela não pegue a forca, só alguns anos, e ele vai esperar ela sair. Dava pra fazer finais assim em 1940? Jura?
Um Corpo que Cai
Kim Novak revela tudo a James Stewart... e cai igualzinho à mulher que personificara? Um dos finais mais estudados e manjados da história do cinema e ficou de fora da lista? Esses caras realmente assistem a filmes?
2001 Uma Odisséia no Espaço
Pô, gente, vocês tão brincando? Eu tinha 9 anos quando vi esse filme no primeiro relançamento (antes do VHS as fitas de sucesso eram relançadas a cada 5 anos, quando, por lei, precisavam destruir todas as cópias no país e fazer novas ou desistir das reapresentações). E sabem por quê? Porque um amigo meu foi ver e contou que depois de uma "barra" misteriosa e de um computador assassino, o final tinha um feto em órbita (e a gente nem sabia o nome, mas ainda tocava Assim Falou Zaratustra (2) ao fundo). E tem mais, adorei a maluquice toda e vi três vezes enquanto ficou em cartaz no Scala (ou no Coral, nunca soube qual era qual).
Orfeu de Cocteau
A Morte e Heurtebise aguardam nas ruínas enquanto seus carrascos estão vindo para puni-los por terem ajudado os mortais por quem haviam se apaixonado. Quando a Ceifadora em pessoa diz que seu castigo será terrível, ainda pior do que a morte, dá pra acreditar mesmo. Melhor nem ficar pensando muito nisso...
Zardoz
A primeira vez que vi esse filme foi num Classe A, sexta-feira à meia-noite, com aula no sábado de manhã e 15 anos. E a Globo não cortou nenhum dos 433 peitinhos que aparecem, o que me fez ficar acordado ainda depois do fim da fita. Meia dúzia de cortes mostrando, em oposição à profana imortalidade dos moradores do Vórtex, o desenrolar normal de uma vida: homem e mulher, homem e mulher tendo filho, homem e mulher criando filho, filho deixando homem e mulher, homem e mulher envelhecendo juntos e morrendo, deixando para trás apenas o revólver (falo?) enferrujado do homem e a marca de uma mão na caverna - como diz Boorman, o diretor, no comentário, a primeira assinatura, a primeira marca individual deixada propositadamente por alguém para a eternidade.
As Vinhas da Ira
"Talvez seja como Casey diz. Um vivente não tem uma alma própria, mas um pedaço de uma grande alma maior que pertence a todo mundo. Então não faz diferença. Eu vou estar em algum lugar na noite. Vou estar em todo lugar. Onde tiver uma briga pra que gente com fome possa comer, eu vou estar. Onde tiver um guarda batendo num cara de paz, eu vou estar. Eu vou estar onde os caras gritam quando estão com raiva e vou estar onde as crianças riem quando estão com fome e sabem que o jantar está pronto... e quando nossa gente puder comer aquilo que ara e morar nas casas que constrói, vou estar lá também" (E Henry Fonda se vai sob os olhos de sua mãe chorando).
Alguém tem alguma desconfiança de por que este filme não arrumou lugar na lista?
Só o Tempo Dirá:
Os Imorais
Mãe tenta convencer o próprio filho a lhe dar dinheiro seduzindo-o pra que ele dê vazão à paixão incestuosa que tem desde que era a criança de uma adolescente. Mas é apenas um truque. Na verdade, ela o mata pra fugir com a grana.
Oldboy
Mais incesto, dessa vez entre pai e filha (entre os irmãos foi antes). Ao confrontar o vilão que o manteve preso quinze anos num quarto e o manipulou através de diversas bizarras aventuras, Oh acaba arrancando a língua pra que seu adversário não revele ao grande amor daquele que eles são pai e filha. Mas isso não é tudo. Depois Oh procura uma hipnotizadora pra esquecer que a molequinha que ele descabaçou é sua prole e ficar tudo bem. Esta é a era da desumanização, com todo mundo fugindo das responsabilidades (e da maturidade). Num mundo assim, você só pode confiar na sua família. Até mesmo pruma trepadinha.
Sangue Negro
O capitalismo destrói a religião e não tem nada pra botar no lugar. Manero. E pensar que xinguei os caras da lista americana pra burro por botarem dois (DOIS!!!!) filmes do chatíssimo Paul Thomas Anderson na lista.
julho 05, 2008
Roteiro de Curta - Parte II
Leia antes a primeira parte.
fRENTE DA DELEGACIA/EXT/TARDE
DELEGADO HUGO/MODELO/MARGINAL/POLICIAIS
O MARGINAL OBSERVA, SEGURO POR UM POLICIAL, A MODELO CHEGANDO.
Modelo: Oi, amor... muito ocupado...
Marginal) OFF) Foi na vez que eu dancei na mão daquele delegado, o Hugo. A mulher apareceu lá, o cara tava comendo...
Modelo (APARENTEMENTE BÊBADA OU DROGADA) :Por que que você não gosta que eu venha aqui?
Hugo a segura levemente, tentando contê-la.
Modelo: Qual o problema? Eu tô segura aqui, não tô, não é todo mundo mocinho?
a câmera passeia pelos rostos dos policiais.
Modelo: Tantos homens, todos fortes, todos corajosos, decididos... qual o problema com a polícia, afinal? Por que você mesmo não gosta que eu venha aqui?
vira para o marginal.
Modelo: Olha esse rapaz, que jeito decidido... é teu filho?
