maio 04, 2012

Minha Viagem Sentimental por Minhas Câmeras - A Olympus Trip 35



Anteriormente: a Xereta

Numa época em que fotografia era um hobby caríssimo e câmeras um aparelho que exigia certo conhecimento do metiê (sic), a Xereta era um brinquedo com o qual você hesitava bastante pra brincar. O filme custava grana, o flash custava grana, a revelação custava grana e a lente escura usando película pouco sensível significava que havia pouca chance de se conseguir uma chapa decente fora de exteriores ensolarados. Ainda assim, a lente pobre (talvez de plástico) e o pequeno tamanho do quadro produziam imagens pobres e granuladas. Tirando uma lembrança de uma viagem ou algo do gênero, havia pouca utilidade no produto da Kodak, principalmente pra crianças. O blogueiro começou a perder interesse nela quando, numa das poucas vezes em que teve grana pra gastar num filme (de 12 poses), na revelação só três saíram.

Uma foto com a Xereta. Mesmo nas condições ideais, exterior ensolarado e a favor do Sol, não consigo divisar as feições de meu pai. O canhão em primeiro plano nesta fotografia clássica num ponto turístico de Cabo Frio está mais nítido por estar em melhor foco, embora o escaneamento não mostre (a imagem ameaçou rasgar e tive que escanear do álbum mesmo, sem que a página ficasse totalmente plana)

Aproveitando que seus pais haviam aberto uma loja, aumentando a renda familiar até então limitada à microempreiteira de marcenaria de meu pai, o blogueiro começou a desejar um objeto de consumo então em voga entre vários de seus amigos: a Olympus Trip 35. Ela – milagre! - nunca perdia uma foto por falta de luz porque tinha um fotômetro incluso que avisava quando estava escuro. Ainda por cima, tinha uma sapata para flash de verdade (1): eu poderia usar um que não fosse descartável, quantas vezes quisesse em interiores. É bem verdade esses eram bem caros até o final dos anos 70 (custavam mais do que uma Xereta, por exemplo), mas o meu pai já tinha um!

Mesmo com toda a relativa bonança financeira de minha família, o preço da Olympus Trip ainda era salgado pros meus pais – provavelmente equivalente hoje a uns 350 a 500 reais. E a minha acabou vindo do Paraguay, já que os primos Cabral e Janete iam lá fazer um contrabandinho básico e trouxeram uma pra gente. E foi assim que obtive minha primeira câmera 35 mm.
 A tradição manda que a primeira foto que você bata com uma câmera nova seja de você em frente a um espelho (4). Eu saí fora de foco porque esqueci que o espelho dobra a distância. Mantive a tradição até minha penúltima câmera. Esqueci de fazê-lo com a minha nova Sony digital

A Olympus era a coisa mais parecida com as point-and-shoot digitais de hoje em dia. Um anel envidraçado em torno da objetiva incluía um fotômetro de selênio aparentemente enorme. Grande o suficiente pra gerar sua própria energia e dispensar bateria. Quando você punha o sistema em automático, ele decidia a abertura (de excelentes 2.8 a 22) e a velocidade (de aceitáveis 1/40 a 1/200). Se não houvesse luz suficiente na cena, o disparador travava e uma lingueta vermelha subia no visor ótico direto.

Minha Olympus Trip 35, viva até hoje. Veja o amplo fotômetro de selênio em volta da lente. Ainda tenho a tampa da lente e a bolsa originais. Veja a sapata para o flash bem em cima da lente, na parte superior da máquina, e o visor direto, à direita

Os controles eram apenas 3, sendo que dois deles eram mudados raramente. O primeiro era o ajuste de sensibilidade do filme, a antiga ASA e atual ISO, medida presente até nas digitais. Num anel em cima do fotômetro, você escolhia entre 25, 64, 100, 125, 200 e 400 ASA, mais do que suficiente prum fotógrafo amador portando uma não-reflex. Abaixo ou acima disso só alguns profissionais. Mesmo 200 ASA era difícil de achar na época e os dois primeiros, só pra slide (e alguns preto-e-branco). Apesar de ser uma regulagem obrigatória, uma vez carregada a película, você não mexia mais nela
Os controles da Olympus

