novembro 29, 2011
novembro 28, 2011
Tic Tac Tic Tac Tic Tac
Seconds Of Beauty - 1st round compilation from The Beauty Of A Second on Vimeo.
Há 190 anos foi inventado o cronômetro com a então assombrosa precisão de até um quinto de segundo. Para celebrar a data, a Montblanc está promovendo o festival do segundo - similar ao velho Festival do Minuto brasileiro, quando filmetes com até um minuto concorriam a um prêmio. Só que as peças agora têm que ter um segundo. Um desafio similar ao de escrever um conto em seis palavras (mais microcontos aqui).
A curadoria do festival é do Win Wenders e um dos prêmios é encontrá-lo em pessoa (e perguntar se é verdade aquela história de que a Nastassja Kinski dormia com todos os seus diretores* e se isso se confirmou com ele - minto, isso só o pervertido aqui é que ia indagar). O outro é um cronógrafo Montblan, o quê, dado o que eles custam, é mais do que a maioria dos festivais de cinema.
Pra quem se interessar em participar da 3a. etapa, as inscrições ficam aqui. E maiores informações sobre o festival, aqui.
* Declaração dela a Paul Schrader segundo o livro "Como a geração sexo, drogas e rock'n'roll salvou Hollywood"
novembro 27, 2011
Os Primórdios da Câmera Digital
Como dito abaixo, não me arrependo de ter gasto em 1998 o equivalente a mais de mil reais de hoje por uma pequena câmera digital, algo revolucionário na época, com resolução de 320 x 240 pontos. Eu podia ver como a foto iria ficar, podia carregá-la pra tudo que era canto e tirar até 96 fotos de uma vez sem gastar nada. Por isso que, caminhando pela Urca, guardei essas impressionantes e belas imagens de uma ressaca na baía de Guanabara em 1999, com as ondas lambendo a mureta da av. João Luís Alves.
Os Primórdios da Câmera Digital
Em 1999, Vânia saía da exposição de Picasso no Mam e posava no Aterro pra minha Casio QV-10, com a resolução de 320 x 240 pontos, 0,08 megapixels e um quarto de VGA. No entanto, apesar de ter pago 400 dólares pelo brinquedo, o equivalente hoje certamente a mais de mil reais, não me arrependo, face ao enorme acervo de imagens que acumulei numa época em que a gente tinha que escolher o que ia fotografar, porque o filme acabava e era caro revelá-lo. Sem contar que nunca tínhamos certeza absoluta de como ia ficar a foto, ainda mais em situações assim de pouca luz.
Abaixo, Vânia na exposição:
Abaixo, Vânia na exposição:
novembro 22, 2011
Eu Nunca Conseguirei ser Neoliberal
Newt Gingrich, líder das pesquisas para ser o candidato republicano à presidência ianque ano que vem, declara que as leis contra o trabalho infantil são um equívoco e dá sua ideia genial para consertar as escolas públicas que vão mal: demitir os faxineiros, que só foram contratados por serem sindicalizados, e substituí-los por crianças do próprio colégio.
Eu não estou brincando. Confira aqui.
Eu não estou brincando. Confira aqui.
novembro 18, 2011
O Texto Original para a Página Logo de O Globo
Abaixo, antes que Arnaldo editasse, o texto original e maior (mas não necessariamente melhor) para a página Logo que ele me pediu. Pena que não entendi direito o que ele queria, pra que eu pudesse escrever sobre minha teoria de que as engenhocas irão tornar verdade o sonho de sermos uma única e grande mente - hoje em dia ainda precisamos de celulares para nos conectarmos à grande rede, mas no futuro viveremos nela, com um chip implantado no cérebro e todos seremos um.
Diz-se que o futuro não é mais o que era antigamente. Que nada. Pra começar, o futuro é uma invenção da modernidade. Veio junto com o progresso tecnológico. Até então as pessoas viam o tempo como cíclico: um tempo de semear e outro de colher, um de nascer e outro de morrer. As estações se repetiam e, com sorte, o mundo era exatamente o mesmo a cada equinócio. E, reforçando essa ideia, toda geração até hoje acha que tudo no tempo deles era melhor. Inclusive o porvir.
