outubro 26, 2008

Ciência, Superstição e Homossexualismo

Saiu matéria no Globo hoje dizendo que superstição podia até matar. Lendo o texto, descobri que nas sextas-feiras 13, pelo menos em algum lugar do mundo, sobe em 38% o índice de acidentes com mulheres.

Sei lá de onde tiraram tal estatística e porque a especificação em mulheres, mas fiquei chocado. Jamais imaginei que o número 13 tivesse realmente alguma coisa a ver com azar, afinal não sou supersticioso, não acredito nessas coisas. Todos sabemos que azar está relacionado a trânsitos astrológicos, mau-olhado e magia. Como a matéria é iluminista, o sujeito racionaliza explicando que as pessoas ficam mais tensas por causa da data e por isso mais propensas a erros infelizes.

Mais tensas? Eu também fico mais tenso quando quero paquerar desconhecidas e recém-conhecidas, mas não acontecem 38% a mais de acidentes comigo nessas ocasiões!!! Essa variação estatística é absurdamente exagerada! Tenho quase certeza que houve algum tipo de erro tipográfico, como uma vírgula ausente entre os dois dígitos ou similar, mas se esses números estiverem mesmo corretos exijo uma imediata e ampla investigação sobre os poderes do número 13 de alterar a realidade desfavoravelmente, porque essa racionalização não só não convenceu ninguém como é claramente anti-científica: o vivente partiu de uma idéia preconcebida de que a data não tem culpa nenhuma e procurou um motivo pra tais números. Eu também não acredito que a data tenha culpa, mas são TRINTA E OITO POR CENTO!!!! Eu não sei nem se trinta e oito em cem humanos que saibam o dia em que estão sejam supersticiosos com a sexta-feira 13! Tem que ir além de dizer que é estresse emocional! Chamem o House!

E o pior não é isso. Eu não leio o New England Journal of Medicine nem qualquer publicação científica acadêmica, mas pelo que eu leio nas páginas de jornais os racionais cientistas andam se vendendo barato e não só ao iluminismo que norteia a própria escolha de sua profissão. Eles andam tão fascinados com a rigidez formal mesmo em campos onde não têm conhecimento suficiente que andam extrapolando demais. A onda de uns vinte anos pra cá de sujeitar à genética os traços de personalidade é um exemplo. Outro dia eu li uma materinha sobre um estudo que provava que expressões faciais eram genéticas porque os cegos tinham expressões parecidas com as de seus familiares, mesmo não podendo vê-las para se guiar por elas. Parece que não ocorreu a ninguém que os familiares viam as do cego.

Mas esse é um mau exemplo, porque, afinal de contas, vai ver as expressões eram parecidíssimas e minha explicação não dava conta da extrema semelhança. Melhor se encaixa nesse perfil as tentativas de se explicar o homossexualismo como genético.

Eu sei, eu sei, tem o preconceito, os religiosos babacas tentando curá-los, daí a comunidade lá na América de cima começou a tentar vender essa idéia aproveitando a corrente científica em voga e com isso justificando sua existência, ao mesmo tempo em que deixava claro que qualquer tipo de terapia ou psicanálise não mudaria sua orientação sexual.

O único problema com essa teoria de que o homossexualismo é genético desde o início sempre foi uma coisa básica: se é genético é hereditário e se fosse hereditário já estaria extinto. É como aquela piada do “Top Gang 2”, em que o sujeito fala pra mulher que ela não deveria ter ido ao monastério budista, explicando: “esses monges fizeram voto de castidade, bem como seus pais e os pais de seus pais”. Homossexuais não se reproduzem. Quero dizer, se reproduzem, é claro, veja a Cássia Eller e o Carlos Augusto Strazzer, por exemplo, mas numa taxa muito menor que os genes heterossexuais. Em poucas gerações eles estariam extintos.

Mas nunca vi ninguém mencionando esse raciocínio óbvio sempre que vi documentários no Discovery ou afins, a não ser, pela primeira vez, outro dia no jornal, quando um cientista europeu propôs uma teoria de que talvez fosse um gene recessivo transmitido pela mãe. Só foi mencionado o detalhe da não-hereditariedade quando alguém apareceu com uma explicação. Parece um clássico caso não de alguém procurando descobrir o que causa x, mas de alguém que quer que y cause x e não vai descansar até encontrar uma explicação que se adeque às suas crenças. Engraçado como ciência e religião no fim sejam tão parecidas (1).

