Anteriormente: a Xereta
Numa época em que
fotografia era um hobby caríssimo e câmeras um aparelho que exigia
certo conhecimento do metiê (sic), a Xereta era um brinquedo com o
qual você hesitava bastante pra brincar. O filme custava grana, o
flash custava grana, a revelação custava grana e a lente escura
usando película pouco sensível significava que havia pouca chance
de se conseguir uma chapa decente fora de exteriores ensolarados.
Ainda assim, a lente pobre (talvez de plástico) e o pequeno tamanho
do quadro produziam imagens pobres e granuladas. Tirando uma
lembrança de uma viagem ou algo do gênero, havia pouca utilidade no
produto da Kodak, principalmente pra crianças. O blogueiro começou
a perder interesse nela quando, numa das poucas vezes em que teve
grana pra gastar num filme (de 12 poses), na revelação só três
saíram.
Uma foto com a Xereta. Mesmo nas condições ideais, exterior ensolarado e a favor do Sol, não consigo divisar as feições de meu pai. O canhão em primeiro plano nesta fotografia clássica num ponto turístico de Cabo Frio está mais nítido por estar em melhor foco, embora o escaneamento não mostre (a imagem ameaçou rasgar e tive que escanear do álbum mesmo, sem que a página ficasse totalmente plana)
Aproveitando que seus
pais haviam aberto uma loja, aumentando a renda familiar até então
limitada à microempreiteira de marcenaria de meu pai, o blogueiro
começou a desejar um objeto de consumo então em voga entre vários
de seus amigos: a Olympus Trip 35. Ela – milagre! - nunca perdia
uma foto por falta de luz porque tinha um fotômetro incluso que
avisava quando estava escuro. Ainda por cima, tinha uma sapata para
flash de verdade (1): eu poderia usar um que não fosse descartável,
quantas vezes quisesse em interiores. É bem verdade esses eram bem
caros até o final dos anos 70 (custavam mais do que uma Xereta, por
exemplo), mas o meu pai já tinha um!
Mesmo com toda a
relativa bonança financeira de minha família, o preço da Olympus
Trip ainda era salgado pros meus pais – provavelmente equivalente
hoje a uns 350 a 500 reais. E a minha acabou vindo do Paraguay, já
que os primos Cabral e Janete iam lá fazer um contrabandinho básico
e trouxeram uma pra gente. E foi assim que obtive minha primeira
câmera 35 mm.
A tradição manda que a primeira foto que você bata com uma câmera nova seja de você em frente a um espelho (4). Eu saí fora de foco porque esqueci que o espelho dobra a distância. Mantive a tradição até minha penúltima câmera. Esqueci de fazê-lo com a minha nova Sony digital
A Olympus era a coisa
mais parecida com as point-and-shoot digitais de hoje em dia. Um anel
envidraçado em torno da objetiva incluía um fotômetro de selênio
aparentemente enorme. Grande o suficiente pra gerar sua própria
energia e dispensar bateria. Quando você punha o sistema em
automático, ele decidia a abertura (de excelentes 2.8 a 22) e a
velocidade (de aceitáveis 1/40 a 1/200). Se não houvesse luz
suficiente na cena, o disparador travava e uma lingueta vermelha
subia no visor ótico direto.
Minha Olympus Trip 35, viva até hoje. Veja o amplo fotômetro de selênio em volta da lente. Ainda tenho a tampa da lente e a bolsa originais. Veja a sapata para o flash bem em cima da lente, na parte superior da máquina, e o visor direto, à direita
Os controles eram
apenas 3, sendo que dois deles eram mudados raramente. O primeiro era
o ajuste de sensibilidade do filme, a antiga ASA e atual ISO, medida
presente até nas digitais. Num anel em cima do fotômetro, você
escolhia entre 25, 64, 100, 125, 200 e 400 ASA, mais do que
suficiente prum fotógrafo amador portando uma não-reflex. Abaixo ou
acima disso só alguns profissionais. Mesmo 200 ASA era difícil de
achar na época e os dois primeiros, só pra slide (e alguns
preto-e-branco). Apesar de ser uma regulagem obrigatória, uma vez
carregada a película, você não mexia mais nela
Os controles da Olympus
O segundo controle era
mais perto do corpo. Rodando o anel do diafragma pra "A",
você ajustava pra exposição automática, como explicado acima. Mas
havia também o sistema manual, com incrementos de 1 stop de 2.8 a
22. A velocidade fixava em 1/40, porque, a princípio, você só
faria esses ajustes pra fotos com flash. Não era uma regulagem que
causasse problemas - se você tentasse bater uma foto em ambiente
escuro sem flash, a lingueta vermelha iria aparecer e você lembraria
de ajustar a abertura. O trabalho era facilitado porque todos os
flashes de antigamente vinham com uma tabelinha indicando qual f/stop
usar dependendo da distância: 2.8 pra 5 metros, 4 pra 4,5, 5.6 pra 3
e assim por diante (embora alguns, como o do meu pai, que era maior
do que a câmera, prometessem iluminar até mais de 10 metros (2)).
