Outro dia escrevi uma postagem sobre uma partícula temporal e descobri que existe mesmo uma teoria vagamente parecida! A gente começa a pensar e recria o Universo.
Já li por aí que outra coisa que encafifa os cientistas é que as forças que organizam o Universo só funcionam dentro de certos parâmatros muito estreitos. Se a gravidade fosse um pouco mais forte ou fraca, ou se o eletromagnetismo fosse um tantinhoo mais ou menos potente, as partículas elementares desabariam sobre si mesmas e nem átomos existiriam. Como tudo começou com o Big Bang, é um pensamento anti-Copernicano e anti-científico que justamente logo de cara deu tudo certo.
Como estou tendo uma viagem (obviamente pseudo-)científica, vamos deixar Deus de fora e imaginar que, na verdade, existem muito mais milhares de forças atuantes no Universo e só conhecemos as quatro que conhecemos porque temos pouca disponibilidade de mentes Newtonianas e Einsteinianas na humanidade. Vai ver, existem muitas outras que se regulam entre si. Ou então muitas outras que estão além da faixa em que funcionavam e por isso mesmo acabam não colaborando pro funcionamento do conjunto de tudo que existe e assim, nem as percebemos.
Aliás, falando das mentes einsteinianas e newtonianas, este morreu virgem, como Kant, e aquele era um sujeito pouco dado a interações sociais. Temos a tendência a pensar que eles estão envoltos em pensamentos tão profundos que não conseguem prestar atenção ao nosso dia-a-dia comezinho, mas essa linha de raciocínio é em si mesma anti-científica. Trai uma concordância tática com a idéia de que um reino abstrato de conceitos puros é superior a uma realidade física. Parece um mundo das idéias platônico, o reino de Deus, o Nirvana ou, pior ainda... a matemática!
A maioria dos gênios - incluindo o primo de uma menina que namorei e que aos vinte anos era pago pra ficar em casa fazendo equação - não é dada a interações sociais. Pessoas são entropizadas demais. Têm opções demais. Têm poucas constantes. Na verdade, relacionamentos são muito mais complicados do que planetas - se tudo que a Ana Paula Arósio fizesse na vida fosse ficar andando em volta do Jô Soares numa curva perfeita, por exemplo, provavelmente seria bem mais fácil de comê-la. Mas não, você não pode fazer um gráfico apontando o dia em que a banha do Jô atingirá massa crítica e cederá sob a própria gravidade criando um buraco negro (opa! Ele já não tem um????). O bater das asas de uma borboleta em Beijing pode afetar a maneira com que um policial secreto comunista reprime uma manifestação na praça da Paz Celestial. E quando você puxar papo com a Ana Paula Arósio será bom lembrar que o noivo dela se suicidou na frente dela quando ela tinha uns 20 anos, que ela tentou o suicídio numa crise depressiva, dizendo que seu grande salário não a deixava feliz, enfim, essas coisas.
É a falta de tato desses cientistas com poucos amigos que às vezes o levam a alienar a humanidade média. Por exemplo, qual a vantagem em provar de vez que Deus não existe? Levar o racionalismo às massas? Que massas seriam essas?
a) Pessoas cuja idéia de Deus é um sujeito de barbas brancas sentado numa nuvem desenhando animais para depois pô-las na Terra.
Inútil tentar ganhar esse povo. Se você conseguir convencê-los da futilidade de sua religião, eles provavelmente se tornarão skinheads, adorarão a um novo deus, talvez o Grande Gene ou coisa parecida (tipo supremacistas brancos) e continuarão imprestáveis ao racionalismo.
b) Religiosos racionais. Esses já contribuem para a ciência com coisas como a genética de Mendel ou o Big Bang de Lemâitre.
Números são representações fantasiosas da realidade (e já pararam pra pensar como a realidade se presta tão bem a números? De onde vem essa nossa idéia de que a matemática é natural? Símbolos arcanos para iniciados, axiomas dogmáticos...). Ninguém nunca viu um neutrôn (oi, neutrôn, tudo bem? Como vão seus irmãos, o comunistôn e o neoliberalôn?). Tudo fantasia. Tudo pura poesia.
Só que sem gente.
(Por isso que sempre gostei de escrever historinha com personagem)
abril 15, 2008
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