Published with Blogger-droid v1.6.5
novembro 30, 2010
novembro 29, 2010
novembro 28, 2010
Eu e Suzy no Show do Paul
Filmado com o celular. Estávamos pertinho, na pista VIP. Sorry, periferia...
novembro 27, 2010
Sim, Eu Fui ao Show do Paul
A camisa definitiva dos Beatles
Eu e Suzy e a foto óbvia
Ladies and Gentlemen, Paul McCartney!
Na saída encontramos o Paulinho. Não quis levar minha câmera grande porque os seguranças poderiam implicar que ela era profissional e levei só o celular - tive que me virar com seus 8 megapixels sem zoom, mas deu pra trazer lembranças. E ainda tenho que pegar as fotos e os vídeos da Suzy (o celuba agora grava em alta definição!)
Etiquetas:
amigos,
celular com câmera,
fotos,
SP
Liberdade, Liberdade
Minha Blusa Nova
Guta, Adriana e Suzy acharam fashion, mas quando a ex-europeia viu, falou que nunca tinha visto homem usando camisas assim. Mas depois emendou, "ah, como você tá meio gordinho e com esse teu jeitão todo mundo vê logo que você não é gay". Sei não, mas isso não me soou muito como elogio...
Etiquetas:
amigos,
celular com câmera,
fotos,
SP
Recuerdos de Sampa
Enquanto Isso, Naquela Estranha Cidade ao Sul...
novembro 25, 2010
Plástico de Carro
O mundo é uma bola porque se fosse duas seria um saco (Patricia Evans, minha irmã).
Published with Blogger-droid v1.6.5
novembro 20, 2010
novembro 16, 2010
Roberto e Erasmo, os Alienados Caretões
Roberto e Erasmo fazem a apologia da maconha em 1971 e só a censura e a patrulha ideológica não veem - Eu quero maria joana, só ela me traz beleza neste mundo de incerteza, o amor vem como nuvem de fumaça, eu estou bem mais alto do que ela... nada sutil...
Só ela me traz beleza
Neste mundo de incerteza
Eu quero fugir mas não posso
Esse mundo inteirinho é só nosso
Eu quero Maria Joana
Eu quero Maria Joana
Eu vejo a imagem da lua
Refletida na poça da rua
E penso da minha janela
Eu estou bem mais alto que ela
Eu quero Maria Joana
Eu quero Maria Joana
Eu sei que
Na vida tudo passa
O amor
Vem como nuvem de fumaça
Eu quero Maria Joana
Eu quero Maria Joana
Só ela me traz beleza
Neste mundo de incerteza
Eu quero fugir mas não posso
Esse mundo inteirinho é só nosso
Eu quero Maria Joana
Eu quero Maria Joana
Eu vejo a imagem da lua
Refletida na poça da rua
E penso da minha janela
Eu estou bem mais alto que ela
Eu quero Maria Joana
Eu quero Maria Joana
Eu sei que
Na vida tudo passa
O amor
Vem como nuvem de fumaça
Eu quero Maria Joana
Eu quero Maria Joana
A Culpa é do Lula
Deixando claro o subtexto de um monte de reportagens por aí, o Jornal do Almoço da RBS (afiliada da Tv Globo) de Santa Catarina diz que a culpa dos acidentes na estrada é do governo Lula que deu condições a miseráveis sem instrução de comprar um carro.
novembro 15, 2010
Odisseia
Ouvindo meu iPod
Passo incólume pelo canto das sereias
Meu capitão amarrado ao mastro
com algemas, correias
e fio dental de couro
Implora,
"Voltai e deixai-me provar
as delícias prometidas"
Enquanto um solitário rochedo
deixa cair uma lágrima
pelos seus amados navios
Que nunca mais atirar-se-ão
a todo pano, mastros em riste
rumo ao seu abraço mortal
Passo incólume pelo canto das sereias
Meu capitão amarrado ao mastro
com algemas, correias
e fio dental de couro
Implora,
"Voltai e deixai-me provar
as delícias prometidas"
Enquanto um solitário rochedo
deixa cair uma lágrima
pelos seus amados navios
Que nunca mais atirar-se-ão
a todo pano, mastros em riste
rumo ao seu abraço mortal
Etiquetas:
osmais belos poemas,
poemas,
poesia arte,
poesia arte poemas
novembro 12, 2010
Conheça o Mais Novo Mercado Emergente - O Inferno
Esta seria a cena de abertura de uma peça minha chamada PANDEMÔNIO, com a frase de chamada "Conheça o mais novo mercado emergente - o Inferno". A ideia seria a de que teria sido aberto um canal de comunicação com o inferno, os habitantes de lá se alimentariam de energia e estavam interessados em comprar da gente isso e bens de consumo. Só que imigrantes ilegais começariam a fornecer serviços proibidos e a polícia eclesiástica é que teria que manter os elementos na linha. Daí descobri que isso seria impraticável num palco e comecei a pensar num romance ou algo parecido, envolvendo uma trama política em que haveria uma eleição e um dos candidatos teria como ponto programático um tratado de livre comércio com o Hades, embora isso fosse bastante polêmico, pois grande parte das pessoas teria ainda a crença de que os demônios eram intrinsecamente maus e não apenas criaturas que se alimentavam de energia - normalmente bioenergia - e sabiam manipulá-la bem. Daí ficou muito complicado e mercados emergentes saíram de moda. Mas de qualquer maneira, deem uma olhada aí no comecinho do projeto, é interessante.
