janeiro 31, 2011

O Monstro do Lago Johvi

Quando as divisões Panzer dormiam, tinham pesadelos com blindagens inclinadas e canhões grandes em carrocerias pequenas. Com os T-34, para ser mais exato. Quando ele apareceu em batalha na Operação Barbarossa, a chapa quente em cima do motor era praticamente o único lugar onde um tiro de tanque nazista poderia afetá-lo. O T-34 soviético era um carro de combate tão bom e adaptável que sua carreira não acabou com o fim da II Guerra e alguns deles ainda estavam combatendo nos conflitos da ex-Iugoslávia em plenos anos 90.

Mas esse aí do vídeo, embora inteiro, parou de batalhar há 66 anos. Exibindo insígnias nazistas, o blindado com certeza foi capturado e usado pelos alemães, que sabiam das qualidades do modelo e provavelmente sem combustível foi abandonado numa retirada na Estônia, perto de Johvi, em 1944. Os germânicos não podiam deixá-lo para ser reutilizado pelos seus perseguidores e o afundaram dirigindol-o direto para um pequeno lago. Um garoto das redondezas andando pela área na época ficou intrigado com os rastros de esteira que iam em direção às aguas e com as bolhas de ar que ficaram estourando durante dois meses e, décadas depois, contou a história para uma Associação de História local.

O resultado foi o resgate aí de cima. Mergulhos confirmaram que naquele lago havia de fato um monstro - mecânico, mas um monstro, de 26 toneladas. Preservado sob três metros de limo, sem corrosão, os sistemas aparentemente recuperáveis, ele está sendo restaurado para ser usado talvez em passeios turísticos. Mais detalhes e fotos de boa resolução podem ser encontrados aqui.

janeiro 22, 2011

Me





Sala dos espelhos no Parque Shanghai

O Monstro do Museu da Marinha





Uma bizarra tentativa de montar um guia multimídia para uma sala do museu da marinha acaba criando uma aberração retro-future que um dia certamente se libertará e, como um golem indestrutível, deixará em seu rastro irresistível choro e ranger de dentes

Vida

Você não vive sua vida
A vida vive você

O ar respira você
E você ilumina o destino
dos raios do sol

As mulheres amam você
E seus inimigos odeiam você

Seus filhos o criam
E você é um instrumento
de sua arte e seu ofício

A mão que segura o formão
Para que a pedra possa exibir
sua verdadeira forma

A vida faz você, ama você,
gasta você, mata você
E o mundo dela gira alegremente
Em torno de você

Enquanto a vida te cerca em todos os lugares
E ninguém e nada sob o sol consegue fugir dela

Uma Noite no Parque Shanghai I





A Fronteira Final - A Série Original de Star Trek - A Clássica Jornada nas Estrelas

Por Qualquer Outro Nome




*pelo blogueiro convidado Roger Filósofo


De um modo geral, os roteiristas da série original de Jornada nas Estrelas gostavam de criar situações nas quais poderiam enaltecer as qualidades humanas. Não só as cognitivas, mas, sobretudo, os sentimentos da espécie - nem sempre os mais nobres. Capitão Kirk e sua tripulação eram rotineiramente expostos a seres e máquinas que demonstravam força e inteligência muito superiores às nossas. Não obstante, sempre conseguiam uma maneira de superar essas dificuldades com astúcia e apelos emotivos típicos.

Desnecessário relacionar todos os episódios em que se procedeu assim. Basta examinar o caso exemplar do divertido Por Qualquer Outro Nome, dirigido por Marc Daniels, que foi ao ar em 23 de fevereiro de 1968. Nessa história, a tripulação da Enterprise é tomada de refém pelos kelvans, seres da galáxia de Andrômeda, muito mais avançados tecnologicamente, que, depois de um acidente, capturam a nave por meio de um pedido de socorro ardiloso, a fim de poderem voltar para seu planeta e invadirem os domínios da Federação. As armas que possuem permitem reduzir a maior parte da equipe a sua essência mínima em um pequeno sólido geométrico. São também capazes de adaptar as máquinas para operarem de maneira que possam levá-los em velocidade surpreendente de um lado a outro do universo. Ameaçado de ver toda humanidade subjugada pelos alienígenas de Andrômeda, Kirk tem a ideia bem sucedida de provocar sensações humanas incontroláveis nestes seres que se disfarçavam em corpos humanos, mas que desconheciam suas potencialidades emocionais. Com a confusão de ciúmes, atração sexual, embriaguez e fúria os kelvans aceitam se render aos apelos dos trekkies e procuram ter um entendimento amigável com todos.

Na época que Jornada foi ao ar pela primeira vez, já eram comuns as críticas pós-modernas ao domínio da racionalidade sobre a formação do indivíduo, enquanto se defendia a valorização das narrativas subjetivas que cada pessoa faz da história de sua vida. Em um contexto mais amplo, isso significaria que todas as afirmações teóricas de qualquer um, seja cientista ou não, não passariam de uma construção feita sobre o mundo tal como a expressão de um fato e não uma descrição verificável racionalmente.

Jornada nunca pretendeu ser uma série simpatizante do pós-modernismo. Pelo contrário, por vezes, defendia as conquistas positivas das ciências e as soluções racionais para os problemas da humanidade. No entanto, persistia uma tendência em valorizar as atitudes emotivas diante de desafios postos por entidades superiores. Uma tendência que em Filosofia Prática costuma ser definida como boo-hooray. Boo-hooray – ou “choramingas” – é o termos pejorativo usado para designar as teorias éticas emotivistas que sustentam que as regras morais expressam afetos ou sentimentos e não querem afirmar a verdade ou falsidade de uma ação que envolva perda e ganhos entre agentes.

