março 27, 2011

Uma Mulher para Pedro Américo


Pedro Américo é o cara aí em cima. Só sábado que me contaram que ele se incluiu na famoso gigantesco quadro A BATALHA DO AVAÍ. Este soldado sempre me chamou a atenção, me lembro quando eu e minha irmã ficamos impressionados com o medo dele com a carnificina correndo ao seu lado - afinal, bem à sua esquerda, um fuzileiro mata com uma descarga à queima-roupa um paraguaio caído e desarmado. Olhando bem, é uma tela violentíssima e sanguinária.

Pedro Américo era considerado na minha infância o maior pintor brasileiro do século XIX. Dono de técnica fabulosa, conta a lenda que na escola sua diversão era desenhar escorpiões e aranhas na parede pra fazer os bedéis e professores tentarem matá-las inutilmente. Nada mau para uma terra que 50 anos antes era um deserto de tintistas, por total falta de intercâmbio e interesse.

Mas outra coisa sobre Pedro Américo me chamou a atenção nas duas visitas que fiz à reaberta galeria do século XIX do Museu Nacional de Belas-Artes:





Todos os quadros com mulheres de Pedro Américo parecem retratar a mesma mulher. A primeira aparição dela teria sido em A CARIOCA, essa aí acima. Segundo a Web, ele foi influenciado pelo famoso ALMOÇO NA RELVA, de Manet, e teria usado como modelo para o rosto a foto da esposa de um funcionário do consulado brasileiro na França (onde Pedro Américo morava e pintou a tela), o que é um tanto estranho, já que ela parece ser a mesma mulher em TODAS as pinturas femininas do artista - tendo, inclusive o mesmo corpo, aparentemente um ideal de beleza brasileiro que o pintor buscava - morena, nem negra, nem índia e claramente não europeia. A CARIOCA, aliás, foi oferecido a Pedro II e, mesmo com Pedro Américo sendo cognominado ironicamente por Vitor Meirelles como "Papa-prêmios", foi recusada, por demais imoral e licenciosa.

















A mesma mulher aparece em todos esses quadros acima - como santa, sedutora, generala ou artista. Pedro Américo já retornara ao Brasil, dificilmente usaria fotos de brasileiras além-mar como modelo. O corpo também parece ser sempre o mesmo, principalmente quando ela aparece nua. Quem, afinal, seria essa mulher? O pintor não se casou. Teria sido ela seu grande amor? Sua musa platônica? Sua amante casada? Se realmente a esposa de um funcionário, o que diria seu marido desta clara adoração? Não se perguntaria ele se o corpo realmente era de outra? Onde estão os guias quando a gente mais precisa deles?

2 comentários:

Unknown disse...

Mas o andarilho e, felizmente delirante, Americo foi sim casado. Com a filha de seu mestre e "patrao"

Anónimo disse...

Tambem estive na exposição e tambem fiquei intrigado com isso é impressionante a semelhança dos rostos e corpo especialmente as mamas
É sem duvida a mesma mulher ao longo de varios anos na carreira.
Quem seria ela?
Na época era comum se manter uma mesmo modelo até pela dificuldade de se conseguir algum para ficar nua e não infrequentemente acabavam por se relacionar com os artistas.
Fica a duvida e a curiosidade
ABS

Carlos