junho 01, 2006

A História das Copas Capítulo XV - A Copa de 1990

Os capítulos anteriores estão embaixo deste e fazem um belo painel da evolução tática e técnica do futebol, desde suas origens...

A EVOLUÇÃO TÁTICA - O DESAPARECIMENTO DOS PONTAS-DE-LANÇA

No meio dos anos 80 a mentalidade defensiva lançou seu negro manto por todo o mundo futebolístico. A vitória da Itália e a incapacidade de Brasil e França de chegarem sequer à final de duas Copas do Mundo, apesar de Zico, Falcão, Sócrates, Platini, Tigana, Giresse & cia., só aumentavam as justificativas dos técnicos retranqueiros. O fato de que Maradona ganhou sozinho a Copa de 1986 não era obstáculo para eles - afinal de contas, ele só conseguiu jogar porque todo o resto do time argentino corria atrás da bola.
Um dos pilares daquele tipo de jogo eram as "faltas táticas". Cada time era recheado de cabeças-de-área no meio-campo, perseguindo os homens de armação da outra equipe. Se ainda assim o adversário conseguisse trocar dois ou três passes ou dar prosseguimento à jogada, ele sofria a falta, uma falta leve, apenas para interromper o lance. Pelas regras de então, as seguidas infrações, se não fossem muito violentas, não eram punidas com cartão amarelo.
Em pouco tempo jogadores de toques curtos e rápidos, dribles velozes e arrancadas com a bola dominada se viram completamente anulados. Simplesmente não conseguiam produzir nada sem serem parados com faltas. Os treinadores então começaram a empurrar esses jogadores para o ataque, tirando-os do meio-campo. Assim estariam mais perto do gol e, se sofressem falta, seria pênalti ou perto da área, muito perigosa. Bebeto foi um desses jogadores, começando a carreira como ponta-de-lança e terminando como atacante. E ostécnicos ainda ganhavam um bônus: abriam uma vaga no meio-campo para outro cabeça-de-área.
Como consequência o meio-campo ficou repleto de jogadores com pouca capacidade de armação. Normalmente apenas um, que era o alvo principal da marcação adversária e pouco conseguia criar. Os atacantes ficavam isolados. A única maneira da bola chegar até eles era através dos laterais que avançavam, em jogadas individuais, pois não tinham ajuda dos apoiadores, ou de lançamentos e chutões da defesa para a frente, a chamada "ligação direta".
Com a mudança das regras nos anos 90, os juízes passaram a ser bem mais rigorosos com times que faziam faltas seguidas. Desde então os jogadores criativos foram voltando ao meio-campo, mas lentamente, já que toda uma geração havia se acostumado a jogar daquela maneira. A seleção brasileira campeã em 1994 é um bom exemplo desse tipo de jogo, felizmente em vias de extinção no momento.


A COPA DE 1990 - O MUNDO PODE NÃO ACABAR NO ANO 2000, MAS DESSE JEITO O FUTEBOL COM CERTEZA VAI.

