março 28, 2012

Os 100 Anos do Brasileiro Mais Influente do Século XX

No final do século XX, quando começaram a aparecer as listas de maiores e melhores, somente um brasileiro esteve entre os sujeitos mais importantes e influentes da centúria passada. Não, não foi Santos Dumont, que para os americanos se chama irmãos Wright (assim como os irmãos Lumière pra eles se chamam Thomas Edison). Nem Pelé, de mínima influência, já que dono de talento literalmente inimitável. Tampouco Getúlio Vargas ou Luiz Carlos Prestes, ou mesmo o Barão de Rio Branco, que tanto mudou as fronteiras da América do Sul. Não, o único cidadão da Terra de Santa Cruz a marcar presença com sua influência foi Carlos Marighella, que estaria completando 100 anos este mês se não tivesse sido morto em 1969 pelas forças da ditadura (e sobrevivido por mais 4 décadas aos azares e às doenças).

Marighella começou sua militância política nos anos 30, durante o Estado Novo e elegeu-se deputado pelo Partido Comunista no seu breve período de legalidade em 1946-1948. A convite do Comitê Central, viajou pela China para conhecer a revolução maoísta. E, quando da instauração da ditadura, foi preso quase imediatamente; solto, partiu para a clandestinidade e a luta armada (como fez também a nossa atual presidente).






Mas o que o tornou tão importante aos olhos do mundo foi o livro que ele escreveu em 1969, pouco antes de sua morte. Um pequeno manual de guerrilha urbana (disponível aqui) para fomentar revoluções. Este livrinho norteou as operações do IRA nos anos 70 e de todos aqueles grupos terroristas que tanto medo espalharam nos anos 70 pela Europa (e até nos EUA, como bem pode testemunhar Patti Hearst), até seu espetacular fracasso nos anos 80, seu ressurgimento na América Latina na pelo das FARC e do Sendero Luminoso e sua atual aparente nova ida para o ralo. Na verdade, suas linhas-mestras podem até mesmo ser reconhecidas nas ações do tráfico no Rio de Janeiro até a recente política de pacificação.

Essa era de revoluções e terrorismo pode ser traçada até a bem-sucedida revolução cubana em 1959-1960. Seu êxito espetacular mostrou que as forças da repressão não eram invencíveis e que um levante que começasse pela área rural tinha maiores chances de sucesso numa época em que nela viviam 2/3 dos latinoamericanos.

Mas a imediata aproximação de Castro com Moscou assustou os americanos, que anotaram as mesmas lições aprendidas pelas esquerdas e se prepararam com disposição. Na verdade, a revolução cubana acabou malfadando as chances de um levante similar na região, já que acabou com o fator surpresa e a tolerância da superpotência da área.

Lênin acreditava que o revolucionário deveria se preparar longamente e aguardar o momento em que  irrompesse uma crise na sociedade. Mao Tse Tung, no melhor estilo chinês, igualmente ressaltava a preparação, no caso uma longa doutrinação da população. Famosos eram seus conselhos de que seus soldados jamais deveriam roubar, saquear ou se aproveitar do povo, sempre pagando pelo que consumissem, ao contrário do que faziam as forças governamentais. Mas ambos eram homens de meia-idade, vindos de culturas que prezavam a paciência e a astúcia.

O mesmo não acontecia com aqueles revolucionários cubanos mal entrados nos 30 anos e cheios de ardor romântico juvenil. Che Guevara largou tudo e se mandou para as selvas da Bolívia para tentar por em prática suas controvertidas ideias: a de que um núcleo de guerrilheiros profissionais e móveis, escondido nas áreas rurais poderia sozinho criar a crise na sociedade, minando a credibilidade do governo com seus sucessos. O que aumentaria seus êxitos e animaria voluntários e colaboradores a se juntarem à causa, num efeito cascata, enquanto o establishment mais e mais se enfraqueceria.

A morte de Che Guevara ilustra bem as falhas em suas ideias. Sem doutrinação e preparação, as populações rurais simplesmente não se interessavam. Não se identificavam com aqueles estrangeiros e viviam tão isolados que não tinham ideia do quadro maior da política. Além disso, a América Latina vivia acelerado crescimento econômico, alimentado por dinheiro barato americano  justamente com este fim contrarrevolucionário. A impaciência e objetividade da juventude não eram substitutos neste caso para as virtudes da maturidade.

Foi por isso que Carlos Marighela, na época já se aproximando dos 60 anos, começou a pensar que a melhor opção para se começar uma insurreição comunista, apesar do exemplo cubano, não fosse a área rural, mas a urbana... (continua)
Mais eu em 1990, fotografado pela minha irmã. A esta altura vocês já perceberam quem comprou um escaner novo, não?

Praia do Sossego



Logo ali, em Niterói, mas pouca gente conhece. Imagens em alta resolução - clique para ampliar.

Eu em 1997


Depois de eu em 1990 e 1999, eu com meu uniforme entre 1986 e 2000: blazer + camiseta + calça de pregas. O chapéu tinha acabado de ser tirado, repare no cabelo amassado e despenteado.

Uma Foto Muito Anos 70

Um gravador de rolo, um toca-discos, vários vinis com o CAETANO & CHICO AO VIVO na frente, e uma moça de bustiê e saia longa. Em preto e branco. O que não é anos 70 aí?

P. S.: esse disco do Caetano & Chico é por volta de 77, então, apesar do ar meio hippie da garota, já estamos na era disco.

Do saite Saudades do Rio

Sem Título (ainda)

Há vida
Ávida
Em meus porões

Um louco acorrentado grita
"Deixe-me sair, tolo, você não sabe
o que está perdendo"

Mas eu nem levanto os olhos do jornal encostado no balcão do bar
Para ver a monumental morena passando requebrando
E nem noto nela os vestígios dos grilhões arrebentados

Pintura de Eliseu Visconti, considerado o introdutor do impressionismo no Brasil.

Kalashnikov, a Voz do Terceiro Mundo


Publicado originalmente no blogue de história da editora Record, editado pelo blogueiro

O MP44, o primeiro verdadeiro fuzil de assalto do mundo, foi muito mais usado no fronte oriental do que contra os americanos & ingleses lá pelos lados do Canal da Mancha. E, como sempre acontece, o povo contra quem uma boa arma é usado costuma ser quem mais fica impressionado com ela (cf. tanques na I Guerra Mundial, que se tornaram uma obsessão alemã).

Os soviéticos tinham ido à guerra com um velho fuzil semiautomático, mas em quase todas as fotos da campanha seus soldados pareciam estar sempre armados com as "Pepêsha", a onipresente metralhadora de baixo custo (como quase todo o armamento russo), ideal para suas tropas recrutadas entre uma população geralmente de baixa instrução. Como toda submetralhadora de então, usava cartuchos de pistola disparados através de um cano usualmente de 20 cm (os de revólveres costumam ter cerca de 10). Maiores medidas acarretariam mais peso e deixariam a arma incontrolável nas rajadas.