Dorothy C. Fontana foi quem adaptou a história de Jerome Bixby para Por Qualquer Outro Nome. Aqui o choque entre razão e emoção se faz notar de novo e a solução se volta para os aspectos sentimentais e atrativos sexuais da espécie humana. Uma solução fácil, tendo em vista o fato de que quem escreve a narrativa é uma humana e não um vulcano, alien, ou kelvan. Eventualmente, uma resposta emotiva pode ser a melhor escolha a se adotar em algumas situações nas quais a mera razão não possa atuar de modo eficaz sozinha. Contudo mesmo para que essa escolha possa ser considerada adequada é preciso que se faça uma avaliação racional, prévia ou posterior à ação, para saber se emoções podem ser utilizadas em benefício do agente e talvez das outras pessoas envolvidas, em certas ocasiões. De resto fica faltando explicar também como emoções e sentimentos podem superar o ponto de vista “especista” dos autores de romances sem que tal superação pareça arbitrária de uma perspectiva geral. E se o apelo emocional pode responder questões de valor de verdade quando se tratar de, por exemplo, atribuir responsabilidades aos agentes que cometerem ações que atinjam outras pessoas. Mas essa é, bem como as outras, uma objeção que transcende os limites de uma série de entretenimento e mesmo poucos filósofos estão em condições de rebatê-la prontamente.

Um Celular com Câmera

janeiro 20, 2011

Exposição de Escher no CCBB


Um Celular com Câmera na Praça XV



Pegando o carro depois de uma sessão de Michael Powell no CCBB.

janeiro 17, 2011

O Brinquedo do Ano

Às vezes me pergunto se não tenho algumas obsessões meio pervertidas, mas aí bato os olhos em coisas como esta e me pergunto onde o mundo está com a cabeça.
Monte o mastro (epa!) desmontável de alumínio e, seguindo as lições do DVD, faça uma dança sensual para seus amiguinhos de escola! Ganha quem conseguir mais dólares de brinquedo (incluídos na caixa) enfiados na liga da coxa (incluída na caixa). Como o incesto, uma diversão para toda a família!

Desisti de Ver o Jortge Mautner Nesta Segunda porque Trabalho às Oito Amanhã

Acabei de chegar em casa. Fui ver o show do Jorge Mautner no Circo, achei que ia ter meia dúzia de gatos pingados e nem comprei entrada quando saí do trabalho. A fila estava literalmente dando a volta ao quarteirão, obviamente só garotada de férias. Depois dizem que essa juventude não entende nada de arte. Eles também lotaram o festival John Ford - que, lembrem, teve quase tudo lançado em DVD - e o festival Ozu. Em compensação não vi nenhum dos meus amigos velhos cabeça que são cultos pra caralho nesses negócios.

Ô Boca...

O Globo hoje entrevista um gordo de óculos que garante que é uma lenda a história de que a internet deixa as pessoas mais politizadas e que ela não tem peso nos movimentos sociais de verdade, enquanto logo em outra parte o próprio periódico credita a queda do governo na Tunísia ao WikiLeaks.

