Guerra é um assunto fascinante, mas ir para uma guerra de verdade é inegavelmente uma roubada. A principal preocupação do soldado normalmente é voltar inteiro para casa. Tão avassalador é este instinto de autopreservação que estudos feitos por militares chegaram à conclusão que uma parcela considerável de infantes nunca dispara sua arma contra os inimigos - devido a um medo subconsciente de uma retaliação à altura. Boa parte daquele treinamento durão militar que a gente vê em filmes é justamente para despertar a agressividade dos recrutas. O exército americano, por exemplo, conta com diversos exercícios para garantir que seus integrantes percam o medo de atirar contra outros viventes. Justamente por esta vontade de sobreviver, os guerreiros suicidas nos fascinam tanto. Sejam eles
kamikazes,
líderes de revoluções, homens-bomba ou os berserkers, aqueles sujeitos que partem para a batalha sem se preocupar com dia de amanhã contrariam toda a programação genética de sobrevivência a qualquer custo e, mais do que fanatismo, exibem uma disciplina (ou, no caso dos berserkers, INdisciplina) mental impressionante.
Quando eu morrer, não quero choro nem vela, quero uma fita amarela, gravada com o nome dela
Os berserkers eram guerreiros tão incontroláveis que até hoje a palavra é usada em inglês como sinômino para criaturas acometidas de fúria cega. Desprezavam armaduras e escudos, às vezes até nus, e tinham como arma de preferência o machado, completamente imprestável para defesa (embora inegavelmente apavorante no ataque). E partiam para cima do inimigo urrando e correndo como o Edmundo nos anos 90. A visão daquele vivente completamente despreocupado em se proteger deixava claro que ele não se importava em ser ferido, estocado ou morto, mas que levaria junto quem o atingisse. Como os outros soldados se preocupavam, eles sim, em voltar para casa, a prometida morte certa para quem engajasse aqueles celerados em combate acabava fazendo pelotões inteiros fugir de um único daqueles guerreiros ululantes (
continua...)
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