setembro 20, 2009

Três Filmes Que, Se Feitos Hoje em Dia, Ia Todo Mundo Preso (+ um Duvidoso)

1.A Menina do Lado

O título remete ao “A Mulher do Lado”, do Truffaut. E Alberto Salvá também mostra a influência do grande gaulês ao contar com tanta delicadeza uma historinha de amor (incluindo muito sexo) que a gente até esquecia que tinha ido ao cinema pra ver ninfetinha pelada, a Flávia Monteiro, que chegaria ao auge da fama com “Chiquititas” e uma capa da Playboy... quase 20 anos depois dessa fita. Sim, porque ela tinha 14 anos quando primeiro tirou as roupas para uma câmera. Em conformidade com a legislação da época, só víamos os peitos e a bundinha da mocinha ao lado do Reginaldo Faria nu se esfregando nela simulando sexo.

E Flávia Monteiro não era aquela sua vizinha gostosa de 14 anos que parece mais velha. Com um rostinho infantil até hoje (o que a ajudou em “Chiquititas”) e um corpo magrinho com pernas finas que não tinha nada a ver com a recém-balzaquiana que posou pra Playboy, ela parecia até mais nova como Alice, a menina de 13 anos que se apaixona por um sujeito trinta anos mais velho (uma fantasia de muitos quarentões).

Mas, como eu já disse antes, a coisa toda é contada com tanta delicadeza, a Flávia Monteiro está tão bem na fita e a personagem que ela faz é tão interessante que até as cenas de sacanagem fluem naturalmente. Ajuda bastante que o enredo é a história real do diretor Alberto Salvá e da coprodutora Elisa Tolomei (Elisa, Alice, sacaram?). Os dois se conheceram em Búzios lá por volta de 75, quando a cidade realmente era deserta o suficiente prum escritor querendo isolamento se internar e pruma ninfetinha andar com os peitos de fora na praia o tempo todo, mas já em 1987, mesmo na baixa temporada, este hábito já parecia ficção científica.

A Playboy nesta época publicava menores de idade (algumas só peitos e bundas, como Verônica Rodrigues, outras despudoradamente completamente nuas, como Luciana Vendramini,
Andréa Cardoso e Marianne, que completava a edição de junho de 1991 com Isadora Ribeiro), mas depois que lançaram um livro com aspirantes a modelo de até 12 anos seminuas e fazendo caras e bocas, o infame “Anjos Proibidos” (que o blogueiro chegou a ver num sebo), proibiram essa semvergonhice.

2.Fulaninha, de David Neves

David Neves também tinha excelente mão para botar de pé filmes sem muita trama e ainda torná-los interessantes para os espectadores. Aqui basicamente ele conta o cotidiano de três quarentões solitários que estão sempre tomando umas e outras num pé-sujo em Copacabana, sendo que um deles, um diretor de cinema, é meio obcecado com uma adolescente gostosinha que tá sempre passando por ali. Pra dar profundidade e vida a essa ninfetinha, David Neves mostra ela várias vezes trepando com o namorado no terraço do prédio. Ajudou certamente na bilheteria mostrar a neta de 16 anos do Vinícius, a Mariana de Moraes, sem roupa, e tanto era este o gancho do filme que a garota na época do lançamento ainda andou indo pegar um sol em Ipanema sem sutiã, o que garantiu fotos em vários jornais e revistas.

Mas Mariana de Moraes tinha uma voz chata, chata, e estava longe de mostrar o carisma de Flávia Monteiro na tela, daí que a cena que o blogueiro melhor lembra da fita é quando o diretor, Cláudio Marzo, esbarra na mãe da adolescente, Kátia d'Angelo, engatam casualmente uma conversa e marcam um encontro à noite e, mais tarde, saindo do banho, quando toca o telefone, ele exclama consigo mesmo, “droga, é ela desmarcando”. De qualquer forma, o longa é bastante simpático e agradável e as cenas em que Mariana entra nua e sai pelada aumentam sobremaneira o interesse do público masculino.

3.Beau Pére, de Bertrand Blier

Passou no Brasil com esse título mesmo, em francês. O prestigiado diretor Bertrand Blier analisa a vida emocional de um artista de 30 anos que precisa assumir responsabilidades quando sua esposa morre e sua enteada de 14 anos vai morar com ele. Sua vida não parece estar indo a lugar nenhum, ele parece se recusar a crescer ainda assim e por isso, quando a ninfetinha diz que quer dar pra ele, ele primeiro fica embatucado, mas no final os dois acabam ficando juntos. Ariel Besse mostra os peitos generosamente, mesmo tendo apenas 15 anos e a fita trata toda a história com leveza, descartando a perversão que está na base da obsessão de Humbert Humbert. Robert A. Heinlein e Rubem Fonseca (e um monte de pedófilos) aprovam essa visão positiva de sexualidade infantil (Heinlein abunda de adolescentes sexualmente ativas em suas ficções científicas e Rubem Fonseca tem um conto em que um quarentão é amante de uma menina de 13 anos e cita estudos psicológicos que mostram que adolescentes sexualmente precoces teriam na verdade mais maturidade).

E, por fim, o que seria isso hoje em dia?


Com Licença Eu Vou à Luta

Na época essa história de uma garota de uns 14 anos que tinha um caso com um sujeito casado e bem mais velho, contra a vontade da família conservadora, foi considerada um exemplo de ousadia, de valentia e de independência da mulher. Com o atual cerco à pedofilia será que esta fita seria produzida e depois disso ainda vendida como uma lição de vida para as adolescentes apaixonadas? Se bem que vem aí um filme sobre a Bruna Surfistinha que é capaz de ser igual às novelas “rurais” da Globo no final dos anos 80, início dos 90, em que prostituição era mostrada como sendo uma vida divertida e recompensadora, ao contrário da caretice das mulheres velhas e feias da cidade.

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