dezembro 30, 2011

O Médico e o Monstro (1941), com Ingrid Bergman e Lana Turner

Onde Hollywood contratava seus censores? Ou eles nem sequer tinham ideia do que significava a palavra "perversão"?



A expressão de êxtase da Ingrid Bergman sendo chicoteada nua é impagável.

dezembro 29, 2011

Berserkers (Final)


Tão psicologicamente importantes eram os berserkers que todas as expedições vikings levavam um destacamento deles, para serem desenvolvidos nos momentos mais importantes da batalha. Obviamente, fora da guerra, eles não eram tão adorados assim. Embora respeitados e muitas vezes valorizados pelos aristocratas, eram temidos e odiados pelos camponeses e costumavam ter poucos amigos, justamente por seu comportamento antissocial. Afinal de contas, muitos deles eram escolhidos entre crianças e adolescentes agressivos e com o que hoje chamaríamos de tendências sociopatas. Mesmo assim, pesquisadores modernos acharam pouco psicopatia para justificar o seu desempenho em combate e nos anos 1960 teorizaram que o uso de drogas (principalmente o cogumelo Fly acaris, consumido pelos xamãs da Lapônia) ou de álcool, era a explicação para aquilo que hoja chamaríamos de "atitude".

Entretanto, experiências com voluntários demonstraram o contrário, que pessoas sob o efeito de narcóticos não dão bons soldados. Obviamente, sendo pesquisadores, eles provavelmente eram nerds que nunca tinham tomado uma bebedeira nem ido a um festival de rock, ou teriam chegado à essa conclusão sozinhos. Woodstock, por exemplo, não se notabilizou por guerreiros alucinados correndo de um lado para o outro urrando apavorantemente. Essas coisas aconteceram só no palco.

Falaremos mais sobre os berserkers em outra ocasião. Por enquanto, fiquem com o vídeo abaixo, do ótimo programa Conquista, que fez durante muito tempo parte da grade do History Channel antes que ela fosse tomada por shows sobre pescaria e excursionistas que não levaram provisões. Peter Woodward e sua equipe de dublês ensinam as táticas para o uso do machado e o anfitrião demonstra a técnica dos berserkers a 1m15s. Mesmo que você não fale inglês, fica muito claro o que ele quer esclarecer, provando que o instinto de sobrevivência dos inimigos dos vikings alucinados podia fazer um homem desprotegido e mal armado botar um pelotão inteiro de armadura escudo para correr.

Debra Paget

Pros voyeurs de plantão, uma dica: o filme Sepulcro Indiano, de Fritz Lang. O modelito acima é usado por Debra Paget na cena em que ela tem que encantar uma cobra (sutil!!!!!!). Paget, uma das muitas impiedosamente belíssimas atrizes de Hollywood dos anos 50, fez olhos a seguirem avidamente aos 17 anos como a esposinha apache de James Stewart no primeiro bangue-bangue pró-índios do cinemão americano, Flechas de Fogo.

Qualquer um vira pró-índio pra pegar esta apache

Nascida em 1933, com apenas 22 aninhos fez o papel mais conhecido de sua carreira, Lilia, a aguadeira de Os Dez Mandamentos, a obra-prima surreal de Cecil B. de Mille. Onde, seguindo a cartilha do veterano diretor sobre como mostrar temas piedosos, ela teve a oportunidade de mais uma vez vestir o mínimo que a censura da época exigia.

Pede água, vai...

Em 1955 a Fox rescindiu o seu contrato depois de divergências trabalhistas e a moça resolveu se mandar pra Europa pra trabalhar com o conceituadíssimo Fritz Lang, na refilmagem de Sepulcro Indiano, uma historinha com ritmo de seriado de cinema mudo. Paget fazia uma espécie de sacerdotisa da cobra (não pesquei a metáfora) e tinha que mantê-la domada vestindo isso aí embaixo enquanto dançava selvagemente. Obviamente a cena foi cortada quando passou nos Estados Unidos.


Debra Paget fez vários outros filmes, esquecíveis em sua maioria, sempre como a nativa belíssima ou a beldade exótica (não posso imaginar o motivo). Ao contrário de outras titãs da beleza da época (Veronica Lake, Gene Tierney) com problemas com os estúdios, ela não acabou seus dias bêbada ou esquizofrênica. Em 1964 casou-se com um magnata do petróleo, depois de um matrimônio de 22 dias com o diretor macho Budd Boetticher, e nunca mais teve que se preocupar com dinheiro. A moça ainda está viva e bem, embora, obviamente, não tão bem quanto nas fotos acima.

dezembro 26, 2011

Natal na Minha Mãe










Wide Receivers Voadores

Pra quem reclama que futebol americano é só um jogo abrutalhado:



Na boa, eu achava que isso só existisse em filme de kung-fu com filmagem ao contrário, filme americano com arame apagado digitalmente ou filme de chineses voadores. Inacreditável. E olha que o sujeito não só quase não pegou impulso como pulou por sobre um vivente alto! E ainda caiu de pé!

dezembro 24, 2011

Quando a Velocidade da Luz é Muito Lenta

Publicado originalmente no blogue de história da editora Record, por mim editado.