O MP44 alemão

Quando os russos viram a ideia alemã de um cartucho intermediário, com a potência entre o de pistola e de fuzil, capaz de ser disparado com precisão a distâncias bem maiores do que as balas de submetralhadoras, eles ficaram impressionados. Assim que acabou o conflito, começaram a desenvolver um desses rifles de assalto. Os soviéticos, sabendo do potencial industrial de seus inimigos, sempre deram prioridade ao baixo custo e facilidade de fabricação de suas armas. Além disso, queriam aproveitar a munição menos portentosa para diminuir o peso do equipamento. Foi daí que recomendaram a Mikhail Kalashnikov, então um jovem de menos de 30 anos e que ainda hoje está vivo, que usasse aço estampado em seu projeto.

O AKM, a versão em aço estampado do AK-47. Note-se a semelhança com o MP44, principalmente a haste acima do cano que conduz os gases sob alta pressão para armar o mecanismo de disparo

O desenho básico do AK-47 (Automat Kalashnikov 1947, ou seja, automático de Kalashnikov modelo 1947) é bastante similar ao do MP44. Como seu antecessor nazista, o fuzil russo usa um mecanismo de recuperação de gás para remuniciá-lo. Um orifício na parte superior do final do cano recolhe os gases em expansão decorrentes da explosão da pólvora (se localizado antes, as pressões danificariam as peças). A haste na parte de cima dos dois rifles carrega esse gás sob alta pressão até atrás da câmara, onde ele empurra o ferrolho, ejetando o cartucho usado e abrindo espaço para que a mola do carregador empurre outra bala pronta para o disparo.

Os soviéticos não dominavam a estamparia do aço ao final da II Guerra. A técnica é basicamente bater uma prensa numa chapa de metal para literalmente imprimir a forma desejada nela. Aparentemente simples, rápida e barata, exige no entanto maquinário de primeira. Os primeiros AK-47 literalmente desmontavam-se ao atirar, estourando os rebites que prendiam as lâminas mais grossas às mais finas. Foi preciso voltar a usar peças usinadas e fundidas para construir o fuzil até meados da década de 50, quando finalmente os russos dominaram a tecnologia.

Foi então que o AK-47 floresceu. Na verdade, a versão estampada recebeu o nome de AKM, mas as diferenças externas eram tão poucas que todos os meios não-oficiais continuaram usando a nomenclatura antiga. O peso desceu de quase cinco quilos para apenas 3.100 gramas. Era um fuzil e uma metralhadora, uma arma leve que até adolescentes podiam carregar. Foi com ele que começou verdadeiramente a era do conflito não-convencional, quando quaisquer tropas rebeldes podiam ser armadas rapidamente, por baixo preço e em grande quantidade.

Enquanto isso, os americanos, com seus problemas de autoafirmação através de armas, sempre querendo tudo mais forte, mais potente e maior, obrigavam a recém-fundada OTAN a aceitar como padrão a sua munição 0.30, a mesma usada pelo Garand, o melhor fuzil semiautomático da história e ícone da infantaria americana na II Guerra. Eles não compreendiam o conceito do cartucho intermediário e, por serem quem realmente mandava na OTAN, forçaram seu ponto de vista até no rifle que muitos dos países-membros estavam adotando, o FAL belga, originalmente desenhado para uma bala menos portentosa, e até hoje armamento padrão do exército brasileiro.

Já os americanos adotaram para eles o M14, basicamente um Garand preparado para disparar também automaticamente. Como o FAL, ele acabou sendo uma arma pesada, grande e pouco manobrável no disparo em rajada no corpo a corpo (embora tenha se tornado o mais preciso fuzil de assalto de todos os tempos). Enquanto isso o Kalashnikov ia dominando o mundo e se mostrando superior em combate, principalmente no Vietnã. No decorrer deste conflito os ianques desistiram do calibre .30 e adotaram o .556 e o hoje inconfundível M16 (aqui no Brasil usado pelos traficantes em sua versão civil AR-15).

O M16 usava plástico e ligas leves extensamente. Como temiam os militares da era do semiautomático, seu mecanismo complicado mostrou-se também frágil em combate, com seu cano de pequeno diâmetro suscetível a bloqueios por sujeira. A solução foi cromar a alma do cano, o que tornou o rifle ainda mais caro, e instalar um ejetor manual para destravar o fuzil.

Enquanto isso, o Kalashnikov, muito menos sofisticado, com seu mecanismo e fabrico simplificados, mostrava-se extremamente resistente às condições de batalha. Poeira, areia, gelo, umidade, nada disso parecia afetar o rifle. Nos anos 70, os soviéticos diminuíram o diâmetro do cano para utilizar também o calibre .556 (adotando o nome Ak-74 que, como sempre, ninguém usa extraoficialmente) e ainda assim a arma continuou mostrando-se resistente e incansável.

O AK-74 desmontado. Poucas peças, fáceis de soltar, facilitam a limpeza e a manutenção em combate

O AK-47 é o fuzil mais difundido da história. Até os israelenses adotaram uma arma baseada nele. Infindáveis vezes os dois lados que se defrontavam estavam armados com ele. Apesar da adoção cada vez maior de desenhos futuristas e "bullpup" (1) como os Steyr, Famas e o L85, ele continua sendo a superestrela da guerra. Afinal, foi com ele que na Guerra do Vietnã pela primeira vez o fogo de armas portáteis foi a maior causa de baixas em batalha, desbancando finalmente o temível e agigantado canhão.

(1) Os fuzis "bullpup" têm o carregador na coronha, como as pistolas, diminuindo em muito o seu comprimento. Parece simples, mas criou vários problemas de equilíbrio.

Os Anos 80 Eram Mais Divertidos

Xuxa apresentando programa de tv ainda na Manchete. Saca só a roupinha de apresentadora de programa infantil.

O Humorista Passou Desta Para a Millor

Estava feicebucando com uma amiga sobre a morte do Millôr. Como eu, ela dizia que quando mais moleca achava o sujeito muito talentoso, mas lendo hoje as frases pinçadas que republicaram a não mais poder nos blogues por aí, parecia um tanto bobo.

Meu apreço juvenil por ele veio de um volume que pincei no Círculo do Livro porque dizia que era "humor", a coletânea TRINTA ANOS DE MIM MESMO. Embora houvesse algumas boas piadas, a maioria das coisas me pareceu inteligente demais pra mim. Se suas frases e posturas hoje não soam tão profundas ou reflexivas assim, é porque, graças a ele, o humorismo brasileiro avançou muito dos anos 60/70 (o auge dele) pra cá.

Tome-se por exemplo Chico Anysio, outro craque da graça que partiu ainda há pouco. Sim, ele era talentoso, sim ele era prolífico, mas a maioria de suas piadas poderia muito bem estar no roteiro de programas de rádio dos anos 50. A Escolinha do Professor Raimundo, com sua misoginia e imediato desrespeito a tudo que fosse diferente da norma, pra não falar do antiintelectualismo corporificado na ridicularização do bom aluno, era típica dessa corrente. Não por acaso era povoada de velhos comediantes, alguns dos quais o Chico tentava ajudar. Com décadas de experiência de tempo cômico cinzelado exatamente para esse tipo de espetáculo, não era de se espantar que fizesse sucesso.

