fevereiro 26, 2009
Imortalidade (Segunda Versão)
Do que dentro
E ainda assim dizemos
que Deus está no meio de nós
Só nos sonhos lembramos
que das árvores às pedras na rua
Tudo tem uma razão de ser
e existir
Nós estamos no meio de Deus
Tocadores da Lua
Bloco de candombe, ritmo afro-uruguaio, que desfila na minha rua na quarta-feira de cinzas. Vou complementar essa postagem em breve, espero que com a ajuda de minha amiga uruguaia Cláudia Pombo.
fevereiro 24, 2009
A Máquina de Onde Posto Estes Artigos
Tudo bem, confesso que me dei bem na vida, por isso posso ter um desses cérebros eletrônicos aí de cima, apesar do cientista explicar que seu alto preço o manterá longe da família média. Felizmente ele tem um terminal tipo telex e tem uma interface de texto programável em FORTRAN, fazendo-o fácil de usar, como diz o sujeito da foto.
Clique na imagem para ampliar e ler como era previsto que em 2004 muitos lares teriam um computador desses aí em cima pra ajudar na vida doméstica...
fevereiro 22, 2009
Thou Must Be Where Thee Art
Eu retruquei que é tudo uma questão de perspectiva. Se eu fosse ao Maracanã com esse espírito poderia comentar, "nossa, como tem homem sozinho no Rio". O Sushi Leblon não é exatamente o lugar onde você espera encontrar um bando de machos tomando uma cervejinha. Eu, por exemplo, adoro sushi, mas só vou acompanhado ou peço pra entregar em casa; nunca me passou pela cabeça chamar um amigo pra tomar um saquê e ficar falando de cinema, quadrinhos, futebol e mulher.
Fica parecendo aquela visão daqueles seriados da Sony sobre mulher moderna, "nossa, amiga, nós vamos a tudo que é festa de música eletrônica, restaurantes franceses caros e finos, quicheterias, peças, óperas, coletivas de artes plásticas, e não encontramos um solteiro". Ora, é claro, ESTÃO PROCURANDO NO LUGAR ERRADO! Traduzindo, seria o mesmo que chamar os amigos pra ir ao Fla x Flu pra paquerar. Na verdade, deveria ser o contrário. Lááááááá nos primórdios da Internet, quando bater papo era só pelo IRC, conexão precisava do Trumpet e você era bom saber os códigos de programação de seu modem 14.400 kbps, eu frequentava um canal sobre balípodo, o #futbrasil, até que começou a aparecer mulher lá que não entendia a diferença entre líbero e centroavante, mas que tinham chegado à conclusão que era onde iam encontrar mais homem - e sem conocrrência!
Um amigo meu, inclusive, certa vez, cansado de ouvir a irmã reclamar que não tinha homem na cidade, disse exatamente os mesmos argumentos acima pra ela: "Elaine, você tem que ir onde os homens estão. Hoje eu vou no pé-sujo da esquina tomar uma cerveja. Aparece lá pra ver o que acontece". E, concluindo a história, ele me contou, "Uruba, sem brincadeira, sabe aquela cena clássica de cinema? Teve uma hora em que ela puxou um cigarro, apareceram quatro - não estou exagerando - QUATRO ISQUEIROS pra acender pra ela".
fevereiro 19, 2009
O Leitor
Esperando o ponto do ônibus chegar
Esperando o meu pai sair da operação
Esperando o sono bater
Ler é esperar
E não tenho lido muito ultimamente
Tenho desprezado o conhecimento
E tampouco tenho buscado
iluminar mais a minha alma
Minha alma já está de todo iluminada
Ler é esperar
E a vida toda esperei só você
fevereiro 18, 2009
Rant
fevereiro 15, 2009
fevereiro 13, 2009
Como Ir a um Show Sem Sair de Casa
1. Arrume uma tevê de 14 polegadas ou menos e a pendure alto e longe. Ponha uma outra tevê maior ao lado, num canto. Pronto, você já tem o palco e o telão.
2. Arrume quatro sujeitos mais altos do que você, sem camisa e suados pra ficarem em volta de você o tempo inteiro.
3. Ponha água no chope.
4. Tranque os toaletes. Assim, sempre que você precisar ir ao banheiro, vai ter que descer até a rua, andar até o boteco mais próximo e se aliviar por lá, pra depois voltar correndo.
