agosto 03, 2008

Mais Grandes Finais de Filmes

Continuando minha série sobre grandes finais de filmes, mais alguns que me vieram à lembrança - e outro que vi pela primeira vez semana passada:


A Sétima Vítima
Sempre li excelentes referências quanto a esta fita, produto da unidade de Val Lewton, especializada em filmes B na RKO nos anos 40. Trabalhando com baixo orçamento, mas com grandes roteiros (quase sempre reescritos por Lewton) e um olho clínico para localizar talentos na direção e na edição, usando atores talentosos subutilizados e um excelente diretor de fotografia, essa equipe conseguiu ganhar dinheiro com filmes originais e criativos, já que, sem grandes investimentos empatados, o estúdio não se preocupava em supervisionar as produções.

Depois de arrebentar com SANGUE DE PANTERA (Cat People) e I Walked with a Zombie (que eu saiba, ainda não lançado em DVD no Brasil), e conseguir bons resultados financeiros com O HOMEM-LEOPARDO (Leopard Man), o próximo produto desse pessoal foi A SÉTIMA VÍTIMA. Fui obrigado a baixar a fita, já que na Cavideo só tinha um filme homônimo do século XXI que não tinha nada a ver com a produção de 1943. E valeu a pena, eis um filme que está à altura de sua fama. Em pouco mais de uma hora, somos apresentados a um naipe de personagens exibindo todos em algum grau desespero ou uma profunda infelicidade. O filme abre com a heroína recebendo um aviso da diretora da escola para moças onde estuda que sua irmã - sua única família - não vem pagando mais as mensalidades, o que impossibilita sua estadia no corpo discente. No entanto, explica a diretora, ela poderá pagar por suas aulas trabalhando como professora auxiliar. A mocinha considera a proposta, mas primeiro quer tentar descobrir o que aconteceu com sua irmã. Quando ela vai saindo, a assistente da diretora fala a ela para não voltar e não aceitar o emprego que lhe foi oferecido, numa cena que não nos deixa nenhuma dúvida quanto ao desperdício que foi a vida daquela mulher.

E essa pequena desculpa de busca do paradeiro da irmã irá nos apresentar aos estranhos viventes da película: Jacqueline, a irmã sumida, é incompreendida por quase todo mundo. Seu próprio marido a ajuda a alugar um quarto onde só há um laço de forca com uma cadeira embaixo achando que é apenas mais uma das atraentes e encantadoras particularidades dela, mas que uma mulher tão cheia de vida e caçadora de emoções jamais daria fim à própria vida. O psicólogo dela a usa para conseguir sexo e dinheiro. Um poeta que cruza o caminho só consegue escrever alguma coisa se apaixonado por mulheres ilusórias. E ainda tem os Paladistas, aqueles estranhos adoradores do demônio e a macabrissima cena do copo oferecido a Jacqueline...

O final é de uma crueldade tal que nem vou contar aqui. Vocês que façam pressão pra lançarem esse pequeno clássico em DVD por aqui.

El Cid
A trilha sonora, de Miklos Rosza, baseada em música ibérica do século XI, sobe, enquanto El Cid, já morto e amarrado à sela de seu cavalo, avança pelos portões de Valencia contra a luz. O exército mouro levanta quase em uníssono, seus escudos, assustados e vai abrindo caminho para o lendário guerreiro. Um final digno de um épico, que poderia pertencer a qualquer canção de gesta.

Excalibur
E, por falar em épicos... Parsifal, carregando Excalibur, atira-a ao lago, onde ela é recolhida pela mão da Dama do Lago ao som estourado de Crepúsculo dos Deuses. A mão desce e se recolhe sob as águas, guardando a esperança e Parsifal volta ao campo de batalha para ver o corpo de Arthur sendo levado para Avalon. De uma plasticidade arrebatadora, antes da introdução da computação no cinema não se viam cenas mais visualmente espetaculares do que isso.

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