Ao fim de cada capítulo sobre uma Copa do Mundo, há uma pequena biografia dos grandes craques que brilharam nela.
Procure ao final deste capítulo.
Não há.
A Copa de 1990 foi horrorosa. A média de gols por jogo foi de 2,21. Todo mundo retrancado. Todo mundo querendo decidir nos pênaltis. Camarões foi o único time a dar algum charme ao torneio.
Platini tinha parado, Zico tinha parado, Falcão tinha parado, Rummenigge tinha parado, Paolo Rossi tinha parado, Boniek tinha parado... Maradona ainda jogava, mas visivelmente mais redondo e rotundo, sem a mesma mobilidade.
A sede fora escolhida 6 anos antes. Em 1984 os italianos eram os campeões do mundo, os grandes craques estrangeiros jogavam em sua Liga e as tevês do planeta se estapeavam para transmitir seu campeonato. Para coroar, eles se candidataram a anfitriães. Iriam arrancar para o tetracampeonato e se tornarem os maiorais da história. Os anos 30 estavam de volta. E ali, em 1990, em casa, com todo mundo imitando a maneira de jogar deles, tudo estava à feição da Itália.
O Brasil, que arregimentara novos fãs nas Copas de 1982 e 1986, mesmo eliminado nas quartas-de-final, com seu jogo ofensivo, vinha com uma equipe quase irreconhecível. Nabi Abi Chedid e sua turma saíram da CBF e em seu lugar entrou o então genro de João Havelange: Ricardo Teixeira. Seu principal assessor era o controvertido Eurico Miranda, que levou o técnico que havia sido campeão pelo Vasco, Sebastião Lazaroni, para a seleção.
Lazaroni era o arquétipo do "professor", o técnico teórico com conceitos esquisitos. Ele chamava jogos de "eventos" e usava expressões como "galgar parâmetros". Ele vencera 3 campeonatos cariocas seguidos, na época em que isso valia muito, fechando times na defesa para jogar no contra-ataque. E levou o conceito para a seleção.
Seguindo a receita argentina, Lazaroni botou um monte de sujeitos na marcação e Geovani, um técnico meia então em esplêndida fase, como o nosso maradoninha. E em 1989 perdeu 3 jogos seguidos, para Suécia, Suíça e Dinamarca. Não tinha sobrado muito da "Dina-máquina". Eles nem tinham se classificado para a Copa. Mas deram de quatro no Brasil. E não foi só o placar. Foi um banho de bola. A imagem do quarto gol, com Geovani correndo atrás de Laudrup, tentando segurar sua camisa, e ficando muito, muito atrás, mesmo com o outro carregando a bola, foi humilhante.
Então Lazaroni resolveu inovar. Iria usar o 3-5-2 que os próprios dinamarqueses tinham introduzido em 1986.
Aparentemente fazia sentido. O Brasil vivia uma grande safra de zagueiros - Mozer, Ricardo Gomes, Mauro Galvão, Ricardo Rocha, Aldair - e laterais - Branco, Mazinho e Jorginho, enquanto no meio-campo os jogadores de armação rareavam (por culpa dos próprios treinadores, mas isso não vem ao caso). E para o ataque estavam disponíveis Romário, Bebeto, Muller e a estrela do time, Careca. Ou seja, havia bons jogadores para a defesa e para o ataque, mas não no setor de criação.
A idéia de Lazaroni era de que com 3 zagueiros - dois de área e um atrás deles, o líbero - os laterais poderiam se dedicar mais ao ataque do que à defesa. Ainda mais escalando no meio-campo dois volantes de contenção, o grande Dunga e o ótimo Alemão. Assim a seleção teria um time altamente combativo, que recuperaria a bola, sairia com os laterais (agora chamados de "alas") em alta velocidade para criar jogadas para os atacantes. Ou seja, a tática italiana de retranca e contra-ataques velozes adaptada para o material humano disponível na época.
A teoria era excelente, mas daí para a prática nunca funcionou direito. Os jogadores haviam passado toda sua vida jogando em alguma variação do 4-4-2 e não conseguiram se acostumar ao plano de Lazaroni. Os zagueiros se confundiam sobre quem cobria a subida dos laterais, quem dava combate direto e quem ficava na sobra. Os "alas" tinham a tendência de, durante a partida, voltar a se portar como os defensores que originariamente eram e se posicionarem muito recuados. Os adversários do Brasil temiam a camisa amarelinha e simplesmente não atacavam, tornando a oportunidade de contra-ataques quase nula.