janeiro 16, 2011

Descontração





Trânsito Lento na São Clemente

- Você até hoje não consertou esse ar condicionado?
- Eu só lembro quando entro no carro e quando eu entro no carro, eu já tô indo pralgum lugar.
- Você não derrete aqui não?
- Ainda não.
- Eu vou acabar passando mal. Ainda mais com esse engarrafamento todo.
- Que que você quer que eu faça? A hora que você marcou é assim mesmo, os colégios todos tão dando a saída do turno da manhã, as mães vêm buscar, engarrafa tudo. E o que não falta aqui é colégio.
- E será que serve pralguma coisa?
- Como assim?
- Será que serve pralguma coisa? Será que eles aprendem alguma coisa?
- Você estudou aqui, né?
- Foi.
- Hm.
E, depois do rapaz, um pouco de silêncio. A moça então abriu a bolsa e pegou um cigarro.
- Já que você não consertou o ar condicionado...
- Você não sabe que no seu estado não se deve fumar?
- Não vou ficar nesse estado por muito tempo.
- Nunca dura muito tempo.
- Do que estamos falando?
- Do tempo.
- Não, o tempo do quê? Tempo de amor, tempo de vida, tempo de sexo...
- Sexo tem tempo?
- Tem hora de começar e acabar.
- Não tem hora de acabar.
- Mas você não sabe que tem hora de começar.
- Estamos nebulosos hoje, hein?
- Embaraçados, talvez.
- Não devíamos.
- Numa situação destas?
- Pois é. Eu achava que você não ficaria embaraçado. Por isso que eu te chamei. Pensei que você não ficaria embaraçado.
- Em quem mais você pensou pra chamar?
Silêncio.
- Você tem tantos amigos.
- Amigas.
- Elas se embaraçariam menos.
- Elas iam ficar com pena e se acharem superiores. Elas e seus namoros chatos e monogâmicos. Seus homens chatos. Suas vidas chatas.
- Suas amigas e você fala assim delas?
- Justamente. Eu as conheço o suficiente para saber como se sentiriam.
- Você não errou quanto a mim?
(A garota vira o rosto lentamente na direção dele quando ele fala isso, fica procurando um sinal de segundas intenções, dubiedade, ela sabe que ele sabe usar subtexto, ela sabe que ele sabe ser sutil, ela sabe que ele sabe insinuar, ela sabe que ele sabe esconder, ela sabe que ele sabe dissimular, mas ela não sabe por onde começar, ela está abalada e não sabe por onde começar a leitura no rosto dele, os óculos escuros não ajudam muito, a concentração dele no trânsito em frente, o sol forte apagando todas as tênues fronteiras entre luz e sombra, ela não sabe se é só isso, ela não sabe se é porque ela não quer, não quer saber, mas ela não consegue, não consegue ler o rosto dele e saber o que ele está pensando, se ele insinuou e então pergunta)
- No que você está pensando?
- Que você vai liquidar legal tua poupança.
- É. Vou.
- Com dinheiro você é sempre tão cuidadosa.
- Eu tenho pouco, tenho que cuidar dele.
- Do teu corpo também.
- Ele se cura sozinho.
- Dinheiro também. É que teu corpo não te atrai.
- Dinheiro não me atrai.
- Não. O valor material dele não. Você não é disso. É o poder.
- O poder?
- O poder. Não o de comprar coisas ou mandar nas pessoas. Mas a idéia. A idéia intrínseca. Ele é aberta e escandalosamente forte.
- Ele não traz a felicidade.
- Mas leva embora.
- Você sempre tem uns pensamentos tão esquisitos...
- Lógicos.
- Não, não são lógicos. Você não age que nem as pessoas normais.
- Elas é que são ilógicas.
- Então? Não é você que é o esquisito nesse caso?
- Eu não sou esquisito. Eu só estou te dando uma carona e uma força. Eu nem devia, se fosse tão lógico assim.
- Eu sei.
Ela abaixou os olhos. Ela é uma menina muito orgulhosa. Ele acha que nunca a viu fazendo isso. Ela sempre teve uma explicação para tudo. Ela está cansada e abatida. Não queria se deixar ver assim, mas ela está assim, está cansada e abatida. Ela não só abaixa os olhos, ela abaixa os olhos e ainda vira o rosto para o lado. Ela está cansada e abatida. O outro lado, longe dos olhos dele. Longe. Longe dos olhos.
- Era esse assunto que estávamos tentando evitar, não era?
- Era.
- Por que você me chamou?
- Eu não confiaria em mais ninguém.
- Não?
- Não.
- Tem certeza? Foi esse o único motivo?
Ela está longe, ela está alquebrada, mas é orgulhosa demais para responder "não", verdade ou mentira. Ela está longe dos olhos.
- Olha só você. Depois de tudo. De tudo que eu fiz, de tudo que a gente passou esse tempo todo, você tá aí.
- Tô. Eu sempre estive "aqui". Do seu lado. Sempre estive à sua disposição.
- Eu sei.
Silêncio.
Os olhos dela marejam enquanto ela continua longe do olhar dele. Ela não quer perguntar, ela não quer saber, ainda há pouco não conseguiu ler o rosto dele, não quer arriscar, é melhor a dúvida eterna do que a certeza negativa, mas o coração é ilógico, ela é normal como os outros, ela não é esquisita como ele, ela precisa, ela quer, ela deseja saber. E segue.
- Mas depois de tudo que eu te fiz... você não precisava mais estar do meu lado. Se eu estivesse ao teu lado que nem você do meu não tava assim agora. Por que quando eu te liguei você não me bronqueou? Não me pagou um esporro? - soluço - Não desligou na minha cara? Não gritou? Não fez nada. Nem chorou. Nem ficou triste. Disse que me levava. - entrecortada - Disse que ficava comigo. Disse que esperava eu acordar. Que me levava pra tomar um sorvete depois. Disse que me ajudava no que fosse possível. Nem ao menos levantou a voz. Por quê? Por que você não me bateu, não gritou comigo, não me mandou embora, por que você me tratou tão bem, por quê?
Ela nem olhava o rosto dele, não queria ler, não queria não saber ler a expressão, expressão do rosto, expressão corporal, ele podia parecer misterioso à primeira vista e reservado demais e incapaz de arrebatamento e paixão à segunda, mas ela o conhecia o suficiente, mas agora não parecia mais capaz disso. Só de esperar a resposta, que demora um pouco, ele não responde de cara, a garganta dela não está mais livre, tem muco e soluços e dúvida e tristeza, tem tristeza, ela está longe de casa, longe da mãe, longe de ser mãe, longe de estar pronta para lhe ouvir a resposta, que chega, vem devagar e firme, devagar e certa, devagar e triste como a garganta dela, vem longe, vem de longe que seus tímpanos já ouvem mais os sons de dentro dela.
- Eu acho que não te amo mais, Cecília.
E depois ela não ouve mais nada que começa o choro, escondido, longe dos olhos dele, longe dos olhos, longe do coração.

O Piquenique dos Marisqueiros


d'après Bresson

O Leitor III




Bem que meu amigo Serginho França, que trabalha na Record, me disse que no governo Lula mais gente estava lendo, por causa da boa economia (o que não é o caso aqui). Se você clicar para ampliar, vai ver que o livro é um daqueles Sabrinas (na verdade, da Harlequin), da Diana Palmer. Obviamente seria fantasiosa literatura escapista.

Monumento no Santos Dumont




Em frente ao Santos Dumont, uma águia salta de uma pedra - mas é um memorial aos mortos em acidentes de avião. Por algum motivo, me pareceu meio mórbido... talvez pelo "não regressaram", que passa uma ideia de que eles estão até hoje por aí, voando, sem nunca conseguirem voltar, amaldiçoados como o Holandês Voador. Talvez pela ausência de homenagem aos passageiros, como se eles não fossem peça fundamental na aviação comercial. Para mim, entretanto, há definitivamente algo de macabro na obra.

Um Celular com Câmera


Circo Voador - esperando o festival de reggae começar...

Um Celular com Câmera


Ele realizou o sonho da casa própria

Um Celular com Câmera


Arco-íris no Aterro (e abre finalmente um sol sobre a região serrana). Clique para ampliar.
"Não, eu não roubaria um carro, mas se um amigo meu dissesse que eu podia tirar uma cópia de seu BMW, certamente pensaria bastante no assunto" (www.dvdsavant.com, sobre os anúncios - que chegaram aqui no Brasil - comparando piratear filmes com roubar carros).