Mas o que me incomoda nessa posição da comunidade GLS de tentar contornar o preconceito com a idéia de que eles não têm escolha por causa do que está em seus genes é que, céus, num ambiente de intolerância vai depor contra eles. Esses genes obviamente não favorecem a perpetuação da espécie e daí a serem considerados uma doença genética, como a talassenia falciforme, é um passo. Sem contar que perdem o apoio de toda a galera não-convencional, que tradicionalmente sempre esteve a seu lado e a favor do direito de ter (ou não) sua religião discordante, seu comportamento discordante, suas perversões (2). Tudo bem, o povo GLS costuma sofrer muito mais discriminação, mas essa idéia genética é extremamente perigosa e leva muito mais facilmente a uma justificativa de gente com uma “cura” para o homossexualismo.

Mas trinta e oito por cento????? Esse número TEM que estar errado. Se não, tenho que reencontrar meu baralho de tarô...

(1) Sempre achei axiomas muito parecidos com dogmas.

6 comentários:

David Coutinho disse...

A idéia de ser genético não quer dizer necessariamente hereditário... Pois Síndrome de Down é genético e não hereditário, por exemplo... É simplesmente uma anomalia do gene... É isto...

Ave disse...

Você classificaria homossexualismo como uma "anomalia"? É justamente sobre isso o artigo. Esse tipo de suposição abre caminho pra que os homossexuais sejam oficialmente considerados doentes e apareça gente com a "cura".

David Coutinho disse...

Eu disse anomalia do gene... Encontre cura pra Sindrome de Down que eu te dou razão... Um abraço!!!

Ave disse...

Existe tratamento. Já imaginou o lobby querendo obrigar homossexuais a tratamento?

Anónimo disse...

OLA MEU NOME E RITA E NAO CREIO QUE UMA PESSOA JAMAIS DEVERIA SER OBSERVADA POR SUA CAMA ,E O HOMOSSEXUALISMO ,JAMAIS PODERIA SER CONSIDERADO COMO UM DEFEITO GENETICO,POR QUE QUAL SERIA A VANTAGEM ,DE UMA PESSOA VIVER INFELIZ SOMENTE PRA ESTAR BEM DIANTE DOS OLHOS DE UMA SOCIEDADE QUE SOMENTE NOS JULGAM POR AMAR-MOS PESSOAS DO MESMO SEXO,VOU LHES DAR ALGUNS EXEMPLOS DE HETEROS MUITO BONS:
HITLE -MUSOLINE-BIL CLINTON-
USAMA BINLADER- ENFIM TODOS ESSES ERAM HETEROS E FIZERAM INUMEROS MALES A HUMANIDADE,SE FORMOS PESQUISAR MAIS ACHAREMOS NO MINIMO MAIS UNS 20 DO MESMO PORTE.
O MAIO MAL DA HUMANIDADE E DE CERTOS HOMENS E MULHERES SE ACHAREM DEUSES ,TENTANDO OU MELHOR JULGANDO A TUDO AQUILO QUE E DIFERENTE ,PESSOAS QUE HJ CONSIDERAM O HOMOSSEXUALISMO UMA DOENÇA ,E POR QUE NAO ENTENDEM QUE O HOMOSSEXUAL E UM SER HUMANO ,MAIS APURADO O HOMOSSEXUAL MASCULINO E APENAS UM HOMEM QUE TEM OS SENTIMENTOS MAIS SENCIVEIS E O PODER DE AMAR COM MAIS FACILIDADES AS PESSOAS AS VEZES ATE MESMO OS QUE NAO O ENTENDEM,E A LESBICA E APENAS UMA MULHER MAIS FORTE ,MAS AINDA UMA MULHER ,PORRISSO PESSO QUE ANTES DE NOS JULGAR OBSERVEM SE OS ORFANATOS ESTAO CHEIOS DE FILHOS DOS HETEROS ,NAO DE NOS OS HOMOSSEXUAIS,AS GUERRAS QUE JA OCAZIONOU AS GRANDES TRAGEDIA NAO FOI POR NOS E SIM POR RELIGIAO ,E A IGNORANCIA DAS PESSOAS QUE NAO ACEITAM AS DIFERENÇAS ,OBRIGADO POR ESSE ESPAÇO E ME DESCULPEM SE OFENDI ALGUEM ,MAS NA VERDADE NOS ESTAMOS CANSADOS DE SERMOS OBJETOS DE AVALIAÇOES DE PESSOAS QUE MAL SABEM O SIGNIFICADO DA PALAVRA AMOR AO PROXIMO .
RITA DE CASSIA.

Anónimo disse...

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