Hugo a puxa para junto de si e a encara. o marginal apenas olha.
birosca/int/tarde
paulo/heloísa/câmera/márcia/marginal/tavo
o marginal e o tavo são interrompidos por paulo, que termina mal-humorado a discussão com heloísa.
Paulo: Vambora todo mundo! Hoje não dá mais pra porra nenhuma! Encheu o saco legal... ) APROXIMA-SE DO MARGINAL E DO TAVO) Aí, obrigado por tudo. Acho que já tá tudo acertado... a gente entra em contato quando o vídeo ficar pronto...
Marginal: Falou, eu vou querer ver essa porra aí pronta...
paulo passa a mão pelos ombros de heloísa e vai saindo. o câmera e a márcia vão atrás.
Tavo: A outra muito mais a fim de dar do que aquela... é um babaca...
Marginal: Se é...
tira do bolso a cigarreira de prata do paulo, puxa um cigarro fino e o acende com o isqueiro do paulo, caricaturando os gestos dele. olha para o tavo. os dois ficam rindo.
fRENTE DA DELEGACIA/EXT/TARDE
DELEGADO HUGO/MODELO/MARGINAL/POLICIAIS
O MARGINAL OBSERVA, SEGURO POR UM POLICIAL, A MODELO CHEGANDO.
Modelo: Oi, amor... muito ocupado...
Marginal) OFF) Foi na vez que eu dancei na mão daquele delegado, o Hugo. A mulher apareceu lá, o cara tava comendo...
Modelo (APARENTEMENTE BÊBADA OU DROGADA) :Por que que você não gosta que eu venha aqui?
Hugo a segura levemente, tentando contê-la.
Modelo: Qual o problema? Eu tô segura aqui, não tô, não é todo mundo mocinho?
a câmera passeia pelos rostos dos policiais.
Modelo: Tantos homens, todos fortes, todos corajosos, decididos... qual o problema com a polícia, afinal? Por que você mesmo não gosta que eu venha aqui?
vira para o marginal.
Modelo: Olha esse rapaz, que jeito decidido... é teu filho?
Hugo a puxa para junto de si e a encara. o marginal apenas olha.
birosca/int/tarde
paulo/heloísa/câmera/márcia/marginal/tavo
o marginal e o tavo são interrompidos por paulo, que termina mal-humorado a discussão com heloísa.
Paulo: Vambora todo mundo! Hoje não dá mais pra porra nenhuma! Encheu o saco legal... ) APROXIMA-SE DO MARGINAL E DO TAVO) Aí, obrigado por tudo. Acho que já tá tudo acertado... a gente entra em contato quando o vídeo ficar pronto...
Marginal: Falou, eu vou querer ver essa porra aí pronta...
paulo passa a mão pelos ombros de heloísa e vai saindo. o câmera e a márcia vão atrás.
Tavo: A outra muito mais a fim de dar do que aquela... é um babaca...
Marginal: Se é...
tira do bolso a cigarreira de prata do paulo, puxa um cigarro fino e o acende com o isqueiro do paulo, caricaturando os gestos dele. olha para o tavo. os dois ficam rindo.
julho 04, 2008
Do Meu Amigo Minhoca, o Luiz Henrique Romanholli:
Notícias dos Últimos Dias
POLÍTICA INTERNACIONAL:
Colômbia: Libertadores entregam mulher desesperada.
Brasil: Mulheres desesperadas entregam Libertadores.
VIAGEM:
Flu já faz as malas. Cada um vai para um lado.
CAOS AÉREO:
Vôo para o Japão termina em Washington.
TRÁFICO:
Dodô admite: cafeína é melhor que pó-de-arroz.
COMPORTAMENTO:
Renato Gaúcho: "Seria ótimo a gente ter dado de quatro".
CULINÁRIA:
Panetone Maracanazo: como deixar 90.000 frutas cristalizadas.
VESTIBULAR:
Aula de español. Palavras de hoje: Cevallos, Bolaños, Guerrón, Vergoñas.
OBITUÁRIO:
Uma semana sem Dona Ruth: Fernando Henrique continua chorando.
PROPAGANDA:
O melhor plano de saúde é viver. O VICE é a Unimed.
*Minhoca é baixista do Picassos Falsos e Editor no G1
POLÍTICA INTERNACIONAL:
Colômbia: Libertadores entregam mulher desesperada.
Brasil: Mulheres desesperadas entregam Libertadores.
VIAGEM:
Flu já faz as malas. Cada um vai para um lado.
CAOS AÉREO:
Vôo para o Japão termina em Washington.
TRÁFICO:
Dodô admite: cafeína é melhor que pó-de-arroz.
COMPORTAMENTO:
Renato Gaúcho: "Seria ótimo a gente ter dado de quatro".
CULINÁRIA:
Panetone Maracanazo: como deixar 90.000 frutas cristalizadas.
VESTIBULAR:
Aula de español. Palavras de hoje: Cevallos, Bolaños, Guerrón, Vergoñas.
OBITUÁRIO:
Uma semana sem Dona Ruth: Fernando Henrique continua chorando.
PROPAGANDA:
O melhor plano de saúde é viver. O VICE é a Unimed.
*Minhoca é baixista do Picassos Falsos e Editor no G1
julho 03, 2008
julho 02, 2008
O Sanfoneiro de Botafogo em Vídeo Ruim
Seu Francisco, na sua lojinha de estofador, gazista, bombeiro, laqueamento e afins, no domingo à noite sempre costuma dar uma canjinha na rua São Manoel. Neste dia finalmente passei lá com o celular (enfim consertado!) pra gravar um pouquinho. Prometo levar a câmera de verdade um dia desses.
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