"Eu Só Conseguiria Explicar se Pudesse Falar em Technicolor"




Em 1956 uma dona de casa careta toma ácido em pesquisas sobre saúde mental e descobre que ela é una com o universo. O fundador dos alcoólatras anônimos também tomou, esperando que o LSD pudesse causar o despertar espiritual necessário para que seguissem o famoso caminho dos doze passos. É impressionante a cena da mulher dizendo (ironicamente num filme em preto e branco) que tudo é em cores, tudo faz parte dela e vice-versa, e principalmente, quando o cientista pergunta "como você se sente por dentro", ela respondendo, "não existe 'dentro'".

janeiro 13, 2011

Comentário Tirado do Facebook

"Aqui em Petrópolis, por exemplo, qdo um cidadão, numa área que, só de olhar dá medo, começa a preparar o local para a construção, a prefeitura, ao invés de alertar e embargar, parando o processo, é a 1ª a se om......itir...

O que acontece depois é o seguinte: Assim que a construção vai tomando forma, a AMPLA, é a 1ª a aparecer para colocar um poste e um relógio medidor de luz no local - isso é em qq lugar, até no cume de uma montanha, se for o caso...

Depois a prefeitura envia seus "cambonos" a fim de se fazer um cadastro para começar a cobrança do IPTU... e assim vai...

O mais importante, e ao mesmo tempo trágico, é o fato de que, qdo acontecem essas calamidades, a digníssima prefeitura é a 1ª a tirar o corpo fora alegando que a construção foi feita em área de risco...

...ora bolas!?

Vão pra PQP - prefeitos, vereadores e todos os hipócritas chamados políticos!"

janeiro 12, 2011

Kamikaze bom é kamikaze morto.
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O Casamento da Filha do Adido Militar




Comprei este postal outro dia na Feirinha de Antiguidades da Praça XV. Não conheço o lugar retratado, gosto mais de cartões com fotos do Rio de Janeiro, ver as paisagens mais antigas, mas fiquei intrigado com o texto. Você pode ler no original se clicar na imagem para ampliar, com a vantagem de ver também a caligrafia do sujeito, mas abaixo vai de qualquer forma a transcrição:

Cara amiga Maria

Estou lhe escrevendo de Roma, a Cidade Eterna, uma beleza. Estive em Capri, com a minha noiva, num iate de um conde inglês, Lorde Benkson, só de gente granfinérrima, 2 dias maravilhosos. Passaremos mais 2 dias aqui em Roma, depois percorremos mais 12 países, e na Alemanha, se tudo der certo, me casarei aqui em Frankfurt com esta moça que é filha do adido militar Brasileiro, aqui na Alemanha.

Até breve, um abraço do amigo


A primeira impressão que tive foi de que esse sujeito estava dando um golpe do baú. É claro, posso estar enganado, ele poderia estar loucamente apaixonado pela noiva, mas fiquei curioso em saber de onde vinha essa sensação. Então vamos brincar de Sherlock Holmes e ver o que não bate no texto.

1. O sujeito está mandando um postal para uma amiga. Postais são coisas que normalmente você manda para pessoas mais íntimas (ou mandava, hoje em dia é tudo mais prático com Facebook e internet). No entanto, ele precisa explicar quem é a noiva - a filha de um adido militar. E que vai casar. Há quanto tempo ele estava noivo que aparentemente nem a amiga dele sabia? E esse casamento foi planejado assim de sopetão, a ponto de contar pra Maria só em cima da hora?

2. Antes de qualquer demonstração de afeto, carinho ou de saudades, o sujeito começa a declinar os lugares onde esteve - todos pontos turísticos, no começo dos anos 70, quando não era qualquer um que viajava à Europa. Roma, Capri, Frankfurt e um iate de um conde inglês - só com gente granfinérrima!

3. O sujeito conta o nome do conde inglês dono do iate - Lord Benkson (ou Benhson, algo assim) - mas não o da noiva!!!! É mais importante pra ele declinar o nome de um nobre britânico do que o da noiva! Em vez de sabermos como ela se chama, ficamos apenas sabendo suas credenciais sociais - que é filha de um adido militar. Não somos informados de mais nada sobre a (supostamente) jovem, se ela estuda, trabalha, o que faz, se é bonita, inteligente. Apenas que o pai dela tem um cargo diplomático.

4. Por ter ficado tão impressionado com o iate do lorde inglês - cheio de "gente granfinérrima" - parece que o sujeito não estava acostumado com tanto luxo. Grã-finos não usavam a palavra "granfinérrima". Ela não é fina.

5. Casar no Velho Mundo também parece lhe impressionar sobremaneira. Ele repete várias vezes "aqui", falando da Alemanha e de Frankfurt, mas querendo falar "Europa".

O português é claro, bem escrito, sem erros de ortografia e apenas no final escorrega em algumas redundâncias, embora isso possa ser explicado pelo espaço se acabando. A letra é muito juvenil, mas tem um ar decididamente decidido! É de alguém com estudo e que sabe o que quer, embora jovem. Mais não sei falar. De qualquer forma, a sensação permaneceu. Como terá acabado essa relação? Terão eles se casado realmente em Frankfurt? Qual a relação de Maria (moradora da então ainda chique Atlântica) com o missivista, a ponto de receber um postal e não saber que o sujeito estava noivo (e de quem). Mistérios que se perderam com o tempo. Maria, coitada, deve ter falecido, ou não se encontrariam suas coisas numa loja de antiguidades. Quanto seus herdeiros terão ganho vendendo essas coisas, expondo-a assim para todos? Os centavos que recolheram terão valido a pena?

O Acidente de Carro de Mark Hammill

Tem gente que volta e meia se pergunta porque só o Harrison Ford se deu bem do elenco dos primeiros Guerra nas Estrelas. Bem, pra começar, não foi só ele, Alec Guinness, ator então já consagrado, mas com as conhecidas dificuldades da idade para arrumar papéis, se deu bem. Confessadamente calcado o seriado na jornada do herói de Joseph Campbell, o sempre interessante papel de velho mestre nas mãos de um dos homens de mil faces do cinema lhe rendeu um Oscar.