O tempo sempre fascinou a humanidade. Se, como diz Einstein, é apenas mais uma dimensão, por que só se pode caminhar em uma direção nele? Inclusive é exatamente esta propriedade que faz do tempo o que é, sua inevitabilidade (apesar das tentativas em contrário de Léo Batista e Christiane Torloni). Talvez, além de elétrons, prótons e afins, sejamos feitos também de partículas temporais que vão se perdendo com o correr dos anos, até que não haja mais nenhuma e chegue nossa hora. Talvez o futuro todo já tenha acontecido e com nossa inata unidimensionalidade não consigamos apreendê-lo, condenados a percorrer trilhas já determinadas, sinalizadas e com os desvios fechados, como os planetas a girar monotomamente em suas órbitas predeterminadas pela gravidade e pela relatividade.
Ou talvez não. Talvez o povo da física quântica esteja certo e cada momento esteja repleto de possibilidades abrindo novas dimensões e realidades dependendo da decisão tomada. Certo, pode-se pensar, por que dar ouvidos a esses físicos quânticos quando eles nem sabem dizer se um gato está vivo ou morto? Pois justamente o criador desse gato, Schrödinger, tem um livro dedicado exatamente a isso - à vida, não ao bichano.
Em "O que é a vida", Schrödinger teoriza que tudo que vive é uma máquina que se alimenta de entropia negativa. A tendência de tudo no universo é decair, mas a vida é cada vez mais pujante. Não os organismos individuais (apesar de que mesmos esses desenvolvem-se e crescem antes de envelhecerem, e há os que nunca envelhecem), mas a vida em si. Formando sistemas cada vez mais complexos, a vida é como o sujeito presente na floresta para ouvir a árvore cair: ela altera a inevitabilidade dos ciclos universais trazendo organização à esterilidade da decadência e até a livre vontade de bônus, face à inegável constatação de que somos capazes de prever a consequência de nossas ações e escolher qual a melhor.
Schrödinger não consegue acreditar que essa livre vontade simplesmente se vá com a morte, mas acha ridícula a ideia de incontáveis almas incorpóreas flutuando por aí. Acaba chegando à ideia de que o que pensamos como individualidade na verdade é apenas um aspecto da pluralidade, pois tudo que existe é uno. Uma assertiva bem perto de Deus. Aliás, Santo Agostinho, tentando provar que o tempo tinha um começo (e, portanto, um Criador), elaborou uma elegante elaboração: como o presente é a soma de tudo que já aconteceu, se o tempo fosse infinito, não haveria o presente, pois a soma do infinito é indeterminável.
Então não se tem nada que ficar cobrando das novas gerações que lutem as lutas de seus pais. Elas estão adicionando ao futuro o seu próprio presente. Elas são apenas outros aspectos de seus pais. Afinal, o próprio povo da contracultura acabou cantando que era como seus pais. Se essa garotada parece desorganizada, sem rumo ou direção, só devemos comemorar. É por isso que eles não são pedaços de minerais flutuando invariavelmente no vácuo. Eles estão vivos, eles se alimentam de caos e desordem. Eles são Anonymous. Eles são Legião. Eles ocupam Wall Street. Eles ocupam a Cinelândia. Raios, eles são o Tea Party. Eles são o novo. Eles são a vida. Eles são o futuro.
E o futuro chegou em três eixos.
Diz-se que o futuro não é mais o que era antigamente. Que nada. Pra começar, o futuro é uma invenção da modernidade. Veio junto com o progresso tecnológico. Até então as pessoas viam o tempo como cíclico: um tempo de semear e outro de colher, um de nascer e outro de morrer. As estações se repetiam e, com sorte, o mundo era exatamente o mesmo a cada equinócio. E, reforçando essa ideia, toda geração até hoje acha que tudo no tempo deles era melhor. Inclusive o porvir.