Está vendo esses efeitos luminosos aí em cima? Não é uma lanterna colorida ou um laser especial. Na verdade, são fótons capturados em pleno movimento. Sim, isso mesmo, a imagem está mostrando a frente de  onda de uma onda luminosa congelada no tempo. A velocidade da luz não é mais tão rápida assim!

É claro que não foi usada nenhuma câmera digital de bolso e, apesar do que os applemaníacos possam alegar, tampouco a de um iPhone 4s. O artefato que capturou essas imagens foi desenvolvido (onde mais?) no MIT, o Massachussets Institute of Technology, o lendário lar da tecnologia e dos nerds.

O método usado foi batizado como "Femtografia". O tempo de exposição de cada quadro é de dois trilionésimos de segundo e a câmera roda a uma velocidade de meio trilhão de fotogramas por segundo. Contra esses números nem mesmo os ariscos fótons conseguem botar vantagem. Onde está seu bóson de Higgs agora, ó velocidade da luz?



É claro que com uma exposição de dois trilionésimos de segundo não existe luz forte o suficiente para impressionar filme ou sensor sobre a face da Terra, por isso os nerdscientistas desenvolveram um método que usa lasers especiais e modelos de reconstrução matemática no computador para obter a imagem. Eis aqui uma rápida explicação dos inventores, tirada do saite do MIT, traduzida do élfico:

Nossa fonte de luz é um laser Titanium Sapphire que emite pulsações em intervalos regulares a cada ~13 nanossegundos. Estas pulsações iluminam a cena, e também ativam nosso tubo com precisão de picossegundos, que captura a luz devolvida pela cena. A câmera tem um campo de visão razoável na horizontal, mas bem limitado na dimensão vertical (equivalente a uma linha de varredura).

Se você quiser mais detalhes, pode checar aqui o saite do MIT sobre o processo. Ou então simplesmente curtir LUZ ANDANDO EM CÂMERA HIPERLENTA!!!!!



O que tem isto a ver com história? Além de que ela está sendo feita? Pense bem, seguindo esta linha daqui a pouco estaremos filmando tão rápido que poderemos filmar o passado!!!! (ou talvez não).

via Wired

Feliz Natal para Todos

dezembro 22, 2011

dezembro 21, 2011


Meu novo brinquedinho, uma câmera submarina, captura cocorocas, carapicus e baiacus tentando lutar contra a corrente.

Como Reconhecer um Comunista!


Seu país, seu governo, até sua família podem depender de suas habilidades em reconhecer um perigoso comunista! Este filmete educacional dá as dicas para fazê-lo. Embora narrado em inglês, parece ter sido feito em Portugal, pois os detalhes comprometedores que podem entregar o comunismo de alguém são:

- ler interessado um jornal comunista;
- frequentar reuniões de comunistas;
- fazer comícios comunistas;
- DECLARAR-SE COMUNISTA!

Embora, é claro, haja "aqueles que são mais sub-reptícios". Curiosamente, ao que parece, uma das maneiras de se reconhecer um comunista é se ele fizer uma PASSEATA CONTRA A KU KLUX KLAN!!!!

Nem Sempre Você Consegue o que Quer - com os Velhinhos do Reggae



E aqui com sua versão de "Blue Monday", do New Order:

dezembro 16, 2011

Tatuagens para Pedófilos com.Fixações em Mangás

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Blue Thunder

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dezembro 15, 2011

Berserkers (Parte I)

Guerra é um assunto fascinante, mas ir para uma guerra de verdade é inegavelmente uma roubada. A principal preocupação do soldado normalmente é voltar inteiro para casa. Tão avassalador é este instinto de autopreservação que estudos feitos por militares chegaram à conclusão que uma parcela considerável de infantes nunca dispara sua arma contra os inimigos - devido a um medo subconsciente de uma retaliação à altura. Boa parte daquele treinamento durão militar que a gente vê em filmes é justamente para despertar a agressividade dos recrutas. O exército americano, por exemplo, conta com diversos exercícios para garantir que seus integrantes percam o medo de atirar contra outros viventes. Justamente por esta vontade de sobreviver, os guerreiros suicidas nos fascinam tanto. Sejam eles kamikazes, líderes de revoluções, homens-bomba ou os berserkers, aqueles sujeitos que partem para a batalha sem se preocupar com dia de amanhã contrariam toda a programação genética de sobrevivência a qualquer custo e, mais do que fanatismo, exibem uma disciplina (ou, no caso dos berserkers, INdisciplina) mental impressionante.