Zico estava recuperado de suas contusões e passava por excelente fase no Flamengo. Sem a velocidade dos outros tempos, ele jogava mais parado, como um pivô, recebendo a bola pelo círculo central e dando maravilhosos lançamentos e toques de primeira que articulavam toda a equipe. Apesar dele ser teoricamente perfeito para ser o cérebro de seu esquema, Lazaroni descartou-o porque teria 37 anos na Copa. Em seu lugar escalou o excelente Valdo, habilidoso e combativo, mas que tinha uma fraqueza: era lento e preferia os passes curtos aos lançamentos. O único no meio-campo capaz de lançamentos, Dunga, foi posicionado bem à frente da zaga, tornando-o quase inútil nesta função.
Careca, depois de tantos anos de timidez e introversão, foi jogar no Napoli, o time de Maradona, e tornou-se o atacante mais famoso do mundo. Era a estrela do time e influenciou o técnico para escalar Muller, seu antigo companheiro do São Paulo, o outro titular da frente, pondo no banco Romário e Bebeto, a dupla que tivera excelente desempenho nas eliminatórias e na Copa América de 1989, que o Brasil ganhou depois de 40 anos. Romário também tirou uma licença para gravar um comercial, agravou uma contusão da qual estava em recuperação e não chegou ao Mundial em perfeitas condições. Na ânsia de tentar jogar ele desencavou um fisioterapeuta que garantiu, contra as opiniões do médico Lídio Toledo, que ele ficaria bom a tempo. O fisioterapeuta era Nilton Petroni, o "Filé".
Esse tipo de atitude dividiu o time em grupinhos que não se davam bem uns com os outros. Além disso, a Copa era vista por muitos como um passaporte para o exterior ou para melhores contratos. Futebol é um esporte profissional e suas estrelas, os atletas, sem dúvida têm que ser devidamente remunerados, mas houve alguns exageros. A patrocinadora da seleção era a Pepsi. Os jogadores exigiram uma percentagem do contrato. A CBF negou e, quando foi feita a foto oficial da delegação, eles cobriram o logotipo do refrigerante com a mão.
Assim, a campanha do Brasil na primeira fase resumiu-se a três jogos chatíssimos. Estreou derrotando a Suécia por 2 x 1. Parecia um bom resultado, mas até os costa-riquenhos conseguiriam vencer os escandinavos por 2 x 1. Os suecos ficaram em último na chave. A Costa Rica perdeu por 1 x 0 graças ao oportunismo de Bebeto aproveitando um erro da defesa. E contra a Escócia outro 1 x 0 em um jogo horroroso. O próximo adversário seria a Argentina. Os campeões do mundo vinham mal e ficaram em terceiro no grupo, classificando-se na repescagem.
Os argentinos começaram sua campanha contra o desconhecido time de Camarões. Os camaroneses jogaram retrancados e baixaram o sarrafo, aproveitando-se da complacência das regras. Olhando hoje alguns lances daquele jogo é chocante ver que algumas faltas violentíssimas não acarretam sequer um cartão amarelo.
Maradona, depois de sua fulgurante atuação em 1986 e outra temporada brilhante em 1987, começou a brigar com a balança. Cada vez mais parecido com sua grande paixão, a bola, o rotundo gordinho perdeu boa parte da arranca e da mobilidade com que driblara todo mundo que viu pela frente no México. E, perseguido pelas faltas, nada conseguiu criar contra os africanos. Num erro de defesa, os camaroneses fizeram 1 x 0. Finalmente eles tiveram um expulsão, mas seguraram o resultado até o final, quando receberam outro cartão vermelho.
Contra a URSS a Argentina sofreu outro sufoco. A mãozinha esperta de Maradona novamente salvou os portenhos. Em cima da linha ele tirou discretamente uma bola russa que já ia entrando. O juiz não viu. Os portenhos fizeram 2 x 0 e ficaram com boas chances. Aos 10 minutos do primeiro tempo o goleiro Pumpido quebrou a perna. Goycoechea entrou em seu lugar. O herói do vice-campeonato ganhava sua vaga.
Os camaroneses venceram também os romenos. O jogo estava melhor para os europeus, até que aos 15 do segundo tempo entrou um veterano de 36 anos, que jogara em 1982. O vovô organizou o ataque africano, fez um gol e comandou a vitória por 2 x 1. O nome dele era Roger Milla.