O tempo sempre fascinou a humanidade. Se, como diz Einstein, é apenas mais uma dimensão, por que só se pode caminhar em uma direção nele? Inclusive é exatamente esta propriedade que faz do tempo o que é, sua inevitabilidade (apesar das tentativas em contrário de Léo Batista e Christiane Torloni). Talvez, além de elétrons, prótons e afins, sejamos feitos também de partículas temporais que vão se perdendo com o correr dos anos, até que não haja mais nenhuma e chegue nossa hora. Talvez o futuro todo já tenha acontecido e com nossa inata unidimensionalidade não consigamos apreendê-lo, condenados a percorrer trilhas já determinadas, sinalizadas e com os desvios fechados, como os planetas a girar monotomamente em suas órbitas predeterminadas pela gravidade e pela relatividade.
Ou talvez não. Talvez o povo da física quântica esteja certo e cada momento esteja repleto de possibilidades abrindo novas dimensões e realidades dependendo da decisão tomada. Certo, pode-se pensar, por que dar ouvidos a esses físicos quânticos quando eles nem sabem dizer se um gato está vivo ou morto? Pois justamente o criador desse gato, Schrödinger, tem um livro dedicado exatamente a isso - à vida, não ao bichano.
Em "O que é a vida", Schrödinger teoriza que tudo que vive é uma máquina que se alimenta de entropia negativa. A tendência de tudo no universo é decair, mas a vida é cada vez mais pujante. Não os organismos individuais (apesar de que mesmos esses desenvolvem-se e crescem antes de envelhecerem, e há os que nunca envelhecem), mas a vida em si. Formando sistemas cada vez mais complexos, a vida é como o sujeito presente na floresta para ouvir a árvore cair: ela altera a inevitabilidade dos ciclos universais trazendo organização à esterilidade da decadência e até a livre vontade de bônus, face à inegável constatação de que somos capazes de prever a consequência de nossas ações e escolher qual a melhor.
Schrödinger não consegue acreditar que essa livre vontade simplesmente se vá com a morte, mas acha ridícula a ideia de incontáveis almas incorpóreas flutuando por aí. Acaba chegando à ideia de que o que pensamos como individualidade na verdade é apenas um aspecto da pluralidade, pois tudo que existe é uno. Uma assertiva bem perto de Deus. Aliás, Santo Agostinho, tentando provar que o tempo tinha um começo (e, portanto, um Criador), elaborou uma elegante elaboração: como o presente é a soma de tudo que já aconteceu, se o tempo fosse infinito, não haveria o presente, pois a soma do infinito é indeterminável.
Então não se tem nada que ficar cobrando das novas gerações que lutem as lutas de seus pais. Elas estão adicionando ao futuro o seu próprio presente. Elas são apenas outros aspectos de seus pais. Afinal, o próprio povo da contracultura acabou cantando que era como seus pais. Se essa garotada parece desorganizada, sem rumo ou direção, só devemos comemorar. É por isso que eles não são pedaços de minerais flutuando invariavelmente no vácuo. Eles estão vivos, eles se alimentam de caos e desordem. Eles são Anonymous. Eles são Legião. Eles ocupam Wall Street. Eles ocupam a Cinelândia. Raios, eles são o Tea Party. Eles são o novo. Eles são a vida. Eles são o futuro.
E o futuro chegou em três eixos.
Um Celular com Câmera (e software de panorama) no Aterro
Clique nas imagens para poder vê-las em detalhes. O pequeno círculo luminoso na extrema esquerda da foto ao anoitecer é o luão cheio nascendo.
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novembro 12, 2011
Ascensão e Queda do Maior Gigante de Vendas Americano - do qual você provavelmente nunca ouviu falar
*Publicado originalmente no blogue de história da Editora Record que eu edito...
O Globo desta sexta-feira trazia uma matéria sobre os armazéns de secos & molhados que ainda funcionam no Rio de Janeiro, a maioria deles dividindo suas vitrines de cristal e ferro fundido com um bar vintage, pedaços perdidos no tempo de uma cidade pré-globalizada. Mas na verdade a decadência desse tipo de comércio, como sói acontecer, começou simultaneamente com o seu auge. A era pós-industrial já mostrava suas garras nos primeiros anos do século XX, ainda antes da I Guerra Mundial, a efeméride que para muita gente marca o início do mundo contemporâneo.