Quando eu morrer, não quero choro nem vela, quero uma fita amarela, gravada com o nome dela

Os berserkers eram guerreiros tão incontroláveis que até hoje a palavra é usada em inglês como sinômino para criaturas acometidas de fúria cega. Desprezavam armaduras e escudos, às vezes até nus, e tinham como arma de preferência o machado, completamente imprestável para defesa (embora inegavelmente apavorante no ataque). E partiam para cima do inimigo urrando e correndo como o Edmundo nos anos 90. A visão daquele vivente completamente despreocupado em se proteger deixava claro que ele não se importava em ser ferido, estocado ou morto, mas que levaria junto quem o atingisse. Como os outros soldados se preocupavam, eles sim, em voltar para casa, a prometida morte certa para quem engajasse aqueles celerados em combate acabava fazendo pelotões inteiros fugir de um único daqueles guerreiros ululantes (continua...)

dezembro 11, 2011

Miriam Makeba e Sivuca apresentam "Chove Chuva"



Gravado no Berns, Estocolmo em 1966
Violão: Sivuca
Bateria: Leopoldo Fleming Jr
Baixo: William Salter

dezembro 09, 2011

dezembro 08, 2011

Os Três Patetas Estão de Volta... E Não Estão Contentes!!!!!!!

Como é que ninguém nunca tinha pensado em refilmar OS TRÊS PATETAS antes? Sorte dos irmãos Farrely (famosos por seu humor pouco sutil em fitas como "Quem Vai Ficar com Mary?" e "Eu, Eu Mesmo e Irene"). Os nostálgicos vão chorar de emoção com o trailer que já está rolando na internet:



Sensacional, a cara dos filmes deles mesmo. Pena que o elenco original acabou desistindo pelos mais diversos motivos e o único comediante conhecido é o Sean Hayes. Sim, conhecido em termos, ele era o amigo muito gay do Will em "Will & Grace". Jim Carrey, chapa dos Farrely, pretendia fazer o Curly e até ganhar peso pro papel em vez de aplicar maquiagem, mas pulou fora por motivos pouco claros. Benício del Toro, que iria fazer o Moe, também acabou saindo. E Sean Penn, que estava animadíssimo pra fazer o Larry, alegou problemas familiares e pessoais - na boa, se eu levasse um pé na bunda de uma Scarlet Johansson trinta anos mais nova, também ficaria completamente sem cabeça pra ficar fazendo piadinha idiota de levar cacetada na cabeça.

Por falar em cacetada na cabeça, tanto o Larry quanto o Curly morreram de comoção cerebral. As famílias deles negam que tenha sido de tanto levar pancada nos filmetes, mas é estranho que só o Moe tenha escapado a este destino.

P. S.: Pior ainda, a Scarlet Johansson largou o Penn e foi dar pro del Toro bêbada num elevador na saída de uma festa do Oscar. Não ia dar pros dois trabalhar juntos mesmo...

dezembro 03, 2011

Esquete

Um dos esquetes que escrevi em 2002 para as Basqueteiras. Este não entrou no show.