uma mulher e um demônio quase humano conversam no escritório dele. paulo chega durante a conversa e fica em pé, num canto, olhando, após cumprimentar com um aceno de cabeça ao ente sobrenatural.
mulher
Como assim, você não pode dar um jeito?
ashalzas
Pactos de sangue não podem ser modificados assim. É preciso energia...
mulher
Mais do que eu já te dei? Você tem idéia do trabalho que custou?
ashalzas
Sim, eu sei, mas eu também tive muito trabalho. E sem o nível de energia adequado, não podemos modificar o que foi pactuado...
mulher
O que foi pactuado é que você ia me dar muita beleza! Não essas gorduras localizadas! Esses peitos enormes, ainda ficou um maior do que o outro! Será que no Inferno vocês não tenham idéia do que seja uma mulher bonita?
ashalzas
Sim, temos, faz parte do currículo demoníaco estudar as obras de Rubens e Rafael...
mulher
Que Rubens e Rafael o quê! Nunca ouvi falar! Vocês têm que saber é de Casablancas, Lagerfeld, isso é que importa! Rubens e Rafael! Isso lá é nome de estilista! Eu quero minha alma de volta! Droga, eu devia é ter feito uma cirurgia plástica, mas minhas amigas falaram tanto que aqui eu ia poder guardar o dinheiro...
ashalzas
Magia não é uma ciência exata, senhorita. E, na verdade, a senhorita só me forneceu 50% de uma alma e ainda assim não era sua...
mulher
Claro que é minha! O Clôdinho fala o tempo todo que me ama tanto, que é coisa de espírito, claro que é minha! Não me vem de papo não! Você vai ter que acertar isso! Onde eu vou arrumar um desfile com essas ancas moles que você me arrumou?
ashalzas
Estes pactos de sangue não deveriam ser feitos por motivos tão frívolos...
mulher
Que que você queria que eu fizesse? Eu já tinha um monte de homem atrás de mim, eu não precisava de mais nada, agora é que eu preciso, até o Clodinho já me perguntou porque que eu parei a ginástica! Isso não pode ficar assim! Eu quero o meu corpo de volta, do jeito que era, junto com a alma do Clodinho, ou então eu quero que você faça tudo certinho!
ashalzas
Senhorita, o pacto não especifica...
mulher
O pacto não especifica nada, mas eu já falei com o meu advogado! Uma vez que foi com o meu sangue que assinei, o padrão de beleza que deve ser usado deve ser o meu! E como a alma não era de quem assinou também, o pacto pode ser cancelado...
ashalzas
A senhorita tem advogado? Peça para ele falar com o meu...
mulher
Você tem advogado?
ashalzas
Todos os demônios têm um. Eles não vêem problema em trabalhar conosco, não têm alma a perder mesmo...
mulher
O meu é muito bom... e você sabe como são os juízes aqui... eles odeiam demônios... acho bom você pensar bem no meu caso...
ashalzas
(SUSPIRANDO) Eu não posso fazer nada sem consultar o meu advogado. Vou ver o que pode ser feito. Mas os níveis de energia andam muito baixos... talvez com uns 10% de alma a mais...
mulher
Nem um pouco. Eu vou precisar de tudo que sobrou da alma do Clodinho daqui a uns dez anos...
ashalzas
Está bem, está bem. Eu vou consultar o meu advogado. Ligar-lhe-ei amanhã, pode ser?
mulher
É bom que ligue. Ou um oficial de justiça irá trazer um bilhetinho meu depois. Boa tarde. (SAI)
paulo olha para ashalzas, sorrindo e senta-se.
paulo
Pactos de beleza, Ash? Você sabe que isso é proibido. A associação dos cirurgiões plásticos pode pedir a tua extradição...
ashalzas
Antigamente era o modo mais fácil de se conseguir uma alma... hoje em dia fica difícil, o que pode um demônio saber o que as mulheres querem? Damos-lhe o corpo das mais belas musas renascentistas e elas reclamam...
paulo
O problema de demônios não terem sexo é essa incompreensão da cabeça das mulheres...
ashalzas
Fossem os homens capazes de entendê-las e o Inferno seria bem mais vazio... veja só, essa queixosa roubou a alma do namorado e ainda vem reclamar...
paulo
Roubou? Como, roubou? Tirou da carteira dele enquanto ele estava dormindo?
ashalzas
Não, deitando com ele. Ensinei-lhe alguns rituais tântricos. Ela não queria arriscar a alma dela - e nem eu acho que valha grande coisa. Uns movimentos, umas invocações, uns rituais e - voilá! - lá se vai um pedaço da sua alma com a sua ejaculação.
paulo
Mais um motivo pra se usar camisinha...
ashalzas
Não ia adiantar nada, somente se um homem santo a consagrasse. E não creio que um homem santo faria isso.
paulo
A maioria das pessoas também não acreditava em demônios e anjos...
ashalzas
É que nós não existíamos... sabe, você deveria tentar algum dia... dizem que um orgasmo com dreno de alma é inesquecível...
paulo
Eu não faço questão. Se eu pudesse me lembrar com detalhes dos meus orgasmos sempre que quisesse, eu não iria querer mais fazer sexo...
