janeiro 18, 2006

DOIS EQUÍVOCOS SOBRE A QUEDA DA FRANÇA EM 1940

1. Os alemães deram um passeio porque tinham muito mais tanques.

Os aliados tinham não só MAIS tanques como de melhor qualidade. A ponta-de-lança de Rommel sofreu um pequeno e inconsequente contra-ataque dos blindados Matilda ingleses e teve a desagradável surpresa de descobrir que eles eram invulneráveis aos canhões de seus panzers. O grande problema, que se repetiria para os ancestrais do Beckham em todos os modelos até o fim da guerra, era a minúscula arma principal, de dimensões quase japonesas. Já os franceses tinham um tanque médio, o Somua, que superava qualquer coisa que os alemães tivessem, e um pesado, o Char B1, com um canhão no casco de 75 mm. Infelizmente para os descendentes de Asterix, as torres de seus carros tinham espaço para um só homem e o comandante era ao mesmo tempo municiador e artilheiro do armamento principal, não só sobrando pouco tempo para fazer o que deveria - comandar - como tornando a comunicação com a tripulação mais complicada.
Mas mesmo esses defeitos não explicam como eles foram sobrepujados por menos e piores blindados - o Panzer I mal resistia a tiros de fuzil e seu armamento principal era uma metralhadora! - e sim a concepção de guerra blindada. Os alemães juntavam todos os seus panzers, apoiavam-nos com artilharia aérea, o famoso bombardeio de mergulho Stuka, e partiam pra cima, derrubando tudo, destruindo o que pudessem, rompendo as linhas e desbaratando os centros de comando, deixando à infantaria somente o trabalho de ocupar o território e proteger os flancos. Os aliados preferiam usar seus tanques como guarda-costas dos infantes: os soldados avançavam na direção da linha contrária e junto iam os carros, para destruir ninhos de metralhadora, derrubar arame farpado e bombardear um ponto de resistência mais encarniçada. A idéia de usar os blindados se movendo como um único corpo irresistível era tão estranha aos comandantes angl0-franceses que no exército dos descendentes de Carlos Magno só se podia usar o rádio em código. Já os teutônicos só iam falando "Schnell, schnell, schnell" e mandando ver.


2. A Linha Maginot era tão ridícula que tinha canhões que só atiravam para um lado.

Alguém andou vendo muito Lawrence da Arábia, aquela cena em que eles tomam Aqaba vindos do deserto porque os canhões só apontavam para o mar. Só que ali eram canhões costeiros, que costumam ser enormes e poderosos e defender a costa (dã!). Com0 normalmente o litoral é por onde vem o inimigo, não faz sentido construí-los de maneira que possam atacar a terra, ou, na hipótese de tropas inimigas desembarcarem ali e tomarem a fortaleza, eles seriam virados contra seus próprios construtores. É o mesmo princípio da trincheira da I Guerra Mundial, onde o lado de trás era escancarado, pois se elas fossem tomadas, não dariam proteção ao adversário, o que facilitaria um contra-ataque.
Na verdade a Linha Maginot simplesmente foi flanqueada. Ela não ia até o litoral, porque o litoral era a Bélgica e a Bélgica não achou muito legal a idéia de construir um forte contra alemães e procurar encrenca com os sujeitos quando era declaradamente neutra. Na I Guerra Mundial eles já tinham sido invadidos, mas provavelmente os sempre brilhantes e surpreendentes militares teutônicos teriam uma nova idéia vinte anos depois. Eles tiveram, mas os anglo-franceses não, acharam que eles fariam a mesma coisa e, quando viram, estavam cercados e derrotados.
A Linha Maginot era derivada da fortaleza de concreto idealizada no final do século XIX e início do XX. Os primeiros fortes assim construídos que obtiveram fama foram os do complexo de fortalezas de Liège e fundamental em seu desenho era uma torre móvel com arma principal. Se você quer saber como era exatamente, é só ver o Forte de Copacabana, que nada mais é que um Módulo de Fortaleza de Liège pré-construído e vendido ao Brasil.

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