Praticamente um século antes do Wal-Mart, outra empresa de varejo já sofria com as acusações de estar destruindo o comércio local e criando um monopólio perigoso para a economia do país. Embora pouco conhecida aqui em baixo, a Great Atlantic & Pacific Tea Co. foi uma das maiores corporações americanas, a ponto, de nos anos 50, vender menos apenas que a General Motors. De cada dólar gasto nos EUA, assombrosos dez centavos o eram nos caixas da A & P. Até que, como os armazéns familiares que eles jogaram no limbo junto com seu auge, chegou sua decadência, durante seis décadas, até o pedido de falência no ano passado.
Em 1859, a Great Atlantic & Pacific Tea Co., como o próprio nome diz começou em vendendo chá - ou seja, no princípio era a Starbucks e depois é que virou a Wal-Mart. O chá e o café entraram em moda com força no século XIX e o quilo podia custar aos varejistas até 2 dólares (muito dinheiro então). George Huntington Hartford e George Gilman resolveram então comprar a mercadoria diretamente das plantações chinesas. Sem a rede de comunicações de hoje em dia, um negócio arriscado, mas que baixou o preço do quilo para 0,60 centavos. Com publicidade agressiva e decoração chamativa, logo a cafeteria - não só vendia como servia bebidas - abria novas lojas.
Mas o grande ponto de virada da companhia foi quando Hartford, agindo como único proprietário, indicou seus filhos John e George para posições de liderança. O primeiro levou adiante a política de evitar atravessadores e intermediários manufaturando produtos por conta própria - plantando seu próprio café, por exemplo. O segundo, no entanto, foi quem realmente transformou a empresa num império, com seu conceito pós-industrial de loja econômica.
Os armazéns d'antanho eram lojas eminentemente locais e familiares. Os fregueses e vendedores eram muitas vezes vizinhos, frequentando a mesma comunidade, e os clientes tinham uma caderneta de crédito, onde anotavam suas compras para serem pagas somente ao fim do mês. Nos primórdios da geladeira, quando compras eram feitas por mulheres e criadas, as mercadorias eram depois entregues a domicílio. George Hartford aplicou nesse negócio então, a partir de 1912, uma política de corte de custos surpreendentemente moderna, depois de convencer o irmão e o pai da viabilidade de sua ideia.
Os novos estabelecimentos a serem abertos, para começar, não trabalhariam com longos contratos de aluguel. George pretendia que qualquer ponto que não se mostrasse rentável o suficiente pudesse ser realocado sem muita demora. Não haveria estoques de nada na loja, exceto das mercadorias de enorme saída. Não haveria crédito e nem entrega a domicílio. Um único empregado, no máximo dois, e a velha política de compras diretamente do produtor, ou produção própria. Um teste para saber o que as pessoas preferiam: tratamento personalizado, atendimento de primeira, ou preços. Adivinha quem ganhou. Uma dessas primeiras filiais foi aberta perto de uma das grandes lojas da rede. Em seis meses o armazém à moda antiga fechou.
Pelos próximos anos, em média 130 das novas "lojas econômicas" eram abertas A CADA MÊS. Em 1925, a cadeia tinha 14 mil lojas e vendas astronômicas. Tão volumosas eram suas vendas que sobreviveu praticamente incólume à quebra da bolsa de 1929. Uma nova ameaça, no entanto, estava surgindo, e a A & P, como agora era conhecida, já que bastante afastada de seu negócio inicial de cafeteria que vendia chá, precisava reagir com rapidez. Era o surgimento do supermercado.