O último controle era
o único que precisava ser feito em toda foto: o ajuste de foco. Sem
visor reflex, não havia telêmetro, então o fotógrafo precisava
calcular no olho se o objeto a ser focalizado estava a 1 metro, 1
metro e meio, 3 metros ou mais. Não era tão difícil assim. Pros
esquecidos, o visor ótico da bichinha tinha uma janelinha embaixo
que mostrava os controles de abertura e de foco. O usuário da Trip
rapidamente se acostumava a checá-los antes de apertar o disparador.
Os controles da câmera: 1 - ajuste de sensibilidade do filme (regulado para 200, pois é o ISO da película atualmente dentro dela, já que filme 100 ASA é difícil de encontrar); 2 - ajuste de foco (em ícones: um busto de bonequinho era pra 1 metro; 1 busto de bonequinho próximo e outro bonequinho atrás era pra 1 metro e meio; dois bonequinhos inteiros com um minibonequinho entre eles (supostamente uma criança) era pra 3 metros; montanhas era pra infinito. Em caso de dúvida, você podia ver do lado de baixo as marcações em metros e pés; 3 - ajuste de abertura, configurado para o modo automático "A"; se você clicar pra ampliar, vai poder ver claramente os primeiros números f: 2.8, 4, 5.6... 4 - a janelinha no visor que lhe permitia ter uma visão direta das regulagens de foco e abertura
O filme não era em
cartucho. Para carregá-lo você tinha que fazer os orifícios nos
lados da película encaixarem em engrenagens de transporte e fixar a
ponta livre no carretel. Felizmente tanto o carretel quanto as
engrenagens da Trip eram soberbamente desenhados e nunca perdi um
filme por ele ter se soltado (acontecimento relativamente comum
porque duros como eu sempre prendiam só a pontinha do filme e
avançavam no máximo uma foto antes de fechar a câmera pra ganhar
mais 2 ou 3 poses). Depois de carregada a câmera e ajustada a
sensibilidade, era só fazer aquele foco básico e sair fotografando
- e avançando a película girando um botão na traseira.
A primeira coisa que
fez valer a pena ter comprado a Olympus foi o aproveitamento. O
primeiro filme de 12 poses rendeu 11, o que era impensável na época
da Xereta. Mas essa consideração passou a ser secundária ao se ver
a impressionante nitidez das fotos. Mesmo a câmera SLR do meu pai
não tirava fotos tão impressionante nítidas e com um alcance
dinâmico tão agradável. Não era só o formato maior do 35 mm,
portanto. Somente anos mais tarde eu saberia, mas a Trip 35 tinha uma
lente de primeiríssima qualidade, capaz de se ombrear com qualquer
SLR de sua época.
O agradável tom de cinza com algo de sépia que somente os filmes analógicos com prata podiam proporcionar. Esta foto manteve-os na digitalização porque foi escaneada a cores (ao contrário da maioria das outras aqui postadas). É este o efeito que os Instagrams da vida e seus congêneres buscam imitar. O modelo é o Fábio, o irmão do Marquinhos PCVU falso primo.
A lente, pelo que dizem
hoje os saites de fotografia, era uma cópia da lendária Tessar de 4
elementos. Fabricada no Japão como a Zuiko 2.8, ela tinha uma
distância focal de 40 mm, a meio caminho entre uma grande angular e
uma normal. Ou seja, era um compromisso entre enquadrar um grupo de
pessoas próximas ao fotógrafo e manter a perspectiva sem distorção
o suficiente pra soberbos retratos de gente.