ashalzas
Faz sentido... De qualquer maneira, deve ser uma experiência interessante. É uma pena que eu não tenha alma.
paulo
Vocês não têm sexo nem alma. Nunca se perguntaram se havia uma ligação?
uma mulher e um demônio quase humano conversam no escritório dele. paulo chega durante a conversa e fica em pé, num canto, olhando, após cumprimentar com um aceno de cabeça ao ente sobrenatural.
mulher
Como assim, você não pode dar um jeito?
ashalzas
Pactos de sangue não podem ser modificados assim. É preciso energia...
mulher
Mais do que eu já te dei? Você tem idéia do trabalho que custou?
ashalzas
Sim, eu sei, mas eu também tive muito trabalho. E sem o nível de energia adequado, não podemos modificar o que foi pactuado...
mulher
O que foi pactuado é que você ia me dar muita beleza! Não essas gorduras localizadas! Esses peitos enormes, ainda ficou um maior do que o outro! Será que no Inferno vocês não tenham idéia do que seja uma mulher bonita?
ashalzas
Sim, temos, faz parte do currículo demoníaco estudar as obras de Rubens e Rafael...
mulher
Que Rubens e Rafael o quê! Nunca ouvi falar! Vocês têm que saber é de Casablancas, Lagerfeld, isso é que importa! Rubens e Rafael! Isso lá é nome de estilista! Eu quero minha alma de volta! Droga, eu devia é ter feito uma cirurgia plástica, mas minhas amigas falaram tanto que aqui eu ia poder guardar o dinheiro...
ashalzas
Magia não é uma ciência exata, senhorita. E, na verdade, a senhorita só me forneceu 50% de uma alma e ainda assim não era sua...
mulher
Claro que é minha! O Clôdinho fala o tempo todo que me ama tanto, que é coisa de espírito, claro que é minha! Não me vem de papo não! Você vai ter que acertar isso! Onde eu vou arrumar um desfile com essas ancas moles que você me arrumou?
ashalzas
Estes pactos de sangue não deveriam ser feitos por motivos tão frívolos...
mulher
Que que você queria que eu fizesse? Eu já tinha um monte de homem atrás de mim, eu não precisava de mais nada, agora é que eu preciso, até o Clodinho já me perguntou porque que eu parei a ginástica! Isso não pode ficar assim! Eu quero o meu corpo de volta, do jeito que era, junto com a alma do Clodinho, ou então eu quero que você faça tudo certinho!
ashalzas
Senhorita, o pacto não especifica...
mulher
O pacto não especifica nada, mas eu já falei com o meu advogado! Uma vez que foi com o meu sangue que assinei, o padrão de beleza que deve ser usado deve ser o meu! E como a alma não era de quem assinou também, o pacto pode ser cancelado...
ashalzas
A senhorita tem advogado? Peça para ele falar com o meu...
mulher
Você tem advogado?
ashalzas
Todos os demônios têm um. Eles não vêem problema em trabalhar conosco, não têm alma a perder mesmo...
mulher
O meu é muito bom... e você sabe como são os juízes aqui... eles odeiam demônios... acho bom você pensar bem no meu caso...
ashalzas
(SUSPIRANDO) Eu não posso fazer nada sem consultar o meu advogado. Vou ver o que pode ser feito. Mas os níveis de energia andam muito baixos... talvez com uns 10% de alma a mais...
mulher
Nem um pouco. Eu vou precisar de tudo que sobrou da alma do Clodinho daqui a uns dez anos...
ashalzas
Está bem, está bem. Eu vou consultar o meu advogado. Ligar-lhe-ei amanhã, pode ser?
mulher
É bom que ligue. Ou um oficial de justiça irá trazer um bilhetinho meu depois. Boa tarde. (SAI)
paulo olha para ashalzas, sorrindo e senta-se.
paulo
Pactos de beleza, Ash? Você sabe que isso é proibido. A associação dos cirurgiões plásticos pode pedir a tua extradição...
ashalzas
Antigamente era o modo mais fácil de se conseguir uma alma... hoje em dia fica difícil, o que pode um demônio saber o que as mulheres querem? Damos-lhe o corpo das mais belas musas renascentistas e elas reclamam...
paulo
O problema de demônios não terem sexo é essa incompreensão da cabeça das mulheres...
ashalzas
Fossem os homens capazes de entendê-las e o Inferno seria bem mais vazio... veja só, essa queixosa roubou a alma do namorado e ainda vem reclamar...
paulo
Roubou? Como, roubou? Tirou da carteira dele enquanto ele estava dormindo?
ashalzas
Não, deitando com ele. Ensinei-lhe alguns rituais tântricos. Ela não queria arriscar a alma dela - e nem eu acho que valha grande coisa. Uns movimentos, umas invocações, uns rituais e - voilá! - lá se vai um pedaço da sua alma com a sua ejaculação.
paulo
Mais um motivo pra se usar camisinha...
ashalzas
Não ia adiantar nada, somente se um homem santo a consagrasse. E não creio que um homem santo faria isso.
paulo
A maioria das pessoas também não acreditava em demônios e anjos...
ashalzas
É que nós não existíamos... sabe, você deveria tentar algum dia... dizem que um orgasmo com dreno de alma é inesquecível...
paulo
Eu não faço questão. Se eu pudesse me lembrar com detalhes dos meus orgasmos sempre que quisesse, eu não iria querer mais fazer sexo...
ashalzas
Faz sentido... De qualquer maneira, deve ser uma experiência interessante. É uma pena que eu não tenha alma.
paulo
Vocês não têm sexo nem alma. Nunca se perguntaram se havia uma ligação?
novembro 10, 2010
Adagio
Norman McLaren, o genial animador canadense, que experimentou de tudo - animação quadro a quadro com pessoas, animação rabiscando direto na película, animação abstrata - prova mais uma vez que os melhores efeitos são os mais simples e dá ideia pra milhões de diretores de videoclipe nessa filmagem do pas de deux de Adagio, do Albinoni, a música barroca que todo mundo conhece.