Desde 1916 algumas cadeias já vinham experimentando com autoatendimento, como a Piggly Wyggly e Alpha Beta. Nos anos 20, começou a se popularizar o "shopping drive-in". Os armazéns do começo do século eram normalmente especializados - havia os açougues, as mercearias, os secos & molhados... a A & P, face ao estrondoso sucesso de sua cadeia, começou a tentar inovar vendendo também carne, mas outro formato já estava surgindo na época. Um amplo estacionamento com diversas dessas lojas lado a lado. Embora os estabelecimentos pertencessem a donos diferentes, o público via esses "shoppings" como uma única loja e daí a alguém juntar tudo sob o mesmo teto e bandeira, foi um pulo, normalmente creditado à rede King Willen. Nascia o supermercado (continua)
O Globo desta sexta-feira trazia uma matéria sobre os armazéns de secos & molhados que ainda funcionam no Rio de Janeiro, a maioria deles dividindo suas vitrines de cristal e ferro fundido com um bar vintage, pedaços perdidos no tempo de uma cidade pré-globalizada. Mas na verdade a decadência desse tipo de comércio, como sói acontecer, começou simultaneamente com o seu auge. A era pós-industrial já mostrava suas garras nos primeiros anos do século XX, ainda antes da I Guerra Mundial, a efeméride que para muita gente marca o início do mundo contemporâneo.
A sede da A & P no começo das lojas econômicas - com direito a trenzinho na porta!
Praticamente um século antes do Wal-Mart, outra empresa de varejo já sofria com as acusações de estar destruindo o comércio local e criando um monopólio perigoso para a economia do país. Embora pouco conhecida aqui em baixo, a Great Atlantic & Pacific Tea Co. foi uma das maiores corporações americanas, a ponto, de nos anos 50, vender menos apenas que a General Motors. De cada dólar gasto nos EUA, assombrosos dez centavos o eram nos caixas da A & P. Até que, como os armazéns familiares que eles jogaram no limbo junto com seu auge, chegou sua decadência, durante seis décadas, até o pedido de falência no ano passado.
Em 1859, a Great Atlantic & Pacific Tea Co., como o próprio nome diz começou em vendendo chá - ou seja, no princípio era a Starbucks e depois é que virou a Wal-Mart. O chá e o café entraram em moda com força no século XIX e o quilo podia custar aos varejistas até 2 dólares (muito dinheiro então). George Huntington Hartford e George Gilman resolveram então comprar a mercadoria diretamente das plantações chinesas. Sem a rede de comunicações de hoje em dia, um negócio arriscado, mas que baixou o preço do quilo para 0,60 centavos. Com publicidade agressiva e decoração chamativa, logo a cafeteria - não só vendia como servia bebidas - abria novas lojas.
Mas o grande ponto de virada da companhia foi quando Hartford, agindo como único proprietário, indicou seus filhos John e George para posições de liderança. O primeiro levou adiante a política de evitar atravessadores e intermediários manufaturando produtos por conta própria - plantando seu próprio café, por exemplo. O segundo, no entanto, foi quem realmente transformou a empresa num império, com seu conceito pós-industrial de loja econômica.
Os armazéns d'antanho eram lojas eminentemente locais e familiares. Os fregueses e vendedores eram muitas vezes vizinhos, frequentando a mesma comunidade, e os clientes tinham uma caderneta de crédito, onde anotavam suas compras para serem pagas somente ao fim do mês. Nos primórdios da geladeira, quando compras eram feitas por mulheres e criadas, as mercadorias eram depois entregues a domicílio. George Hartford aplicou nesse negócio então, a partir de 1912, uma política de corte de custos surpreendentemente moderna, depois de convencer o irmão e o pai da viabilidade de sua ideia.
Os novos estabelecimentos a serem abertos, para começar, não trabalhariam com longos contratos de aluguel. George pretendia que qualquer ponto que não se mostrasse rentável o suficiente pudesse ser realocado sem muita demora. Não haveria estoques de nada na loja, exceto das mercadorias de enorme saída. Não haveria crédito e nem entrega a domicílio. Um único empregado, no máximo dois, e a velha política de compras diretamente do produtor, ou produção própria. Um teste para saber o que as pessoas preferiam: tratamento personalizado, atendimento de primeira, ou preços. Adivinha quem ganhou. Uma dessas primeiras filiais foi aberta perto de uma das grandes lojas da rede. Em seis meses o armazém à moda antiga fechou.
