junho 16, 2010

Bienvenido a la Licolandia

Um amigo meu já definiu a Espanha como uma Licolândia. Pra quem é mais novo, Lico jogava pela esquerda no meio-campo do Flamengo dos anos 80. Bom jogador, mas tinha muita gente que o achava craque. Atleta técnico, de bom toque, quando ao lado de Júnior, Leandro, Adílio, Tita e Zico, parecia que era muito mais bola do que realmente era. O mesmo aconteceria com os espanhois. Os caras entendem de futebol, quando estão com a grana contratam os melhores do mercado e, jogando ao lado deles, dão a impressão de serem muito melhores do que são. No entanto, chega na hora da Copa as estrelas vão pras suas seleções e só sobra aquele monte de Licos pra escalar na Fúria.

Nos últimos anos eles conseguiram montar uma equipe em que todos os jogadores do meio pra frente são refinados e rápidos, adicionando à receita um esquema tático com boas infiltrações explorando o sempre vulnerável espaço na defesa entre os zagueiros e os laterais. Juntando a isso um centroavante que faz gol - e isso faz tanta diferença que o Adriano levou o Fla ao campeonato e o Fred voltando de contusão salvou o Flu da segunda divisão - os espanhois conseguiram uma Eurocopa e um monte de bons resultados. Sua debacle começou na Copa das Confederações e antes da semifinal eu já cantei que eles perderiam dos EUA: desde a estreia contra a África do Sul e passando facilmente pelos outros times horrorosos do grupo, desfilaram uma empáfia arrogante sem todo esse motivo. A ponto de um jornal esportivo, não me lembro se o Ás ou o Marca, botar online uma pesquisa: "se ganhar a Copa das Confederações, esse time poderá ser considerado um dos grandes da história?"

Hoje contra a Suíça, depois de grandes jogos pelas eliminatórias e esquecida a derrota pros EUA como um acidente, mais uma vez eles entraram com uma autossuficiência típica de quem não está acostumado à vitória. Com dificuldades para adentrar o ferrolho suíço, que deslocou mais um defensor pra fechar a brecha entre a lateral e a zaga, assim que tomaram um gol entraram em pânico. Quem prestou atenção pôde ver claramente a expressão enfastiada dos ibéricos mudar para aquela máscara de desespero dos perseguidos pelo destino, típica de botafoguenses. Com mais de meia hora de partida pela frente, eles já se achavam derrotados.

Essa não é a maneira de pensar dos grandes. É o descontrole dos sujeitos que só conseguem um grande sucesso na carreira. O maior segredo dos espanhois em relação a outros times tão bons tecnicamente quanto este eram suas triangulações pelo lado da área e seu centroavante macho. Sem os dois eles não chegam a lugar nenhum.

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