fevereiro 02, 2007

O Espaço (e o Tempo) - A Fronteira Final

Se a matéria é indivisível, por que o tempo não? A matéria, sabemos todos, é composta de partículas elementares, estrutura adivinhada já pelos gregos na Antiguidade, que começaram a pensar que se você saísse dividindo um pedaço de qualquer coisa e depois subdividindo e subdividindo, em algum momento você iria chegar num ponto em que não dava mais para dividir, um limite. Foi a primeira vez em que se pensou no átomo.

Mas e o tempo? Se a matéria tem um limite, o tempo também não pode ser contínuo e divisível ao infinito, já que um é apenas uma dimensão do outro: quando você olha para o tempo, você está vendo apenas a decadência da matéria, a desorganização da energia de que ela é feita, a entropia, as luzes se apagando no Universo, as trevas e a escuridão tomando conta de tudo.

Então o tempo deve ter também seu componente indivisível. A partícula mínima e básica, que forma de cada microssegundo a cada era geológica, de isótopos cronológicos a imensos polímeros cronais entrelaçados a cada galáxia que se afasta do epicentro do Big Bang.

Eu chamaria a esta partícula "cronion".

E qual seria a menor unidade de tempo possível? Qual a ação que transcorreria no menor intervalo imaginável?

Ora, o tempo que a luz, a coisa mais apressadinha no Universo, leva para percorrer a menor distância existente. Eu, com meus conhecimentos de física de segundo grau, diria que é o méson. Não há nada mais minúsculo. Nada mais infinitesimal do que essa diminuta partícula componente do átomo.

Sendo assim, certamente não existem distâncias menores mensuráveis. Com o quê você vai construir uma régua capaz de medir um espaço tão ínfimo?

O que nos leva ao intervalo mínimo cronológico: o tempo que a luz leva para percorrer um méson.

Não existe nada menor. Não há escalas abaixo disso. Não há intervalo de tempo menor tampouco. Que mostrador de relógio teria subdivisões mais exíguas do que um méson?

Então o tempo não é contínuo. Talvez nos movamos o tempo inteiro a uma única velocidade, a velocidade da luz. Como se fôssemos um filme: permanecemos durante alguns cronions numa única posição e então subitamente fazemos um movimento do tamanho de um méson a 300.000 quilômetros por segundo e novamente paramos durante vários cronions. Assim pareceríamos estar nos movendo bem mais lentamente do que a luz.

Porque o tempo é apenas o espaço enxergado por outro ponto de vista. Como bem exemplificado por nosso envelhecimento e morte.

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