setembro 26, 2011
setembro 25, 2011
Martin Scorsese Discorre Longamente sobre "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro"
Dica da Denise Lopes no Caralivro. Não se preocupem, está legendado:
Meu Canhão é Maior do que sua Metralhadora - Parte II
Além do semifracassado Airacobra, o outro caça americano com canhões era o P-38, o Lightning. Só que esse era bimotor e carregava seu canhão de 20 mm e suas quatro metralhadoras .50 no nariz. Com todas as armas alinhadas ele tinha mais facilidade em concentrar o fogo e acertar o alvo, portanto não precisava de uma cadência de fogo tão alta. Os monomotores carregavam seu armamento nas asas, convergindo para um ponto “ideal” entre 150 e 400 metros à frente (1), o que exigia bastante colaboração do inimigo na hora dos disparos - boa parte das balas se perdia no vazio, por mais que a mira estivesse correta. Ademais, com a artilharia alinhada longitudinalmente com o avião, ele se tornava uma plataforma mais estável de tiro.
Assim, os americanos mantiveram em praticamente todos os seus aparelhos as metralhadoras, ideais para uso antipessoal e acertar ariscos interceptadores. Quando os alvos terrestres se tornaram maiores e melhor protegidos, foram instalados lançadores de foguetes nos caças. Somente a era do jato iria modificar essa preferência. E tudo por causa da robustez dos desenhos soviéticos.
Sim, os soviéticos sabiam que sua indústria não era a mais refinada do mundo e que tampouco davam a seus operários o melhor treinamento possível. Então, em vez de desenhos complexos e difíceis de produzir, os comunas gostavam de equipamento bélico com construção simples e robusta, ainda que o acabamento precário diminuísse o tempo médio entre falhas e a durabilidade. Mas enquanto funcionava, era uma beleza.
Nesta linha se incluía o pequeno Mig-15. Mais rápido, com melhor razão de subida e mais manobrável do que qualquer caça contemporâneo, ele apareceu de surpresa na Guerra da Coreia e fez um estrago enorme em todos os jatos do lado dos capacetes azuis que não se chamasse Sabre. Os americanos inicialmente, para evitar a escalada do conflito, evitavam engajar em combate seu melhor equipamento, mas tiveram que apelar para seu transônico de asas enflechadas para impedir que a força aérea chinesa dominasse os ares.
O Mig já era difícil de atingir, mas o pior é que engolia balas .50 como se fosse o Ronaldo Fenômeno frente a um punhado de bombons. Os frustrados pilotos americanos entupiram seus superiores pedindo armamento mais pesado e desprezando a alta cadência de fogo das metralhadoras. Os aviões haviam ingressado de vez na era eletrônico e o Sabre já possuía mira por radar, um dos motivos normalmente apontados para um caça com teoricamente menor desempenho que o Mig-15 ter ganho uma superioridade tão incontestável nos céus (o outro era o melhor treinamento das tripulações). (continua...)
setembro 21, 2011
Aceito Sugestões para Título
Eu existo neste mundo
Ou como um som não pronunciado
Flutuando em meu crânio?
Serei eu um homem
Serei eu o Deus de minha criação
Ou serei eu uma palavra?
Ou como um som não pronunciado
Flutuando em meu crânio?
Serei eu um homem
Serei eu o Deus de minha criação
Ou serei eu uma palavra?
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setembro 19, 2011
Arrigo Barnabé Viu o Futuro e Ele Era Babaca
Soa familiar? Ora, é a concretização do clássico de Arrigo Barnabé e Luís Gê dos anos 80!!!!
Feche a janela Joãozinho,
Ou seremos comidos pelos...
Tubarões voadores
São os tubarões voadores
Eles surgem repentinamente
Tubarões voadores!
Sua caixa craniana
Esculpida num único peçado cartilaginoso
Forma uma estrutura poderosamente sólida!
Aaaah!
Qualquer movimento os atrai
De nada adianta fugir!
Estes são os:
Tubarões voadores!
8, 3, 5, 9..
Gritar não é recomendável.
Não!
A minha filha não!
A minha "filhr"...
Afinal, esta é a harmonia da vida.
Iááá!
Por isso,
Feche portas e janelas Joãozinho.
Não adianta nada deixar a janela apenas entreaberta.
As janelas devem ter grades.
E as porta, trancas.
As trancas, cadeados.
E os cadeados, fechos de segurança.
Pois no coração do prudente
Descansa a sabedoria.
Saiba mais sobre esta babaquice aqui.
setembro 18, 2011
O Sósia
Cassiano Ricardo
Dificilmente, ó amigo,
você me encontrará presente, em casa.
Pois eu sofro de ausência,
como se houvesse, em mim, uma asa.
A esperança e a saudade
— o leste e o oeste do meu corpo obscuro —
são duas formas de eu nunca estar em casa,
quando me procuram, e eu mesmo me procuro.
Vivo continuamente longe
de mim, nas horas em que me decomponho
num sonho; estou no outro hemisfério,
que é um não sei onde, onde só ausência lavra.
Só me encontro comigo, ó amigo,
se me divido em dois, diante do espelho
Um em frente do outro,
sem nenhuma palavra.
