junho 21, 2009
A Fronteira Final - A Primeira Temporada de JORNADA NAS ESTRELAS - A série clássica
Tensão numa sala de radar militar americana! Um disco voador foi detetado! Mandem os caças! Interceptar! E então, quando o F-104 Starfighter se aproxima do objeto voador não identificado, os espectadores veem quem? O orgulho da Frota Estelar do século XXIII - a Enterprise, meio trôpega, com um ar culpado, quase como se falando “oooops”.
“O amanhã é ontem” é outro episódio relaxante da série. Cômico, sem grandes perigos ameaçando os personagens e, dada a disparidade tecnológica, as figuras com quem nos identificamos estão por cima praticamente o tempo inteiro. O radar só os detetou porque eles estavam sem os defletores: eles foram capturados pela gravidade de um buraco negro (conceito ainda novo na época) e, pra fugir, dispararam os motores à toda; quando se soltaram, chegaram a uma velocidade tal que além do espaço, dobraram o tempo (1).
Parece o final de “Tempo de Nudez” e, como já falado lá, este deveria ter sido um episódio de duas partes - a volta no tempo do primeiro, em vez de ser de apenas 3 dias, seria de 300 anos e jogaria nossos heróis em 1969, a poucas semanas do primeiro voo tripulado para a Lua. Para evitar o “continua na próxima semana” tão temido na época e que hoje faz a alegria dos enlatados de tevê, decidiu-se partir a história em duas. Até porque dois episódios cômicos seguidos poderiam dar uma ideia errada aos espectadores, ainda mais no primeiro mês da série.
Num raro erro do capitão Kirk, que não segue o conselho de Spock, o Starfighter é destruído pelo raio trator – quem mandou a USAF enviar um caça de combate aéreo pra fazer papel de interceptador? - e o piloto transportado a bordo. O capitão da Enterprise, sem pensar nas consequências, mostra a nave toda pra ele, visivelmente pra se exibir, num clima meio “olha como o nosso mundo futurista é maneiro”. Depois de ter visto tudo que viu o sujeito não pode mais voltar pro século XX. O que fazer com ele então?
A partir daí, com sua divertida premissa “os alienígenas somos nós”, o povo da Frota Estelar fica brincando de invadir e se evadir da base americana pra pegar os registros de sua presença. Numa dessas o capitão é capturado e Shatner faz uma cena de interrogatório tão engraçada com tão pouco material que ficamos tentando adivinhar porque levaram tanto tempo pra descobrir que ele seria perfeito pra papéis de autoparódia ou semicômicos, como atualmente no “Justiça sem Limites”. Sua cara de assustado – ainda mais sendo ele o grande Kirk – quando seu captor joga o phaser 1 (aquele que não parece uma pistola) pro ajudante tem o tempo perfeito. Ele se livra pouco depois, numa luta bem dirigida pros padrões televisivos de então, mantendo o nível geral do episódio que, até pelo assunto, não abusa dos closes paradões típicos do programa.
Ao final, depois de cinquenta minutos moderadamente engraçados, tudo se encaixa, como num vaudeville. Os militares transportados pra nave voltam pra seus postos sem lembrarem de nada (num artifício mal explicado) e todos os registros da presença da Enterprise no século XX são apagados. Outro episódio cômico pra aumentar a familiaridade do espectador a personagens tão fora do comum da tevê da época. Só que, ao contrário de “Tempo de Nudez” ou “A Licença”, entretanto, aqui não se revela muito sobre a personalidade do povo da Frota Estelar, além de que o capitão Kirk é narcisista e gosta de tirar onda. Mas, bem, ora bolas, isso a gente já sabia, né?
Digno de nota:
- Contagem de corpos: relaxa, é um episódio cômico.
- Os roteiristas ainda não haviam criado a Federação dos Planetas Unidos. Kirk diz ao piloto que a Enterprise é da Agência de Exploração Espacial da TERRA UNIDA (o que Spock faz lá?).
- A voz sensual e paqueradora do computador com defeito é de Majel Barret, que também faz a voz normal de todos os cérebros eletrônicos da Frota Estelar, além de ser a enfermeira Christine Chapel e a então namorada e futura esposa de Gene Roddenberry.
(1) Quando o seriado passava na tevê, a “velocidade warp” era traduzida por “fator de dobra” e “dobra espacial”. Também os phasers eram chamados ora de “fases” (em português), ora de “defasadores” (a tradução correta), ora de feisers mesmo. Com o sucesso dos filmes no cinema, passou a prevalecer nas dublagens mais recentes os termos que os legendadores da tela grande escolheram.
A Seguir: Depois de tanto estresse e tanta porradaria nesses episódios todos, a tripulação bem que precisa tirar "A Licença"
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