Já Millôr fazia parte do povo que nos anos 50 (e principalmente 60) renovou o humor brasileiro, com pelo menos tanta influência quanto teriam trinta anos depois Marcelo Tas e a galera do Casseta & Planeta. Saíam os alvos fáceis - negros, mulheres, gays, pobres, deficientes físicos - e entravam as ansiedades da (aqui) emergente sociedade de consumo de massa. A ilusão do sucesso, a liberação da mulher, a hipocrisia conservadora, a religião, as preocupações ocas da burguesia passavam a assumir o papel de vidraça. Com coisas como trocadilhos, os dicionários propondo significados literais das palavras (tais como "patologia - estudo dos anatídeos"), e vocábulos que assumiam as formas (ou os conceitos) que exprimiam, essa nova geração até mesmo desconstruía a realidade exatamente como a contracultura que surgia (pelo menos aqui) concomitantemente (adoro esta palavra - soa côncava).

Essa galera era a primeira advinda da classe média urbana que surgia no Brasil, com uma bagagem de erudição disponível exatamente pra quem tem grana (e tempo) suficiente pra ter acesso a cultura, sem o excesso que leva aos excessos de um Thor Batista ("eu nunca li nenhum livro"), por exemplo. Era a turma de Jaguar, Leon Eliachar, Fortuna, Sérgio Porto e outros.

Esse humor teve uma importância fundamental na criação daquela juventude rebelde, hippie, anarquista e punk que viria depois. Muita gente importante já declarou que, por exemplo, a revista MAD (bem como as revistas de terror da EC) que primeiramente lhes abriu os olhos para as contradições e a hipocrisia daquela sociedade classe média suburbana nadando em inédita fartura que surgia no mundo ocidenal no pós-guerra.

Como todo autodidata provido de humor intelectual, Millôr na maturidade virou um velho rabugento. Suas frases podem parecer não tão espertas assim e coisas como suas outrora famosas (e estudadas em sala de aula) Fábulas Fabulosas podem soar completamente sem graça, mas sempre podem se encontrar pérolas ainda muito reluzentes e pertinentes em sua obra ("houve um tempo em que os animais falavam. Hoje em dia muitos escrevem"; ou seu desenho com lindas flores e passarinhos cantando com um arco-íris ao fundo e a legenda "tempos de grande opressão são tempos de grandes sutilezas" - para).

O blogueiro lembra também da entrevista que fez para o Pasquim nos anos 70 (com a turma toda) com Betty Friedan. Enquanto todo mundo bajulava a pensadora feminista, Millôr foi o único a desafiá-la (ela praticamente o chamou pra briga ali mesmo) (1). Enquanto isso, Paulo Francis, o sujeito que nos anos 80 e 90 se tornaria um tremendo apóstata antifeminista ficava desesperado com a deselegância do colega, vez e outra insistindo que ali estava uma tremenda intelectual, respeitada no mundo inteiro, famosa e conceituada e que não podia ser tratada daquela forma.

O blogueiro sequer conhece a obra da veneranda antifeminista, mas, a princípio, tem simpatias por ela, mas o episódio só faz crescer o Millôr a seus olhos porque el, menos do que um revolucionário, sempre foi um contestador - e Betty Friedan naquela época era uma unan"imidade intelectual. Em assuntos como ecologia, por exemplo, Millôr sempre foi conservador. E, embora se opusesse à ditadura e fosse intrinsecamente antiautoritário (POLICIAL: "então se eu achar que um marginal está ameaçando o senhor, devo permanecer quieto?" ENTREVISTADOR: "morrer é um direito nosso"), nunca abraçou o marxismo ("eu sou trotskista" - Paulo Francis, em O AFETO QUE SE ENCERRA). Ele nunca foi um autodidata inseguro que buscava desesperadamente uma legitimação intelectual como Francis, em sua vida posterior.

(1) Não que o blogueiro tenha algo contra a veneranda feminista - nem conhece a obra dela, na verdade. A admiração é pela coerência de Millôr, face à covarde guinada que o Paulo Francis teve quando foi morar nos EUA, ganhar em dólar e aparecer na tevê.

O Baiacu e o Linguado


Logo ali, em Itaipu, um baiacu gigante nada preguiçosamente. Tão preguiçosamente que consigo encostar o pé no bicho. Logo depois encontro um linguado e, perceba, só vi o bicho porque ele estava contra uma pedra, pois a camuflagem dele é exatamente perfeita contra aquele fundo de areia e conchas quebradas (parece foz de córrego, embora não tenha visto nenhum riachinho por ali). Este, ao contrário do peixão anterior, nada bem rápido. Quando movi-me suspeitamente, a panqueca aquática saiu tão rápido que parecia até teletransporte.

Filmado em HD. Pra mais detalhes, configure seu Youtube pra 720p.

março 25, 2012

O Poema Bipolar

Playground e balões e começo de noite
Primeiro aniversário do filho de minha prima
Andando um pouco se chega à escada e as paredes
Estão nuas
E sem balões

No canto dos olhos, na fresta da visão,
no limiar do que se enxerga sob a luz
Sombras de outras eras passam,
Rápidas demais, indetectadas, inobservadas
Ignoradas por todos os outros

Um homem comenta comigo sobre travestis e homossexualidade
E que ele jamais seria homossexual porque tem pêlos, muitos pêlos
É tudo genética, ele explica, por isso travestis são lisinhos
(Eles não se depilam?)
Pergunto se todos os índios são gays
E ele diz que índios são diferentes

Miles Davis e Gil Evans e o concerto de Aranjuez
Somos todos profissionais aqui
Pais, mães e avós e tios
E perto da escada tudo permanece vazio

Sombras passam nas frestas, nas brechas
Nos cantos dos envolventes sorrisos quentes
Um amigo meu que morreu de overdose dois anos atrás
Passa incólume e indiferente como sempre
frente a essa gente

Os balões estouram
E as crianças devem se assustar
Mas os pais, os pais todos riem
Uma jovem de belos seios tira um deles para amamentar
Somos todos profissionais aqui

Economistas neoliberais de botequim explicam
A incerteza e a prisão do cooperativismo
Eleitores de Lula culpam os tucanos de tudo
Tudo posto assim em preto e branco
As sombras que passam são negras
E ao caminhar em direção à luz você encontra seus parentes mortos

A verdade, afinal, qual é a verdade?
Abracem-me, dúvidas, destruam meus profundos conhecimentos
Faça-me gargalhar
(para espanto geral)
Com o teatro de fantoches
Pelo qual o pai pagou tão caro
Distraia-me dos belos seios da mãe amamentando
(Será que ela não queria chamar a atenção de ninguém)

Perto da escada
Fumando um cigarro
Uma última moça de blusa e saia curte o cigarro
(Não se deve fumar perto de tanta criança)
Ela sorri quando eu chego perto
Como uma amiga minha internada
Que também não me reconhece
Mas sempre sorri feliz quando chego

Não falo nada
Meu amigo morto de overdose já teria puxado conversa

Ela se vai
Sombra luminosa em paredes sem balões
(Como já as outras vão ficando enquanto vão estourando)

Advogada e poetisa,
Minha prima explica depois
Uma história triste, você não ouviu?
O pai largou a mãe, a mãe ligou o gás
Com ela e a irmã em casa
Mas mudou de idéia ao ver as filhas vomitando