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O Morro do Alemão e a Blitzkrieg Alemã
Já que a ocupação militar do Morro do Alemão voltou à berlinda esta semana, vale aqui republicar uma análise sobre a operação inicial, quando houve por uma parcela da população um certo ressentimento por não terem sido os criminosos fugitivos alvejados pelas costas ao deixarem seus covis:
Teve gente chamando a ocupação do Morro do Alemão de blitzkrieg. É uma comparação extremamente incorreta, com o articulista citando o elemento surpresa como a principal semelhança. No entanto, qual exatamente o elemento surpresa se os órgãos de segurança já haviam avisado com antecedência que iriam invadir a comunidade e usando blindados para ultrapassar as barreiras?
Não, na verdade, sob este aspecto, a operação foi na verdade um antiquado e pouco criativo ataque frontal, na melhor tradição clausewitziana de concentração de forças, ou seja, "junta todo mundo e vamos dar um pau nesses caras!" Este conceito foi justamente o que foi ultrapassado na blitzkrieg, conforme artigos aqui já postados, mas, apesar de tudo, pode-se dizer que, pelo menos em seu espírito de aproximação indireta, o povo que concatenou a invasão do complexo de favelas baseou-se na guerra-relâmpago dos homônimos do Morro.
Aproximação indireta, defendida no clássico "A Arte da Guerra", de Sun Tzu, com sua versão moderna preconizada por Samuel Fuller, desenvolvida por Sir Basil Liddel Hart e aplicada pela Wermacht na II Guerra, consiste justamente em evitar custosos ataques frontais às posições mais fortes do inimigo. O pensamento militar em voga desde o século XIX era o de aniquilar o exército adversário com um golpe poderoso, buscando-se atingi-lo em seu ponto mais forte para obter uma vitória decisiva. Ataques a posições secundárias seriam perda de tempo, sob este ponto de vista.
Então, quando se fala em "surpresa" na blitzkrieg alemã da II Guerra, não é para dizer que os nazistas atacavam quando ninguém esperava - pelo contrário, os anglofrancos ficaram esperando desde 1939 o ataque na frente ocidental que só se concretizou em maio de 1940, e sim porque os hunos buscavam os pontos fracos do inimigo, para se infiltrar em suas linhas e desbaratar seus exércitos sem a necessidade de ficar trocando golpes justamente onde o adversário era mais forte e mais baixas poderia causar.
Por exemplo, no fronte ocidental, estando toda a fronteira franco-alemã fortificada com a Linha Maginot, os aliados esperavam que os teutões repetissem o Plano Schlieffen de 1914 e avançassem pela Bélgica. Assim, os anglogauleses mandaram a maior parte de seus exércitos para os Países Baixos, no Norte, e deixaram apenas forças leves para dar apoio aos fortes fronteiriços, no Sul. Entre os dois grupamentos de forças, havia uma florestinha cheia de morrotes, as Ardenas, que os estrategistas do lado de cá julgavam um obstáculo que atrasaria a marcha da infantaria e proibiria o uso de blindados.
Mas para os alemães aquela região era mais ondulada do que intransponível e jogou suas forças blindadas por ali, escoando-as entre os exércitos aliados na Bélgica e os fortes Maginot, passando a menos de 15 quilômetros das fortificações. No entanto, a velocidade dos blindados tornou qualquer reação francesa impraticável e, mesmo com a infantaria vindo bem atrás, foi impossível um contra-ataque de flanco porque os tanques desbaratavam e desorganizavam os quartéis-generais e as forças de infantaria por onde passavam, mesmo que não viesse ninguém imediatamente atrás para ocupar o terreno.
Deixando então os alemães de lado e voltando ao Morro do Alemão, a aproximação indireta usada pelas polícias foi justamente avisar que iria entrar de qualquer jeito e usando blindados, para dar tempo para os traficantes fugirem. Um ataque repentino certamente causaria uma reação instintiva do Movimento e poderia acarretar baixas não só entre os combatentes (a que ponto chegamos) como também entre os civis, justamente o que o governo não queria e que sempre atravancou os planos para se pacificar aquelas imensas comunidades. Trabalhadores mortos às pencas e suas famílias acusando os PMs inviabilizaria qualquer tentativa ulterior de se repetir a operação, desmoralizaria as forças governamentais e aumentaria a aura de invencibilidade dos criminosos.
Da maneira que foi, a vitória foi completa e total. Os traficantes fugiram da Vila Cruzeiro atônitos e atarantados, carregando somente o que podiam levar nas mãos e sem tempo de planejar uma contraofensiva. A invasão do Morro do Alemão em seguida desbaratou completamente suas forças. Sem dinheiro, armamento, contatos, drogas, base de operações e sob contínua pressão, há muito pouca coisa que os traficantes fugitivos possam fazer, a não ser que alguém acredite que eles realmente sejam super-homens, entes com força de vontade e intelecto superiores, capazes de, do nada, construir em poucos dias um Império do Mal. Nem o Imperador Palpatine foi tão rápido.
Agora, o que aconteceria se a polícia metralhasse os traficantes em fuga, o movimento com que tanta gente sonhava e que aparentemente causaria orgasmos de vingança nos apresentadores da tevê cristã que fazia a cobertura?