5. Convide uma menina que você esteja a fim pra vir ver contigo. Explique tudo em detalhes, assim você vai poder ser rejeitado.
6. Se você não mora sozinho, quando passar algum outro habitante do imóvel, cumprimente-o efusiva e emocionadamente, mesmo que se vejam todo dia.
7. Não se esqueça de ficar atrás dos sujeitos altos segurando seu celular pra filmar o show que você não está vendo e depois postar correndo no YouTube pra mostrar como a apresentação teria sido divertida se você não estivesse preocupado em registrá-la o tempo todo e com a possibilidade de roubo de seu caro gadget.
E pronto. É verdade que ainda falta a lama, as desconhecidas desinteressadas em você e, principalmente, as pessoas que durante o show ficam tentando chegar mais perto, mas sempre desistem exatamente em frente de você. Eu sei, eu sei, não adianta nada. Ao vivo ainda é muito melhor.
A Dura Vida de Músico
fevereiro 10, 2009
Por Que Economistas Fodões Americanos Não Têm Dinheiro Pra Comprar Perucas Decentes?
O Mundo nos Anos 70 Era Muito Doidão
Clique na imagem para ampliá-la. E pensar que hoje em dia a Marvel em sua linha adulta só libera uns peitinhos lá no interior do gibi...
Verônica
Filme de Maurício Farias. Crítica publicada originalmente em 8 de outubro, durante o Fest-Rio de 2008, na Revista Zé Pereira.
Os Farias fizeram o maior clássico policial do cinema brasileiro, “O assalto ao trem pagador”, e um dos melhores veículos infanto-juvenis para cantor na crista da onda (e não só no Brasil), o divertidíssimo “Roberto Carlos e o diamante cor-de-rosa” (tão à frente do seu tempo que tinha em sua trama um samurai com poderes místicos e um final enigmático sugerindo forças cósmicas em conflito). Mais polêmico foi o “Pra frente, Brasil”, de 1982, na época da abertura política, sobre a tortura na ditadura. Muita gente achou que soava ridículo a então estrela global Elizabeth Savalla dizendo (mal) “nunca vou abandonar a luta armada” e que fazer um thriller sobre esse assunto era de gosto duvidoso. Outra turma argumentava que o formato tinha mais apelo de público e, mesmo não sendo uma análise profunda ou particularmente corajosa, levava a discussão sobre os anos de chumbo a mais gente do que quietas fitas menos comerciais, como “Nunca fomos tão felizes”.
Essa discussão, de certa forma, pode se aplicar ao “Verônica”, de Maurício Farias, que também co-escreveu o roteiro que empilha clichê sobre clichê (começa, acreditem, com o microfilme – atualizado para um pen-drive - que cai por acaso nas mãos da protagonista!) com competência, profissionalismo e excelente ritmo, criando uma trama policial divertida e eficiente. Infelizmente, os diálogos também abusam do lugar-comum de forma bem menos agradável. O que é uma pena, porque as falas da cena de abertura são ótimas e preparam o espectador para linhas bem melhores do que as entregues pelo resto do longa.
A direção também não aproveita ao máximo as muitas boas cenas de suspense no roteiro, preferindo partir para uma edição picada e uma resolução rápida, ao invés de esticar o tempo cinematográfico. Andréa Beltrão está excelente como a professora e vai bem do mau-humor e irritação aos momentos mais candentes, sem deixar a peteca cair. Mas o garoto Matheus Sá, que em boa parte da fita contracena com ela, frequentemente deixa a desejar, prejudicando a química central do filme. Marco Ricca cria seu personagem sem muitas nuances, e nem o longa exige tanto dele, mas muitos dos atores que aparecem em pequenos papéis ou têm apenas duas ou três falas não aparecem bem.