Que ela vote no PSDB
Que ela coma nos restaurantes indicados pelo RioShow
E veja filmes búlgaros que o bonequinhos aplaudiu de pé
Pode fingir gostar de filmes que pessoas inteligentes gostam
Pode fingir apreciar jazz e Marisa Monte e Miles Davis e Gil Evans
Porque ela talvez ao fim
Até goste
Ela já esteve lá
Ela já viu nem que fosse por um momento
Ela já esteve lá
Ela já esteve aqui
Comigo

Comigo

Comigo

Na fronteira da sensação de impotência

E onipotência

Onde na periferia da visão as sombras caminham em um
fugidio instante de tempo

Como nós vivemos
num fugidio instante do tempo

Escapulindo por uma ampulheta grão por grão
Uma ampulheta de amplo busto e quadris
E fina cintura
Como ela

Bafejando a fumaça do cigarro

E mais balões estouram ao som de risadas
Fugindo do tempo

março 24, 2012

Tartaruga em Itaipu


Certo, só aparece depois de uns cinco, seis segundos, mas a água estava turva e eu nem conseguia ver se o visor da câmera enquadrava o bicho. E depois ela saiu correndo. Sim, é verdade, uma tartaruga me fez comer poeira, tsc, tsc, tsc.

março 22, 2012

Eu em 1990

Em Paquetá, de chapéu e trench coat. Os anos 80 eram assim. Se bem que o dia estava nublado. Foto de Luciana, com minha Exa II-A, minha primeira SLR. Clique na imagem para ampliar.

março 19, 2012

Relembrando as Câmeras Digitais

Há quatorze anos eu comprava minha primeira câmera digital, uma Casio QV-10. Custou o equivalente a 300 dólares, o correspondente a uns 1.000 reais de hoje. Sua resolução era de 320 x 240, ou cerca de 0,08 megapixels. Não tinha flash ou zoom e guardava até 96 imagens em seus 2 megabytes (sim, MEGAbytes) de memória e tinha, como a Xereta, duas posições de diafragma. Meu primeiro celular que tirava fotos - o primeiro da Motorola no Brasil e o mais avançado da época - tinha uma resolução 4 vezes maior e já possuía um led para iluminar a cena, mas as fotografias capturadas tinham uma qualidade bem inferior à Casio, provavelmente por causa da qualidade da lente, do sensor ou do software.

Sim, software. As fotos que as câmeras digitais capturam são de péssima qualidade antes de serem tratadas por programas especiais embutidos na máquina que precisam, entre outras coisas, adivinhar as cores de cada ponto da imagem, o pixel. Ao contrário dos antigos filmes, os pixels dos sensores fotoelétricos não captam as três cores básicas, mas apenas uma delas e somente após serem processadas é que elas parecerão com os arquivos coloridos que mandamos para os amigos e postamos nas redes sociais.

A Casio QV-10. Repare na lente rotativa e o visor de cristal líquido que mostrava como a foto ficara  (e ficaria). As primeiras câmeras digitais da Kodak não tinham esse visor, uma das principais vantagens da câmera digital. Não foi à toa que a empresa pediu concordata.

Pra explicar melhor como funciona a coisa, comecemos pela antiga película fotográfica. Como todo mundo aprendeu no jardim de infância, todas o espectro de cores pode ser obtido através das cores primárias - azul, verde e vermelho. A fotografia com filme usava sais de prata que sofriam uma reação química quando expostos à luz, ficando mais escuros - uma imagem em negativo. O grão de sal era o equivalente ao pixel e, quanto menor fosse, mais resolução tinha - as melhores emulsões para slides alcançavam o correspondente a 20 megapixels. Mas as imagens assim obtidas apenas mostravam a intensidade da iluminação na cena - a foto em preto e branco.

Não era preciso um grande uso das células gliais para se chegar à conclusão que com três imagens, cada uma mostrando a intensidade de uma cor primária na cena, seria possível, juntando as três, chegar à foto colorida. Mais um pouco de pensamento, tecnologia e engenho e logo foi desenvolvido um método em que três filtros com as cores básicas faziam com que três películas diferentes captassem uma imagem em preto e branco, mas que indicava quanto havia de cada cor no quadro. Depois bastava projetar as três fotos obtidas juntas, cada uma com seu filtro correspondente, pra conseguir a fotografia colorida.

Já o sensor da câmera digital subdivide sua área em quadrados de 4 pixels cada. Cada um deles capta uma cor primária, com o quarto captando novamente o verde, já que é a cor à qual a visão humana é mais sensível (1). Quando a foto sai do sensor, por motivos óbvios, ela parece borrada e cheia de ruído colorido. Um software especial analisa a quantidade de cada cor em pixels adjacentes e calcula a imagem final. Portanto, a programação de cada aparelho é tão ou mais importante que as lentes ou mesmo a qualidade do sensor. Algumas marcas permitem que seja baixada o arquivo diretamente do sensor, para que seja tratada num desses Adobe Photoshop da vida. Esse é o famoso formato *.raw e por isso ele é tão importante na fotografia profissional, já que pula o tratamento de imagem, normalmente voltado para amadores, criando cores artificialmente saturadas e enfatizando a nitidez sobre o ruído.

As células fotoelétricas coloridas que constituem o sensor de uma câmera digital. Note que cada pixel tem apenas uma cor, em vez de ser subdividido nas três cores primários como, por exemplo, na sua televisão. É o software da câmera que vai calcular a quantidade das outras duas cores em cada ponto a partir da leitura dos pixels próximos. O sensor da esquerda é um novo modelo pra conseguir mais resolução em menos espaço. Isso diminui o tamanho das câmeras, mas a interferência de um ponto em outro gera aquelas imagens sujas quando se tira fotos no escuro.

O ruído todo mundo sabe o que é: aparece em cenas mais escuras, com pontos de cores primárias nos lugares errados e dá uma aparência granulada e suja à cena. Chega a ser irônico como as tecnologias convergem por caminhos diferentes: o filme também ficava com uma aparência semelhante em condições de pouca luminosidade. É que quanto maiores fossem os grãos de sal mais rápido eles reagiam à luz e, assim, os filmes "rápidos", para ambientes escuros (400 ASA e acima) tinham esses grãos grandes e, quando ampliados, eles ficavam... granulados!

Já na câmera digital o causador do ruído é o sensor. No afã de enfiar cada vez mais megapixels em suas máquinas, os fabricantes criaram pixels cada vez menores. Essas microscópicas células fotoelétricas, quando atingidas pela luz, geram uma corrente elétrica correspondente, que é registrada. Depois, pra recriar a imagem, é só ver a quanta cor corresponde àquela voltagem.

Eu em 1999 ao lado do finado Bagaceira. Mesmo sem flash, sob luz de lâmpada caseira, a Casio, com sua resolução de 320 x 240 (0,08 megapixels) produzia fotos aproveitáveis.

Quanto mais escuro o ambiente, menor a corrente, então são usados circuitos amplificadores. Só que essa corrente amplificada gera um campo elétrico que interefere nos pixels adjacentes atulhados em espaços muito pequenos. E assim surge aquela foto granulada e suja típica de câmera digital trabalhando com pouca luz.