duas modelos e atrizes percorrem uma boate. fotógrafos (no caso desta troupe, fotógrafas) disparam seus flashes ao redor. as duas vão conversando.
ailime
Olha só... aquela não é a  Monique Gamboa?
daniela
Acho que sim... nossa, ela ainda tem coragem de vir nesses eventos... deve ter duzentos anos...
ailime
Dizem que ela foi trocar o silicone das mamas, quando tiraram a prótese antiga, encontraram um mosquito e a partir do sangue que ele sugou, vão reviver um monte de animais antigos...
daniela
Ah, é verdade, eu ouvi... Virgínia Lane, Odete Lara, Norma Bengell, Monique Lafond, Vera Gimenez, Rose di Primo, Odile Rubirosa...
ailime
É... vai ser o Jararac Park... Parque das Jararacas...
daniela
 Olha, lá vem ela...
entra monique. Daniela e ailime tornam-se subitamente extremamente solícitas.
daniela
Oi, Monique, meu amor, tudo bem com você?
ailime
Você tá maravilhosa, meu amor!
monique
(COM MUITO DESPREZO) Quem são vocês e por que vocês estão falando comigo?
daniela
Olha o fotógrafo, olha o fotógrafo!
entra uma fotógrafa, com sua - dã - câmera.
fotógrafa
Monique, uma pose!
daniela e ailime agarram-se a monique e sorriem para aparecer na foto.
monique
Soltem-me! Vocês estão sugando minha força vital!
o flash dispara.
fotógrafa
Obrigada.
monique
Salve-me... eu estou... estou...
monique sai cambaleando de cena, quando  daniela e ailime a largam.
daniela
Você acha que vamos sair bem na foto?
ailime
Devíamos ter mostrado os peitos.
daniela
Eu estava com as mãos ocupadas, segurando-a pra evitar que ela fugisse.
ailime
É, ela tenta e tenta fugir, mas o tempo sempre acaba pegando ela.
aparece uma fotógrafa de costas para as duas, tirando fotos de alguma coisa.
DANIELA
Olha lá, outra máquina fotográfica!
as duas aproximam-se ameaçadoramente da fotógrafa, mas esta vira-se e vê as duas.
fotógrafa
 Boa noite. Eu sou do site Mulher na Noite. Poderia fotografar vocês?
daniela
Claro.
fotógrafa
Vocês poderiam mostrar os peitos? Pra ter mais acessos, sabe...
ailime
Claro...
de costas para o público, as duas levantam os tops (ou abaixam os vestidos), enquanto o fotógrafo dispara seu flash.
fotógrafa
Obrigada... (PEGA UM BLOCO DE ANOTAÇÕES) Qual o nome de vocês?
antes que ailime possa falar, daniela toma-lhe a frente.
daniela
Minha amiga se chama Priscila e eu...
ailime
(INTERROMPE A AMIGA) Ela se chama Rodriga.
fotógrafa
(DESCONCERTADA) Rodriga?
ailime
(TENTANDO CONSERTAR) Tiaga?
daniela
Não é nada disso!
ailime
É Serena.
fotógrafa
(ANOTANDO) Serena e Priscila... Obrigada (VAI)
daniela
Você é tão espirituosa, Ailime.
ailime
Ah, Daniela, você é que sempre tem uma brincadeira na ponta da língua...
entra uma mulher com um olhar psicopata, parecendo uma morta-viva, cabelos desgrenhados, profundas olheiras, cara de maluca, carregando um facão e tartamudeando.
daniela
Ei... olha lá! Aquela não é a Fera da Penha?
ailime
Acho que é...
daniela
Vamos lá conversar com ela...
ailime
Mas, Daniela, ela é uma assassina psicopata que está sendo julgada por matar vinte e oito pessoas...
daniela
Justamente! Ela está toda hora na tevê! Outro dia foi até convidada pra aparecer na mesa-redonda da Copa do Mundo pra dizer se queria Romário na seleção...
ailime
É mesmo? E o que aconteceu?
daniela
Edmundo se apaixonou por ela. Disse que tinha achado uma alma gêmea. Vamos lá!
as modetes se juntam à fera da penha.
daniela
Fera, seu vestido está animal.
ailime
Aposto que você bota pra quebrar na night...
fera da penha
Romário... Romário...
daniela
Ah, ele não tem aparecido aqui muito, não... ele ficou puto que veio aqui, uma menina jogou um pozinho na bebida dele...
ailime
Viagra.
daniela
Ele agora tá com dezoito processos de pensão alimentícia em cima.
ailime
Pena que aquela noite a gente não pôde vir...
daniela
É, a gente não estava no período fértil.
fera da penha
Romário... Romário...
daniela
Ih, mulher, esquece esse cara... esse cara tá out... nem vai pra Copa do Mundo.
fera da penha
(BRANDINDO A FACA)  Matar... matar...
ailime
Isso, você tá pegando o espírito da coisa. In agora é o Ronaldinho Gaúcho.
uma fotógrafa aparece correndo.
fotógrafa
Essa com vocês não é a Fera da Penha?
daniela
A própria.
ailime
A gente é amiga desde a infância...
daniela
(DISPUTANDO COM A AMIGA) Desde pequenininha!
ailime
Eu fui a primeira pessoa que ela matou!
daniela
É, mas naquela época ela nem sabia matar direito, tanto que você ainda tá viva.
ailime
Ah, mas foi inesquecível. Foi com muita inocência. Muito amor.
fotógrafa
Eu sou da revista Maluco Beleza. Vocês poderiam mostrar os peitos?
fera da penha
Matar... Matar... (BRANDE A FACA)
daniela
A gente mostra, a gente mostra.
elas mostram de novo os peitos, o fotógrafo bate a foto . o flash assusta a fera da penha, que se encolhe assustada, gritando.
fotógrafa
Algum problema?
daniela
Ela é tímida.
fera da penha
A luz... a luz quer que eu mate... matar... matar... (MESMO ENCOLHIDA, ESTICA O BRAÇO E BRANDE A FACA ÀS CEGAS)
ailime
Muito moderno, né? Precisa ver os piercings dela.
daniela
Onde que você viu os piercings dela?