Recordar é Viver...
Biscoitos Globo
Encontrei numa padaria na cidade esses biscoitos Globo embalados em plástico. Pensei que fosse uma contrafação, mas o vendedor me explicou que a produção distribuída em padarias e afins vai em plástico mesmo por ser mais barato e prático. Como em praia o pessoal é meio bárbaro mesmo e deixa tudo jogado pela areia, eles ensacam com papel porque é biodegradável - papel é orgânico e se decompõe relativamente rápido. Maneiro, não?
Etiquetas:
celular com câmera,
fotos,
nostalgia
novembro 07, 2010
Plástico de Carro
Sexo e dinheiro parecem muito mais importante quando você não tem do que quando você tem (Charles Bukowski).
White on white translucent black capes
Back on the back
Bela lugosi's dead
The bats have left the bell tower
The victims have been bled red velvet lines the black box
Bela lugosi's dead
Bela lugosi's dead
Undead, undead, undead
Undead, undead, undead
The virginal brides file past his tomb
Strewn with time's dead flowers bereft in deathly bloom
Alone in a darkened room, the count
Bela lugosi's dead
Bela lugosi's dead
Bela lugosi's dead
Undead, undead, undead
Undead, undead, undead
Undead
oh, Bela, Bela's undead
As Crianças de Hoje
O chato era quando a gente rodava o prédio todo e não achava ninguém que tivesse bola. O jeito então era sentar em cima dos carros na garagem e ficar conversando e ouvindo a música que vinha de uma das janelas:
- Eu sou um moço velho... que já viveu muito... que já amou muito... que já sofreu tudo...
Devia vir lá do terceiro ou quarto andar, nunca deu muito pra saber direito, ricocheteava no bloco de trás e aí é que confundia tudo, lá tinha eco à beça. A gente até gostava de ficar berrando em frente ao segundo bloco, mas quase sempre aparecia o porteiro pra dar esporro. Menos o seu Geraldo, que era legal, mas também pedia pra gente parar.
A cara dela eu fiquei conhecendo um dia de Cosme e Damião, quando ela apareceu com uma sacola do Mar & Terra distribuindo os saquinhos pra garotada, foi aquele empurra-empurra, então um colega meu depois falou que achava que era ela quem ficava o dia inteiro ouvindo música lá no apartamento dela e ficava no terceiro andar.
Nessa época, depois do jantar, a gente ficava conversando sobre naves espaciais e robôs e outros assuntos. Discos-voadores, todo mundo já tinha visto pelo menos um, em casa ou na casa dos parentes no interior do Rio ou de Minas e eu via ela à beça, tava sempre saindo com um garotão, os dois entravam no fusca dele e iam embora.
Depois veio as aulas e depois do jantar a gente ficava em casa vendo televisão e fazendo o dever de casa, que, por mais que a gente se esforçasse, acabava sempre por fazer na véspera do dia da entrega, à noite. Só no começo das aulas é que dava pra ser mais organizado.
A gente então gostava já tanto de conversar quanto de jogar bola, até mesmo por hábito, porque sempre descia o síndico com problema na perna do segundo bloco quando a gente começava, reclamando do barulho, dizendo que a gente ia estragar os carros e que já éramos muito grandes praquilo, íamos machucar as crianças menores ou o maluco mais velho que a gente do quinto andar, argumentos que ele não parava de usar nem quando a gente falava que quando passava alguém o jogo parava, ficava todo mundo paralisado (se bem que havia um pessoal que aproveitava a hora de passagem de gente ou carro pra se aproximar da bola), pois é, nessa época ela parou de sair na noitinha, a gente não via nem o sujeito e nem o fusca, apenas ouvíamos a música dela o tempo inteiro, você foi o maior dos meus casos, de todos os abraços o que eu nunca esqueci. Inclusive a aparelhagem de som dela dela deve ter mudado na época, parecia ter trocado sua eletrola por um PHILIPS estéreo, devia ser um daqueles que tinha uma luz verde retangular para avisar que a vitrola tava ligada e que tinha duas caixas pequenininhas de madeira. Eu tive uma dessas, tinha aquele cabeçote prateado e preto e aquele braço de uma espécie de plástico. Tinha até aqueles garfos pra você botar vinte discos empilhados e ia caindo um por um, era automático.