Uma covardia: comparar a Xereta com a Trip 35. Duas viagens pra Região dos Lagos. Acima, a casa onde ficamos em Araruama, em 1977. A favor da Xereta, diga-se que a foto foi aparentemente batida contra o sol. Mas isso não importa muito, já que ela tinha abertura e velocidade fixas e não existe coisa como "contraluz" nesse contexto. Abaixo, a casa onde ficamos em Cabo Frio em 1978, pelas lentes da Olympus Trip. A nitidez, o contraste, os tons de cinza são muito melhores e ricos do que na Instamatic da Kodak. Clicando nas fotos, você pode ampliá-las e ver o salto quântico na imagem de uma pra outra
A lente era
multicoated, o que significava que as cores eram suaves e naturais -
nada da saturação cheia de aberração das lentes simples da
Xereta. Na verdade, ao ver as primeiras fotos da Olympus eu fiquei
quase chocado. Nunca tendo comprado uma caríssima SLR de ponta na
era analógica, posso dizer que de todas as câmeras de filme que
tive, a Olympus era sem uma sombra (que ela registraria com precisão
e beleza) de dúvida sequer a que produzia as melhores imagens.
Chegando às minhas
mãos em 1978, o mesmo ano da minha puberdade, era inevitável que o
maior controle sobre as fotos e as inevitáveis veleidades artísticas
dos adolescentes se chocassem com aquelas lindas fotos pra me fazer
interessar pelo assunto. Junte-se a isso dois acontecimentos quase
simultâneos: o lançamento da coleção FOTOGRAFIA pela Rio Gráfica
Editora, em fascículos, nas bancas, e a chegada da promoção revele
1 filme ganhe 1 filme da Curt.
Uma foto colorida de uma lâmpada lá em casa. Lâmpadas davam fotos diferentes, por isso comecei a tirá-las, mas o spot desfocou um pouco por estar a menos de 1 metro. A cor alaranjada é por usar filme daylight em luz de tungstênio
A coleção FOTOGRAFIA
começou a me fazer crescer o olho pela câmera SLR totalmente manual
do meu pai. E a Curt barateou a foto de tal modo que usei a Trip com
uma frequência muito maior do que a Xereta (ajudado pela bonança
financeira da família). O segredo da Curt era a automatização dos
laboratórios. Até o final dos anos 70, você ia a uma papelaria ou
lugar onde vendesse filme e deixava pra revelar. Um boy sem moto
passava lá uma ou duas vezes por semana, pegava as encomendas e
levava para um laboratório onde um sujeito revelava as fotos e as
ampliava, manualmente, assim que pudesse. Normalmente dava tempo pro
boy sem moto levar na próxima viagem àquele local e uma revelação,
dependendo do dia em que você entregava sua película, podia levar
de 3 dias a uma semana.
No entanto, na década
de 70, foram desenvolvidas aquelas máquinas automáticas de
revelação. A Curt obviamente não tinha uma em cada ponto de venda,
já que na época eram caríssimas, mas mandava no mesmo dia pra uma
e recebia no dia seguinte. Esse era o primeiro chamariz dela:
revelação em um dia. E o outro era que, revelando um filme
colorido, você recebia outro grátis.
Usando laboratórios
automáticos, a Curt podia oferecer isso tudo sem ser particularmente
mais cara que a média das outras revelações (por serem vários
sujeitos revelando manualmente, os preços variavam bastante). Foi aí
que o mundo começou a ficar colorido. Até então, o filme preto e
branco, mais barato na compra e muito mais ainda na revelação (3).
A Curt também vendia películas fabricadas sei lá por quem e com
sua própria marca pra baratear a coisa. Além de liquidações de
filmes vencidos. Em poucos anos o filme monocromático só seria
encontrado em lojas especializadas em fotografia profissional e,
ironia das ironias, sua revelação seria mais cara e mais difícil
do que a colorida, por continuar sendo manual.
Tenho muito mais fotos
tiradas com a Trip do que com a Xereta, mesmo só a tendo usado por
pouco mais de dois anos. Eu podia tirar fotos dentro de casa, mesmo
sem flash, confiando em seu fotômetro. Eu podia tirar fotos ao ar
livre. Podia tirar fotos de paisagens sabendo que elas sairiam belas
e impressionantes. Eu podia confiar na sua magnífica lente Zuiko de
4 elementos. E podia confiar na sua construção de metal. Tanto que
a tenho até hoje e estou saindo com minha prima pra tirarmos fotos
com filmes (até agora tem sido engraçado ver como ela fica nervosa
pra bater a foto - não sabe como vai sair e custa dinheiro, não dá
pra bater várias). Postarei os resultados assim que terminarmos as
fotos e as revelarmos.