Belisário, o mais genial general da Antiguidade Tardia, o homem que reconquistou a Itália pro Império Bizantino, que destruiu os poderosíssimos persas partas, sempre com forças numericamente inferiores, certa vez impediu um flanqueamento por estes últimos com uma rápida movimentação estratégica. Tendo construído uma rede de estradas e treinado incessantemente suas forças priorizando sempre a mobilidade, conseguiu alcançar Antioquia antes que os partas, aliados aos sarracenos, lá chegassem, numa manobra de aproximação indireta, atravessando o "intransponível" deserto.
Belisário viveu na Antiguidade Tardia, antes da invenção da perspectiva
Longe de suas bases e com suas linhas de comunicação e suprimentos esgarçada e sob pressão, os persas desistiram de tentar a conquista de Antioquia (o que forçaria uma divisão das forças bizantinas, já que era a segunda cidade mais rica do império) e começaram a recuar de volta para sua terra. Belisário considerava o caso encerrado, mas suas tropas não estavam nem um pouco satisfeitas. O grande e (então) jovem estrategista procurou demonstrar a seus comandados, como conta Sir Basil Liddel Hart em seu livro "Strategy" que "a verdadeira vitória consiste em se obrigar o adversário a abandonar o cumprimento de sua missão, com o mínimo de perdas. Se tal resultado for obtido, não existe necessidade real de vencer batalhas. 'Qual a razão, em consequência, para se querer derrotar um fugitivo?' A tentativa iria criar um risco desnecessário, e um fracasso poderia deixar o império aberto a uma invasão mais perigosa. Não deixar a um exército em retirada um meio de fuga é a maneira mais segura de forçar sua coragem pelo desespero".
Então, o que aconteceria se houvesse o metralhamento dos traficantes? Eles certamente não iriam ficar parados que nem patinhos em estande de tiro, esperando serem derrubados. Iriam reagir e talvez conseguissem novamente derrubar um helicóptero. Qual teria sido o efeito de uma catástrofe como essas na moral de ambos os lados? De fugitivos correndo como baratas assustadas a criaturas perigosíssimas em um pulo. E a reação dos criminosos entrincheirados no Alemão, sabedores de que a única escolha era resistência ou morte? Será que simplesmente iriam fugir se misturando aos moradores ou iriam receber a bala as forças de ocupação? Quantas baixas civis inaceitáveis decorreriam dessa resistência?
Quando finalmente as forças de segurança do Rio conseguem uma vitória tática e estratégica total, com perfeito planejamento do ponto de vista militar, fica um povo exigindo reações irracionais e emocionais por pura vingança. Vingança nunca, NUNCA foi boa conselheira em operações de guerra. Napoleão não planejava suas batalhas dando chutes em mapas e dizendo que ia ferrar com aqueles filhos da mãe todos. Finalmente a inteligência do governo está fazendo jus a seu nome e arriscar-se a sofrer uma derrota tática, ainda que improvável, quando a vitória é total e completa, é uma tolice que levou alguns dos melhores exércitos que o planeta já viu à completa desmoralização e desintegração.
Belisário, por exemplo, para manter o controle sobre suas tropas, a contragosto atacou os persas em retirada e sofreu a única derrota em toda sua longa carreira. Felizmente os partas sofreram também tantas baixas que não tiveram opção a não ser recolherem-se a suas bases. O império ficou aberto a um inimigo que, por sorte, não teve como aproveitar. O Rio de Janeiro não podia se arriscar a tanto.
Teve gente chamando a ocupação do Morro do Alemão de blitzkrieg. É uma comparação extremamente incorreta, com o articulista citando o elemento surpresa como a principal semelhança. No entanto, qual exatamente o elemento surpresa se os órgãos de segurança já haviam avisado com antecedência que iriam invadir a comunidade e usando blindados para ultrapassar as barreiras?
Não, na verdade, sob este aspecto, a operação foi na verdade um antiquado e pouco criativo ataque frontal, na melhor tradição clausewitziana de concentração de forças, ou seja, "junta todo mundo e vamos dar um pau nesses caras!" Este conceito foi justamente o que foi ultrapassado na blitzkrieg, conforme artigos aqui já postados, mas, apesar de tudo, pode-se dizer que, pelo menos em seu espírito de aproximação indireta, o povo que concatenou a invasão do complexo de favelas baseou-se na guerra-relâmpago dos homônimos do Morro.
Aproximação indireta, defendida no clássico "A Arte da Guerra", de Sun Tzu, com sua versão moderna preconizada por Samuel Fuller, desenvolvida por Sir Basil Liddel Hart e aplicada pela Wermacht na II Guerra, consiste justamente em evitar custosos ataques frontais às posições mais fortes do inimigo. O pensamento militar em voga desde o século XIX era o de aniquilar o exército adversário com um golpe poderoso, buscando-se atingi-lo em seu ponto mais forte para obter uma vitória decisiva. Ataques a posições secundárias seriam perda de tempo, sob este ponto de vista.
Então, quando se fala em "surpresa" na blitzkrieg alemã da II Guerra, não é para dizer que os nazistas atacavam quando ninguém esperava - pelo contrário, os anglofrancos ficaram esperando desde 1939 o ataque na frente ocidental que só se concretizou em maio de 1940, e sim porque os hunos buscavam os pontos fracos do inimigo, para se infiltrar em suas linhas e desbaratar seus exércitos sem a necessidade de ficar trocando golpes justamente onde o adversário era mais forte e mais baixas poderia causar.