ailime
Quando ela me matou, ora!
fotógrafa
Obrigada, moças... (SAI)
daniela
Ele nem perguntou o nome...
ailime
Vai botar Fera da Penha e amigas.
daniela
Você acha que dá pelo menos uma capa da Sexy, "As amigas da Fera da Penha"?
ailime
Só se ela for pelo menos pr'um Casa dos Artistas.
daniela
Ela foi pro último e o programa acabou em dois dias, ela matou todo mundo.
ailime
Puxa, o Ricardo Macchi, a Tiazinha e a Feiticeira estavam vivos?
aparece outra fotógrafa.
fotógrafa
Boa noite... eu sou da revista Casas & Jardins. A nossa circulação caiu muito, por isso será que dava pra vocês mostrarem os peitos?
daniela
Você quer fotografar a gente e não a Fera da Penha?
ailime
 Puxa... você nos emocionou.
daniela
Claro que mostramos!
a fotógrafa dispara o flash.
fotógrafa
Obrigada
daniela
De nada!
ailime
Volte sempre!
daniela
Ei, olha lá, a Monique Gamboa está voltando.
ailime
Deve ter visto a gente com a Fera da Penha e quer tirar uma casquinha...
daniela
Ela não tem vergonha mesmo! Dizem que a maldição do faraó era ter que pagar a pensão alimentícia dela.
ailime
É, dizem também que na tumba do Tutankhamon estavam as múmias do Tutankhamon, dos animais de estimação dele e a do cabaço dela.
fera da penha
Matar... matar! (BRANDE A FACA)
daniela
E você, pára com isso! Tá parecendo a Vera Fischer antes do tratamento!
chega monique gamboa.
monique
Mas vocês estão lindas! Maravilhosas! Matadoras!
fera da penha
Matar! Matar!
monique
Nossa, Vera, tá com essa saudade toda do Felipe Camargo?
ailime
Ela não é a Vera. É a Fera. A Fera da Penha.
monique
Fera da Penha? Aquela da Casa dos Artistas que durou dois dias? Nossa, mas você está maravilhosa...
ailime
Você não nos conhece, Monique.
monique
Claro que conheço. Eu sei quem vocês são. Vocês são como eu, no início de carreira. Mas vocês nunca chegarão aonde eu cheguei porque eu sou Monique Gamboa! Com a idade de vocês eu já era capa da Fon-Fon, da Careta, do Pasquim e do Semanário Turístico de São Paulo, Capital.
ailime
Semanário turístico de São Paulo, capital?
monique
Foi uma vida dura. Vocês não, vocês têm apenas a Fera da Penha! Onde pensam que chegarão assim? De onde vocês já foram capa? Aposto que nem de bula de remédio!
daniela
Então o que você está fazendo aqui, conosco e a Fera da Penha?
monique
Ora, eu rio de vocês! Rio! (CHORA)
ailime
Ela está me assustando. Pare com isso, pare!
daniela
(ASSUSTADA) Por que você está chorando?
monique
Chorando? Droga, por isso que eu nunca consegui ser atriz.
daniela
Você não nos impressiona.
ailime
Mas assusta um bocado.
entra uma fotógrafa.
fotógrafa
Com licença, eu...
antes que ele possa terminar a frase, monique e as duas viram-se para ela, mostram os peitos e sorriem. a fotógrafa dispara o flash meio no susto  e sai, atordoada. A fera da penha enlouquece com o flash.
fera da penha
Matar! Matar!
monique
Gente, pára com isso! Tá parecendo a Narcisa Tamborindeguy... ei, o que você vai fazer com...
a fera da penha esfaqueia monique, que agoniza muito canastrã.
monique
Oh, ela está me matando... sinto minhas forças se esvaírem...
daniela
Péssimo, péssimo.
ailime
Acho melhor a gente fazer de novo...
monique
Eu sinto... só ter uma vida a dar pela arte...  (CAI) Eu... eu estou indo!  (LEVANTA E SALTITA) Eu estou indo para um mundo melhor!
daniela
Não, é pra ficar deitada! Você tá morrendo! Morrendo!
monique
Mesmo?
ailime
Claro.
monique
Tá bom... (DEITA DE LADO) Oh, eu morro. E agora?
daniela
 Morre, mulher.
monique
Eu estou fazendo o meu melhor.
daniela
Pense que você tem a idade que você realmente tem e não a que aparenta.
monique
Bluãugh!  Meu coração! (MORRE, FICA DEITADA DE LADO)
ailime
A Fera da Penha matou ela.
daniela
É, coisa tão óbvia.
ailime
Out pacas.
fera da penha
Hm?
DANIELA
É isso mesmo que você tá ouvindo.
ailime
Você não está mais por cima, Fera da Penha. Você é papo antigo.
daniela
Pois é, dizem até que nem vão poder julgar você pelos assassinatos na Casa dos Artistas porque não tem testemunha... ninguém viu.
fera da penha
Mas, mas...
ailime
Inclusive, ouvi dizer que na próxima convocação, o Felipão vai chamar é o Maníaco do Parque.
daniela
É, vamos nessa, Ailime...
as duas saem. A fera da penha olha para o corpo morto e, assustada, vai atrás das duas.
fera da penha
Não... não... Fera da Penha ainda ser quente... Fera da Penha ainda vender revista... (SAI)
DANIELA
(OFF) Só se for de porta em porta...
monique gamboa fica estirada no chão. Entra uma fotógrafa.
fotógrafa
Com licença... eu sou da revista Múmias  & Cadáveres. Você poderia mostrar os peitos ?
monique, que está de lado, com o braço de cima abre sua blusa. A fotógrafa clica e sai.
fotógrafa
 Obrigada.
monique
 O nome é Monique.
terroristas internacionais de posse da derradeira arma de destruição em massa ameaçam o mundo livre... forças especiais da otan, da rússia e da china perderam todo contato... o mundo inteiro queda impotente... deter os terroristas parece impossível... para mais detalhes permaneça sintonizado no Urublog...