Outro papel interessante, na segunda metade dos anos 70, era da princesa, uma mulher de ação, (supostamente) liberada sexualmente e líder da rebelião. Meus amigos todos achavam-na meia caída, mas eu me lembro que aos 12 anos não conseguia tirar os olhos daquele busto balouçante sob um fino tecido e sem sutiã. Mais sobre seus dotes artísticos não ficamos sabendo porque ela ao mesmo tempo se afundou nas drogas e casou com Paul Simon (hello darkness my old friend, and here's to you Mrs. Robinson, essas coisas, isso mesmo, aquele do Garfunkel, like a bridge over troubled water), não se sabendo o que foi pior.

Depois dela quem tinha o papel mais interessante era Harrison Ford, mas como ele não era, pelo menos no primeiro filme, o herói, só foi realmente explodir como Indiana Jones em "Caçadores da Arca Perdida", depois de aceitar o papel que o Tom Selleck, o Magnum, na época ainda enrustido, não aceitou.

Por último, o protagonista, como quase sempre, era o menos interessante da turma. Se bem que Luke Skywalker, em sua confiante imaturidade, poderia provavelmente ter rendido mais na mão de um ator mais tarimbado. Mas tinha o que importava: um rosto para vender pilhas e pilhas de revistas. Minha irmã colecionava tudo que podia sobre ele. Até que estreou o segundo filme.

Uns dizem que foi no fim da filmagem do primeiro longa, outros que foi pouco antes do começo do trabalho no segundo, mas que ele bateu com o carro, não há dúvidas. Também não se sabe exatamente o tamanho do estrago - há quem diga que ele estava quase morto quando foi resgatado, enquanto outras versões dão conta de que ele mesmo foi pedir socorro, embora bastante ensanguentado. Em entrevistas, Hammill diz que apenas quebrou o nariz, mas há um consenso de que ele ficou horas na mesa de operação e, por causa de suas consequências, criou-se a sequência inicial de O IMPÉRIO CONTRA-ATACA para justificar suas cicatrizes.

O que realmente aconteceu? Naquela época não existia internet e jornais brasileiros não faziam matérias longas com astros juvenis americanos. Revistas importadas eram caras e difíceis de achar e é quase miraculoso que minha irmã na época já soubesse da história do acidente e do ataque da besta-fera logo no início da segunda fita pra disfarçar. De qualquer forma, Hammill nunca mais teve os traços delicados de galã de matinê e a maturidade tornou suas feições ainda mais brutas. Embora talentoso, não tinha mais aquele poder de atração nas bilheterias e sua relativa fama o tornava mais caro do que outros atores no mesmo nível e até mais bonitinhos.

Se você quiser conferir se o acidente fez diferença ou não, eis aí embaixo algumas fotos para se fazer a comparação.

XKCD

Da excelente tirinha online xkcd.com - uma história de sarcasmo, romance, matemática e filosofia, por Randall Munroe, talvez o primeiro webcartunista a viver exclusivamente de seus trabalhos pra internet.

Clique na imagem para ampliar


Abaixo, a tradução dos balões quadrinho por quadrinho para quem não lê em inglês ou tem preguiça de pensar:
1. Esse sinal não abre nunca.

Gostaria de pegar o idiota que programou esse cruzamento.

2. Oi.

Quem diabos é você?

Eu programei este cruzamento.

3. Você está certo - eu deveria ter feito o sinal vermelho mais curto! Danem-se as horas de simulação e testes que fiz! Dane-se a maneira como este cruzamento interage com as vizinhanças de uma maneira complexa e que me tomou uma semana planejar as sequências temporais para evitar enormes engarrafamentos!

4. Obviamente sou um engenheiro de merda e você tem uma solução melhor.

Vamos lá, mostre-me suas sequências temporais.

5. Saia já do meu capô antes que eu comece a dirigir e você voe no trânsito.

6. Você não pode. O sinal está vermelho.

Quando vai abrir?

Terça-feira.
Você sabe que sua vida não é grande coisa quando você não tem um arqui-inimigo...
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janeiro 11, 2011

Amy-a ou deixe-a (Sérgio Garcia).
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janeiro 07, 2011

Scott Pilgrim Contra o Mundo



Scott Pilgrim está enfrentando o mundo nas telas de cinema, o que é bastante inesperado, pois quando encarou os EUA tomou um pau na bilheteria tão grande que tudo levava a crer que só sairia na terra onde canta o sabiá em DVD (também em blu-ray!). Mas não, chegou nos cinemas e é a chance de se conferir que rumo tomou um dos melhores gibis do século XXI.

Brian Lee o'Malley partiu do interessante conceito de que todo mundo se vê como o herói de sua própria vida - e de que um nerd desorientado que não estuda e não trabalha e não sabe o que vai fazer da vida a veria como um videogame - para empurrar de forma brilhante e original o que podia ter acabado como mais uma historinha jovem sobre amor e relacionamento, dessas que lotam cinemas, tevês e quadrinhos indie americanos. Mas aproveitando as técnicas narrativas de mangás, animês, filmes de ação, clássicos do nintendo, a jornada do herói conforme Campbell e utilizando a luta contra a Liga dos Ex-Namorados Malignos como metáfora para os conflitos no amor com uma parceira mais experiente (e madura), o'Malley concatenou um apaixonante gibi.

