julho 14, 2010

Ballad of the Despairing Husband

Robert Creeley


Esta é a minha tradução capenga. Normalmente eu tento traduzir mantendo a ideia central, mandando pras cucuias as rimas. Mas achei que elas eram importantes aqui, portanto mudei bastante a métrica e algumas das linhas do poema. Quem não gostar da poesia, eu garanto, ela é maneira, eu é que traduzi mal, por isso quem falar inglês deve conferir o texto original, abaixo da minha versão rimada.

Minha esposa e eu vivíamos sozinhos
Nossa maior diversão era a discussão
Eu discutia com ela, ela comigo
E no final rolava o maior tesão

Mas agora vivo aqui sozinho
E mal tenho um dinheirinho
E passo os dias em tristeza
Desde que deixei minha princesa

Oh, volte logo, escrevo pra ela
Vá se foder, mané, é a resposta
É isso que acontece quando se dá trela
Tomara que ela se afogue num monte de bosta

Mas eu ainda a amo, oh, sim
Amo ela e as crianças também
E ainda acho que depois de tudo, no fim
Nós dois estaremos juntos e bem

Porra nenhuma, ela diz, durona
E com isso ela me faz beijar a lona
Porra nenhuma, nada de volta no fim
Depois de tudo que você fez pra mim

Oh, mulher, mulher, falo sério
nunca amei de nenhuma outra o mistério
Nem antes nem agora, para mim não é crível
Que me seja outra mulher possível

Pode ser, ela diz então
Mas agora outros homens eu quero
E com eles não vai ter discussão
E nem o menor lero-lero

E vestirei a roupa que quiser
E dançarei a música que tocar
Estou livre de você pro que der e vier
Sem ninguém para me atazanar!

Será mesmo esse o anjo que eu amei tanto
Que me veio como uma graça do céu
Cuja passagem fazia as flores abrirem ao léu
E meu velho e gasto corpo recomeçar seu canto?

Sim, é ela, com certeza.
E já que ainda a amo, com presteza
Celebrá-la-ei com toda beleza

Oh, amável moça, noite, tarde ou manhã
Oh, amável moça, com gosto de maçã
Oh, mais amável das moças, vestida, despida ou nua
Oh, mais amável das moças, levantando, deitando ou na sua

Oh, mais amável das moças, que nenhuma é mais bela ou graciosa
Oh, mais amável das moças, injusta, cruel ou caprichosa
Oh, mais amável das moças, vendo, fazendo, ou apenas sendo
Oh, mais amável das moças, sob o sol ou chovendo

Oh, moça, conceda-me tempo
Para que eu termine minha rima


Aqui a versão original


My wife and I lived all alone,
contention was our only bone.
I fought with her, she fought with me,
and things went on right merrily.

But now I live here by myself
with hardly a damn thing on the shelf,
and pass my days with little cheer
since I have parted from my dear.

Oh come home soon, I write to her.
Go fuck yourself, is her answer.
Now what is that, for Christian word?
I hope she feeds on dried goose turd.

But still I love her, yes I do.
I love her and the children too.
I only think it fit that she
should quickly come right back to me.

Ah no, she says, and she is tough,
and smacks me down with her rebuff.
Ah no, she says, I will not come
after the bloody things you've done.

Oh wife, oh wife -- I tell you true,
I never loved no one but you.
I never will, it cannot be
another woman is for me.

That may be right, she will say then,
but as for me, there's other men.
And I will tell you I propose
to catch them firmly by the nose.

And I will wear what dresses I choose!
And I will dance, and what's to lose!
I'm free of you, you little prick,
and I'm the one to make it stick.

Was this the darling I did love?
Was this that mercy from above
did open violets in the spring --
and made my own worn self to sing?

She was. I know. And she is still,
and if I love her? then so I will.
And I will tell her, and tell her right . . .

Oh lovely lady, morning or evening or afternoon.
Oh lovely lady, eating with or without a spoon.
Oh most lovely lady, whether dressed or undressed or partly.
Oh most lovely lady, getting up or going to bed or sitting only.

Oh loveliest of ladies, than whom none is more fair, more gracious, more beautiful.
Oh loveliest of ladies, whether you are just or unjust, merciful, indifferent, or cruel.
Oh most loveliest of ladies, doing whatever, seeing whatever, being whatever.
Oh most loveliest of ladies, in rain, in shine, in any weather.

Oh lady, grant me time,
please, to finish my rhyme.

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