Instalação no Largo da Carioca






Ascensão e Queda do Maior Gigante de Vendas Americano (Final)


Mesmo com a depressão, a ideia se mostrou tão lucrativa que até a gigantesca A & P, que por motivos óbvios não estava disposta a grandes mudanças em seu modo de operações, abriu seu primeiro supermercado em 1936. Que foi um sucesso. Em pouco tempo novas e novas filiais do novo tipo foram inauguradas, levando cada um ao fechamento de várias das velhas "lojas econômicas", devido ao maior volume de vendas. Assim, apesar da diminuição da rede de 16.000 para 10.000 pontos de venda, a aplicação dos velhos princípios de corte de custos - decoração espartana, compras sem intermediários, produção própria - levou a lucros astronômicos na década de 1950. Quando então três golpes simultâneos atingiram a empresa.



George  e John Hartford, os filhos do fundador original da companhia, morreram ambos na década de 1950. Seus herdeiros não tinham a mesma formação de merceeiros e estavam mais interessados no mercado financeiro do que em vender alimentos. A companhia começou a sofrer pela falta de novos investimentos em um novo momento crucial na história do consumo estadunidense, pois, ao mesmo tempo, no pós-guerra, o governo americano começou a controlar melhor o tamanho das grandes corporações. E uma cadeia de varejo do tamanho da A & P, com seu poder sobre os produtos e consumidores dos EUA, não passou incólume. Mas talvez o golpe mais arrasador sobre a companhia tenha sido a mudança urbana mundial da década de 50.

Até então, o lugar mais valorizado de uma cidade era o centro. No começo do século XX, entretanto, Le Corbusier engendrou o conceito da cidade-jardim, com ruas amplas, longe da confusão das principais artérias, eminentemente residencial, com o comércio concentrado em quadras especiais para tal. Se você é carioca, imagine a Barra da Tijuca. Nos Estados Unidos, começando mais cedo a tendência a esse novo urbanismo, ele se mostrou mais humano, dando preferências a casinhas com quintal - os "suburbs" (1).

O logotipo se modernizou; a companhia, não

Para uma parcela dos urbanistas, esse sonho de Le Corbusier acelerou a decadência das grandes cidades, que as tornou na década de 1970 numa coleção de problemas que teve que ser enfrentada  de frente nos anos 80, pelo menos lá em cima, e continua por aqui. Sem contar o efeito sobre a garotada que crescia nesses lugares, alienada, sem contato com outros tipos de viventes, mimadas e sem saber como era verdadeiramente a vida na metrópole, mas isto é assunto para uma postagem em breve. O que interessa aqui é que esta mudança da população para longe dos atravancados centros das cidades começou a minar as vendas da A & P, que, justamente por ser uma cadeia com quase um século de existência, tinha suas filiais quase todas bem no coração das urbes.

Sem disposição para novos investimentos, a A & P viu suas lojas começarem a ser evitadas à medida em que suas vizinhanças se tornavam lugares perigosos e seus competidores abriam mais e mais estabelecimentos nos subúrbios. Novamente, se você for carioca, imagine uma rede que se mantivesse concentrada nas imediações da Av. Rio Branco nos anos 50, ignorando Copacabana, Ipanema, Leblon e Tijuca.



