outubro 09, 2011
Meu Canhão é Maior do que sua Metralhadora - Final
O motor a jato não só possibilitava maiores velocidades como também podia carregar mais peso do que os velhos aparelhos a pistão. Maior peso levou a mais blindagem e proteção, e uma estrutura mais robusta. Os caças, mesmo que ainda relativamente pequenos, começaram a se tornar difíceis de derrubar com fogo de metralhadora. Felizmente a eletrônica já estava se instalando a bordo e a mira por radar permitia aos pilotos, mesmo com canhões de menor cadência de tiro, acertar os cada vez mais ágeis e rápidos inimigos.
Mas a experiência da Guerra da Coreia, quando os Sabres crivavam os Mig-15 de balas e eles ainda assim voltavam às bases, acabou levando o pensamento americano radicalmente para o outro lado. Se os aviões estadunidenses haviam conseguido uma superioridade tão grande sobre um aparelho teoricamente de melhor desempenho graças a tiros mirados com radar, o que aconteceria se fossem usados mísseis?
Com o surgimento nos anos 50 do Sidewinder, o míssil que busca o inimigo pelo calor que ele emite, os pensadores militares começaram a planejar o futuro sem canhões ou metralhadoras. Já estavam acabando de ser desenvolvidos mísseis que travavam no alvo através do radar e o jato que se tornaria o ícone da força aérea americana nos anos 60 e 70 foi projetado sem nenhuma boca de fogo: o Phantom II.
A eletrônica do Phantom II era avançadíssima e sem igual na época. Com mísseis infravermelhos caçadores de calor e guiados por radar, qual a necessidade de balas que não acertam o alvo e, quando o fazem, não derrubam o inimigo? Todo o avião era planejado para a era pós-combate aproximado. Pesado e potente, ele era uma plataforma de armas capaz de carregar mais bombas que um B-17 e com pouca manobrabilidade. Para quê, se quem vai correr atrás do alvo é o foguetinho do Sidewinder ou do Phoenix?
Infelizmente, os fatos vieram atropelar esta bela teoria. E que fatos: a guerra do Vietnã. Como a eletrônica da época não era totalmente confiável, as regras de combate exigiam que o piloto identificasse visualmente que seu alvo era um inimigo antes de disparar seus mísseis. Metade deles falhava. E, como os Mig continuavam sendo aparelhos pequenos e ágeis, quando eles eram identificados, já estavam perto demais...
E o pior: as forças terrestres dos comunas também tinham seus mísseis. Os Phantom, que num momento eram uma plataforma de armas despreocupada com manobras defensivas, subitamente se viram tendo que driblar Migs que custavam uma fração de seu preço, pilotados por sujeitos com treinamento mínimo, além de mísseis vindos de terra. E tudo isso sem poder disparar de volta. Imediatamente começou-se um programa para trazer as bocas de fogo de volta aos caças americanos. E uma apressada adição de slats nas asas dos Phantom os tornaram mais do que capazes no combate aéreo aproximado.
Atualmente todo caça americano carrega um canhão estilo Gatling, com cadência de fogo mais alta do que qualquer metralhadora da II Guerra poderia sonhar, além de vários tipos de mísseis, para os mais diversos alcances, guiados por radares confiáveis e redundantes. Mas equipamento eletrônico pode sofrer interferência, cabeças infravermelhas podem ser enganadas e radares podem ser confundidos. Mas um homem bem treinado no gatilho de uma boca de fogo continua sempre sendo uma ameaça mortal.
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