Um dos grandes méritos da HQ original eram seus personagens extremamente convincentes. Como o próprio estilo da revista, com personagens estilizados andando em cenários do mundo real reproduzidos realisticamente, a narrativa, apesar de todos os efeitos pirotécnicos, é convincente e verossímil. O carinho do autor se revela em cada fundo caprichosamente desenhado e em cada nuance do povo da história. Ninguém é realmente malvado, apenas equivocado e, mesmo quando fazem coisas erradas, a culpa que sentem nos faz gostar ainda mais deles. Em suma, ele consegue a proeza de criar uma turma com quem você sente vontade de sentar pra tomar umas e outras.

Só que pra conseguir esse grau de complexidade e intimidade dos personagens, o'Malley usou seis volumes de mais de 200 páginas. Como um cineasta, ainda que Edgar Wright, o cérebro por trás da versão original de "The Office" e dos longas "Todo mundo quase morto" e "Hot Fuzz - Chumbo Grosso", iria comprimir isso tudo em duas horas? Obviamente cortando muita coisa. E, sendo cinema a arte da imagem em movimento, enfatizando as lutas e os confrontos.



As longas e complexas tramas secundárias e os detalhes das vidas dos coadjuvantes dançaram. Apenas Scott, seu companheiro de quarto gay Wallace e sua namoradinha ninfetinha Knives Chao ganham uma construção melhor como personagens. Até mesmo Ramona, a amada de Scott, é pouco mais do que um ideal romântico. Personalidades interessantes como Kim são reduzidas a duas ou três linhas monocórdias. Incidentes algo gratuitos (e, como diria Aldous Huxley, por isso mesmo verossímeis) como Knives e Kim dando uns amassos sumiram completamente. O lirismo dos passeios subespaciais pelos sonhos de Scott é rapidamente referenciado. E a pungente pequena tragédia da primeira namorada séria de Scott amadurecendo mais rápido do que ele, que prefere continuar fugindo de suas responsabilidades como adulto, também está completamente ausente.

Mas a razão é que Edgar Wright sabia que historinhas de relacionamentos e amores jovens, normalmente morbidamente autopiedosas e autoindulgentes, abarrotam o planeta há trinta anos, e que o diferencial de Scott Pilgrim era a narrativa "a vida como videogame" e mandou ver. Wright consegue transmitir a ideia de um mundo real e intimista num universo funcionando com regras de videogames, mangás, filmes de ação e sitcoms, que infundiram nos personagens valores e ideias românticos e narcisistas que os deixaram despreparados para enfrentar a vida. Assim, é justamente através de lutas de Mortal Kombat, Zelda e Mario que Scott irá amadurecer em seu relacionamento com uma mulher (ligeiramente) mais velha e (bem mais) experiente. E que lutas! Apesar de seu completo descompromisso com a veracidade, a porradaria tem a computação gráfica com menos cara de "ator-seguro-por-arame-apagado-por-computador" que o blogueiro já viu.

Se a edição é algo histérica, tem a seu favor o fato de ser uma das raras vezes em que o estilo casa perfeitamente com o conteúdo - e ainda por cima tem a vantagem de que é acelerada não por um roteiro que precisa expor muita coisa através de diálogo vazio, mas por ter mesmo história e conteúdo dramático pra avançar. Michael Cera empresta seu inestimável carisma (1) pro personagem, ajudando a preencher os vazios deixados pelos cortes da adaptação e Kieran Caulkin aproveita suas bem escritas falas pra quase roubar a fita.

Assim, Edgar Wright consegue uma abordagem original pruma história sobre um garoto narcisista que como eu amava os videogames e os mangás. O mundo é uma batalha de Mortal Kombat e não basta memorizar os movimentos. Do logotipo da Universal apresentado como uma abertura de Nintendo ao lírico final subespacial, Wright escreve uma fascinante crônica sobre a geração meio perdida de hoje em dia e dá uma boa dica de como será sua produção artística e filosófica daqui a alguns anos. O filme é uma boa pedida para essa garotada - o blogueiro o viu com seis adolescentes, sendo que cinco adoraram a fita. Além dele, é claro, já um tanto passado, mas ainda com o coração pra se empolgar com as lutas de um povo lutando pra crescer num mundo cheio de referências a heróis e gadgets.

(1) Dentre os seis adolescentes com quem o blogueiro foi ao cinema, pelo menos duas demonstraram achar Michael Cera "lindo" (????), o que decerto só pode mesmo ser atribuído ao seu carisma e ao seu talento e não a seus atributos físicos.

Um Celular que é um Computador, que é um Celular, que é um Computador...


A Motorola lançou esta semana seu novo celular top de linha, o Atrix. Com tela de quatro polegadas, resolução de 960 x 540, um processador de dois núcleos, cada um correndo a 1 gigaherz, e ainda 16 gigas de memória interna (expansível via SD a 48 gb), a engenhoca tem especificações mais afeitas a um computador do que a um telefone...


Então, exatamente por isso, pra não desperdiçar todo esse poder de processamento numa telinha minúscula, a Moto lançou também acessórios pra transformar seu telefone NUM COMPUTADOR DE MESA: com a estação de docagem acima, você encaixa a geringonça e passa a ter três portas USB e uma HDMI, mais do que suficiente pra ligar monitor, mouse e teclado - esses dois opcionais, já que você pode usar o teclado físico do próprio aparelho e o display touchscreen dele como um touchpad.


Pode ficar feio, mas se você tem computador em casa só pra editar texto, brincar de multimídia e acessar a internet, de repente pode até dispensar um desktop. Ou pode usar como a segunda máquina da residência.


Não achou prático? E que tal então usá-lo como um laptop? Pois é só encaixar na fenda atrás da tela na foto acima pro seu celular virar um confortável computador portátil com tela de 11,6 polegadas (quatro centímetros a mais do que um iPad). Segundo as resenhas lá de fora, o teclado chiclete é bastante confortável. A grande vantagem é que esse notebook é mais leve e fino - e, portanto mais fácil de carregar - do que os normais, já que não tem nenhum complicado circuito interno, só os das teclas e do touchpad.