Depois a gente acabou se desinteressando de jogar bola e, pensando bem, como é que a gente conseguia jogar dentro daquela garagem, cheia de quebra-molas, com o gol sendo marcado pela altura do goleiro, usando a parede pra tabelar e enganar o marcador, tendo que ficar a três passos do jogador quando a bola caía embaixo do carro? Foi nessa época que eu fiquei sabendo o nome dela, Neyla, foi um amigo meu que contou, a gente tava conversando encostados num pára-lama de fusca, a música tava tocando, quando você me deixou, meu bem, me disse pra ser feliz e passar bem, com Agnaldo Timóteo e tudo. Aí ele virou pra mim e disse, puxa, a Neyla não pára de ouvir essa música, eu falei hum e não dei atenção, nesses grupinhos a gente sempre sabia quem é que toda noite subia lá no terceiro andar e só aparecia em casa horas depois e além disso ele gostava de ficar se gabando dessas coisas, falando dessas coisas e eu não gostava de dar papo pra ele, ele era um metido a besta desgraçado.
Foi na época em que ela escutava muito Minha História, aquela do minha mãe se entregou a esse homem perdidamente, com a Ângela Maria cantando uma música em volta, que fiquei sabendo o número do apartamento dela. Ela passou por mim na saída da portaria e falou "você não era aquele menino que ficava aqui embaixo jogando bola, puxa, como você está grande, já tem namorada?" e eu pensei na Bia e disse "tenho" e ela falou dos discos dela, das músicas dela que ela tinha no apartamento, eu tinha que ver. Naquela noite, antes do jantar deu pra ouvir "Se acaso me quiseres sou dessas mulheres que só dizem sim" lá de casa. Ela tinha mesmo um monte de discos lá. Eu vi.
Depois ela se mudou. Engraçado. As crianças de hoje não gostam de jogar bola aqui no prédio. Graças a Deus também não têm a mania de ficar gritando pra ver se tem eco.
- Eu sou um moço velho... que já viveu muito... que já amou muito... que já sofreu tudo...
Devia vir lá do terceiro ou quarto andar, nunca deu muito pra saber direito, ricocheteava no bloco de trás e aí é que confundia tudo, lá tinha eco à beça. A gente até gostava de ficar berrando em frente ao segundo bloco, mas quase sempre aparecia o porteiro pra dar esporro. Menos o seu Geraldo, que era legal, mas também pedia pra gente parar.
A cara dela eu fiquei conhecendo um dia de Cosme e Damião, quando ela apareceu com uma sacola do Mar & Terra distribuindo os saquinhos pra garotada, foi aquele empurra-empurra, então um colega meu depois falou que achava que era ela quem ficava o dia inteiro ouvindo música lá no apartamento dela e ficava no terceiro andar.
Nessa época, depois do jantar, a gente ficava conversando sobre naves espaciais e robôs e outros assuntos. Discos-voadores, todo mundo já tinha visto pelo menos um, em casa ou na casa dos parentes no interior do Rio ou de Minas e eu via ela à beça, tava sempre saindo com um garotão, os dois entravam no fusca dele e iam embora.
Depois veio as aulas e depois do jantar a gente ficava em casa vendo televisão e fazendo o dever de casa, que, por mais que a gente se esforçasse, acabava sempre por fazer na véspera do dia da entrega, à noite. Só no começo das aulas é que dava pra ser mais organizado.
A gente então gostava já tanto de conversar quanto de jogar bola, até mesmo por hábito, porque sempre descia o síndico com problema na perna do segundo bloco quando a gente começava, reclamando do barulho, dizendo que a gente ia estragar os carros e que já éramos muito grandes praquilo, íamos machucar as crianças menores ou o maluco mais velho que a gente do quinto andar, argumentos que ele não parava de usar nem quando a gente falava que quando passava alguém o jogo parava, ficava todo mundo paralisado (se bem que havia um pessoal que aproveitava a hora de passagem de gente ou carro pra se aproximar da bola), pois é, nessa época ela parou de sair na noitinha, a gente não via nem o sujeito e nem o fusca, apenas ouvíamos a música dela o tempo inteiro, você foi o maior dos meus casos, de todos os abraços o que eu nunca esqueci. Inclusive a aparelhagem de som dela dela deve ter mudado na época, parecia ter trocado sua eletrola por um PHILIPS estéreo, devia ser um daqueles que tinha uma luz verde retangular para avisar que a vitrola tava ligada e que tinha duas caixas pequenininhas de madeira. Eu tive uma dessas, tinha aquele cabeçote prateado e preto e aquele braço de uma espécie de plástico. Tinha até aqueles garfos pra você botar vinte discos empilhados e ia caindo um por um, era automático.
Depois a gente acabou se desinteressando de jogar bola e, pensando bem, como é que a gente conseguia jogar dentro daquela garagem, cheia de quebra-molas, com o gol sendo marcado pela altura do goleiro, usando a parede pra tabelar e enganar o marcador, tendo que ficar a três passos do jogador quando a bola caía embaixo do carro? Foi nessa época que eu fiquei sabendo o nome dela, Neyla, foi um amigo meu que contou, a gente tava conversando encostados num pára-lama de fusca, a música tava tocando, quando você me deixou, meu bem, me disse pra ser feliz e passar bem, com Agnaldo Timóteo e tudo. Aí ele virou pra mim e disse, puxa, a Neyla não pára de ouvir essa música, eu falei hum e não dei atenção, nesses grupinhos a gente sempre sabia quem é que toda noite subia lá no terceiro andar e só aparecia em casa horas depois e além disso ele gostava de ficar se gabando dessas coisas, falando dessas coisas e eu não gostava de dar papo pra ele, ele era um metido a besta desgraçado.
