dezembro 25, 2006

As horas das luas cheias e as marés no sangue, a melhor época para se matar alguém, a melhor época para se engravidar alguém, o tempo do suor secando na roupa, as ruas cobertas de chuva e pó, os pés se afogando nos rios lamacentos de postes e motores, os cupins no chão longe das asas, a época dos melhores vinhos, da malha de algodão caindo no tapete, o mar tão morno que nem refresca e o vento trazendo a areia contra os olhos, a hora dos lábios untados de saliva e o cheiro, o cheiro de grama molhada, o começo dos pingos grossos, desabando sobre os braços e os cabelos, quanto pano descobrimos que vestimos, a terra esbraveja com as nuvens e o céu olha por nós, caminhantes homeotermos nas noites cheias de folhas, são os tempos férteis chegando, os tempos férteis estão de volta, soltem as crianças e ponham os vasos na janela, são os tempos férteis, os tempos férteis chegando, os tempos férteis estão voltando.

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