O segundo controle era mais perto do corpo. Rodando o anel do diafragma pra "A", você ajustava pra exposição automática, como explicado acima. Mas havia também o sistema manual, com incrementos de 1 stop de 2.8 a 22. A velocidade fixava em 1/40, porque, a princípio, você só faria esses ajustes pra fotos com flash. Não era uma regulagem que causasse problemas - se você tentasse bater uma foto em ambiente escuro sem flash, a lingueta vermelha iria aparecer e você lembraria de ajustar a abertura. O trabalho era facilitado porque todos os flashes de antigamente vinham com uma tabelinha indicando qual f/stop usar dependendo da distância: 2.8 pra 5 metros, 4 pra 4,5, 5.6 pra 3 e assim por diante (embora alguns, como o do meu pai, que era maior do que a câmera, prometessem iluminar até mais de 10 metros (2)).

O último controle era o único que precisava ser feito em toda foto: o ajuste de foco. Sem visor reflex, não havia telêmetro, então o fotógrafo precisava calcular no olho se o objeto a ser focalizado estava a 1 metro, 1 metro e meio, 3 metros ou mais. Não era tão difícil assim. Pros esquecidos, o visor ótico da bichinha tinha uma janelinha embaixo que mostrava os controles de abertura e de foco. O usuário da Trip rapidamente se acostumava a checá-los antes de apertar o disparador.

Os controles da câmera: 1 - ajuste de sensibilidade do filme (regulado para 200, pois é o ISO da película atualmente dentro dela, já que filme 100 ASA é difícil de encontrar); 2 - ajuste de foco (em ícones: um busto de bonequinho era pra 1 metro; 1 busto de bonequinho próximo e outro bonequinho atrás era pra 1 metro e meio; dois bonequinhos inteiros com um minibonequinho entre eles (supostamente uma criança) era pra 3 metros; montanhas era pra infinito. Em caso de dúvida, você podia ver do lado de baixo as marcações em metros e pés; 3 - ajuste de abertura, configurado para o modo automático "A"; se você clicar pra ampliar, vai poder ver claramente os primeiros números f: 2.8, 4, 5.6... 4 - a janelinha no visor que lhe permitia ter uma visão direta das regulagens de foco e abertura

O filme não era em cartucho. Para carregá-lo você tinha que fazer os orifícios nos lados da película encaixarem em engrenagens de transporte e fixar a ponta livre no carretel. Felizmente tanto o carretel quanto as engrenagens da Trip eram soberbamente desenhados e nunca perdi um filme por ele ter se soltado (acontecimento relativamente comum porque duros como eu sempre prendiam só a pontinha do filme e avançavam no máximo uma foto antes de fechar a câmera pra ganhar mais 2 ou 3 poses). Depois de carregada a câmera e ajustada a sensibilidade, era só fazer aquele foco básico e sair fotografando - e avançando a película girando um botão na traseira.

A primeira coisa que fez valer a pena ter comprado a Olympus foi o aproveitamento. O primeiro filme de 12 poses rendeu 11, o que era impensável na época da Xereta. Mas essa consideração passou a ser secundária ao se ver a impressionante nitidez das fotos. Mesmo a câmera SLR do meu pai não tirava fotos tão impressionante nítidas e com um alcance dinâmico tão agradável. Não era só o formato maior do 35 mm, portanto. Somente anos mais tarde eu saberia, mas a Trip 35 tinha uma lente de primeiríssima qualidade, capaz de se ombrear com qualquer SLR de sua época.
O agradável tom de cinza com algo de sépia que somente os filmes analógicos com prata podiam proporcionar. Esta foto manteve-os na digitalização porque foi escaneada a cores (ao contrário da maioria das outras aqui postadas). É este o efeito que os Instagrams da vida e seus congêneres buscam imitar. O modelo é o Fábio, o irmão do Marquinhos PCVU falso primo.

A lente, pelo que dizem hoje os saites de fotografia, era uma cópia da lendária Tessar de 4 elementos. Fabricada no Japão como a Zuiko 2.8, ela tinha uma distância focal de 40 mm, a meio caminho entre uma grande angular e uma normal. Ou seja, era um compromisso entre enquadrar um grupo de pessoas próximas ao fotógrafo e manter a perspectiva sem distorção o suficiente pra soberbos retratos de gente.