Foi na época em que ela escutava muito Minha História, aquela do minha mãe se entregou a esse homem perdidamente, com a Ângela Maria cantando uma música em volta, que fiquei sabendo o número do apartamento dela. Ela passou por mim na saída da portaria e falou "você não era aquele menino que ficava aqui embaixo jogando bola, puxa, como você está grande, já tem namorada?" e eu pensei na Bia e disse "tenho" e ela falou dos discos dela, das músicas dela que ela tinha no apartamento, eu tinha que ver. Naquela noite, antes do jantar deu pra ouvir "Se acaso me quiseres sou dessas mulheres que só dizem sim" lá de casa. Ela tinha mesmo um monte de discos lá. Eu vi.
Depois ela se mudou. Engraçado. As crianças de hoje não gostam de jogar bola aqui no prédio. Graças a Deus também não têm a mania de ficar gritando pra ver se tem eco.
Coral e Scala
Outro dia fiz uma conta e descobri que cerca de 40 cinemas de rua aos quais me lembro ter ido já viraram saudade. Esta série é pra relembrar essas salas tombadas no cumprimento do dever...
Eram dois cinemas na Praia de Botafogo. Embora tenham aberto como cinemas chiques, decaíram rapidamente - provavelmente o fato de ficarem embaixo de um favelão tenha contribuído pra isso. O Edifício Coral (1), construído sobre a antiga casa do dr. Miguel Couto, foi originariamente pensado como prédio comercial, mas durante a construção decidiram que seria misto e, apesar de agora estar bem mais arrumadinho, durante anos foi um pardieiro.
O Coral/Scala foi aberto em 1965, onde hoje é o Arteplex, mas quando me mudei pra Marquês de Olinda, no meio dos anos 70, ele - pelo menos um deles - já passou um verão fazendo um festival com dois filmes por dia e depois dois por semana. Na foto ele ainda está no auge do vigor, mostrando um dos grandes blockbusters da época, O PODEROSO CHEFÃO PARTE 2. Lembro que ele tinha sessões às onze horas pra atender ao público sequioso que lotava as parcas sessões diárias (somando os trailers e telejornal, acho que o curta ainda não era obrigatório, era por volta de quatro horas sentado na cadeira).
Note que embaixo da marquise havia espaço para um cartaz pintado com o longa da semana. Em alguns lançamentos de ponta, a marquise seria também coberta por uma enorme pintura. Pra se ter uma ideia de como a década de 70 era estranha, um dos sucessos de bilheteria que mereceram esse tratamento foi um filme com o Burt Reynolds, em que se pôs um outdoor, com ele recortado abrindo a camisa e mostrando seu supostamente irresistível peito cabeludo. Mais ou menos na mesma época, o seriado KOJAK fez tal estardalhaço na tevê que desencavaram uma produção televisiva com o Telly Savalas (aquela em que ele tinha que invadir Spandau, sequestrar o Hess, fazê-lo contar onde estava o tesouro, devolvê-lo e ir pegar a grana) e, em vez do nome do longa, tinha só TELLY SAVALAS em letras garrafais e, embaixo, onde deveria estar o elenco, estava escrito KOJAK.
Os cinemas tinham aquela mesma longa entrada que o Arteplex, só que o chão era quadriculado em preto e branco, e havia duas fileiras de cartazes (que na época ainda mostravam fotos), além daqueles pregados em caixas de vidro nas paredes. À medida em que ia se aproximando a data do lançamento da fita, seu cartaz ia se aproximando da entrada, em fila ordeira, embora vez por outra quebrada por uma estreia de emergência. Eu adorava caminhar até o fim do corredor pra me inteirar do que me esperava nas telas, antes de coisas como revistas importadas sobre cinema nos jornaleiros e Internet.
Nos anos 70, antes da invenção do videocassete, a única chance de ver clássicos sem depender da vontade do programador da tevê era em reapresentações, e mesmo cinemas comerciais não tinham pudores em passar filmes em preto e branco. No Coral/Scala vi (com certeza, fora os que esqueci) Uma Noite em Casablanca, Uma Noite na Ópera, Marcelino Pão e Vinho, La Violetera, As Férias do sr. Hulot, King Kong, O Satânico dr. No, A Noviça Rebelde. Não vi na época por não ter idade o festival Hitchcock, mas vi o Festival Jerry Lewis e descobri que já não gostava mais tanto do comediante americano. O primeiro longa que me lembro de ter visto lá com certeza foi A GUERRA DAS FORMIGUINHAS, um desenho em que, ao que me recordo, uma formiguinha problemática que gostava de Batman salvava todas elas.
Lá também assisti a um lançamento obscuro que ficou duas semanas em cartaz (na época quase nada, filmes como Guerra nas Estrelas podiam ocupar uma sala por mais de seis meses) e acabou virando um marco fundamental da cultura pop contemporânea, MONTY PYTHON (na época ainda sem o adendo E O CÁLICE SAGRADO). E, no começo dos anos 80, num festival de musicais contemporâneos, assisti em uma semana a WOODSTOCK, TOMMY, HAIR, FAMA e ALL THAT JAZZ (fechando a programação tinha O FANTASMA DO PARAÍSO, o único que pulei, de Brian de Palma). Curiosamente descobri depois que vários amigos que conheci na faculdade tempos depois também perderam suas virgindades para esses clássicos do rock no mesmo festival E NA MESMA SESSÃO, a de oito horas. Eu, Suzy, Roger e Ivan estávamos em Woodstock, e os três primeiros também em TOMMY.
