março 31, 2011

Mangaratiba 2011 parte III















Mangaratiba 2011 parte II










Mangaratiba 2011 parte I




Fundação Mário Peixoto, homenageando o diretor de Limite, que deixou um valioso registro iconográfico da cidade em 1930.


Capaz desta casa ter aparecido em Limite...


Geny e o Zepelim ou Forma de Charuto uma Ova, é Óbvio no que o Conde Zeppelin Estava Pensando Quando Projetou Isto

Passando por Santa Cruz, resolvi tentar visitar o hangar do zepelim, um dos últimos três remanescentes no mundo.
Quem vai pra Costa Verde pode observar da estrada esta estrutura, de tão majestosamente desproporcionada que é. Durante anos vi aquela silhueta titânica e me perguntava se era uma prisão (não, nunca ouvi falar, e os muros são altos DEMAIS), ou uma fábrica importantíssima, até finalmente descobrir o que era. A foto não dá ideia de seu tamanho, tente clicar para ampliar para melhor apreender suas dimensões.
Infelizmente, não é possível visitar o hangar. Os guardas no portão, muito gentis, passaram-me o telefone de departamento de comunicação social, para, se me interessasse, ligar e tentar agendar um horário. Tentei pelo menos negociar uma entradinha para fotografar o monumento ao zepelim, o que levou o sentinela a chamar seu sargento, uma bela moça em seus vinte anos (que bom que o mundo muda!), que autorizou estes retratos.
Quando a linha aérea para o Rio foi inaugurada, os alemães pesquisaram qual o melhor lugar para o pouso do gigantesco Graf Zeppelin e chegaram à conclusão, analisando os ventos e terrenos disponíveis, que Santa Cruz seria o ideal, o que levou à construção do hangar visível bem ao fundo, atrás e à esquerda da foto acima, medindo 58 metros de altura (equivalente a um edifício de 19 andares) e largura por 274 metros, correspondente a quase três campos oficiais de futebol. Conforme a wikipédia, eram necessários potentíssimos motores elétricos para abrir suas portas de 80 toneladas (!!!)
O guarda fez questão de aparecer em pelo menos uma das fotos.




Mas o que mais deixa encucado o blogueiro é: se hoje em dia já é demorado e difícil chegar ao Centro de Santa Cruz, como então seria nos anos 30? Talvez a área fosse muito pouco habitada e a linha de trem funcionasse perfeitamente? Talvez houvesse um precursor de serviço de van que levaria os passageiros à Zona Sul? Ou eles eram precursores dos aventurosos turistas contemporâneos e queriam mais era conhecer favelas, samba e subúrbios?




Três quartos de século depois do último voo, tão potente era a imagem desse pantagruélico símbolo fálico voador que ainda hoje em Santa Cruz os nomes de logradouros e estabelecimentos que não fazem referência à Família Real (que tinha uma fazenda e casa lá) homenageiam o zepelim de vida breve e que por apenas nove vezes utilizou a maciça construção ainda hoje ereta e dominando o cenário do bairro da Zona Oeste carioca.

Um P-80 em Santa Cruz

O P-80 Shooting Star foi o primeiro jato americano a entrar em serviço. Caça monoposto, combateu na Guerra da Coreia. Embora com apenas alguns anos de idade, o desenvolvimento aeronáutico na época foi tão grande que já estava bastante obsoleto e não podia medir-se com o principal rival chinês, o Mig-15, transônico de asas enflechadas. A configuração alar reta do Shooting Star tornava-o mais sensível à compressibilidade e mais lento. Apesar disso, foi o vitorioso no primeiro combate entre advesários turbinados da história, ao derrubar justamente um Mig-15. Mas seu desempenho inadequado acabou limitando-o a missões de interceptação e ataque ao solo com o decorrer das hostilidades.

O Brasil operou essas aeronaves do final dos anos 50 até 1973, quando já estavam sendo testados o F-15 e o F-16, demonstrando a evolução a jato (não resisti) dos aviões a partir da II Guerra Mundial. Apesar de completamente ultrapassado, não estava tão deslocado assim na FAB, já que o Brasil não estava exatamente planejando algum confronto com nações melhor armadas. De qualquer forma, não é de se espantar que tanto se falasse no início dos anos 70 no Mirage, um avião relativamente recente, capaz de atingir 2 vezes a velocidade do som, carregar uma carga bélica bem maior e transformado em superstar por seu desempenho na Força Aérea Israelense, embora contra pilotos árabes mal treinados em aparelhos obsoletos.
Ainda em 1999, ao pousar em Natal, num aeroporto que dobrava como base aérea, pude ver pequenos hangares em fila cheios de Shooting Stars, ou do T-33, sua versão para treinamento, aparelhos similares porém bipostos. Cheguei mesmo a ver um treinando manobras de combate enquanto, logo depois de chegar ao hotel, dava um mergulho ao amanhecer na Praia no sopé do Morro do Careca, cujo nome agora me escapa. O T-33 é considerado talvez o melhor treinador a jato de todos os tempos, apesar da fama de difícil pilotagem de seu irmão monoposto - tanto que foi um Shooting Star que abalroou o avião que transportava o ex-presidente Humberto Castelo Branco, o primeiro pós-Golpe de Primeiro de Abril, que está aniversariando amanhã.
Esta vista dá uma ideia das linhas aerodinâmicas simples dos primeiros jatos, bem art-decô, longe ainda das curvas complexas e LERXs das gerações posteriores. O ângulo também deixa bem claro por que aviões são símbolos fálicos.
Robusto, conta-se que na FAB, em voos rasantes, o P-80 chegava a decepar topos de coqueiros. A construção sólida é típica dos caças americanos, que sempre preferiram aparelhos pesados carregados por um motor cheio de força a desenhos leves e elegantes. Pelo menos até a Guerra do Vietnã, quando os velozes porém gordos e potentes Phantoms tiveram montes de problemas com os esguios (e, pelo menos em teoria, completamente obsoletos) Migs 17 e 19, o que levou ao desenho do F-16 e seu irmão maior, o F-15, antes de começarem a voltar às suas raízes com o F-18. Mas isso fica pra outro dia. Há outro P-80 no Rio, no Museu Aeroespacial, do qual tenho várias fotos, mas que não vou postar aqui agora porque estou com preguiça.