junho 17, 2010

Furtivo e Covarde

Tudo que está morto torna-se pai
Tudo que vive é o filho

Nunca devorei a carne dos inimigos caídos
Para herdar sua coragem

Nunca brindei com os crânios
dos inimigos
por sua valentia que me enobrecia

Nunca amei de verdade

Amei como nos ensinam a matar
nas escolas nas creches no emprego no governo na tevê

Amei furtivamente
A sangue-frio
Amei pelas costas
Covardemente

Mantendo o colarinho os punhos o paletó
impecáveis

Vivemos como matamos
Pois tudo que está morto torna-se pai

E só o filho está vivo

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