março 01, 2011

Deborah Secco é Bruna Surfistinha. Ou Não?


Não lia o blogue, não li O DOCE VENENO DO ESCORPIÃO e também não vi o filme. Mas já começa errado quando escala Deborah Secco como Bruna Surfistinha. Na boa, vocês acham que a vida da menina aí em cima seria a mesma se ela tivesse a aparência da atriz da Globo?

Eu e a Suzy não achamos tão ruim assim o GUERRA & PAZ americano. O que nos incomoda sobremaneira é principalmente a escalação do elenco. No livro original a Natasha se torna uma pessoa caridosa porque não é bonita (embora não seja feia) e se acha condenada a uma vida de solteirice e mediocridade. E quem os produtores põem pra vivê-la? A mulher eleita (não por mim) a mais bela do século, Audrey Hepburn! O Pierre é um jovem com excesso de peso, forte porém desajeitado por ser filho bastardo de um nobre. Quem é escalado pro papel? O cinquentão Henry Fonda, um dos atores mais gráceis da história do cinema. Será que esses dois iriam fazer as bobagens que fazem em busca de autoafirmação e acabariam juntos como no livro se tivessem ambos tal aparência? Cameron Diaz já fez papel de moça sem graça, em QUERO SER JOHN MALKOVICH, mas estava maquiada pra disfarçar sua beleza. Hepburn e Fonda não.

E o problema é, este é um mundo voltado para a beleza. Culpe os gregos que equalizaram belo com bom, mas é isso. Se ser bonita já foi ser cheinha - o que demonstrava que você não estava passando fome ou com tuberculose - e branca - o que provava que você não tinha marcas ou cicatrizes escondidas pela pele escura, hoje em dia o bom é ser magra - o que prova que você se alimenta bem -, sarada - o que mostra que você tem tempo e dinheiro pra se dedicar a musculação - e um bom bronzeado - novamente, que tem tempo à disposição. E que gosta de atividades ao ar livre.

A Bruna Surfistinha podia ser um filme interessante sobre essas garotas de lares complicados reprimidas numa época de liberação e que descobrem na adolescência que podem viajar de graça, ir às boates da moda de graça e até receber muitos presentes usando apenas o sexo. Consumismo, materialismo, ambição... mas isso implicaria em algum tipo de luz menos positiva sobre a autora da obra e posso apostar que ela é de certa forma mostrada como uma heroína. Mais não posso falar porque preciso ver o filme mesmo, mas digam-me: vocês acham que o diretor escolheu a Deborah Secco porque confia plenamente no talento dela, porque ela tem o físico do rolo (segundo um amigo meu) ou porque a sugestão de que a moça iria aparecer nua generosamente por toda a película (afinal é uma história sobre prostituição e erotismo!)?

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