Esse público também estava nadando em dinheiro com a prosperidade do pós-guerra. Eles não queriam só comida, eles queriam comida, diversão e arte. Ou seja, não estavam mais tão interessados em preços baixos, com pouca variedade de marcas e tipos de mercadoria. Eles queriam mais bens de consumo, mais escolha, mais cor e sabor. Daí é que viria o hipermercado, um tipo de varejo particularmente adequado ao subúrbio (cf. Carrefour, Makro e afins, estabelecidos em bairros como a já citada Barra da Tijuca). Esse ataque em três pontas iniciou a lenta decadência da rede. No final dos anos 70 a empresa foi comprada por uma corporação alemã que fechou mais e mais filiais até conseguir operar novamente no azul com menos de 1.000 pontos de venda.

Então uma rede regional, demonstrando constante incapacidade de se adequar aos novos tempos, a A & P foi minguando cada vez mais, até que em 2010 foi obrigada a pedir falência. Atualmente contando com apenas 338 filiais, sendo que destas, 57 sob ameaça de fechamento, as audiências falimentares começaram em agosto deste ano. Com constantes perdas no balanço e operando em menos de uma dezena de estados, o colosso varejista caminha para o mesmo fim dos armazéns familiares que detonou cerca de cem anos atrás: com sorte, ter um ou outro estabelecimento vintage funcionando, frequentado por saudosistas e descolados tentando parecer diferentes.

(1) No Brasil, subúrbio tem uma conotação negativa, aplicada normalmente à periferia mais pobre. Nos EUA, ao contrário, costuma apenas ser um lugar afastado do centro, para propiciar uma vida mais tranquila.

novembro 29, 2011

Em frente à sede da Fazenda Real de Santa Cruz, originalmente a fazenda dos jesuítas e hoje em dia quartel-general de um batalhão do exército. Anos 60 pra burro.

novembro 28, 2011

Tic Tac Tic Tac Tic Tac


Seconds Of Beauty - 1st round compilation from The Beauty Of A Second on Vimeo.

Há 190 anos foi inventado o cronômetro com a então assombrosa precisão de até um quinto de segundo. Para celebrar a data, a Montblanc está promovendo o festival do segundo - similar ao velho Festival do Minuto brasileiro, quando filmetes com até um minuto concorriam a um prêmio. Só que as peças agora têm que ter um segundo. Um desafio similar ao de escrever um conto em seis palavras (mais microcontos aqui).

A curadoria do festival é do Win Wenders e um dos prêmios é encontrá-lo em pessoa (e perguntar se é verdade aquela história de que a Nastassja Kinski dormia com todos os seus diretores* e se isso se confirmou com ele - minto, isso só o pervertido aqui é que ia indagar). O outro é um cronógrafo Montblan, o quê, dado o que eles custam, é mais do que a maioria dos festivais de cinema.

Pra quem se interessar em participar da 3a. etapa, as inscrições ficam aqui. E maiores informações sobre o festival, aqui.

* Declaração dela a Paul Schrader segundo o livro "Como a geração sexo, drogas e rock'n'roll salvou Hollywood"

novembro 27, 2011

História da Arte

Muro da Escola Argentina, em Vila Izabel.


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Eu e Suzy no Rock in Rio.

Os Primórdios da Câmera Digital



Como dito abaixo, não me arrependo de ter gasto em 1998 o equivalente a mais de mil reais de hoje por uma pequena câmera digital, algo revolucionário na época, com resolução de 320 x 240 pontos. Eu podia ver como a foto iria ficar, podia carregá-la pra tudo que era canto e tirar até 96 fotos de uma vez sem gastar nada. Por isso que, caminhando pela Urca, guardei essas impressionantes e belas imagens de uma ressaca na baía de Guanabara em 1999, com as ondas lambendo a mureta da av. João Luís Alves.

Os Primórdios da Câmera Digital

Em 1999, Vânia saía da exposição de Picasso no Mam e posava no Aterro pra minha Casio QV-10, com a resolução de 320 x 240 pontos, 0,08 megapixels e um quarto de VGA. No entanto, apesar de ter pago 400 dólares pelo brinquedo, o equivalente hoje certamente a mais de mil reais, não me arrependo, face ao enorme acervo de imagens que acumulei numa época em que a gente tinha que escolher o que ia fotografar, porque o filme acabava e era caro revelá-lo. Sem contar que nunca tínhamos certeza absoluta de como ia ficar a foto, ainda mais em situações assim de pouca luz.

Abaixo, Vânia na exposição:

novembro 22, 2011

Eu Nunca Conseguirei ser Neoliberal

Newt Gingrich, líder das pesquisas para ser o candidato republicano à presidência ianque ano que vem, declara que as leis contra o trabalho infantil são um equívoco e dá sua ideia genial para consertar as escolas públicas que vão mal: demitir os faxineiros, que só foram contratados por serem sindicalizados, e substituí-los por crianças do próprio colégio.