É claro que qualquer trabalho pesado envolvendo edição de vídeo, retoque de fotos, planilhas, diagnósticos, CAD e tarefas do tipo vão exigir máquinas mais robustas do que as movidas a celular, mas as estações de docagens dão uma ótima solução pra simplificar a vida de um sujeito que precisa levar seus arquivos e programas de um lado pro outro e ficar sincronizando o tempo inteiro. Com o laptop reduzido apenas a um teclado e um monitor, também economiza em peso ao carregar suas ferramentas de produtividade por aí.

Resta saber o preço desses gadgets. As empresas têm uma péssima mania de fazer esses adaptadores custarem quase o mesmo que aparelhos completos que desempenham as mesmas funções e muito mais, pelo menos desde os anos 70, 80, quando um toca-fitas de carro custava uma fortuna e tinha um som bom, mas era uma fortuna e, pra incentivar as pessoas a comprar um, foi lançada uma estação de docagem com alto falantes pra serem usados em casa. Infelizmente o preço da aparelhagem de som começou a desabar exatemente nessa época, a doca era quase o preço de um bom 3 x 1, que tinha a vantagem de poder GRAVAR fitas K-7 (para a geração mais nova, era o MP3 gratuito da época).

Detalhe da estação de docagem do laptop

O custo de um netbook caiu assustadoramente desde que eles apareceram uns três anos atrás, ainda rodando Linux, e a tendência é continuar, com o barateamento de seu componente mais caro, as telas. Como sói acontecer em informática, tablets muito mais poderosos do que o iPad já estão sendo anunciados - o XOOM, por exemplo, pela própria Motorola - já mais baratos do que a revolucionária engenhoca da Apple. A não ser que essas docas venham realmente a um preço bem compensador, elas nunca deixarão de ser apenas ferramentas de marketing, com uma presença ínfima na vida real. As pessoas gostam de usar aparelhos dedicados pras suas necessidades, ainda mais quando envolvem trabalho.

janeiro 06, 2011

Mc Creu Filmando na Praia


Causou a maior comoção em frente à Teixeira de Melo. Olha o profissionalismo: além das mulheres não serem bonitas e nem gostosas, apenas terem bundas grandes (como um PF em prato fundo - quantidade acima de qualidade), ainda por cima estavam filmando CONTRA O SOL - e ainda sequer estávamos no crepúsculo, embora provavelmente já na "hora mágica" (uma hora antes do nascer ou por do sol), quando as propriedades cambientes e os tons quentes da luz dão um belo efeito... desde que se esteja com o sol às costas!



Nada disso, é claro, impediu o povo - principalmente turistas brasileiros - de tirar umas fotos com as solícitas mulheres sonhando com o estrelato.

Rei II


Tudo bem, o show foi meio decepcionante, mas pelo menos teve o Rei cantando esta pérola de seu repertório, ESTÃO TODOS SURDOS?, que não é figurinha fácil em suas apresentações...


E Jesus Cristo pra terminar...

Tchau, Férias!


Até março!

janeiro 04, 2011

Um Celular com Câmera


O resto pode estar em construção, mas ninguém precisa ficar apertado...

Rei!!!



O show de Roberto Carlos provou que as praticamente duas décadas sem lançar músicas novas afastou-o da garotada. A multidão em Copacabana era bem menor do que o esperado e mesmo chegando em cima da hora deu pra ver o Rei de bem mais perto do que o esperado - e não veio a confusão que chegou mesmo a proibir o tráfego de carros DOS PRÓPRIOS MORADORES em Copacabana.

Talvez tentando atrair a juventude, o show foi cheio de convidados - Bruno e Marrone, Raça Negra, gente cantando SUAS PRÓPRIAS MÚSICAS, em vez do esperado, canções de Roberto. O Rei, sentado, dizendo ter um problema no joelho, parecia estranhamente passivo enquanto cantava pouco mais de meia dúzia de seus velhos sucessos e deixava os outros artistas fazerem longos sets. Decepcionante. Melhor foi ver o público de meia-idade, da era em que Roberto Carlos mandava e todos obedeciam, sacudindo capas das edições originais dos discos dos anos 60 e gritando desesperadamente como se fossem as garotinhas que se apaixonaram por aquele complexo e misterioso artista.

Seis Coisas que Você Pode Fazer com seu Smartphone

Além de fazer ligações, tirar fotos, filmar, ouvir música, jogar videogame, baixar e-meios, surfar na Web, acessar as redes sociais, descobrir os caminhos e achar lugares através do GPS, usar como agenda e caderno de telefones...

Ok, você comprou seu smartphone e está feliz que pode fazer isso tudo com seu celular novo. Mas se você mexer nele um pouquinho mais e baixar programinhas gratuitos da loja de aplicativos, ainda tem mais coisas legais - e algumas até úteis - para as quais você pode usar seu telefone.

1. Controlar seu computador remotamente.

Quer mostrar pra alguém aquelas fotos das suas férias que estão no seu computador de casa? Precisa urgentemente de um texto escrito há tempos e guardado em alguma pasta do seu HD? Perdeu a planilha ou o PowerPoint e quer acessar a cópia de segurança?

Pois pra isso você não precisa mais ligar pra casa e pedir pra sua empregada que não entende nada de informática pra procurarem o arquivo, desesperadamente tentando explicar que se procurarem bem vão achar a pasta tal e o botão de abrir, ou como enviar o negócio através da internet. Basta baixar um programeto pro celular e acessar o computador domiciliar - que, aí sim, deve ser deixado ligado, a menos que você confie na sua empregada pra ao menos ligar o bicho. Pra smartphones com windows ou android você pode usar o logmein, aplicativo pago, ou, no android, o gratuito neorouter. Há outras opções pra todos os sistemas operacionais.