Uma covardia: comparar a Xereta com a Trip 35. Duas viagens pra Região dos Lagos. Acima, a casa onde ficamos em Araruama, em 1977. A favor da Xereta, diga-se que a foto foi aparentemente batida contra o sol. Mas isso não importa muito, já que ela tinha abertura e velocidade fixas e não existe coisa como "contraluz" nesse contexto. Abaixo, a casa onde ficamos em Cabo Frio em 1978, pelas lentes da Olympus Trip. A nitidez, o contraste, os tons de cinza são muito melhores e ricos do que na Instamatic da Kodak. Clicando nas fotos, você pode ampliá-las e ver o salto quântico na imagem de uma pra outra

A lente era multicoated, o que significava que as cores eram suaves e naturais - nada da saturação cheia de aberração das lentes simples da Xereta. Na verdade, ao ver as primeiras fotos da Olympus eu fiquei quase chocado. Nunca tendo comprado uma caríssima SLR de ponta na era analógica, posso dizer que de todas as câmeras de filme que tive, a Olympus era sem uma sombra (que ela registraria com precisão e beleza) de dúvida sequer a que produzia as melhores imagens.

Chegando às minhas mãos em 1978, o mesmo ano da minha puberdade, era inevitável que o maior controle sobre as fotos e as inevitáveis veleidades artísticas dos adolescentes se chocassem com aquelas lindas fotos pra me fazer interessar pelo assunto. Junte-se a isso dois acontecimentos quase simultâneos: o lançamento da coleção FOTOGRAFIA pela Rio Gráfica Editora, em fascículos, nas bancas, e a chegada da promoção revele 1 filme ganhe 1 filme da Curt.

Uma foto colorida de uma lâmpada lá em casa. Lâmpadas davam fotos diferentes, por isso comecei a tirá-las, mas o spot desfocou um pouco por estar a menos de 1 metro. A cor alaranjada é por usar filme daylight em luz de tungstênio

A coleção FOTOGRAFIA começou a me fazer crescer o olho pela câmera SLR totalmente manual do meu pai. E a Curt barateou a foto de tal modo que usei a Trip com uma frequência muito maior do que a Xereta (ajudado pela bonança financeira da família). O segredo da Curt era a automatização dos laboratórios. Até o final dos anos 70, você ia a uma papelaria ou lugar onde vendesse filme e deixava pra revelar. Um boy sem moto passava lá uma ou duas vezes por semana, pegava as encomendas e levava para um laboratório onde um sujeito revelava as fotos e as ampliava, manualmente, assim que pudesse. Normalmente dava tempo pro boy sem moto levar na próxima viagem àquele local e uma revelação, dependendo do dia em que você entregava sua película, podia levar de 3 dias a uma semana.

No entanto, na década de 70, foram desenvolvidas aquelas máquinas automáticas de revelação. A Curt obviamente não tinha uma em cada ponto de venda, já que na época eram caríssimas, mas mandava no mesmo dia pra uma e recebia no dia seguinte. Esse era o primeiro chamariz dela: revelação em um dia. E o outro era que, revelando um filme colorido, você recebia outro grátis.

Usando laboratórios automáticos, a Curt podia oferecer isso tudo sem ser particularmente mais cara que a média das outras revelações (por serem vários sujeitos revelando manualmente, os preços variavam bastante). Foi aí que o mundo começou a ficar colorido. Até então, o filme preto e branco, mais barato na compra e muito mais ainda na revelação (3). A Curt também vendia películas fabricadas sei lá por quem e com sua própria marca pra baratear a coisa. Além de liquidações de filmes vencidos. Em poucos anos o filme monocromático só seria encontrado em lojas especializadas em fotografia profissional e, ironia das ironias, sua revelação seria mais cara e mais difícil do que a colorida, por continuar sendo manual.

Tenho muito mais fotos tiradas com a Trip do que com a Xereta, mesmo só a tendo usado por pouco mais de dois anos. Eu podia tirar fotos dentro de casa, mesmo sem flash, confiando em seu fotômetro. Eu podia tirar fotos ao ar livre. Podia tirar fotos de paisagens sabendo que elas sairiam belas e impressionantes. Eu podia confiar na sua magnífica lente Zuiko de 4 elementos. E podia confiar na sua construção de metal. Tanto que a tenho até hoje e estou saindo com minha prima pra tirarmos fotos com filmes (até agora tem sido engraçado ver como ela fica nervosa pra bater a foto - não sabe como vai sair e custa dinheiro, não dá pra bater várias). Postarei os resultados assim que terminarmos as fotos e as revelarmos.



