março 19, 2009
Um Dia no Engenho de Dentro VI d - Museu do Trem IV
Nos anos 10, o Rei Alberto veio visitar o Brasil numa longa viagem de trem e para tanto a Central providenciou um vagão especial.
Plena era do art-nouveau.
Quentes, esses trópicos, hein?
Cadeiras de vime, formas abstratas, elegância... a era de ouro do art-nouveau. O carro presidencial de Vargas, de quase 15 anos depois, abaixo, tem móveis com mais cara de século XIX do que estes.
Quase trinta anos depois do vagão imperial de Pedro II, a realeza ainda gostava de cuspir no chão, como prova a escarradeira à esquerda.
Os textos no museu mandam prestar especial atenção nesta cabeça em cima da moldura do espelho, "com motivos indígenas". Não vi nada disso, mas em atenção ao sujeito que escreveu o troço, eis aí a cabeça.
Este é o vagão presidencial de Getúlio Vargas, versão Revolução de 30. É o único com este alpendre, obviamente para discursos do protocaudilho (que só iria encaudilhar-se de vez em 1937, depois das primeiras viagens deste carro).
Surge a classe média com os tenentes tenentistas da Revolução de 30 e sua falta de finos hábitos pode ser avaliada pela ausência de escarradeiras. Classe média 1 x 0 Realeza.
A Revolução de 30 pode ter sido o que modernizou o Brasil e tirou-o do profundo atraso em que estava, mas os brasileiros não começaram a crescer imediatamente. Tudo bem, Getúlio Vargas era baixinho, mas a cama é minúscula e ainda há camas para visitas, todas extremamente subdimensionadas para os nossos padrões. Sempre que o blogueiro vai a um museu com mobiliário do A humanidade parece ter crescido muito - ou ficado mais espaçosa - no século XX.
Logo depois da Revolução de 30 os brasileiros continuavam do mesmo tamanho, mas a prova de que logo iriam crescer é que já tinham o que comer... afinal de contas, nem o imperador Pedro II e nem o rei Alberto da Bélgica tinham tal aparelhamento em seus carros. Ou será que a realeza não faz essas coisas por já ter um trono próprio?
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