Ressaca na Urca em 1999. A minha tentativa de descompensar a exposição para diminuir a excessiva luminosidade de dia de verão acabou deixando a foto muito escura.

Mas tudo isso é uma longa digressão. Afinal, estava falando dos 14 anos de minha primeira câmera digital. Cara e com baixíssima resolução, quase ninguém a conhecia. Ao contrário de hoje em dia, ninguém esperava que um sujeito olhando a uma certa distância para uma caixa estivesse tirando uma foto - todo mundo supunha que para isso era necessário encostar o visor na cara. Isso ajudava a fotografar dissimuladamente, ainda mais que a lente da Casio girava. Também tinha uma qualidade revolucionária - você podia tirar quantas fotografias quisesse sem pagar nada a mais por isso! (Na verdade só 96 fotos, já que "cartão de memória" era um conceito futurista à época). E você ainda podia ver a) como a foto ficaria antes de batê-la e b) como ela ficou imediatamente após batê-la.

Vânia frente a uma gravura da exposição de Picasso no MAM em 1999. Como ninguém conhecia câmera digital antigamente, dava pra fotografar mesmo em museus onde era proibido.

Eu comecei a dizer para os amigos que as câmeras de filme estavam condenadas. Obviamente, eu estava cercado de profetas do passado. Pessoas que deveriam ser formadoras de opinião – escritores, roteiristas, dramaturgos, jornalistas e, raios, até fotógrafos! - simplesmente não conseguiam aceitar a ideia. Filme era bonito. Filme tinha o romantismo de precisar de revelação. Mais ou menos como hoje em dia tem gente que diz que o livro nunca vai morrer porque gostam do cheiro do papel (você já viu em alguma livraria pessoas cheirando um livro antes de comprá-lo?).


Sem precisar revelar, fotos de nu eram muito mais exequíveis com câmera digital (Scarlet Johansson que o diga). Um leve toque com Photoshop e temos grandes fotos de Josy e Vânia (respectivamente em Natal e Itaipuaçu, ambas em 1999), mesmo com 0,08 megapixels de resolução. 

A estimativa de dez anos, como se sabe hoje em dia, estava totalmente equivocada. Em 2004, 2005, só os mais renitentes ainda insistiam no filme. No começo deste ano a Kodak pediu concordata. A película ainda tem algumas ligeiras vantagens em contraste dinâmico, mas isso é tão pouco pra contrabalançar todo o seu handicap frente ao sensor digital que cada vez mais é apenas destinada a um mercado de nicho e alguns neuróticos elitistas. Principalmente no preço. Velho adora falar mal de como a garotada hoje em dia passa o tempo inteiro fotografando tudo, mas na verdade, levando-se em conta a quantidade de grana em que morríamos pra ter uma imagem, nós é que éramos os fanáticos malucos.

Continuem seu bom trabalho, câmeras digitais.


(1) Minha terceira câmera digital foi uma Sony F828. Em vez de verde, o quarto pixel do quadrado era sensível a uma variante, o esmeralda, para aumentar a gama de cores. Realmente a minha atual Panasonic não parece ter a cor vibrante que aquela máquina tinha, mas como a Sony abandonou esse sensor de 4 cores, não parece ter causado tanto impacto assim.

Brigitte Bardot

Ainda morena. Foto tirada no set de filmagem de "E Deus Criou a Mulher".

Copacabana em 1928

Todos os Clipes de Comichão e Coçadinha em OS SIMPSONS

Elizabeth Taylor

Excelente...

março 18, 2012

Homenagem a Whitney Houston

A incorporação foi desativada, portanto só dá pra botar o linque aí abaixo. Whitney, quando ainda uma inocente garotinha, encontra o doidaço Serge Gainsbourg, que irritado com os eufemismos do intérprete, manda em seu inglês macarrônico: "You are not Reagan and I~m not Gorbatchov, I said I want to fuck her".

It Gets Better

Sexta 3 da tarde e tem tanta gente que tem fila pra entrar na exposição da Tarsila no CCBB.


O halo do sol faz um arco-íris na Praia do Abricó.


Kalashnikov, a Voz do Terceiro Mundo

Originalmente publicado no blogue de história da Editora Record, editado pelo seu querido blogueiro.

Esqueça o Colt 45 ou a Winchester de John Wayne. A arma mais icônica do mundo atualmente é o Kalashnikov. Barato, resistente, leve e eficiente, o fuzil soviético tornou-se cinema de guerra irregular, guerrilha, insurgência e terceiro mundo. Dos vietcongues que derrubaram o mito da invencibilidade americana aos traficantes cariocas que deram uma boa lida nas instruções de Carlos Marighela, passando pelos israelenses, é quase impossível que alguém que tenha disparado um tiro em combate desde os anos 60 não tenha estado em contato com o formidável rifle, segurando-o ou sob sua mira.

O conceito por trás deste ícone armamentista é alemão e apareceu na II Guerra Mundial. A espetacular tomada de Creta por paraquedistas, apesar de seu brilhantismo, acabou custando muito caro. Os invasores nazistas, saltando de aviões e completamente sem apoio, não podiam carregar nada pesado, então estavam basicamente armados apenas com submetralhadoras (as famosas MP40), para ter volume de fogo. Mas, frente aos britânicos com metralhadoras de verdade e fuzis, as MP40 não tinham alcance para responder. Se os germânicos pretendiam continuar usando aquelas tropas de elite, era preciso armá-las com algo que pudesse atirar longe como um rifle e também ser capaz de rajadas.

O FG 42

A arma desenvolvida, o FG 42, apesar de sua eficiência, era pesada (virtualmente 5 quilos) e cara de produzir. A ideia de substituir a combinação fuzil-metralhadora era óbvia no bipé dobrável que servia para apoiar o fuzil quando atirando em rajadas. Caro de produzir, criado numa época em que os paraquedistas já não eram mais usados em assaltos aeroterrestres e os nazistas estavam tomando uma coça dos aliados e ficando sem recursos, o rifle teve pouco mais de 5.000 unidades produzidas. Sua obra-prima foi o resgate de Mussolinni, numa ação de comandos, para quem o FG 42 era o armamento perfeito.

Mas embora ele tenha surgido primeiro, ao mesmo tempo o exército estava criando a sua própria versão para uma nova e revolucionária arma portátil. Quando os cartuchos metálicos e as novas técnicas de metalurgia surgiram, os militares queriam mais e mais. Mais alcance, mais precisão e mais energia cinética, para manter o inimigo longe demais para que seus infantes pudessem usar seus rifles. Assim surgiram fuzis que podiam acertar um alvo a 800-1.000 m de distância. A Guerra dos Boêres, a primeira travada com esse novo armamento pareceu confirmar a utilidade dessas especificações.

Só que os generais de alto-comando esqueceram que os Boêres eram praticamente exércitos de caçadores. Ou seja, homens que usavam suas armas na vida civil e que aperfeiçoaram sua pontaria durante anos. Seguindo essa linha de pensamento, os britânicos obtiveram resultados espetaculares na primeira batalha de Ypres, onde a mira precisa de seus soldados causou o que os alemães conhecem como "O Massacre dos Inocentes" devido ao grande número de jovens voluntários abatidos. O problema é que as baixas que os ingleses sofreram também foram custosas - era necessário muito tempo para treinar fuzileiros tão bons, tempo indisponível numa guerra.