A qualidade das fotos e
as leituras sobre fotografia me encorajaram a tentar enfoques
artísticos. Logo aprendi a fazer duplas exposições na câmera.
Embora o disparador travasse se você não avançava o filme,
observei que a manivela de rebobinamento dava uma volta completa ao
avançar pra próxima pose. E raciocinei que, apertando o botão que
soltava a engrenagem pra você poder rebobinar a película ao final,
enquanto avançasse o filme, eu estaria avançando-o em falso. Deu
certo. Em pouco tempo estava fazendo quíntuplas e décuplas
exposições. Nenhuma memorável, mas pelo menos eram diferentes.
Também aprendi a tirar fotos enigmáticas com uma fonte forte de
luz. Tentei fazer só uma silhueta com o Playmobil que acompanha esta
postagem, mas não deu certo. Não achei as melhores fotos nem as
duplas exposições agora, só peguei um álbum e tirei todas essas
fotos de lá, mas prometo que, se achar, eu escaneio e ponho aqui.
Quadros de meu pai fotografados em 1978. A pintura moderna é minha, feita quando eu tinha 7 anos por não ter muita capacidade pra desenhar na época, mas foi praticamente toda refeita pelo meu pai, também. O toque "artístico" era a flor por baixo da moderna, significando como o progresso estava destruindo a natureza. Por favor, gente, eu tinha 13 anos!!!!
Com essas brincadeiras
todas, em pouco tempo comecei a desejar uma câmera com maior
controle manual. Inicialmente, pegava emprestado às vezes a SLR do
meu pai. Completamente manual, sem fotômetro, com uma lente de 50 mm
2.8-22 (sem chegar perto da qualidade da Zuiko e acho que até com um
funguinho de estimação) e outra de 200 mm. Uma das primeiras vezes
em que a usei foi pra fotografar o papa. Ele fez seu discurso em 1980
no Aterro e eu pedalei até lá, escolhi o Outeiro da Glória como
bom ponto de observação e, com um filme de 400 ASA, uma tele de 200
e com exposições de 1 segundo ou mais apoiadas na mureta do caminho
até a igreja, tirei várias fotos (que postarei no capítulo sobre a
Exa IIA). A sensação de liberdade - eu, sozinho, com 14 anos, indo
até lá na minha Caloi Sprint 10, com um equipamento fotográfico de
adulto, à noite, trabalhando quase como um fotojornalista - era
maravilhosa e até hoje sua recordação traz um sentimento agradável
a este maduro corpo.
Uma foto do meu quarto, com quatro aparelhos vintage numa das prateleiras: um gravador cassete mono e portátil Transicorder, um radinho de pilha e um projetor super-8 de plástico, que durou até a lente quebrar e pro qual eu só tinha 2 filmes PB - um desenho do Pernalonga e um clipe de Abott e Costello meet Frankenstein. Ambos me deixavam impressionados com a qualidade da imagem frente à tevê da época. Clique pra ampliar e repare na quarta engenhoca ali presente: a caixa da Xereta, embaixo do rádio!
Eu comecei a precisar
de mais do que a Trip podia me oferecer - não em qualidade de
imagem, mas em controle sobre a máquina. Ao mesmo tempo, meu pai já
não tinha mais tanto interesse em fotografia. Ele tinha também o
hábito de fotografar os móveis que fazia com sua firma de
marcenaria e descobriu que a Olympus, com sua distância focal menor,
tinha mais facilidade em enquadrá-los dentro de apartamentos. Além
de bater fotos mais bonitas, é claro. Como naquela época era
inimaginável ter duas câmeras, uma pra fotografias artísticas e
outra pra instantâneos (pelo menos não uma pra instantâneos tão
boa e cara quanto a Trip), nós as trocamos. Eu ficaria com a SLR e
ele com a valente japonesa. E foi aí que comecei realmente minha
jornada sem volta pelo mundo da fotografia.
Uma foto com flash do meu quarto. Repare em outro aparelho vintage, a Philco Amazonas, a primeira tevê portátil transistorizada do Brasil, com sua pujante tela de 12 polegadas. Mas em 1978 era um luxo você ter sua própria tevê no quarto.
