setembro 08, 2010

"Roma" Não Saiu do Armarius



* pelo blogueiro convidado Pedro Mílvio

As produções HBO e o antigo mundo greco-romano adoram sexo e violência. Daí, nada mais natural que aquele canal por assinatura tenha produzido a série Roma e usado e abusado de cenas e enredos envolvendo surubas, gladiadores, legionários brutais, incestos, bestialismos, estupros, assassinatos a sangue-frio e, de preferência, se possível, tudo isso junto na mesma cena. Mas, se você parar pra contar, tem pouca, pra não dizer nenhuma, viadagem entre os personagens masculinos principais: Marco Antônio não sai de casa sem fornicar com mulher – qualquer mulher; César é matador; Pompeu, apesar da idade avançada, não dispensa coroas nem gatinhas; o jovem Otávio transa com a própria irmã, porém sente-se ofendido quando sugerem que ele poderia se iniciar sexualmente com um homem (a série faz questão de deixar claro que Otávio nunca teve nada com seu tio Júlio, tudo não passou de mal-entendido criado por uma escrava bisbilhoteira); o legionário Tito Pulo emprenha Cleópatra e faz a Rainha suspirar com a lembrança da rapidinha. Na Roma HBO, a sodomia só existe mesmo entre escravos e bandidos. Resultado: um destes é castrado, o outro barbaramente torturado e em seguida morto, o capanga idem. Interessante comparar esse padrão com produções mais antigas como Spartacus, onde os patrícios eram adeptos do amor entre iguais e a ralé é que gostava de mulé. Dito assim, Roma parece uma série homofóbica mas, se analisarmos mais cuidadosamente, é outra coisa bem diferente: ela simplesmente não saiu do armário.

Duas personagens femininas, Átia e Servília, são inimigas figadais e as verdadeiras donas do Forum. Estas duas aristocratas, a primeira sobrinha de César e mãe de Augusto, a outra mãe de Brutus e amante de César, manipulam todos os homens poderosos, jogam uns contra os outros, criam guerras, promovem assassinatos, intrigas, traições. Vejamos: Átia assassina o genro para que Pompeu se case com sua filha; induz César a atravessar o Rubicão e ameaçar a República; mais tarde faz César, naturalmente tolerante e disposto ao perdão, confrontar Brutus; seduz Marco Antônio para que ele, que já programava uma aposentadoria bem-remunerada na Grécia, não largue o cargo de cônsul e inicie a segunda guerra civil. Servília não fica atrás: por pura vingança, faz seu filho Brutus assassinar o pai adotivo que tanto amava; insufla a primeira guerra civil etc etc. Há também uma plebéia, Niobe, que destroi a vida e a carreira ascendente do marido, o centurião Lucius Vorenus, chefe de família dedicado, cidadão patriota e militar exemplar. Segundo o release da HBO sobre a série: “In a culture in which women lack formal power and men leave for years on military campaigns, the wives, daughters, and mothers have built powerful networks and alliances completely independent of the men's worlds. Atia (e também Servília) is among the women who serve as the shadow rulers of Rome.”

Se você não tivesse lido A Queda do Império Romano, de Edward Gibbon, poderia achar que os homens romanos eram uns fofos, sempre dedicados à paz mundial, ao progresso de sua cidade, à convivência familiar, ao debate político civilizado e à alternância do poder. Que o seu real pecado, e o que prejudicou a sua imagem para a posteridade e a continuidade de seu império, foi terem se apaixonado e dado ouvidos às mulheres, essas jararacas horrorosas, feias, rachadas, intrigantes. Morram, morram, morram, bruxas ! O problema maior do homossexualismo enrustido é que ele acaba se convertendo num ódio às mulheres muito maior do que o machismo mais obtuso poderia conceber.

Veja, nós gostamos de mulher! Vamos botar um monte delas nuas e nenhum homem!

As produções HBO e o antigo mundo greco-romano adoram sexo e violência. Daí, nada mais natural que aquele canal por assinatura tenha produzido a série Roma e usado e abusado de cenas e enredos envolvendo surubas, gladiadores, legionários brutais, incestos, bestialismos, estupros, assassinatos a sangue-frio e, de preferência, se possível, tudo isso junto na mesma cena. Mas, se você parar pra contar, tem pouca, pra não dizer nenhuma, viadagem entre os personagens masculinos principais: Marco Antônio não sai de casa sem fornicar com mulher – qualquer mulher; César é matador; Pompeu, apesar da idade avançada, não dispensa coroas nem gatinhas; o jovem Otávio transa com a própria irmã, porém sente-se ofendido quando sugerem que ele poderia se iniciar sexualmente com um homem (a série faz questão de deixar claro que Otávio nunca teve nada com seu tio Júlio, tudo não passou de mal-entendido criado por uma escrava bisbilhoteira); o legionário Tito Pulo emprenha Cleópatra e faz a Rainha suspirar com a lembrança da rapidinha. Na Roma HBO, a sodomia só existe mesmo entre escravos e bandidos. Resultado: um destes é castrado, o outro barbaramente torturado e em seguida morto, o capanga idem. Interessante comparar esse padrão com produções mais antigas como Spartacus, onde os patrícios eram adeptos do amor entre iguais e a ralé é que gostava de mulé. Dito assim, Roma parece uma série homofóbica mas, se analisarmos mais cuidadosamente, é outra coisa bem diferente: ela simplesmente não saiu do armário.

Duas personagens femininas, Átia e Servília, são inimigas figadais e as verdadeiras donas do Forum. Estas duas aristocratas, a primeira sobrinha de César e mãe de Augusto, a outra mãe de Brutus e amante de César, manipulam todos os homens poderosos, jogam uns contra os outros, criam guerras, promovem assassinatos, intrigas, traições. Vejamos: Átia assassina o genro para que Pompeu se case com sua filha; induz César a atravessar o Rubicão e ameaçar a República; mais tarde faz César, naturalmente tolerante e disposto ao perdão, confrontar Brutus; seduz Marco Antônio para que ele, que já programava uma aposentadoria bem-remunerada na Grécia, não largue o cargo de cônsul e inicie a segunda guerra civil. Servília não fica atrás: por pura vingança, faz seu filho Brutus assassinar o pai adotivo que tanto amava; insufla a primeira guerra civil etc etc. Há também uma plebéia, Niobe, que destroi a vida e a carreira ascendente do marido, o centurião Lucius Vorenus, chefe de família dedicado, cidadão patriota e militar exemplar. Segundo o release da HBO sobre a série: “In a culture in which women lack formal power and men leave for years on military campaigns, the wives, daughters, and mothers have built powerful networks and alliances completely independent of the men's worlds. Atia (e também Servília) is among the women who serve as the shadow rulers of Rome.”


Cuidado! Ela tem um útero e sabe como usá-lo!

Se você não tivesse lido A Queda do Império Romano, de Edward Gibbon, poderia achar que os homens romanos eram uns fofos, sempre dedicados à paz mundial, ao progresso de sua cidade, à convivência familiar, ao debate político civilizado e à alternância do poder. Que o seu real pecado, e o que prejudicou a sua imagem para a posteridade e a continuidade de seu império, foi terem se apaixonado e dado ouvidos às mulheres, essas jararacas horrorosas, feias, rachadas, intrigantes. Morram, morram, morram, bruxas ! O problema maior do homossexualismo enrustido é que ele acaba se convertendo num ódio às mulheres muito maior do que o machismo mais obtuso poderia conceber.

* As opiniões dos blogueiros convidados não refletem necessariamente a do blogueiro titular

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