Conflitos importantes sempre acabam sendo travados por conscritos contra conscritos, homens recrutados e treinados rapidamente para chegarem logo à linha de frente. No calor da batalha, sob fogo e explosões, com fumaça e detritos obscurecendo a visão, esses viventes teriam sorte em enxergar um inimigo a 800 metros, o que dirá acertá-lo com seus pouco exercitados dotes de atirador. Atingir um alvo a 200 metros seria uma estimativa muito mais realista.

Então, raios, para que alguém precisava de um cartucho tão poderoso quanto aqueles usados pelos exércitos todos? Submetralhadoras, que utilizavam munição de pistola, não tinham alcance e potência suficiente. O ideal era partir para uma alternativa, algo entre os dois, com força suficiente para um tiro de precisão e para rajadas.

Com um cartucho menos potente, a arma não precisava ser tão pesada. Quando disparada em rajadas, o coice não seria tão forte a ponto de tornar a mira inviável. Mais leve, seria mais prática de manusear uma vez atingidas as trincheiras adversárias, com o tiro automático, mais inimigos poderiam ser abatidos com mais felicidade. Enfim, o rifle perfeito: eficiente na defesa e podendo ser usado como uma submetralhadora, uma baioneta de longo alcance, no ataque. Mesmo quando defendendo, rajadas curtas poderiam aumentar a chance de atingir o soldado adversário que avançasse. No entanto, foi sua ótima adequação ao ataque que deu o nome ao rifle assim criado: fuzil de assalto.



A nova arma recebeu a denominação MP44. MP de Pistola Automática (ou submetralhadora), porque a ideia de se criar um novo cartucho havia sido vetada por Hitler, dadas as dificuldades de logística. E Hitler podia ser muito desagradável quando contrariado. No entanto, o rifle, enviado em pequenos números à frente oriental, fez tanto sucesso que inúmeras requisições do novo armamento começaram a chegar às mesas do alto-comando. E, mesmo descoberta a infração cometida, os responsáveis sobreviveram para contar a história. E o MP-44 recebeu seu nome correto, Stg 44, ou Fuzil de Assalto (modelo) 1944 (continua).
Falando nisso, a primeira vez em que vi esse clipe foi quando zapeando a tevê pela madrugada e caí num desses Dave Lettermans da vida. Eu parei uns instantes porque tinha a sensação de que conhecia a música. Foram necessários vários instantes de exaustivo esforço para que vencesse a resistência de meus neurônios a aceitar que esta canção fosse realmente aquela que eu conhecia. Inacreditável. E ele gravou um disco inteiro com essas coisas.


Videoclipe Interativo

São palavras que costumamos associar a ideias óbvias e idiotas e que não funcionam direito. Mas este aqui, do Arcade Fire, faz o dever de casa de forma espetacular, até. Só vai funcionar no Chrome (você ainda não desistiu do Internet Explorer) e é bom ter uma máquina rápida (meu PC de seis núcleos lidou com o código maciinho, apesar do monte de abas e programas abertos), mas, se você estiver no clima certo, dá até pra ficar emocionado. Não deixe de ir até o fim. A música, de uma das melhores bandas do século XXI, também não atrapalha nem um pouquinho:



março 16, 2012

Panoramica da Velha Sé

clique pra ver direito.


março 12, 2012

Xereta, Xereta, Xereta!!!!

Todo mundo sempre gostou de fotos. O problema é que antigamente você tinha que comprar uma câmera cara, filme e ainda pagar a revelação. Como meu pai me disse quando eu tinha uns 7, 8 anos, “fotografia é um hobby muito caro”. Até os flashes eram caros, o que propiciou o surgimento do magicubo. Quando tento explicar pra nova geração o que era isso eles arregalam os olhos em pura incredulidade, mas já, já, chego lá. Voltemos às câmeras. Ainda por cima elas eram pesadas, grandes e complicadas de usar. O candidato a fotógrafo precisava saber o que significavam palavras como “diafragma”, “distância focal” e “profundidade de campo”. O termo “velocidade”, então, era uma covardia contra o povo que, em sua maioria, até hoje ainda fica dando espaços pra centralizar textos em computador. Tinha a velocidade do obturador, do filme e da lente, e cada uma tinha um significado diferente.

Levando-se em conta que, uma vez que você tenha um computador e uma câmera digital, que hoje em dia vem em qualquer telefone e MP3, o seu gasto com fotos é zero. Os chatos luditas, aquele mesmo povo que dizia que a câmera digital jamais substituiria a de filme (o Zé, por exemplo, indignava-se quando eu dizia isso e atualmente carrega pra todo lado sua point-and-shoot pra nunca perder a oportunidade de uma boa fotografia), adoram criticar essa geração que clica tudo e filma tudo. Mas na boa, se formos raciocinar sensatamente, muito mais fanática éramos nós, que queimávamos uma grana preta pela chance de ter uma imagenzinha. Sim, apenas pela chance, porque não se via na hora como tinha ficado a foto e ela podia ter queimado, tremido, ou borrado além de qualquer reconhecimento.

Também se fala que a qualidade das câmeras digitais é inferior à de filmes. Hoje em dia este é um ponto extremamente discutível, mas mesmo assim, pra maioria das pessoas, que não tinha grana pra comprar um corpo Leica, lentes Zeiss e trabalhar com slides, as imagens obtidas não chegavam aos pés do que seu celular pode fazer. Sim, slides, pois negativos precisavam ser ampliados, o que basicamente era uma foto de uma foto, o que piorava o resultado final.

Mas foi um longo caminho chegar até essas maquininhas maravilhosas que proporcionam montes de diversão pra tanta gente – e, explicavelmente, quando o povão consegue mais meios de se divertir, aquela turma mais elitista sempre fica irritada que as coisas eram muito melhores antigamente etc etc. E, mesmo que isso não tenha nenhum interesse pra você, leitor do blogue, vou começar minha jornada sentimental pelo mundo da fotografia. Começando pela minha primeira máquina. A Xereta. Uma grande campanha de marquetingue, um novo formato de filme facilitando o uso de câmeras e o inacreditável magicubo tornaram-se tão icônicas que a palavra “xereta” até pelo menos recentemente ainda era usada pra denominar as câmeras mais simples e portáteis.

Como eu expliquei anteriormente, as câmeras eram difíceis de usar, caras, grandes e pesadas. Até que nos anos 1960, a Kodak, pra alavancar a venda de filmes, assim como fizera no início do século com a sua Brownie, lançou a linha Instamatic. Eram câmeras de plástico, com visor direto, sem espelho, foco fixo e angular e, pra facilitar as coisas ainda mais, o filme vinha dentro de um cartucho. Assim, não era preciso nem o trabalho de carregar a película (1). Bastava encaixar o cartucho dentro da máquina e pronto.

Pra baratear a coisa ainda mais, a Kodak criou o filme 110 no começo dos anos 70. Ele era consideravelmente menor que o filme de cartucho anterior, o 126, o que permitia câmeras ainda menores. Assim surgiu a Xereta, ou a Instamatic 101. Seu tamanho, tão pequeno quanto o preço, era irresistível pra crianças. E foi assim que pedi uma de Natal quando tinha 9 anos.