Mas esses constantes festivais de reapresentações podiam ser ótimos pra mim, que morava ali do lado, mas eram já sinal de que aqueles cinemas já não eram de ponta. O último grande lançamento que me lembro que passou lá foi O ESPIÃO QUE ME AMAVA (ah, também vi vários 007 num festival James Bond que teve neles), depois eles passaram a exibir estreias com expectativas medianas de público, como OS BANDIDOS DO TEMPO, um dos últimos longas do qual esperava alguma coisa que assisti em suas salas. Logo depois houve a explosão do filme pornográfico, graças à liminar que garantiu o lançamento de CALÍGULA e que virou o caminho fácil pra liberar todos os pornôs, e aquela dupla da Praia de Botafogo encampou de braços abertos a novidade. Pornografia era novidade na época e eu, minha primeira namorada de verdade (que adorava ver essas coisas, tinha a maior curiosidade) e uma galera da faculdade (incluindo outras menininhas de 17, 18 anos) assistimos lá a uma sessão dupla A B... PROFUNDA/O DIABO NA CARNE DE MISS JONES 2. São as últimas fitas as quais tenho certeza de ter acompanhado naquelas salas. O clima ainda não era totalmente decadente - funcionários uniformizados ainda comandavam a bombonière onde durante anos comprei balinhas de bonequinho, cigarrinhos de chocolate (que certamente me ajudaram a me tornar fumante durante vinte anos, inclusive fumando dentro do cinema, o que era muito comum na época, apesar de proibido) e Frumelo.
Logo depois o Scala, além dos filmes, passou a exibir espetáculos de sexo explícito em sua sala, durante um bom tempo - a minha primeira namorada queria ir, mas achamos que a barra devia ser pesada demais pra ela e acabamos desistindo. As salas irmãs continuaram com a pornografia durante anos a fio, aparentemente um bom negócio, mesmo pro tamanho enorme de suas salas, até que César Maia proibiu tal tipo de casa perto de colégios, e o Andrews era colado ali (e ainda tinha o São Pedro de Alcântara no mesmo quarteirão), o que o levou a fechar as portas. E, curiosamente, nessa época, ainda nos anos 90, a bilheteira era a mesma que nos anos 70 me proibiu de entrar, preadolescente, por estar de short.
(1) O Coral e o Scala, ao lado de seu vizinho Ópera, eram já da geração de cinemas que ficavam embaixo de prédios, ao contrário dos imóveis que só serviam pra isso, como o Guanabara, no final da Praia. Eles, o Paissandu e o Star, depois Botafogo, hoje Estação Botafogo, foram os últimos cinemas de rua a serem erguidos, os únicos depois dos anos 50, quando começou a onda dos "cinemas de galeria", como os Condor, os Bruni e o Joia. Embora todo mundo com mais de 30 hoje reclame dos cinemas de shopping, o cinema de galeria era a mesma ideia de juntar lojas, comida e filme, só que sem a grandiosidade dos enormes shoppings construídos a partir do Rio-Sul.
Eram dois cinemas na Praia de Botafogo. Embora tenham aberto como cinemas chiques, decaíram rapidamente - provavelmente o fato de ficarem embaixo de um favelão tenha contribuído pra isso. O Edifício Coral (1), construído sobre a antiga casa do dr. Miguel Couto, foi originariamente pensado como prédio comercial, mas durante a construção decidiram que seria misto e, apesar de agora estar bem mais arrumadinho, durante anos foi um pardieiro.
O Coral/Scala foi aberto em 1965, onde hoje é o Arteplex, mas quando me mudei pra Marquês de Olinda, no meio dos anos 70, ele - pelo menos um deles - já passou um verão fazendo um festival com dois filmes por dia e depois dois por semana. Na foto ele ainda está no auge do vigor, mostrando um dos grandes blockbusters da época, O PODEROSO CHEFÃO PARTE 2. Lembro que ele tinha sessões às onze horas pra atender ao público sequioso que lotava as parcas sessões diárias (somando os trailers e telejornal, acho que o curta ainda não era obrigatório, era por volta de quatro horas sentado na cadeira).
Note que embaixo da marquise havia espaço para um cartaz pintado com o longa da semana. Em alguns lançamentos de ponta, a marquise seria também coberta por uma enorme pintura. Pra se ter uma ideia de como a década de 70 era estranha, um dos sucessos de bilheteria que mereceram esse tratamento foi um filme com o Burt Reynolds, em que se pôs um outdoor, com ele recortado abrindo a camisa e mostrando seu supostamente irresistível peito cabeludo. Mais ou menos na mesma época, o seriado KOJAK fez tal estardalhaço na tevê que desencavaram uma produção televisiva com o Telly Savalas (aquela em que ele tinha que invadir Spandau, sequestrar o Hess, fazê-lo contar onde estava o tesouro, devolvê-lo e ir pegar a grana) e, em vez do nome do longa, tinha só TELLY SAVALAS em letras garrafais e, embaixo, onde deveria estar o elenco, estava escrito KOJAK.