Os italianos estrearam contra a Áustria com seu time cuidadosamente montado para ganhar o tetracampeonato. Com craques como o líbero Baresi e o lateral-esquerdo Maldini e excelentes jogadores como Donadoni, Ancelotti e Bergomi, acostumados a enfrentar os melhores do mundo, ganhar em casa não deveria ser tão difícil assim.
Contra a Áustria foi 1 x 0. Foi um sufoco. O mundo inteiro copiara a retranca italiana. E eles, jogando em casa, tinham que contrariar suas características e partir para o ataque. O gol só saiu aos 33 minutos do segundo tempo, apesar da Azzurra ter dominado o jogo inteiro. Quem o marcou foi um reserva, Toto Schillacci, centroavante limitado e polêmico. Contra a fraca seleção americana, outro magro 1 x 0. Vitória por 2 x 0 só contra a Tcheco-Eslováquia, com gols dos agora titulares Schillacci e Roberto Baggio.
Os alemães não tiveram problemas numa chave com Emirados Árabes, Iugoslávia e Colômbia. No último jogo os colombianos deram um show de toque de bola. Sem a menor objetividade, como é de seu feito. Os germânicos fizeram 1 x 0 aos 43 do segundo tempo e os sul-americanos tiveram que correr atrás e empataram nos descontos, garantindo vaga para pegar os camaroneses.
No Grupo F, um resumo da Copa: 5 empates e uma vitória por 1 x 0. Inglaterra e Holanda, bem cotadas, mostraram um futebol fraco. Os irlandeses empataram com todo mundo e foram adiante.
Os holandeses, campeões europeus em 1988, depois de suas más atuações, tiveram que pegar os alemães. Gullitt, que muitos consideravam o melhor jogador do mundo à época, começava seu declínio. Van Basten já estava às voltas com os problemas físicos que abreviariam sua carreira. E os germânicos venceram por 2 x 1 sem dar chance aos flamengos.
Os colombianos, depois do toque de bola bonito e improdutivo, tornaram-se os queridinhos de muita gente que pensava que futebol é fazer malabarismo com a bola e não gols. Entraram como favoritos contra os camaroneses e tocaram a bola de um lado para o outro com técnica e refinamento. O tempo normal acabou 0 x 0. Milla entrou aos 9 do segundo tempo. Na prorrogação, Higuita, o goleiro da Colômbia, quis driblar o experiente veterano, para mostrar a beleza do jogo sul-americano, e perdeu a bola e o jogo. No final foi 2 x 1 para os africanos.
A Irlanda segurou mais um 0 x 0 com os romenos de Hagi. Nos pênaltis ganhou e seguiu adiante. A Itália teve dificuldades com o medíocre Uruguai, mas fez 2 x 0. Schillacci fez mais um. Inglaterra e Iugoslávia despacharam respectivamente Bélgica e Espanha.
O Brasil entrou contra a Argentina arrebentando. Na saída de bola Careca perdeu um gol. Foi um baile. Mas apesar de 3 bolas na trave e várias chances, o gol não saiu. Até Dunga partiu para a frente e lá na área mandou uma no poste. Lazaroni no intervalo mandou o time recuar e voltar à sua tática normal. Continuou dominando no segundo tempo, mas já não apareciam tantas oportunidades.
O gordinho Maradona, completamente fora de forma, era bem marcado, inclusive com faltas, por seu companheiro do Napoli, Alemão. No entanto, aos 35 minutos, aproveitou um erro de posicionamento da defesa brasileira e passou pelo meio de quatro jogadores costurando com sua temível perna esquerda. Assustados, os defensores, desacostumados com a tática, não sabiam se davam combate, ficavam na cobertura ou marcavam Caniggia. O baixinho genial aproveitou o espaço, fintou todo mundo e quando o último beque veio para cima, tocou para Caniggia completamente livre. O atacante driblou Taffarel, fez 1 x 0 e um único lampejo de talento botou abaixo todos os complicados planos estratégicos de Lazaroni. Assim como em 1986 a seleção era eliminada justo quando fazia sua apresentação.
O Brasil saía da Copa nas oitavas-de-final, pela primeira vez desde 1966. Com a derrota seriam 24 anos sem títulos. E a decadência era visível: em 1974 e 1978, os canarinhos foram semifinalistas; em 1982 e 1986 chegaram às quartas. Em 1990 já rodavam nas oitavas. Seria o fim da lenda brasileira? Afinal, até a Irlanda, que não ganhou um jogo, chegou na frente dos canarinhos.