Pelos próximos anos, em média 130 das novas "lojas econômicas" eram abertas A CADA MÊS. Em 1925, a cadeia tinha 14 mil lojas e vendas astronômicas. Tão volumosas eram suas vendas que sobreviveu praticamente incólume à quebra da bolsa de 1929. Uma nova ameaça, no entanto, estava surgindo, e a A & P, como agora era conhecida, já que bastante afastada de seu negócio inicial de cafeteria que vendia chá, precisava reagir com rapidez. Era o surgimento do supermercado.
Desde 1916 algumas cadeias já vinham experimentando com autoatendimento, como a Piggly Wyggly e Alpha Beta. Nos anos 20, começou a se popularizar o "shopping drive-in". Os armazéns do começo do século eram normalmente especializados - havia os açougues, as mercearias, os secos & molhados... a A & P, face ao estrondoso sucesso de sua cadeia, começou a tentar inovar vendendo também carne, mas outro formato já estava surgindo na época. Um amplo estacionamento com diversas dessas lojas lado a lado. Embora os estabelecimentos pertencessem a donos diferentes, o público via esses "shoppings" como uma única loja e daí a alguém juntar tudo sob o mesmo teto e bandeira, foi um pulo, normalmente creditado à rede King Willen. Nascia o supermercado (continua)
novembro 10, 2011
novembro 06, 2011
Artigo Meu no Globo de Hoje, Domingo, 6 de Novembro
Uma página Logo sobre o futuro, dividindo o espaço com Rodrigo Fonseca e Alexei Bueno. Clique nas imagens para ampliar (e em "show original", caso continue pequeno, vivem inventando nesses navegadores), a segunda com o meu texto em close.
Clique aqui para ler outros artigos meus no Globo, incluindo este.
novembro 05, 2011
Os Subvivos (Trecho)
Cassiano Ricardo
Na sobremesa
os convivas
alheios à fome
de quem ficou
sob a mesa.
Não os seduzem
os subvivos.
Os subnutridos
do subsolo.
Os subjugados
do subsolo.
Todos os súditos
do subsolo.
E os que sub/irão
ao solo
pra exigir seu
lugar ao sol,
na feroz luta
entre os vivos
e os subvivos?
E os que sob
a mesa
só roeram os
ossos
que sobraram
da sobremesa?
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Parece roteiro de filme, mas é verdade: um vírus instalou-se no sistema de aviões por controle remoto dos EUA. Isso, Predators, Reapers, aqueles aparelhinhos que hoje em dia buscam e bombardeiam sem arriscar vidas. Ninguém consegue limpar o malware ou sabe exatamente o quê ele pode estar registrando. Isso faz com que eu me sinta muito seguro quanto ao armamento nuclear americano.
Há 95 Anos um Monstro Entrava na Guerra (Final)
originalmente publicado no blogue de história da Editora Record
Leia aqui a primeira parte deste artigo
Leia aqui a primeira parte deste artigo
Em 15 de setembro de 1916, há 95 anos, os tanques entraram em ação pela primeira vez. A maioria enguiçou ou ficou fora de combate logo no princípio, mas alguns poucos continuaram avançando, levando de roldão alambrados, parapeitos, ninhos de metralhadora e a moral dos adversários. No entanto, seus ganhos nunca se provavam duradouros. Era preciso aprender a usá-los adequadamente para que viessem a ganhar seu status de arma principal da guerra terrestre.
O problema era que, sendo uma arma nova, o potencial dos tanques ainda não havia sido de todo compreendido. Embora gente como Samuel Fuller já pudesse antever o futuro da guerra, a maioria dos comandantes preferia usá-los como guarda-costas de infantes, distribuídos ao longo da linha, para avançar POR TRÁS dos soldados e ajudá-los a destruir os alambrados, pontos fortes de resistência ou ninhos de metralhadoras. Outros advogavam que eles deveriam avançar na frente, AO LADO DA CAVALARIA. O que era ridículo, já que os carros de combate eram lentos demais para acompanhar os cavalos e estes vulneráveis demais ao fogo para seguirem juntos com os veículos. O primeiro uso bem sucedido e bem planejado dos blindados foi somente em 4 de julho de 1918, na batalha de Hamel, um incidente relativamente de pequenas proporções à época. Mas, sendo uma operação totalmente baseada em tanques e que conquistou todos os seus objetivos, reveste-se retroativamente de uma importância descomunal.