Por exemplo, no fronte ocidental, estando toda a fronteira franco-alemã fortificada com a Linha Maginot, os aliados esperavam que os teutões repetissem o Plano Schlieffen de 1914 e avançassem pela Bélgica. Assim, os anglogauleses mandaram a maior parte de seus exércitos para os Países Baixos, no Norte, e deixaram apenas forças leves para dar apoio aos fortes fronteiriços, no Sul. Entre os dois grupamentos de forças, havia uma florestinha cheia de morrotes, as Ardenas, que os estrategistas do lado de cá julgavam um obstáculo que atrasaria a marcha da infantaria e proibiria o uso de blindados.
Mas para os alemães aquela região era mais ondulada do que intransponível e jogou suas forças blindadas por ali, escoando-as entre os exércitos aliados na Bélgica e os fortes Maginot, passando a menos de 15 quilômetros das fortificações. No entanto, a velocidade dos blindados tornou qualquer reação francesa impraticável e, mesmo com a infantaria vindo bem atrás, foi impossível um contra-ataque de flanco porque os tanques desbaratavam e desorganizavam os quartéis-generais e as forças de infantaria por onde passavam, mesmo que não viesse ninguém imediatamente atrás para ocupar o terreno.
Deixando então os alemães de lado e voltando ao Morro do Alemão, a aproximação indireta usada pelas polícias foi justamente avisar que iria entrar de qualquer jeito e usando blindados, para dar tempo para os traficantes fugirem. Um ataque repentino certamente causaria uma reação instintiva do Movimento e poderia acarretar baixas não só entre os combatentes (a que ponto chegamos) como também entre os civis, justamente o que o governo não queria e que sempre atravancou os planos para se pacificar aquelas imensas comunidades. Trabalhadores mortos às pencas e suas famílias acusando os PMs inviabilizaria qualquer tentativa ulterior de se repetir a operação, desmoralizaria as forças governamentais e aumentaria a aura de invencibilidade dos criminosos.
Da maneira que foi, a vitória foi completa e total. Os traficantes fugiram da Vila Cruzeiro atônitos e atarantados, carregando somente o que podiam levar nas mãos e sem tempo de planejar uma contraofensiva. A invasão do Morro do Alemão em seguida desbaratou completamente suas forças. Sem dinheiro, armamento, contatos, drogas, base de operações e sob contínua pressão, há muito pouca coisa que os traficantes fugitivos possam fazer, a não ser que alguém acredite que eles realmente sejam super-homens, entes com força de vontade e intelecto superiores, capazes de, do nada, construir em poucos dias um Império do Mal. Nem o Imperador Palpatine foi tão rápido.
Agora, o que aconteceria se a polícia metralhasse os traficantes em fuga, o movimento com que tanta gente sonhava e que aparentemente causaria orgasmos de vingança nos apresentadores da tevê cristã que fazia a cobertura?
Belisário, o mais genial general da Antiguidade Tardia, o homem que reconquistou a Itália pro Império Bizantino, que destruiu os poderosíssimos persas partas, sempre com forças numericamente inferiores, certa vez impediu um flanqueamento por estes últimos com uma rápida movimentação estratégica. Tendo construído uma rede de estradas e treinado incessantemente suas forças priorizando sempre a mobilidade, conseguiu alcançar Antioquia antes que os partas, aliados aos sarracenos, lá chegassem, numa manobra de aproximação indireta, atravessando o "intransponível" deserto.
Belisário viveu na Antiguidade Tardia, antes da invenção da perspectiva
Longe de suas bases e com suas linhas de comunicação e suprimentos esgarçada e sob pressão, os persas desistiram de tentar a conquista de Antioquia (o que forçaria uma divisão das forças bizantinas, já que era a segunda cidade mais rica do império) e começaram a recuar de volta para sua terra. Belisário considerava o caso encerrado, mas suas tropas não estavam nem um pouco satisfeitas. O grande e (então) jovem estrategista procurou demonstrar a seus comandados, como conta Sir Basil Liddel Hart em seu livro "Strategy" que "a verdadeira vitória consiste em se obrigar o adversário a abandonar o cumprimento de sua missão, com o mínimo de perdas. Se tal resultado for obtido, não existe necessidade real de vencer batalhas. 'Qual a razão, em consequência, para se querer derrotar um fugitivo?' A tentativa iria criar um risco desnecessário, e um fracasso poderia deixar o império aberto a uma invasão mais perigosa. Não deixar a um exército em retirada um meio de fuga é a maneira mais segura de forçar sua coragem pelo desespero".
Então, o que aconteceria se houvesse o metralhamento dos traficantes? Eles certamente não iriam ficar parados que nem patinhos em estande de tiro, esperando serem derrubados. Iriam reagir e talvez conseguissem novamente derrubar um helicóptero. Qual teria sido o efeito de uma catástrofe como essas na moral de ambos os lados? De fugitivos correndo como baratas assustadas a criaturas perigosíssimas em um pulo. E a reação dos criminosos entrincheirados no Alemão, sabedores de que a única escolha era resistência ou morte? Será que simplesmente iriam fugir se misturando aos moradores ou iriam receber a bala as forças de ocupação? Quantas baixas civis inaceitáveis decorreriam dessa resistência?