BOX

Depois da eliminação da Argentina, o lateral Branco reclamou que depois que bebeu uma garrafa d'água cedida pela comissão técnica argentina, sentiu-se estranho e com as pernas pesadas. Tal história foi ridicularizada, bem como o "campeonato moral" de 1978. E assim como Quiroga anos depois confessou ter sido avisado para facilitar as coisas em 1978, o treinador argentino, Carlos Billardo, numa entrevista em 2005 alegou ter realmente preparado uma surpresa para quem aceitasse beber a água emprestada pelos portenhos.

E por pouco os irlandeses não complicaram a vida dos italianos também. O jogo foi mais um escasso 1 x 0. Gol do Schillacci. Que a maioria da torcida achava que não jogava nada. Os alemães, com um pênalti, fizeram outro 1 x 0 chato sobre a Tcheco-Eslováquia. A Argentina empatou com a fraca Iugoslávia. Goycoechea brilhou na disputa de pênaltis. O medíocre time argentino chegava às semi-finais.
O único jogo bom das quartas-de-final foi Inglaterra x Camarões. O futebol sério britânico começou arrasador, fez 1 x 0 aos 25 minutos e dominava completamente. Milla entrou no começo do segundo tempo e comandou a virada. Aos 20 estava 2 x 1 para os africanos, que começaram a rodar a bola e desperdiçar chances, por pura inexperiência. Os safos bretões conseguiram empatar com um pênalti aos 43. Na prorrogação os europeus mostraram mais preparo, correram mais e venceram por 1 x 0.
Nas semi-finais, ruíram os sonhos de tetracampeonato da Itália. Pegaram os argentinos retranqueiros. Até saíram na frente, mas finalmente Caniggia e Maradona se encontram e saiu o segundo gol portenho em 3 jogos. Mais uma chatíssima prorrogação e nos pênaltis Goycoechea foi o herói outra vez. A Argentina faria a segunda final consecutiva. E seus rivais a terceira. Na verdade, seriam os mesmos adversários de 1986.

BOX

Maradona era um ídolo tão grande na Itália que vários italianos torceram contra a seleção de seu país a favor da Argentina na semi-final! O craque argentino aproveitou-se do desprezo que o norte desenvolvido do país tem pelo sul, onde ficava seu clube, o Nápoli, e fomentou uma discórdia nos jornais que lhe garantiu apoio contra o selecionado local, que lutava por um nunca visto tetracampeonato mundial, em casa!

Os alemães tiveram um jogo duríssimo contra os ingleses. Saíram na frente e aos 36 do segundo tempo cederam um empate. Depois de outra prorrogação (alguém ainda está contando?) sem gols, mais uma decisão por pênaltis. Os germânicos venceram.
E a final foi outro jogo chato. Os dois times, depois de tantos jogos complicados, prorrogações e decisões por pênaltis, se arrastavam em campo. Os germânicos, com um time mais forte e bem preparado, aguentava correr mais e dominava o jogo, mas não conseguia penetrar na defesa sul-americana. Por duas vezes os alemães reclamaram pênalti em jogadas na área. O juiz não marcou, mas aos 39 do segundo tempo inventou uma penalidade máxima para os teutônicos. Os argentinos reclamaram, tiveram uma expulsão e não conseguiram reagir depois do gol. Depois de dois vice-campeonatos seguidos os prussianos punham a mão na taça. Deutschland Uber Alles!!!
Camarões foi o time que mais empolgou, mas exagerou na papagaiada depois que fez 2 x 1 contra a Inglaterra, quis dar um baile e dançou. Roger Milla jogou muito, mas como reserva de luxo e sofrendo com o peso da idade. Todo mundo ficou com pena de não o ter visto no auge da forma. A única jogada genial de Maradona foi justamente aquela contra o Brasil. Matthaus foi eleito o craque da Copa. Belo jogador, mas o reserva da seleção canarinho, Juninho Pernambucano, joga mais do que ele. O artilheiro foi Toto Schillacci, centroavante do tipo trombador, de fazer gols dividindo as bolas com a defesa.
Enfim, foi uma Copa paupérrima. A continuar assim todo mundo iria se desinteressar de futebol. Eram necessárias modificações para que o jogo voltasse a empolgar.
E nem foram precisas tantas. Futebol é um jogo simples. Com três pequenas alterações nas regras e recomendações aos juízes, a FIFA começou nos anos 90 a recuperar o futebol ofensivo.