Continuando minha série sobre grandes finais de filmes, mais alguns que me vieram à lembrança - e outro que vi pela primeira vez semana passada:
A Sétima Vítima
Sempre li excelentes referências quanto a esta fita, produto da unidade de Val Lewton, especializada em filmes B na RKO nos anos 40. Trabalhando com baixo orçamento, mas com grandes roteiros (quase sempre reescritos por Lewton) e um olho clínico para localizar talentos na direção e na edição, usando atores talentosos subutilizados e um excelente diretor de fotografia, essa equipe conseguiu ganhar dinheiro com filmes originais e criativos, já que, sem grandes investimentos empatados, o estúdio não se preocupava em supervisionar as produções.
Depois de arrebentar com SANGUE DE PANTERA (Cat People) e I Walked with a Zombie (que eu saiba, ainda não lançado em DVD no Brasil), e conseguir bons resultados financeiros com O HOMEM-LEOPARDO (Leopard Man), o próximo produto desse pessoal foi A SÉTIMA VÍTIMA. Fui obrigado a baixar a fita, já que na Cavideo só tinha um filme homônimo do século XXI que não tinha nada a ver com a produção de 1943. E valeu a pena, eis um filme que está à altura de sua fama. Em pouco mais de uma hora, somos apresentados a um naipe de personagens exibindo todos em algum grau desespero ou uma profunda infelicidade. O filme abre com a heroína recebendo um aviso da diretora da escola para moças onde estuda que sua irmã - sua única família - não vem pagando mais as mensalidades, o que impossibilita sua estadia no corpo discente. No entanto, explica a diretora, ela poderá pagar por suas aulas trabalhando como professora auxiliar. A mocinha considera a proposta, mas primeiro quer tentar descobrir o que aconteceu com sua irmã. Quando ela vai saindo, a assistente da diretora fala a ela para não voltar e não aceitar o emprego que lhe foi oferecido, numa cena que não nos deixa nenhuma dúvida quanto ao desperdício que foi a vida daquela mulher.
E essa pequena desculpa de busca do paradeiro da irmã irá nos apresentar aos estranhos viventes da película: Jacqueline, a irmã sumida, é incompreendida por quase todo mundo. Seu próprio marido a ajuda a alugar um quarto onde só há um laço de forca com uma cadeira embaixo achando que é apenas mais uma das atraentes e encantadoras particularidades dela, mas que uma mulher tão cheia de vida e caçadora de emoções jamais daria fim à própria vida. O psicólogo dela a usa para conseguir sexo e dinheiro. Um poeta que cruza o caminho só consegue escrever alguma coisa se apaixonado por mulheres ilusórias. E ainda tem os Paladistas, aqueles estranhos adoradores do demônio e a macabrissima cena do copo oferecido a Jacqueline...
O final é de uma crueldade tal que nem vou contar aqui. Vocês que façam pressão pra lançarem esse pequeno clássico em DVD por aqui.
El Cid
A trilha sonora, de Miklos Rosza, baseada em música ibérica do século XI, sobe, enquanto El Cid, já morto e amarrado à sela de seu cavalo, avança pelos portões de Valencia contra a luz. O exército mouro levanta quase em uníssono, seus escudos, assustados e vai abrindo caminho para o lendário guerreiro. Um final digno de um épico, que poderia pertencer a qualquer canção de gesta.
Excalibur
E, por falar em épicos... Parsifal, carregando Excalibur, atira-a ao lago, onde ela é recolhida pela mão da Dama do Lago ao som estourado de Crepúsculo dos Deuses. A mão desce e se recolhe sob as águas, guardando a esperança e Parsifal volta ao campo de batalha para ver o corpo de Arthur sendo levado para Avalon. De uma plasticidade arrebatadora, antes da introdução da computação no cinema não se viam cenas mais visualmente espetaculares do que isso.
agosto 03, 2008
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