setembro 19, 2008

Furtivo e Covarde

Primeira Versão

Tudo que está morto torna-se pai
Tudo que vive é o filho

Nunca devorei a carne dos inimigos caídos
Para herdar sua coragem

Nunca brindei bebendo nos crânios
dos inimigos por mim abatidos
por sua valentia que me enobrecia

Nunca amei
Nunca amei de verdade
Amei como nos ensinam a matar
nas escolas nas creches no emprego no governo na tevê

Amei furtivamente
A sangue-frio
Amei pelas costas
Covardemente

Mantendo o colarinho os punhos o paletó
impecáveis

Amamos como vivemos
Vivemos como matamos
Pois tudo que está morto torna-se pai
E só o filho está vivo

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