Os cinemas tinham aquela mesma longa entrada que o Arteplex, só que o chão era quadriculado em preto e branco, e havia duas fileiras de cartazes (que na época ainda mostravam fotos), além daqueles pregados em caixas de vidro nas paredes. À medida em que ia se aproximando a data do lançamento da fita, seu cartaz ia se aproximando da entrada, em fila ordeira, embora vez por outra quebrada por uma estreia de emergência. Eu adorava caminhar até o fim do corredor pra me inteirar do que me esperava nas telas, antes de coisas como revistas importadas sobre cinema nos jornaleiros e Internet.
Nos anos 70, antes da invenção do videocassete, a única chance de ver clássicos sem depender da vontade do programador da tevê era em reapresentações, e mesmo cinemas comerciais não tinham pudores em passar filmes em preto e branco. No Coral/Scala vi (com certeza, fora os que esqueci) Uma Noite em Casablanca, Uma Noite na Ópera, Marcelino Pão e Vinho, La Violetera, As Férias do sr. Hulot, King Kong, O Satânico dr. No, A Noviça Rebelde. Não vi na época por não ter idade o festival Hitchcock, mas vi o Festival Jerry Lewis e descobri que já não gostava mais tanto do comediante americano. O primeiro longa que me lembro de ter visto lá com certeza foi A GUERRA DAS FORMIGUINHAS, um desenho em que, ao que me recordo, uma formiguinha problemática que gostava de Batman salvava todas elas.
Lá também assisti a um lançamento obscuro que ficou duas semanas em cartaz (na época quase nada, filmes como Guerra nas Estrelas podiam ocupar uma sala por mais de seis meses) e acabou virando um marco fundamental da cultura pop contemporânea, MONTY PYTHON (na época ainda sem o adendo E O CÁLICE SAGRADO). E, no começo dos anos 80, num festival de musicais contemporâneos, assisti em uma semana a WOODSTOCK, TOMMY, HAIR, FAMA e ALL THAT JAZZ (fechando a programação tinha O FANTASMA DO PARAÍSO, o único que pulei, de Brian de Palma). Curiosamente descobri depois que vários amigos que conheci na faculdade tempos depois também perderam suas virgindades para esses clássicos do rock no mesmo festival E NA MESMA SESSÃO, a de oito horas. Eu, Suzy, Roger e Ivan estávamos em Woodstock, e os três primeiros também em TOMMY.
Mas esses constantes festivais de reapresentações podiam ser ótimos pra mim, que morava ali do lado, mas eram já sinal de que aqueles cinemas já não eram de ponta. O último grande lançamento que me lembro que passou lá foi O ESPIÃO QUE ME AMAVA (ah, também vi vários 007 num festival James Bond que teve neles), depois eles passaram a exibir estreias com expectativas medianas de público, como OS BANDIDOS DO TEMPO, um dos últimos longas do qual esperava alguma coisa que assisti em suas salas. Logo depois houve a explosão do filme pornográfico, graças à liminar que garantiu o lançamento de CALÍGULA e que virou o caminho fácil pra liberar todos os pornôs, e aquela dupla da Praia de Botafogo encampou de braços abertos a novidade. Pornografia era novidade na época e eu, minha primeira namorada de verdade (que adorava ver essas coisas, tinha a maior curiosidade) e uma galera da faculdade (incluindo outras menininhas de 17, 18 anos) assistimos lá a uma sessão dupla A B... PROFUNDA/O DIABO NA CARNE DE MISS JONES 2. São as últimas fitas as quais tenho certeza de ter acompanhado naquelas salas. O clima ainda não era totalmente decadente - funcionários uniformizados ainda comandavam a bombonière onde durante anos comprei balinhas de bonequinho, cigarrinhos de chocolate (que certamente me ajudaram a me tornar fumante durante vinte anos, inclusive fumando dentro do cinema, o que era muito comum na época, apesar de proibido) e Frumelo.
Logo depois o Scala, além dos filmes, passou a exibir espetáculos de sexo explícito em sua sala, durante um bom tempo - a minha primeira namorada queria ir, mas achamos que a barra devia ser pesada demais pra ela e acabamos desistindo. As salas irmãs continuaram com a pornografia durante anos a fio, aparentemente um bom negócio, mesmo pro tamanho enorme de suas salas, até que César Maia proibiu tal tipo de casa perto de colégios, e o Andrews era colado ali (e ainda tinha o São Pedro de Alcântara no mesmo quarteirão), o que o levou a fechar as portas. E, curiosamente, nessa época, ainda nos anos 90, a bilheteira era a mesma que nos anos 70 me proibiu de entrar, preadolescente, por estar de short.
(1) O Coral e o Scala, ao lado de seu vizinho Ópera, eram já da geração de cinemas que ficavam embaixo de prédios, ao contrário dos imóveis que só serviam pra isso, como o Guanabara, no final da Praia. Eles, o Paissandu e o Star, depois Botafogo, hoje Estação Botafogo, foram os últimos cinemas de rua a serem erguidos, os únicos depois dos anos 50, quando começou a onda dos "cinemas de galeria", como os Condor, os Bruni e o Joia. Embora todo mundo com mais de 30 hoje reclame dos cinemas de shopping, o cinema de galeria era a mesma ideia de juntar lojas, comida e filme, só que sem a grandiosidade dos enormes shoppings construídos a partir do Rio-Sul.
Subscrever:
Mensagens (Atom)