Em suma, apesar de seus problemas e de uma resolução algo insatisfatória, “Verônica” é um thriller bastante divertido, podendo se perceber o prazer dos escritores em alinhavar com eficiência e precisão os clichês que eles tanto admiram em filmes policiais, bem como o de Andréa Beltrão ao interpretar sua professora de meia-idade, frustrada e, embora ainda bastante atraente, com clara noção de que seus dias de juventude estão no fim. A produção evita locações óbvias e passa o tempo inteiro filmando em condomínios de classe média baixa, enormes prédios de conjugados, favelas menos cenográficas do que o de costume e biroscas pé-sujo em lugares como a praça da Harmonia, a Gamboa e a Praça Onze. O problema é que a fita se põe de pé apoiando-se em tráfico de drogas e policiais corruptos, que funcionam muito mais como McGuffins – os traficantes virtualmente aparecem apenas na abertura e em uma cena de perseguição – do que como sinceras e cortantes denúncias sociais.
Para o valente editor deste saite, Zé José, por exemplo, é um absurdo que, além de condenarmos esse povo miserável todo a viver nesses guetos dominados pelo movimento, ainda os usemos como cenário e figurantes para fantasias cinematográficas. Mas será que devemos ser tão duros assim com “Verônica”? O enfoque do longa é na classe média mais para baixa que habita as quitinetes daqueles monstros de alvenaria que invadiram o Rio entre os anos 50 e 70, principalmente. Em quase todos os enquadramentos externos, sempre se vê ao fundo comunidades, velhos sobrados decadentes, cortiços, praças concretadas sem verde. Para boa parte da população da cidade, é essa a visão de seu mundo, com a miséria e a violência do tráfico de drogas sendo algo periférico, que ameaça envolvê-la, mas com o qual ela convive periclitantemente. Não deixa, portanto, de ser um comentário subliminar à visão de vida de Verônica e suas amigas professoras, com todos aqueles tiroteios e chefões do crime sendo algo meio distante, cuja existência o diretor Maurício Farias (assim como o noticiário, na vida real) insiste em lembrar sempre, apesar dos esforços para ignorá-la.
Em suma, “Verônica” é um filme feito por quem tem noção de como funciona uma história de gênero e que consegue com verossimilhança desenrolar um thriller no Rio de Janeiro. A direção, os diálogos e algumas atuações não estão à altura do divertido roteiro, mas é delicado usar problemas sociais sérios como os do Rio como alavanca de filme de suspense. A fita consegue se sair bem dessa, mas é sempre bom lembrar, por exemplo, que Hitchcock costumava lançar mão de tramas mirabolantes e claramente irreais para pôr de pé seus comentários sobre sexo, voyeurismo, poder, dinheiro e materialismo. Quando resolveu partir para assuntos menos abstratos, em “O homem errado”, abdicou de suas voltas de força cinematográficas e se concentrou em fazer um longa mais comportadinho, por mais compatível com a gravidade do tema.
fevereiro 08, 2009
O Passado É uma Velha Foto Colorida
A gente associa tanto cor a modernidade que as fotos acima, tiradas na primeira década do século XX, parecem pelo menos de 1930. Sergey Prokudin-Gorsky criou um sistema para obter imagens coloridas com resultados espetaculares e foi comissionado pelo czar para documentar o império russo entre 1905 e 1915. Repare que, nesta última cena, em que o próprio está posando, o rio parece ser de gelo seco, o que entrega que a exposição era longa - a água se moveu bastante enquanto a foto era tirada e "borrou" o riacho. Clique aqui para ler mais sobre ele na wikipedia ou mesmo ver as imagens acima em sua resolução original, com mais de 9 megapixels e uma nitidez de dar inveja às câmeras analógicas que eu usei.
As fotos são, respectivamente - emir de Bukhara, uma prisão, prisioneiros austríacos da I Guerra e o próprio Gorski. Clicando nelas, você as vê maior, mas para vê-las em todos os seus gloriosos 9 megapixels coloridos e nítidos, vá até o verbete indicado no linque acima.
Já essas três acima são fotos NÃO COLORIDAS À MÃO da I Guerra Mundial, o conflito ao qual nos acostumamos a imaginar que foi lutado por sujeitos monocromáticos e tão sujos que pareciam granulados. A granulação, tudo bem, permanece - o sistema Autochrome usado para capturar essas cenas não é tão bom quanto o de Gorsky, mas parece mais prático, mas descubra coisas inesperadas como a cor azul-clara estilo século XIX dos uniformes franceses. Um pouco mais brilhante e talvez um alvo com os dizeres "atire em mim" teria o mesmo efeito.