Quando finalmente as forças de segurança do Rio conseguem uma vitória tática e estratégica total, com perfeito planejamento do ponto de vista militar, fica um povo exigindo reações irracionais e emocionais por pura vingança. Vingança nunca, NUNCA foi boa conselheira em operações de guerra. Napoleão não planejava suas batalhas dando chutes em mapas e dizendo que ia ferrar com aqueles filhos da mãe todos. Finalmente a inteligência do governo está fazendo jus a seu nome e arriscar-se a sofrer uma derrota tática, ainda que improvável, quando a vitória é total e completa, é uma tolice que levou alguns dos melhores exércitos que o planeta já viu à completa desmoralização e desintegração.
Belisário, por exemplo, para manter o controle sobre suas tropas, a contragosto atacou os persas em retirada e sofreu a única derrota em toda sua longa carreira. Felizmente os partas sofreram também tantas baixas que não tiveram opção a não ser recolherem-se a suas bases. O império ficou aberto a um inimigo que, por sorte, não teve como aproveitar. O Rio de Janeiro não podia se arriscar a tanto.
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Meu Canhão é Maior do que sua Metralhadora - Parte I
Os americanos sempre favoreceram as metralhadoras no armamento de seus caças porque seus inimigos em potencial moravam do outro lado do oceano.
É o tipo de frase que exige um pouco de reflexão antes que se fique pensando que essas metralhadoras deviam ter um tremendo alcance. A questão é que praticamente durante quase toda a era pré-míssil balístico intercontinental, o território estadunidense estava fora de alcance das forças aéreas adversárias, sendo improvável que bombardeiros hostis tivessem que ser interceptados a caminho de Nova Iorque ou Washington. Portanto, os caças não precisavam ter canhões de pelo menos 20 mm - o menor calibre em que vale a pena ter uma ogiva explosiva - e tiro relativamente lento, mas armas capazes de disparar rapidamente contra alvos esguios, velozes e fugidios, como interceptadores inimigos. Incidentalmente, esse armamento ainda era ótimo contra infantaria, caminhões e centros de comando de campanha, tornando-o perfeitamente adequado ao apoio cerrado do exército, outro papel muito valorizado por uma filosofia militar voltada para a atuação em território dos outros. De preferência, bem longe de casa.
Havia, é claro, exceções. O P-39 Airacobra tinha um para a época pesadíssimo canhão de 30 mm, que ainda por cima disparava pelo cubo da hélice. O motor ficava no meio do aparelho, tornando-o agradavelmente estável. Tão estável que era difícil de manobrar e, quando apareceu para assustar aqueles japoneses, que os ocidentais julgavam possuidores de equipamento inferior, tornou-se um patinho de estande de tiro para os Zero. Totalmente desprestigiado e desprezado pela força aérea ianque, o estoque restante foi empurrado para os soviéticos que obviamente constataram que aquilo não era um caça, viram o tamanho do armamento e, como lá se acreditava que os maiores são melhores, transformaram-no num avião de ataque ao solo. Não tão bom quanto o Shturmovik, é claro, mas bastante capaz como arma antitanque, Para ser justo com os estrategistas estadunidenses, não havia muitos blindados contra os quais ele pudesse ser usado no Pacífico (continua)
É o tipo de frase que exige um pouco de reflexão antes que se fique pensando que essas metralhadoras deviam ter um tremendo alcance. A questão é que praticamente durante quase toda a era pré-míssil balístico intercontinental, o território estadunidense estava fora de alcance das forças aéreas adversárias, sendo improvável que bombardeiros hostis tivessem que ser interceptados a caminho de Nova Iorque ou Washington. Portanto, os caças não precisavam ter canhões de pelo menos 20 mm - o menor calibre em que vale a pena ter uma ogiva explosiva - e tiro relativamente lento, mas armas capazes de disparar rapidamente contra alvos esguios, velozes e fugidios, como interceptadores inimigos. Incidentalmente, esse armamento ainda era ótimo contra infantaria, caminhões e centros de comando de campanha, tornando-o perfeitamente adequado ao apoio cerrado do exército, outro papel muito valorizado por uma filosofia militar voltada para a atuação em território dos outros. De preferência, bem longe de casa.
Havia, é claro, exceções. O P-39 Airacobra tinha um para a época pesadíssimo canhão de 30 mm, que ainda por cima disparava pelo cubo da hélice. O motor ficava no meio do aparelho, tornando-o agradavelmente estável. Tão estável que era difícil de manobrar e, quando apareceu para assustar aqueles japoneses, que os ocidentais julgavam possuidores de equipamento inferior, tornou-se um patinho de estande de tiro para os Zero. Totalmente desprestigiado e desprezado pela força aérea ianque, o estoque restante foi empurrado para os soviéticos que obviamente constataram que aquilo não era um caça, viram o tamanho do armamento e, como lá se acreditava que os maiores são melhores, transformaram-no num avião de ataque ao solo. Não tão bom quanto o Shturmovik, é claro, mas bastante capaz como arma antitanque, Para ser justo com os estrategistas estadunidenses, não havia muitos blindados contra os quais ele pudesse ser usado no Pacífico (continua)
Mais Scarlett
Apareceu mais esta foto agora. O sujeito que conseguiu hackear estas imagens é o meu candidato pro Prêmio Nobel da Paz. O mundo se tornou um lugar muito mais agradável depois de sua obra.
setembro 16, 2011
O Maior Confronto Cósmico Jamais Encetado entre Marvel e DC
Quando é que os editores da Marvel e DC vão bolar uma história conjunta com seus mais poderosos personagens? Os pivetes que assaltaram Darkseid...