O cartucho de filme 110. As câmeras de 35 mm tinham uma mola que pressionava uma chapa contra as costas do filme pra mantê-lo plano. Já o 110 dispunha apenas da boa vontade do cartucho para isso, o que piorava ainda mais a qualidade que podia ser obtida a partir de um negativo tão pequeno.

Repare na janela que avisava em que foto o rolo estava ou que era necessário avançar o filme.

ando como uma câmera miniatura podia flagrar as situações mais engraças aumentaram ainda mais minha vontade de ter uma. E fotografia, como já disse antes, é uma tremenda diversão. Sermos seres basicamente visuais, ao invés da dependência do olfato de quase todos os outros, é um dos motivos que nos fez racionais. Então, a vontade de guardar imagens é intuitiva e instintiva entre nós! E eu nunca saberia usar aquela reflex do meu pai, com suas lentes de trocar, inúmeros controles e botões e até mesmo um outro troço que você tinha que apontar antes de bater o retrato. Só olhar por aquele visor escuro e dividido com o que me parecia uma alça de mira já me parecia complicado.

Mas a Xereta. Ah, a Xereta. Seu visor direto não tinha marca nenhuma. Minto, tinha umas marquinhas pra corrigir a paralaxe em fotos próximas, já que o visor não via exatamente o mesmo que a lente. Isto até eu podia entender. Só tinha dois ajustes: dia de sol e dia nublado. E uma janelinha na traseira me avisava quantas fotos eu já tinha tirado. Era apertar o disparador, empurrar um controle deslizante embaixo pra avançar o filme (enquanto tivesse setinhas na janelinha) até o próximo número. E pronto.

A minúscula lente da Xereta e o visor direto. Em cima dela, os dois círculos são o disparador e a sapata para o magicubo. A chave é um ajuste para o diafragma de duas posições: sol e nublado.

Obviamente, com um negativo tão pequeno, uma lente tão limitada e sem a mola traseira, a foto não tinha muita qualidade. Devido ao cartucho, o 110 era mais caro do que o 135. Uma vez eu consegui comprar um filme de slides, mas a lente escura fez eu queimá-lo todo por usá-lo em tarde nublada.

A Xereta e seu kit: um filme colorido de 12 fotos, um magicubo, uma pulseira. Falta nesse estojo o extensor do flash, que pode ser visto abaixo. Teoricamente, o extensor deveria evitar o brilho vermelho nos olhos dos fotografados, mas na prática não funcionava. Até hoje consigo me lembrar do cheiro dessa caixinha.

Aliás, a quantidade de fotos perdidas me irritava profundamente. Lembro de ter tirado uma na Floresta da Tijuca que se perdeu porque estava na sombra, apesar de ser um dia claríssimo. E isso porque era filme preto e branco, com mais latitude do que o colorido. Na minha cabeça, eu queimava essas fotografias porque não tinha flash. E não tinha flash porque ele também era caro. Era descartável.

O magicubo, que deixa a garotada de hoje tão surpresa, era um cubo (dã) com um encaixe embaixo e uma tampa em cima. As outras quatro faces eram lâmpadas disparadas mecanicamente, usando fulminato de mercúrio como praimer. Se um garoto de 10 anos já tinha dificuldade pra comprar filmes (que eram muito caros na época), somar a isso ainda esses magicubos que eram mais caros que a película tornavam a fotografia um hobby muito caro. O que me levava a usar a câmera muito pouco.



O magicubo é o da esquerda, o da direita é seu antecessor, o flashcubo. O magicubo não precisava de eletricidade. Quando você apertava o disparador, uma lingueta subia da câmera e se introduzia entre aquelas fendas na base do cubo e liberava uma mola que batia num fulminato e ativava a lâmpada. Ao avançar o filme, o cubo girava automaticamente pra próxima face.



E, quando a usava, o resultado era ao nível disso aí embaixo. Imagens sem nitidez e granuladas. O único filme colorido que usei foi o que veio no estojo com a máquina. As cores eram puxadas para o magenta e borradas. O sistema ótico era muito primitivo pra coisa melhor, mas qual o moleque que realmente se importava com isso quando a alternativa era aprender a usar uma reflex?

Eu comecei a ficar cada vez mais obcecado em arrumar uma maneira de usar um flash de verdade na Xereta. Eu achava que com ele não perderia mais fotos (certa vez, de 12 poses só consegui 3). E embora flashes de verdades fossem caríssimos, quase o preço de uma câmera, meu pai já tinha um. Vi anúncios de adaptadores de magicubos para flash, mas nunca consegui achar o produto.




Até que descobri que câmeras como a Olympus Trip já vinham com fotômetros. Elas mediam a luz e diziam se a foto ia sair ou não. Inacreditável! Não tinha como perder filme à toa assim! Era uma dessas que eu queria. Mas as Olympus eram muito caras. Mesmo meus pais já tendo melhorado de vida nos 4 anos que separaram as duas máquinas, o preço ainda era um tanto salgado e um primo é que trouxe a minha do... Paraguay! O que só mostra como somos preconceituosos – a bichinha está comigo até hoje e ainda funciona. E vai ser o assunto do próximo capítulo.

(1) Pensa que carregar o filme era uma tarefa que qualquer idiota podia fazer? Antes de uma viagem no final dos anos 80, início dos anos 90, minha irmã comprou um filme pra sua câmera automática, mas não sabia como carregá-lo. Eu me ofereci pra fazê-lo, mas ela achou melhor que o cara da loja o fizesse. Ele olhou pra câmera, pro filme, com uma cara de quem não sabia se cortava o fio azul ou o vermelho, botou ele dentor da máquina e fechou a tampa. O filme ficou solto e minha irmã não iria bater nenhuma foto se eu não tivesse visto e consertado.


O Fim de uma Era


A Kodak pediu concordata. O que é uma pena, já que é a empresa que botou a fotografia na mesa do povo. Metaforicamente falando, é claro.



A culpa foi do fundador da companhia, George Eastman. O então escriturário planejava em 1878 tirar umas férias na República Dominicana. Viagens ao exterior eram raras e caras então e ele pensou em guardar suas memórias com uma série de fotografias, assunto, aliás, que atraía seu interesse. Só que o equipamento da época ainda se utilizava de chapas de vidro. O candidato a fotógrafo tinha que montar uma tendinha para improvisar um quarto escuro, onde aplicaria a emulsão (a solução com a química sensível à luz) numa chapa de vidro. Depois correria com ela para a câmera, antes que secasse. Depois de bater a foto, era hora de correr de volta para a tenda armada para revelar o retrato, novamente antes que secasse. Fotos então se limitavam a retratos estáticos e alguns praticantes com veleidades artísticas faziam composições imitando quadros clássicos em busca de um status cultural superior (cultura pop sempre foi considerada coisa de gentinha).


Eastman resolveu ler mais sobre o assunto e descobriu que alguns europeus já usavam uma gelatina com a emulsão, que não secava facilmente e permitia que as chapas pudessem ser carregadas já preparadas pelo fotógrafo. Repetindo uma fórmula que leu numa revista, ele obteve sucesso e decidiu aperfeiçoar uma emulsão para produzir e vender essas chapas, que passaram a ser conhecidas como "chapas secas".

