abril 28, 2010

A História da Copa do Mundo - Os Craques da Copa de 1950

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FLÁVIO COSTA

Flávio Costa foi o primeiro "Professor". Brilhante, estudioso de teoria, de personalidade forte e autoritário, estava acima de qualquer discussão e dirigiria a seleção brasileira por mais de uma década, acabando por ficar marcado pela derrota de 1950.

Flávio Costa nasceu em 1906 e foi centromédio sem brilho, mais conhecido pela violência na marcação, que lhe valeu o apelido de "Alicate". Ao parar de jogar tornou-se assistente do técnico húngaro Dori Krueschner, que estava trazendo para o Flamengo as idéias mais novas surgidas no futebol mundial. Com a saída de Krueschner, Flávio assumiu o cargo e continuou aperfeiçoando as táticas do time rubro-negro, levando-o ao tricampeonato carioca.

Contratado pelo Vasco, assumindo uma equipe montada por Ondino Viera, transformou-o num esquadrão conhecido por "Expresso da Vitória", vencendo 4 dos 6 campeonatos estaduais seguintes e conquistando o Sul-americano de clubes, primeiro título do futebol brasileiro no exterior.

Flávio Costa criou a "diagonal", uma variação do WM que antecipava o 4-2-4, a primeira tática contemporânea, cuja origem pode ser traçada até um artigo que ele escreveu para a revista "Cruzeiro", em que pela primeira vez descreveu os esquemas de jogo da maneira que fazemos hoje, usando números e traços (4-2-4, 4-3-3, 4-4-2).

Flávio foi o treinador do Brasil na derrota para o Uruguai em 1950. Embora estigmatizado, continuou com alto prestígio nos clubes, mas a revolução tática a que dera início espalhava-se e ele deixou de ser figura de proa do desenvolvimento do futebol brasileiro. Autoritário e disciplinador, apressou o fim da carreira de Leônidas ao convocá-lo apenas para a reserva para a seleção, e suas brigas com Gérson levaram o jogador a abandonar o Flamengo.

Os últimos títulos de Flávio Costa foram em 1952, com o Vasco, e 1963, com o Flamengo, quando, além da briga com Gérson, pôs na reserva Dida, o maior goleador da história rubro-negra antes de Zico. Aposentou-se pouco depois, porque, como dizia, não tinha mais paciência para ser babá de jogadores. Morreu em 1999, aos 92 anos.

ZIZINHO

Depois de Friedenreich e Leônidas, o brasileiro seguinte candidato ao título de melhor jogador do mundo foi Zizinho. Assim como acontece com o "Diamante Negro", há quem garanta que o "Mestre Ziza" era um jogador tão bom como Pelé, embora nunca tenha atingido a fama e a popularidade de Leônidas. Infelizmente Zizinho jogou antes do videotape e da transmissão dos jogos pela tevê, restando muito pouco de suas jogadas para serem conferidas.

Zizinho nasceu em 1921, filho de um dono de um time de São Gonçalo, então distrito de Niterói, no Rio de Janeiro. Recusado no América por ser baixo e ter pernas grossas, foi tentar a sorte no Flamengo em 1939. Flávio Costa deixou-o entrar e disse "você tem 10 minutos para mostrar o que sabe". E ele mostrou.

Zizinho gostava de entrar em ziguezague pelas defesas adversárias. Tinha drible fácil e excelente visão de jogo e era esplêndido finalizador, principalmente nas cabeçadas. Participou da campanha do tricampeonato rubro-negro de 1942/43/44, mas foi ofuscado como estrela do time primeiro por Leônidas e depois por Domingos da Guia. Os anos seguintes marcariam a ascensão do Vasco e da popularidade de Ademir. Ainda assim Zizinho era um armador respeitado por ser um jogador completo, capaz de atacar e defender.

O grande momento de Zizinho foi na Copa de 1950, quando foi descrito pelo jornal milanês Gazzetta dello Sport como um Leonardo da Vinci, "criando obras de arte com seus pés na imensa tela do Maracanã". Foi a partir de sua volta ao time, após uma contusão, que o Brasil disparou a vencer e aplicou as históricas goleadas de 7 x 1 sobre a Suécia e 6 x 1 sobre a Espanha.

Mas não houve goleada contra o Uruguai. A derrota na final marcou todos os jogadores e Zizinho não foi exceção. O Flamengo, que se recusara a vendê-lo para o Coríntians por 3 milhões cedeu-o para o Bangu por menos de 500 mil. Jogando num time com pouca torcida, mesmo exibindo seu futebol de sempre não foi chamado para a Copa de 1954. Transferiu-se para o São Paulo em 1957 e foi mais uma vez campeão estadual, mas ao não ser convocado para a Copa de 1958, resolveu encerrar a carreira. Contratado para ser o técnico do time Ajax Italiano, acabou atuando como jogador por mais dois anos.

Zizinho faleceu em 2002, aos 80 anos. Suas outras paixões eram o samba e o basquete. Até sua morte, em todas as vésperas de 16 de julho tirava o telefone do gancho, para não ter que passar o dia explicando como o Brasil perdeu aquele jogo para o Uruguai.

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