... contra os guardas que levaram Thanos preso?
... contra os guardas que levaram Thanos preso?
setembro 14, 2011
Recordista de Vendas
A DC, pra quem não sabe, acabou com sua linha de super-heróis e recomeçou tudo do zero (outra vez...). Novas origens e histórias contando toda a vida dos personagens desde o começo. O número 1 da Liga da Justiça nova vendeu 200.000 exemplares e a DC foi correndo gabar-se de ser o gibi mais vendido no ano. No entanto, Rich Johnston, o mais importante crítico de quadrinhos americano, replicou que essa reivindicação era um embuste: a revista mais vendida do mundo este ano foi MONICA'S TEEN GANG - A Turma da Mônica Jovem - número 34, com tiragem de 400 mil e reimpressão de mais 100 mil!!!! Brasil!!!!
(via Melhores do Mundo)
(via Melhores do Mundo)
setembro 13, 2011
setembro 12, 2011
Uma Antologia de Piadas para os Gregos Antigos
Publicado originalmente no blogue de história da Editora Record
Um milionário está andando de carro pela cidade quando vê um sujeito muito parecido com ele. A semelhança é tão gritante que ele pede para o motorista parar, salta e vai falar com o seu sósia. De perto é ainda mais impressionante, o vivente realmente é a sua cara. O rico homem então não resiste e pergunta, “desculpe-me, amigo, mas por acaso a sua mãe não trabalhou na mansão dos Souza Jardim?”, ao que o outro responde, “não, minha mãe nunca trabalhou fora, mas olha que coincidência, meu pai trabalhou lá”.
Certo, não é a piada mais engraçada do mundo e nem está particularmente bem contada. Mas foi considerada boa o suficiente para, no final dos anos 70, entrar nas antologias do Pasquim, uma coletânea de clássicos do gênero que fez muito sucesso em sua época. Como era de se esperar - e era até uma das propostas da coleção - várias das anedotas eram conhecidas e velhas. Mas esta é mais velha ainda do que provavelmente qualquer dos leitores imaginava - há registros de que ela já era conhecida na Roma antiga, com o imperador Augusto no papel do rico homem - e, mais surpreendentemente ainda, o próprio césar tolerava que ela fosse contada na sua frente e ainda se dava ao trabalho de esboçar um constrangido sorriso. Ou eis aí uma prova de que os antigos já tinham um bom senso de humor ou ele já tinha ideia do que o HBO faria com a reputação de sua mãe na minissérie “Roma”.
Mas provavelmente esse senso de humor foi importado junto com boa parte da cultura dos gregos. Os romanos não mostraram tanto fair play no século III a.C., quando tentavam resolver diplomaticamente suas diferenças com a colônia helênica de Tarento. Durante a negociação os tarentinos caíram na gargalhada com os enviados especiais italianos (1), que saíram soltando fumacinha e jurando vingança. As fontes divergem sobre o motivo da hilariedade, alguns dizendo que era o horroroso sotaque do grego de Postumius, o chefe da delegação (2) e outras que era a pomposidade da toga, que os diplomatas resolveram usar para parecerem mais solenes aos olhos daqueles estrangeiros.
Aristófanes era tão respeitado que Sócrates dizia que só uma nova peça dele o convencia a sair de casa e enfrentar a muvuca. E isso depois que Aristófanes o caricaturou impiedosamente em "As Nuvens". Platão o retratou respeitosamente em "O Banquete" e teria escrito seu epitáfio
Portanto, em havendo humor, ainda mais xenófobo, étnico e de baixaria, como nos exemplos acima, as chances de haver antologias de piadas são grandes. Tanto que sobreviveu até os dias atuais uma dessas, o Filógelo, literalemente “o amigo do riso”. Fontes bizantinas indicam que era o tipo de coisa que você levava para ler no barbeiro, o que mostra que certos hábitos que tomamos por modernos são absurdamente mais antigos do que se pensa.
O Filógelo teria sido escrito (compilado?) por Héracles e Filágrio (quem???) no terceiro ou quarto século de nossa era. Contém 265 piadas catalogadas por assuntos - estudantes, intelectuais, tolos e esposas (que inesperado). O mais impressionante é - pelo menos nas traduções para o inglês disponíveis na Web - a sua semelhança com as piadas da Playboy ou do Reader’s Digest, não só no humor como na narrativa.
Entre as piadas recolhidas no Filógelo, despontam temas (e punchlines) clássicos explorados até hoje por humoristas ditos modernos. Por exemplo, um homem chega para outro e diz que possuiu a mulher dele. O marido traído responde, “eu sou o marido dela e tenho deveres conjugais. Qual é a sua desculpa?”. Em outra, um vivente procura o médico reclamando que sempre acorda se sentindo muito mal e só melhora depois de meia hora, ao que o esculápio responde, “então passe a acordar meia hora mais tarde”. Um jovem pergunta à sua núbil esposa, “devemos jantar ou ter sexo”, e a noivinha responde, “você escolhe, mas não tem nada para comer em casa”.
