Que é um slogan do Tribus da Itapemirim da década de 80, que por algum motivo, ficou no meu ouvido até hoje (o comercial era uma referência a Star Trek, uns astronautas numa tremenda nave detectavam um veículo ultramoderno e decidiam interceptá-lo), mas não os eixos não têm nada a ver com esta postagem.
O que realmente interessa é que o Paul Krugman, colunista que tá lá na minha lista de linques, escreveu, no dia seguinte ao meu artigo sobre como ganhar dinheiro sendo artista na era digital, uma coluna falando sobre o mesmo assunto, dizendo a mesma coisa, em razão de estar já se acostumando com uma nova mídia que é a próxima coisa que vai arrebentar: e-books.
Um dos meus melhores amigos, o ex-editor e agora jornalista digital Glauber (o Edmundo Barreiros) diz que aparelhos para ler e-books são desconfortáveis e é verdade, mas câmeras digitais também foram canhestras e de qualidade insuficiente pra substituir o filme até uns anos atrás. E tanto ele quanto um monte dos meus amigos, teoricamente uns, com o perdão da má palavra, intelectuais (e alternativos) urram e bradam que livros são muito mais bonitos e agradáveis.
Pode ser, mas tem o outro lado da moeda. Ganhei há pouco de Livia Rosa o volumão ASAS da editora dela. O livro é ótimo e tal, mas tendo 800 páginas, e coladas, não costuradas, lê-lo com uma só mão é praticamente impossível. Seu peso é tanto que é desconfortável segurá-lo deitado. Além do mais, bibliotecas ocupam espaço cada vez mais valioso nas megalópoles. E o próprio Edmundo já tem planos de detonar quase toda sua coleção de discos, substituindo-os por MP3s, atitude que quando sugeri uma vez num fórum de discussão de amigos, quase me fez ser linchado. É surpreendente que um povo tão crítico da sociedade de consumo tenha tamanho fetiche por objetos materiais, ao invés de favorecer o conteúdo, hábito que guardei de uma vida colecionando livros e discos usados de sebos, normalmente em edições baratas ou em não tão perfeito estado de conservação.
Além do mais, há de se pensar que, beleza por beleza, manuscritos com iluminuras eram muito mais bonitos do que impressos de papel e isso não impediu o caríssimo pergaminho de desaparecer. Com tanta informação disponível na forma de música e imagem, mídias que não podiam ser armazenadas ou copiadas antes do século vinte, leitura, a arte que mais pode se aprofundar em qualquer assunto, vem sendo cada vez mais negligenciada. Quanto mais estímulo melhor. E livro hoje em dia, pelo menos aqui no Rio, é muito caro, mesmo quando são republicações de matéria em domínio público.
Tendo um Nokia 6265 que consegui desbloquear para nele instalar programinhas em java, uso sua generosa tela de cristal líquido de 320 x 240 para ler e-books baixados do projeto Gutenberg, com milhares de clássicos disponíveis gratuitamente pra quem sabe inglês. Descobri que a leitura é bastante exequível e pouco cansativa. Estou lendo atualmente As Mil e Uma Noites e Free Culture (de Lawrence Lessig) e ter sempre à mão um bom livro pra ler na fila do caixa do supermercado, no ônibus, no carro esperando Livia Rosa descer ou no engarrafamento é bastante agradável. Ainda há a vantagem para os casados de poder ler na cama sem incomodar o parceiro. Mal posso esperar para ter o Kindle. E pensar que comprei um apê de 2 quartos (só pra mim) pra ter espaço pros meus discos (cada vez menos) e livros (parece que no futuro comprarei cada vez menos). Infelizmente o espaço liberado está sendo ocupado pelos DVDs...
junho 09, 2008
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