A qualidade das fotos e as leituras sobre fotografia me encorajaram a tentar enfoques artísticos. Logo aprendi a fazer duplas exposições na câmera. Embora o disparador travasse se você não avançava o filme, observei que a manivela de rebobinamento dava uma volta completa ao avançar pra próxima pose. E raciocinei que, apertando o botão que soltava a engrenagem pra você poder rebobinar a película ao final, enquanto avançasse o filme, eu estaria avançando-o em falso. Deu certo. Em pouco tempo estava fazendo quíntuplas e décuplas exposições. Nenhuma memorável, mas pelo menos eram diferentes. Também aprendi a tirar fotos enigmáticas com uma fonte forte de luz. Tentei fazer só uma silhueta com o Playmobil que acompanha esta postagem, mas não deu certo. Não achei as melhores fotos nem as duplas exposições agora, só peguei um álbum e tirei todas essas fotos de lá, mas prometo que, se achar, eu escaneio e ponho aqui.

Quadros de meu pai fotografados em 1978. A pintura moderna é minha, feita quando eu tinha 7 anos por não ter muita capacidade pra desenhar na época, mas foi praticamente toda refeita pelo meu pai, também. O toque "artístico" era a flor por baixo da moderna, significando como o progresso estava destruindo a natureza. Por favor, gente, eu tinha 13 anos!!!!

Com essas brincadeiras todas, em pouco tempo comecei a desejar uma câmera com maior controle manual. Inicialmente, pegava emprestado às vezes a SLR do meu pai. Completamente manual, sem fotômetro, com uma lente de 50 mm 2.8-22 (sem chegar perto da qualidade da Zuiko e acho que até com um funguinho de estimação) e outra de 200 mm. Uma das primeiras vezes em que a usei foi pra fotografar o papa. Ele fez seu discurso em 1980 no Aterro e eu pedalei até lá, escolhi o Outeiro da Glória como bom ponto de observação e, com um filme de 400 ASA, uma tele de 200 e com exposições de 1 segundo ou mais apoiadas na mureta do caminho até a igreja, tirei várias fotos (que postarei no capítulo sobre a Exa IIA). A sensação de liberdade - eu, sozinho, com 14 anos, indo até lá na minha Caloi Sprint 10, com um equipamento fotográfico de adulto, à noite, trabalhando quase como um fotojornalista - era maravilhosa e até hoje sua recordação traz um sentimento agradável a este maduro corpo.

Uma foto do meu quarto, com quatro aparelhos vintage numa das prateleiras: um gravador cassete mono e portátil Transicorder, um radinho de pilha e um projetor super-8 de plástico, que durou até a lente quebrar e pro qual eu só tinha 2 filmes PB - um desenho do Pernalonga e um clipe de Abott e Costello meet Frankenstein. Ambos me deixavam impressionados com a qualidade da imagem frente à tevê da época. Clique pra ampliar e repare na quarta engenhoca ali presente: a caixa da Xereta, embaixo do rádio!

Eu comecei a precisar de mais do que a Trip podia me oferecer - não em qualidade de imagem, mas em controle sobre a máquina. Ao mesmo tempo, meu pai já não tinha mais tanto interesse em fotografia. Ele tinha também o hábito de fotografar os móveis que fazia com sua firma de marcenaria e descobriu que a Olympus, com sua distância focal menor, tinha mais facilidade em enquadrá-los dentro de apartamentos. Além de bater fotos mais bonitas, é claro. Como naquela época era inimaginável ter duas câmeras, uma pra fotografias artísticas e outra pra instantâneos (pelo menos não uma pra instantâneos tão boa e cara quanto a Trip), nós as trocamos. Eu ficaria com a SLR e ele com a valente japonesa. E foi aí que comecei realmente minha jornada sem volta pelo mundo da fotografia.

Uma foto com flash do meu quarto. Repare em outro aparelho vintage, a Philco Amazonas, a primeira tevê portátil transistorizada do Brasil, com sua pujante tela de 12 polegadas. Mas em 1978 era um luxo você ter sua própria tevê no quarto.