Também já eram comuns as piadas sobre gente muito idiota. Se culturalmente, com o fim da grande migração de portugueses vindo para cá em busca de fortuna, os nossos personagens clássicos mudaram de lusos para louras burras, parece que a pele da Grécia eram os sidonianos (abderianos e kimiamos também partilham dessa honraria). Eis alguns exemplos:
- Três advogados estão conversando. O primeiro fala que ovelhas não deveriam ser mortas, pois fornecem leite e lã. O segundo diz que as vacas não deveriam ser abatidas, pois dão leite e puxam os arados. O sidoniano então comenta que não se deveria nunca matar porcos, pois deles tiramos o presunto, o lombo e a bexiga.
- O paciente de um médico sidoniano morre e, durante o enterro, o filho do falecido começa a passar mal. O esculápio então oferece seus serviços: “Por cinco mil dracmas posso tratá-lo como tratei seu pai”.
Entre outras piadas surpreendentemente modernas, está a do sujeito que pede a um amigo que vá ao mercado e compre para ele duas escravas de quinze anos. “Sem problema”, responde o camarada. “Se eu não encontrar, eu trago uma de trinta”. Ou a do vivente que vai reclamar do homem que lhe vendeu um escravo que ele havia morrido. “Ele nunca fez isso enquanto esteve comigo”, responde o vendedor (3).
O mais curioso é que esta nem de longe é a mais antiga antologia de piadas de que se tem notícia. Cronistas relatam que Filipe II, o pai de Alexandre, o Grande (e, segundo alguns estudiosos, o verdadeiro grande governante da Macedônia) já havia encomendado uma, no século IV ANTES DE CRISTO (!!!!!!). Por isto, da próxima vez em que um humorista dito moderno tentar chocar as sensibilidades fazendo piadas com mulheres feias, casamentos falidos ou afins, não acredite que ele está tentando renovar o humor com o politicamente incorrento. Postumius já sofria isso na pele. E os tarentinos depois se arrependeram.
Você pode encontrar todo o Postumius, traduzido pelo professor William Berg, de graça aqui.
(1) E provavelmente foi daí que veio aquela famosa cena de VIDA DE BRIAN, do Monty Python, em que os guardas ficam tentando prender o riso enquanto Pilatos fala com a língua presa.
(2) Aumentam as chances de ser a inspiração para a língua presa de Pilatos.
(3) Alguns fãs apontam esta piada como precursora do famoso esquete do papagaio morto, do Monty Python. Levando-se em conta como os integrantes do grupo eram fãs de história, essa hipótese e a acima não são tão infundamentadas quanto soam.
Um milionário está andando de carro pela cidade quando vê um sujeito muito parecido com ele. A semelhança é tão gritante que ele pede para o motorista parar, salta e vai falar com o seu sósia. De perto é ainda mais impressionante, o vivente realmente é a sua cara. O rico homem então não resiste e pergunta, “desculpe-me, amigo, mas por acaso a sua mãe não trabalhou na mansão dos Souza Jardim?”, ao que o outro responde, “não, minha mãe nunca trabalhou fora, mas olha que coincidência, meu pai trabalhou lá”.
Certo, não é a piada mais engraçada do mundo e nem está particularmente bem contada. Mas foi considerada boa o suficiente para, no final dos anos 70, entrar nas antologias do Pasquim, uma coletânea de clássicos do gênero que fez muito sucesso em sua época. Como era de se esperar - e era até uma das propostas da coleção - várias das anedotas eram conhecidas e velhas. Mas esta é mais velha ainda do que provavelmente qualquer dos leitores imaginava - há registros de que ela já era conhecida na Roma antiga, com o imperador Augusto no papel do rico homem - e, mais surpreendentemente ainda, o próprio césar tolerava que ela fosse contada na sua frente e ainda se dava ao trabalho de esboçar um constrangido sorriso. Ou eis aí uma prova de que os antigos já tinham um bom senso de humor ou ele já tinha ideia do que o HBO faria com a reputação de sua mãe na minissérie “Roma”.
Mas provavelmente esse senso de humor foi importado junto com boa parte da cultura dos gregos. Os romanos não mostraram tanto fair play no século III a.C., quando tentavam resolver diplomaticamente suas diferenças com a colônia helênica de Tarento. Durante a negociação os tarentinos caíram na gargalhada com os enviados especiais italianos (1), que saíram soltando fumacinha e jurando vingança. As fontes divergem sobre o motivo da hilariedade, alguns dizendo que era o horroroso sotaque do grego de Postumius, o chefe da delegação (2) e outras que era a pomposidade da toga, que os diplomatas resolveram usar para parecerem mais solenes aos olhos daqueles estrangeiros.
Aristófanes era tão respeitado que Sócrates dizia que só uma nova peça dele o convencia a sair de casa e enfrentar a muvuca. E isso depois que Aristófanes o caricaturou impiedosamente em "As Nuvens". Platão o retratou respeitosamente em "O Banquete" e teria escrito seu epitáfio
Portanto, em havendo humor, ainda mais xenófobo, étnico e de baixaria, como nos exemplos acima, as chances de haver antologias de piadas são grandes. Tanto que sobreviveu até os dias atuais uma dessas, o Filógelo, literalemente “o amigo do riso”. Fontes bizantinas indicam que era o tipo de coisa que você levava para ler no barbeiro, o que mostra que certos hábitos que tomamos por modernos são absurdamente mais antigos do que se pensa.