Tanque Mark V, modelo bem mais avançado que os primeiros blindados, atingido no final da Grande Guerra
Para atacar uma frente de 5.500m, o general John Monash dispunha de apenas 6 batalhões, número usado normalmente para uma linha de 1.800m. Seu trunfo, no entanto, eram as quatro companhias de tanques (60 aparelhos) postas sob seu comando. Usando a lógica de que, como eram à prova de bala, era mais sensato pô-los À FRENTE dos soldados para interceptar o fogo, o minucioso Monash concentrou-os numa ponta de lança blindada para romper o alambrado e ir levando tudo de roldão. Monash achava que, com o advento das armas mecanizadas, a infantaria "deveria ser exonerada, tanto quanto possível, de avançar lutando (...), manter o território conquistado e reunir (...) prisioneiros, canhões e mantimentos (...)". Assim, quem faria o trabalho duro seriam os encouraçados terrestres, afinal fora para isso que tinham sido inventados.
Monash também dispunha de menos de 1/3 da artilharia julgada necessária para o ataque. Na verdade, ele nem pretendia fazer nenhum bombardeio, deixando a tarefa exclusivamente para os canhões dos blindados. Os infantes, entretanto, com pouca confiança na engenharia mecânica de 1918, exigiram ao menos uma barragem rolante, com o quê Monash e seus comandantes de tanques acabaram concordando. Uma barragem não muito pesada, para não prejudicar o terreno e possibilitar um avanço mais veloz dos carros.
A batalha foi um sucesso. Os tanques, agindo numa planície suavemente ondulada e surgindo sem o costumeiro aviso ao inimigo de um looooooongo bombardeio preliminar que permitia aos defensores se prepararem, arrastaram toda a oposição à sua frente. Os pontos de maior resistência encontrados pela infantaria eram passados aos blindados através de uma campainha - o soldado a tocava, um tripulante abria uma escotilha para receber as informações necessárias e para lá se dirigia o carro, para esmagar qualquer defensor empedernido que ainda não tivesse fugido. Em compensação os infantes lidavam com qualquer artilharia que ameaçasse o avanço de seus amigos à prova de bala, mas não de canhão, que continuavam avançando, desbaratanto qualquer tentativa de reorganização e contra-ataque tramada pelos alemães na retaguarda.
Monash também encarregou seus tanques de carregar suprimentos - munição, arame farpado para armar trincheiras e água. Foram precisos apenas quatro para deles para cumprir a função de MIL E DUZENTOS SOLDADOS, liberados portanto para o combate. Aviões também lançaram materiais de paraquedas em locais marcados pelos soldados.
Ao fim, todos os objetivos foram conquistados com um número consideravelmente pequeno de baixas para os padrões da frente ocidental e nenhum tripulante de tanque morto - apenas 13 feridos e 5 aparelhos fora de ação (note-se que foram usados modelos aperfeiçoados em relação àqueles não só de 1916 como os de Cambrai, em 1917). Foi o primeiro êxito indiscutível e total dos jovens blindados, em cujos ombros havia sido lançada toda a responsabilidade de vitória. Driblando a desconfiança da infantaria, que em tantas outras ocasiões aprendera a não confiar neles, ao menos no longo curso, eles haviam finalmente mostrado sua utilidade e seu verdadeiro papel. Não o de servir de guarda-costas para os homens pequenos e vulneráveis, mas de proteger suas vidas tomando para si a missão de aríete e vanguarda dos ataques de... como dizer... peito aberto contra metralhadoras, trincheiras e posições artilhadas. A era das longas linhas de soldados avançando ombro a ombro impavidamente sob as explosões dos imprecisos canhões havia terminado. Surgia a era do carro de combate blindado.
novembro 04, 2011
novembro 02, 2011
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