2. Usar seu telefone como modem pra acessar a internet.

Se você não tem um modem 3g, aquele aparelhinho USB que você encaixa no computador e entra na internet de qualquer lugar, pode usar seu celular pra isso. Se você estiver no meio da rua, numa pousada sem wi-fi ou em qualquer outra situação em que queira dar uma navegada e ache a tela do smartphone muito pequena, ou precise do teclado e do poder de processamento de uma máquina maior pra trabalhar, basta baixar um aplicativo pra começar a fazer o "tethering", ou seja, o acesso à rede mundial através de seu telefone.

É claro que você o seu celular vai ter que ter um plano de dados. As versões mais modernas do sistema operacional Android já vêm de fábrica configuradas para que você use o aparelho como um roteador wi-fi, permitindo que várias máquinas acessem a Internet através do bichinho, sem fios. As versões mais antigas exigem para tanto que você faça um "rooting", nada recomendado para a imensa maioria dos usuários, mas o tethering continua sendo possível através do cabo USB ligado ao seu computador, com aplicativos como o EasyTether. O iPhone e os Symbian também têm programas pra isso.

3. Ler livros.


Com as telas de mais de 3,5 polegadas que praticamente todos os smartphones têm, ler e-books neles não é nenhum sacrifício, por mais que seus amigos que trabalham com papel, os mesmos que diziam que CDs jamais substituiriam LPs, MP3 jamais substituiriam CDs e câmeras digitais jamais substituiriam as de filme, digam o contrário. Você pode escolher o tamanho da fonte para ser maior do que a de livros, pode escolher se tem serifa ou não, e até mesmo pode escolher a cor de fundo - o blogueiro gosta de usar verde, como em seu Windows, porque verde descansa a vista (1). Se você lê inglês, tem acesso instantâneo a praticamente qualquer obra em domínio público e a edições baratas de lançamentos no Kindle, disponível para todos os sistemas operacionais de celulares. Ter uma biblioteca à mão para todos os momentos à toa - na praia, na fila do supermercado, na sala de espera, no ônibus, no táxi, no avião, na hora de dormir - estimula a leitura e é extremamente prático para nerds viciados em letrinhas.

Existem mesmos programas para se ler gibis, isso sim ainda muito cansativo nas telas de hoje em dia, rodando por volta das 4 polegadas, o que não é pouco, ainda mais quando você considera que o Kindle, da Amazon, que vendeu pra burro, tem 6 polegadas.

4. Fazer ligações de graça.

A essa altura todo mundo sabe o que é Skype, né? Pelo computador, você pode fazer chamadas de voz gratuitas, através da internet, pra outros números skype, ou mesmo pra telefones de verdade, pagando tarifas muito mais em conta particularmente em interurbanos e chamadas internacionais. Só que o programa já está disponível também para celulares e agora dá pra fazer as ligações telefônicas num telefone de verdade, o que é bem mais prático do que um computador.

É claro que usar seu plano de dados pra essas ligações vai acabar saindo mais caro do que um telefonema, principalmente pra interurbanos e chamadas internacionais. É mais sábio usar a rede wi-fi de casa ou então as abertas, como em hotéis, aeroportos ou restaurantes que ofereçam o serviço.

5. Odômetro para exercícios.

Existem dezenas de programas para celulares que se ligam ao GPS do aparelho e vão monitorando a distância que você percorre, seja a pé, andando ou correndo, ou de bicicleta. Perfeito pra quem quer saber quanto caminhou ou pedalou pro seu programa de exercícios. Os aplicativos também informam a velocidade média, a quantidade de calorias queimadas e o progressou de seu preparo físico. Para os mais radicais ratos de redes sociais, ainda há a opção de se gravar num mapa o percurso percorrido e compartilhá-lo no Facebook e afins.

6. Dar o som numa festa.

Basta ligar o celular num amplificador. Aceitando cartões de memória com até 32 gb, o equivalente a 32.000 minutos de música em média num MP3 ou mesmo mais de 50 CDs sem nenhuma compressão, basta baixar um dos muitos programas gratuitos de DJ pra transformar um smartphone num mixer, com direito a alterações de velocidade, bases rítmicas, mixagem com som contínuo, ou de várias músicas se intercalando. Laptops já eram, são muito grandes, o lance agora é dar sua festa com seu telefone. E, mais chique ainda, com os receivers com bluetooth de hoje em dia, ainda dá pra fazer tudo isso com ele no bolso e o disc-jockey na pista de dança.

Existem muitos outros usos para seu celular. Procurando, você encontra desde programinhas que transformam a tela numa régua (você nunca precisou de uma régua pra medir algo pequeno e não tinha nada à mão?) ou num nível de carpintaria (usando o acelerômetro para tanto), até bússolas e tocadores de vídeo que leem legendas e tipos de arquivos obscuros. E ainda existem os muuuuuuuitos usos na música, que não é a área do blogueiro. Smartphones são caros, mas são verdadeiros canivetes suíços eletrônicos, e a quantidade de aplicações para eles depende apenas da imaginação do usuário. Se ele não for daqueles que acham que essas maquininhas têm mais é que fazer chamada telefônica sem complicar muito, não há limites para o que você pode fazer com essas engenhocas.

(1) O olho humano tem muito mais receptores para verde do que para qualquer outra cor. É por isso que metade dos pixels das câmeras digitais são sensíveis ao verde, enquanto a outra metade fica com as outras duas cores primárias. Na verdade, cada pixel do sensor só lê uma cor e as outras são deduzidas a partir dos programas da máquina - este é só mais um dos motivos pelos quais a qualidade do sensor e do sistema operacional são muito mais importantes do que o sistema ótico ou a quantidade de megapixels na hora de comprar a sua câmera.