Já nessa época, como um Steve Jobs (1), Eastman pensava que estava não somente desenvolvendo chapas secas, mas fazer da fotografia um "ato rotineiro" e "transformar a câmera em um lápis". As chapas ainda eram canhestras, difíceis de manusear e carregar e exigindo um equipamento incômodo e pesado. Tudo seria mais fácil, ele imaginava, se pudesse utilizar um suporte flexível. Papel, por exemplo. Aplicando emulsão a um papel especial, ele foi bem sucedido, mas ainda não era o ideal, já que a granulação do papel aparecia nas fotos.

A solução de Eastman foi introduzir entre a emulsão e o papel uma gelatina insolúvel. Depois de exposto o filme, ele era banhado numa solução coloidal que solidificava esta gelatina, gerando um acetato transparente que podia ser destacado do papel - o negativo.

Mas os bons executivos sabem que o ideal não é só fabricar o suprimento, e sim o suprimento e a máquina que o usa. O produto perfeito. E foi isso que Eastman fez, criando a primeira câmera fotográfica que tornou a arte acessível a todos, a Brownie.

Manusear um filme sensível à luz e bem mais frágil do que hoje em dia não era para qualquer um, por isso Eastman fez com ele o que Jobs fez com a bateria do iPhone: trancou-o dentro da câmera. Ela vinha carregada com o suficiente para 100 fotos e, após tudo exposto, deveria ser mandada pelo correio para a Kodak, que revelava as fotos e devolvia a máquina recarregada.

Era a origem da Brownie, a mítica câmera da Kodak, a primeira a levar a fotografia aos lares. Como dizia seu slogan, "você aperta o botão e nós fazemos o resto". Custava apenas 1 dólar e popularizou a fotografia. A marca Brownie sobreviveu até os anos 60, já podendo ser recarregada pelo próprio usuário, sendo substituída pela linha Instamatic, que usava filmes em cartuchos, mais fáceis ainda de serem usadas. Depois, nos anos 80, foi a vez das automáticas, que usavam filme padrão 135, tinham fotômetro e foco automáticos e avançavam o filme com um motorzinho.

Mas a Kodak trombou finalmente com algo ainda mais fácil de usar do que suas câmeras - a fotografia digital. E, apesar de ter fabricado a primeira máquina que usava o sistema, desde o começo do século XXI que não produzia nada relevante na linha. E, com seus filmes, cada vez menos usados, perdendo 7 milhões de dólares por mês, o futuro da empresa parece pouco promissor. Mas, mesmo que ela não sobreviva a esta década, viverá para sempre nas imagens que tornaram o século XX tão facilmente reconhecível, pesquisável e compreensível, as fotos onipresentes que documentaram todo um século. Algumas dessas imagens da Brownie no. 1, como as que ilustram esta matéria, podem ser vistas aqui.

(1) Só que com menos vaidade, mais conhecimento técnico e um maior coração, já que, ao contrário de seu similar contemporâneo, gastava com filantropia e tratava bem os empregados.

Passeio de barco pelas ilhas Cagarras.

Este Blogue Orgulhosamente Apresenta o Início de uma Grande Saga!!!!!

Prólogo

- Já imaginou se o céu fosse escuro?
- Ele está escuro agora.
- Não. Não está escuro de verdade. Olhe as estrelas, essas estrelas todas. Já imaginou se o firmamento fosse escuro? Se não conseguíssemos ver esses pontinhos de luz?
- Ô, ia fazer muita diferença... iluminam tanto, essas estrelas...
- Claro que elas iluminam. Iluminam o espírito.
- Ah, não, para com isso. Está um frio desgraçado, tudo que tem pra ver aqui é céu e deserto, eu tenho que ficar aqui de sentinela e o cara comigo ainda tem que vir com esse papo maluco?
- Não é maluquice. Maluquice devia ser aqueles homens recém saídos de uma vida inconstante, subitamente abastados com a descoberta da agricultura, começando a construir a civilização olhando para o céu interminável e ficando desesperados porque nunca conseguiriam saber o que eram aquelas luzes.
- Eles tinham mais o que pensar...
- Não, não tinham. Tudo que interessava a eles eles podiam ver, tocar e pesar. Mas essas luzes... essas luzes não. Nunca mudavam. Nunca decaíam. Não morriam. E ficavam longe. E sumiam de dia. Talvez fossem algo muito, mas muito mais poderoso e misterioso. Talvez fossem deuses. E de certa forma foram. Pois os hominídeos tiveram que criar toda uma metafísica, toda uma ciência, para tentar descobrir aquilo que eles nunca poderiam tocar. Nunca poderiam avaliar. Somente uma coisa poderia levá-los até lá. A mente. A abstração. Pura abstração. E com a abstração foi que finalmente surgiu o que hoje chamamos de humanidade. Deus e ciência, e tudo porque essas luzes brilhavam no céu.
- Qual o próximo papo? Vai ver agora essas luzes se mexerem e dizer que são discos voadores?
- Não. Não são discos voadores. São muito mais do que isso. A milhares de anos-luz de distância, elas moldaram nosso espírito. Ao explodir, forjaram as moléculas que compõem o universo. Nosso corpo também foi moldado por elas. Somos seus filhos. Filhos com pais ausentes. Inalcançáveis. Por isto somos tão problemáticos. Imagine então - apenas imagine - o que aconteceria se por um acaso, um pequeno acaso, uma delas, ou, pelo menos, apenas uma minúscula fração dessas, finalmente se importasse em descer de seu lugar no firmamento e vir visitar suas crianças. Pode imaginar como isso abriria os olhos de sua progênie? Como iluminaria definitivamente sua prole? Tem ideia da enormidade que essa pequena, quase insignificante visita, poderia significar? Como diz uma profecia que ultimamente tem se manifestado em todos os sensitivos por todo o planeta, “quando a estrela caída se levantar terá o mundo ao seus pés”! O mundo! O mundo inteiro sob a estrela! Religião, astrologia e o mundo!
O homem finalmente parou de falar dando tempo para o sentinela friorento encará-lo intrigado e com um rascunho de sorriso.
- Cara, você não parece com nenhum fuzileiro que eu conheça.
- É porque eu não sou nenhum fuzileiro que você conheça. Você nunca me viu até alguns minutos atrás. Com minha voz hipnótica eu sobrepujei seus sentidos e você não conseguiu perceber a aproximação de meus companheiros. Mas agora você está livre do transe hipnótico. Pode agora claramente ver o que está em volta de você.
O sentinela friorento voltou a cabeça para um lado e para o outro observando os vultos que o cercavam.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Búzios 2012


Ferradurinha panorâmica. Clique nas fotos pra vê-las ampliadas.


Rua das Pedras.

A mulata gringa esqueceu que não se deve depilar tudo e usar biquini branco sem forro. Ou talvez essa fosse a intenção dela.

Búzios 2012

Algum baiacu psicopata assassino foi numa escola de baiacus de espinho e fez um massacre. Meia dúzia deles estava morta num pequeno trecho no preamar da Praia Brava. Estranho.