Eu não estou brincando. Confira aqui.

novembro 18, 2011

Um Celular com Câmera e Lua Cheia no Aterro




Posando

O Texto Original para a Página Logo de O Globo

Abaixo, antes que Arnaldo editasse, o texto original e maior (mas não necessariamente melhor) para a página Logo que ele me pediu. Pena que não entendi direito o que ele queria, pra que eu pudesse escrever sobre minha teoria de que as engenhocas irão tornar verdade o sonho de sermos uma única e grande mente - hoje em dia ainda precisamos de celulares para nos conectarmos à grande rede, mas no futuro viveremos nela, com um chip implantado no cérebro e todos seremos um.


Diz-se que o futuro não é mais o que era antigamente. Que nada. Pra começar, o futuro é uma invenção da modernidade. Veio junto com o progresso tecnológico. Até então as pessoas viam o tempo como cíclico: um tempo de semear e outro de colher, um de nascer e outro de morrer. As estações se repetiam e, com sorte, o mundo era exatamente o mesmo a cada equinócio. E, reforçando essa ideia, toda geração até hoje acha que tudo no tempo deles era melhor. Inclusive o porvir.

O tempo sempre fascinou a humanidade. Se, como diz Einstein, é apenas mais uma dimensão, por que só se pode caminhar em uma direção nele? Inclusive é exatamente esta propriedade que faz do tempo o que é, sua inevitabilidade (apesar das tentativas em contrário de Léo Batista e Christiane Torloni). Talvez, além de elétrons, prótons e afins, sejamos feitos também de partículas temporais que vão se perdendo com o correr dos anos, até que não haja mais nenhuma e chegue nossa hora. Talvez o futuro todo já tenha acontecido e com nossa inata unidimensionalidade não consigamos apreendê-lo, condenados a percorrer trilhas já determinadas, sinalizadas e com os desvios fechados, como os planetas a girar monotomamente em suas órbitas predeterminadas pela gravidade e pela relatividade.

Ou talvez não. Talvez o povo da física quântica esteja certo e cada momento esteja repleto de possibilidades abrindo novas dimensões e realidades dependendo da decisão tomada. Certo, pode-se pensar, por que dar ouvidos a esses físicos quânticos quando eles nem sabem dizer se um gato está vivo ou morto? Pois justamente o criador desse gato, Schrödinger, tem um livro dedicado exatamente a isso - à vida, não ao bichano.

Em "O que é a vida", Schrödinger teoriza que tudo que vive é uma máquina que se alimenta de entropia negativa. A tendência de tudo no universo é decair, mas a vida é cada vez mais pujante. Não os organismos individuais (apesar de que mesmos esses desenvolvem-se e crescem antes de envelhecerem, e há os que nunca envelhecem), mas a vida em si. Formando sistemas cada vez mais complexos, a vida é como o sujeito presente na floresta para ouvir a árvore cair: ela altera a inevitabilidade dos ciclos universais trazendo organização à esterilidade da decadência e até a livre vontade de bônus, face à inegável constatação de que somos capazes de prever a consequência de nossas ações e escolher qual a melhor.

Schrödinger não consegue acreditar que essa livre vontade simplesmente se vá com a morte, mas acha ridícula a ideia de incontáveis almas incorpóreas flutuando por aí. Acaba chegando à ideia de que o que pensamos como individualidade na verdade é apenas um aspecto da pluralidade, pois tudo que existe é uno. Uma assertiva bem perto de Deus. Aliás, Santo Agostinho, tentando provar que o tempo tinha um começo (e, portanto, um Criador), elaborou uma elegante elaboração: como o presente é a soma de tudo que já aconteceu, se o tempo fosse infinito, não haveria o presente, pois a soma do infinito é indeterminável.

Então não se tem nada que ficar cobrando das novas gerações que lutem as lutas de seus pais. Elas estão adicionando ao futuro o seu próprio presente. Elas são apenas outros aspectos de seus pais. Afinal, o próprio povo da contracultura acabou cantando que era como seus pais. Se essa garotada parece desorganizada, sem rumo ou direção, só devemos comemorar. É por isso que eles não são pedaços de minerais flutuando invariavelmente no vácuo. Eles estão vivos, eles se alimentam de caos e desordem. Eles são Anonymous. Eles são Legião. Eles ocupam Wall Street. Eles ocupam a Cinelândia. Raios, eles são o Tea Party. Eles são o novo. Eles são a vida. Eles são o futuro.

E o futuro chegou em três eixos.

Sol e Neblina no Leme