Depois que abrimos uma
loja maior e meu pai acabou largando sua marcenaria, ele encostou a
Trip. A família não precisava de dois fotógrafos e eu estava muito
mais entusiasmado do que ele (ele tinha sido um tremendo fotógrafo;
excelente desenhista, tinha um olho brilhante pra composição, como
pode ser conferido nas minhas fotos e slides de criança; certa feita
montei uma historinha de aventuras em slides com uma narração
dublada que funcionava perfeitamente, graças aos belos
enquadramentos cinematográficos que o seu Luiz usava). Minha irmã
começou a usá-la no meio dos anos 80, mas sempre achou-a
"complicada", tendo dificuldades até pra carregar o filme.
Ela ficou guardada e, valente e metálica como só ela, sobreviveu
até minha mãe me dar alguns anos depois que me mudei. Tentei
dispará-la, mas ela parecia não funcionar, então usei-a algum
tempo apenas como enfeite de estante. Até que um dia apertei o
disparador até o fim e - voalá (sic) - ela pareceu estar operando
perfeitamente!
Então, assim que
acabar com o filme de 200 ASA momentaneamente nela, prometo postar as
fotos. E, em breve, meu ingresso no mundo maravilhoso das câmeras
reflex manuais com a Exa II A de meu pai. E se você tem interesse em
máquinas analógicas, seja por ser diferente, seja por criar imagens
diferentes daquelas digitais, a Olympus é uma ótima e barata opção
- você pode comprar uma em praticamente qualquer brechó ou feira de
antiguidades por menos de 50 reais. Afinal de contas foram vendidas
mais de DEZ MILHÕES DE UNIDADES num tempo em que esses aparelhos
eram muito menos ubíquos do que hoje em dia. E uma vez adquirida,
ela irá ser em troca uma companheira confiável e valente pra
fotografia em 35 mm.
(1) Curiosamente, outro
dia, procurando fotos pra escanear, encontrei em meio aos meus
apetrechos fotográficos um adaptador para usar um flash de verdade
na Xereta. Não sei de onde ele saiu, pois tenho absoluta certeza que
nunca o usei na minha. Talvez tenha emprestado pra Cláudia, a quem
dei de presente de aniversário uma Instamatic, mas a que usava filme
126, não 110.
(2) Na verdade, o flash
de meu pai era tão potente que o vidro em frente à lâmpada era
fosco e almofadado. A luz assim era difundida e raramente apresentava
aquela iluminação dura e chapada dos pequenos flashes de hoje em
dia, acentuando rugas e linhas do rosto. E ainda assim tinha um
alcance enorme. Mas como há sempre um "em compensação",
ele devorava pilhas - 4, pequenas, duravam pouco - e demorava entre
20 segundos e mais de 1 minuto pra recarregar, fazendo um típico
assobio durante o processo pra avisar ao fotógrafo - mais um dos
charmes do hobby ou profissão que a garotada de hoje não tem.
(3) Até mesmo meu tio
tinha um quarto escuro pra revelar fotos preto-e-branco em casa -
ampliar era um pouco mais complicado, mas exequível. Laboratórios
coloridos caseiros eram muito mais exigentes e caros. Pra se ter
ideia, a temperatura não podia variar mais do que entre 22 e 24
graus centígrados, segundo a coleção FOTOGRAFIA da Rio Gráfica
Editora.
(4) Parece que Jaclyn Smith, a atriz morena de AS PANTERAS (a série) conhecia a tradição. O que ela parece estar segurando (e batendo a foto com) é a Olympus Pen, antecessora da Trip 35. E abaixo parece ser uma Pentax SLR. Ela curtia fotografia e ficar pelada pelo jeito. Era das minhas!!!
Na hora em que eu fechava essa postagem, surgiu essa foto de supostamente Carolina Dieckmann na rede. Hoje em dia mulher batendo foto de si mesma nua no espelho não tem mais o mesmo apelo da era do filme (que o diga Scarlet Johansson), mas pelo menos não é um telefone que está batendo a foto. Um amigo disse que essa imagem não parece ser realmente da Carolina, já que não aparece a pinta no peito esquerdo, mas ele esquece que espelhos invertem lados e ela é visível, embora meio escondida, no seio direito da moça, entre o cabelo, a sombra e a alça da máquina. Pra efeitos de comparação, abaixo uma foto em que o rosto (e a pinta) dela aparece(m).
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