julho 16, 2012

Virzi e o Edifício do Elixir Nogueira

No começo do século XX, a Glória era um lugar valorizado, tanto quanto os elixires e tônicos que curavam tudo ou ajudavam na saúde em geral. Um deles era o Elixir de Nogueira, que teve sua fábrica desenhada por um dos mais excêntricos e celerados arquitetos do Rio de Janeiro, Antonio Virzi, que projetou o monstreng, digo, o edifício abaixo.
Por incrível que pareça, essa construção existiu mesmo e ficava bem aqui, na rua da Glória: 


Não me leve a mal, podia ser extravante, rococó e exagerado demais, mas na nossa época de construções modernistas todas retas e iguais, seria ótimo que ele ainda existisse, como o fez até o final dos anos 60, quando era inclusive TOMBADO.
Imagina você estar andando no meio da rua e de repente dar de cara com essas visões dantescas...










Tudo bem, tinha seu charme, mas isso não era um tanto excessivo para um prédio fabril de elixires de nogueira? Se você duvida que era uma fábrica, eis aqui uma foto do interior do prédio.



Eu fico imaginando como eram os pesadelos desse vivente. E os do povo que trabalhava aí dentro...
No final dos anos 60, o prédio, que havia sido tombado, foi destombado pra construção de um edifício residencial estilo favelão - naquela época a Glória era ainda menos valorizada do que hoje. A construção com o Banco Itaú embaixo fica onde era esse surpreendente projeto. Compare a marquise à esquerda com a da quinta foto, lá em cima.

Outras obras de Virzi, já demolidas ou completamente descaracterizadas: o Cinema Americano, em Copacabana. Ainda já na minha época Copa tinha cerca de uma dúzia de cinemas (a contar da Princesa Izabel: Cinema I (hoje Hortifruti), Ricamar (hoje Centro Cultural), Rian (hoje um hotel), Condor (hoje Casa & Video), Joia (hoje cinema novamente, meio cineclube, só de projeção digital), Metro (hoje C & A - atualização: virou uma loja popular, até a C e A de lá acabou), Art-Palácio (hoje sapataria), Copacabana (um dos últimos cinemas de rua a ser construídos e o último a fechar, hoje academia de ginástica), Bruni (hoje loja), Roxy (o único sobrevivente do massacre), Cinema III (na galeria Alaska, não sei o que virou), Caruso (hoje um banco). Antes do meu tempo, tinha cinemas - no plural - até no Leme.

Esse aí depois virou o Cine Copacabana.
O Cinema América original, de 1918, é esse aí de baixo. Ficava na Saenz Pena, onde até os anos 90 funcionou no mesmo lugar outro cinema América, mais moderno e com um prédio em cima, hoje é uma igreja evangélica.

O Palacete Martinelli. Veja aqui fotos do interior da coisa. Extremamente impressionante, mas algo mórbido demais para se morar, não? Outro povo que devia viver tendo pesadelos...
E a Casa dos Smith, abaixo. Leia mais sobre Antonio Virzi aqui e aqui. Por incrível que pareça, ainda existem projetos dele em pé e um deles é colado no prédio da Manchete (aquele que está acabando de ser reformado) e pode ser conferido aqui. É a casinha amarela.
E outra casa dele disponível na internet:

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu respeito o fato do Sr não gostar ... mas deveria fazer parte do legado do rio ... que pena que a ganância imobiliária passa como gafanhotos destruindo tudo.... Não é uma questão de gosto .... mas de HISTÓRIA ...