Depois que abrimos uma loja maior e meu pai acabou largando sua marcenaria, ele encostou a Trip. A família não precisava de dois fotógrafos e eu estava muito mais entusiasmado do que ele (ele tinha sido um tremendo fotógrafo; excelente desenhista, tinha um olho brilhante pra composição, como pode ser conferido nas minhas fotos e slides de criança; certa feita montei uma historinha de aventuras em slides com uma narração dublada que funcionava perfeitamente, graças aos belos enquadramentos cinematográficos que o seu Luiz usava). Minha irmã começou a usá-la no meio dos anos 80, mas sempre achou-a "complicada", tendo dificuldades até pra carregar o filme. Ela ficou guardada e, valente e metálica como só ela, sobreviveu até minha mãe me dar alguns anos depois que me mudei. Tentei dispará-la, mas ela parecia não funcionar, então usei-a algum tempo apenas como enfeite de estante. Até que um dia apertei o disparador até o fim e - voalá (sic) - ela pareceu estar operando perfeitamente!

Então, assim que acabar com o filme de 200 ASA momentaneamente nela, prometo postar as fotos. E, em breve, meu ingresso no mundo maravilhoso das câmeras reflex manuais com a Exa II A de meu pai. E se você tem interesse em máquinas analógicas, seja por ser diferente, seja por criar imagens diferentes daquelas digitais, a Olympus é uma ótima e barata opção - você pode comprar uma em praticamente qualquer brechó ou feira de antiguidades por menos de 50 reais. Afinal de contas foram vendidas mais de DEZ MILHÕES DE UNIDADES num tempo em que esses aparelhos eram muito menos ubíquos do que hoje em dia. E uma vez adquirida, ela irá ser em troca uma companheira confiável e valente pra fotografia em 35 mm.

Veja mais do que a Trip 35 póde fazer ainda hoje em dia aqui, aqui e aqui.

(1) Curiosamente, outro dia, procurando fotos pra escanear, encontrei em meio aos meus apetrechos fotográficos um adaptador para usar um flash de verdade na Xereta. Não sei de onde ele saiu, pois tenho absoluta certeza que nunca o usei na minha. Talvez tenha emprestado pra Cláudia, a quem dei de presente de aniversário uma Instamatic, mas a que usava filme 126, não 110.

(2) Na verdade, o flash de meu pai era tão potente que o vidro em frente à lâmpada era fosco e almofadado. A luz assim era difundida e raramente apresentava aquela iluminação dura e chapada dos pequenos flashes de hoje em dia, acentuando rugas e linhas do rosto. E ainda assim tinha um alcance enorme. Mas como há sempre um "em compensação", ele devorava pilhas - 4, pequenas, duravam pouco - e demorava entre 20 segundos e mais de 1 minuto pra recarregar, fazendo um típico assobio durante o processo pra avisar ao fotógrafo - mais um dos charmes do hobby ou profissão que a garotada de hoje não tem.

(3) Até mesmo meu tio tinha um quarto escuro pra revelar fotos preto-e-branco em casa - ampliar era um pouco mais complicado, mas exequível. Laboratórios coloridos caseiros eram muito mais exigentes e caros. Pra se ter ideia, a temperatura não podia variar mais do que entre 22 e 24 graus centígrados, segundo a coleção FOTOGRAFIA da Rio Gráfica Editora.

(4) Parece que Jaclyn Smith, a atriz morena de AS PANTERAS (a série) conhecia a tradição. O que ela parece estar segurando (e batendo a foto com) é a Olympus Pen, antecessora da Trip 35. E abaixo parece ser uma Pentax SLR. Ela curtia fotografia e ficar pelada pelo jeito. Era das minhas!!!


Na hora em que eu fechava essa postagem, surgiu essa foto de supostamente Carolina Dieckmann na rede. Hoje em dia mulher batendo foto de si mesma nua no espelho não tem mais o mesmo apelo da era do filme (que o diga Scarlet Johansson), mas pelo menos não é um telefone que está batendo a foto. Um amigo disse que essa imagem não parece ser realmente da Carolina, já que não aparece a pinta no peito esquerdo, mas ele esquece que espelhos invertem lados e ela é visível, embora meio escondida, no seio direito da moça, entre o cabelo, a sombra e a alça da máquina. Pra efeitos de comparação, abaixo uma foto em que o rosto (e a pinta) dela aparece(m).




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