O Filógelo teria sido escrito (compilado?) por Héracles e Filágrio (quem???) no terceiro ou quarto século de nossa era. Contém 265 piadas catalogadas por assuntos - estudantes, intelectuais, tolos e esposas (que inesperado). O mais impressionante é - pelo menos nas traduções para o inglês disponíveis na Web - a sua semelhança com as piadas da Playboy ou do Reader’s Digest, não só no humor como na narrativa.
Entre as piadas recolhidas no Filógelo, despontam temas (e punchlines) clássicos explorados até hoje por humoristas ditos modernos. Por exemplo, um homem chega para outro e diz que possuiu a mulher dele. O marido traído responde, “eu sou o marido dela e tenho deveres conjugais. Qual é a sua desculpa?”. Em outra, um vivente procura o médico reclamando que sempre acorda se sentindo muito mal e só melhora depois de meia hora, ao que o esculápio responde, “então passe a acordar meia hora mais tarde”. Um jovem pergunta à sua núbil esposa, “devemos jantar ou ter sexo”, e a noivinha responde, “você escolhe, mas não tem nada para comer em casa”.
Também já eram comuns as piadas sobre gente muito idiota. Se culturalmente, com o fim da grande migração de portugueses vindo para cá em busca de fortuna, os nossos personagens clássicos mudaram de lusos para louras burras, parece que a pele da Grécia eram os sidonianos (abderianos e kimiamos também partilham dessa honraria). Eis alguns exemplos:
- Três advogados estão conversando. O primeiro fala que ovelhas não deveriam ser mortas, pois fornecem leite e lã. O segundo diz que as vacas não deveriam ser abatidas, pois dão leite e puxam os arados. O sidoniano então comenta que não se deveria nunca matar porcos, pois deles tiramos o presunto, o lombo e a bexiga.
- O paciente de um médico sidoniano morre e, durante o enterro, o filho do falecido começa a passar mal. O esculápio então oferece seus serviços: “Por cinco mil dracmas posso tratá-lo como tratei seu pai”.
Entre outras piadas surpreendentemente modernas, está a do sujeito que pede a um amigo que vá ao mercado e compre para ele duas escravas de quinze anos. “Sem problema”, responde o camarada. “Se eu não encontrar, eu trago uma de trinta”. Ou a do vivente que vai reclamar do homem que lhe vendeu um escravo que ele havia morrido. “Ele nunca fez isso enquanto esteve comigo”, responde o vendedor (3).
O mais curioso é que esta nem de longe é a mais antiga antologia de piadas de que se tem notícia. Cronistas relatam que Filipe II, o pai de Alexandre, o Grande (e, segundo alguns estudiosos, o verdadeiro grande governante da Macedônia) já havia encomendado uma, no século IV ANTES DE CRISTO (!!!!!!). Por isto, da próxima vez em que um humorista dito moderno tentar chocar as sensibilidades fazendo piadas com mulheres feias, casamentos falidos ou afins, não acredite que ele está tentando renovar o humor com o politicamente incorrento. Postumius já sofria isso na pele. E os tarentinos depois se arrependeram.
Você pode encontrar todo o Postumius, traduzido pelo professor William Berg, de graça aqui.
(1) E provavelmente foi daí que veio aquela famosa cena de VIDA DE BRIAN, do Monty Python, em que os guardas ficam tentando prender o riso enquanto Pilatos fala com a língua presa.
(2) Aumentam as chances de ser a inspiração para a língua presa de Pilatos.
(3) Alguns fãs apontam esta piada como precursora do famoso esquete do papagaio morto, do Monty Python. Levando-se em conta como os integrantes do grupo eram fãs de história, essa hipótese e a acima não são tão infundamentadas quanto soam.
setembro 08, 2011
setembro 07, 2011
Paraty 1999
Duas fotos tiradas com minha primeira câmera digital, que tinha a incrível resolução de 0,08 megapixels (320 x 240, ou seja, um quarto de VGA). Ainda assim fazia um sucesso absoluto (você pode ver a foto na hora!) e, como as fotografias não custavam nada, permitiu-me ter um acervo enorme de imagens numa época em que gastos com filme e revelação limitavam o número de retratos que você tirava de qualquer coisa. Só os "muito importantes" valiam a pena.
setembro 05, 2011
Novo Blogue
Estou trabalhando no blogue de história da Editora Record, que estreou neste 1o. de setembro. O endereço é http://www.historiarecord.com.br
Espetáculo da Escola
Os alunos da EAPE - a minha escola de artes - foram escalados pra aparecer no espetáculo ON BROADWAY, no Teatro Ipanema. Estreou este sábado e vai até o fim de outubro. Essa garotada aí embaixo ainda vai me deixar rico...
O Mundo Era Muito Melhor Quando eu Era Jovem e Cheio de Sonhos
Já reparou como todo mundo acha que o cinema e a música eram muito melhores quando eles tinham tempo e disposição pra acompanhar o cinema e a música?
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setembro 01, 2011
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