Essas fotos foram pescadas num blogue para quem curte filmes fotográficos e câmeras analógicas: Photo Utopia
fevereiro 07, 2009
Agora, em verso
Do que dentro
E ainda assim acreditamos
que Deus está no meio de nós
Só nos sonhos percebemos
Que das pessoas às árvores
A cada pedra na rua
Tudo tem uma razão de ser
Nós estamos no meio de Deus
fevereiro 05, 2009
Imortalidade via download
Mas de que isso iria adiantar? Não seria você a estar no corpo mais jovem. Seria apenas uma consciência idêntica à sua. Você continuaria em sua própria carne observando de fora você mesmo partir para curtir novamente a juventude antes de envelhecer, fazer uma transferência de mente e morrer também.
Porque é o limite o pior. A idéia de que estamos presos neste segmento de tempo e neste corpo, de que nunca poderemos realmente conectar com outro ser humano ou animal. É por isso que todas as grandes religiões são preocupadas com a negação da individualidade. É ela que nos limita ao nosso corpo. É ela que é a morte. É ela que é a ilusão de vida que nos traz a angústia do fim.
A individualidade é a morte.
fevereiro 04, 2009
Nerdcore
É um rapper nerd.
Canta sobre garotas góticas, videogames, blogues e softwares, vestido de camisa de botão com manga curta e gravata, um óculos com lanterna acoplada e dança todo descoordenado. Sua letra de "I hate your blog" sensacional.
I Hate Your Blog
I Hate Your Blog
I hate your blog.
It’s incredibly
terrible and bad.
I hate your blog. You own a dog, and you feed it.
You post about it. I get to read it.
Plus: five paragraphs on the socks you bought
and your thoughts on whether Nicole Ritchie’s hot or not.
You got no reason to be typing, yet you persist.
Hit each key with your fist till you punch out your top ten list
of all the things that ever happened in your life.
Number one: met Michael Jackson’s second wife.
Number two: got Curly on the Which Stooge Are You
Poll, as the GIF proves. Click for the link-through!
Three: saw puppy pictures on a web page,
kittens in a nest egg. The idea gestated:
Why not open up your own?
So you bought the account and yet I hope you don’t
put the payments in on it every month like they want,
‘cause then you’ll disappear off the internet, haunt
just the Wayback Machine like a ghost.
And I won’t be like, “How come you don’t post??”
I promise I won’t.
I hate your blog. Your recipe for vegan eggnog is stupid.
I hissed and I booed it,
and then eschewed it, never made it once. Yes,
your blog roll is a confederacy of dunces.
It abuts less interesting links in your posts.
Hamsters that dance! I’m not engrossed.
I’m not opposed to your collection of All Your Base pics,
but they’re longer in the denture than a ninja flipping out doing face kicks.
I’ll phrase this nice:
if it’s hard to get to bed, your web site will suffice
to entice me to slumber. I mumble impoliticly,
“I tried not to click ‘read more’ but you tricked me!”
Want to stick the whole computer in the trash can
instead of reading about the constipation lately and your ass plans
that you seem to contemplate.
You thought I would rate your page ‘awesome’ and ‘great’?
[Whoremoans]
You’re just jealous. Yeah, that’s it — envious, even.
Turning green when my hit counter broke ten thousand this evening.
Mad you cant match my keypad content
or petitions for legalizing of micropayment thieving.
X-rays of teething eight-month heathens and pictures of kittens heaving,
the calories in everything I’m eating,
yaoi art my girl drew of Goku making out with Joss Whedon,
my 300-pound friend’s exposure (that’s indecent).
But that’s only negatives.
I’ve got discussions on the homeliest alien relative.
The final battle, Sam Cassell versus Carnage
and a triple-threat match: Charles v. Marilyn v. Shirley Manson from Garbage.
I pay homage to great Americans like Bill O’Reilly and Ann Coulter;
Westwood Radio for help when insulting countercultures.
My blog stands above all others by head and shoulders.
I hate your blog. You ain’t logged in in a month and a half,
and I, for one, am aghast.
I mean I’m fast on the way to removing it from bookmarks.
If I took part in vanity I might be trying to look smart
by not checking eight times a day.
Your blog is so despair-inducing I can’t bear to look away.
Oh, well! Got to do what your muse compels.
Guess I’ll try to go despise a blog by someone else.